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3 REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TERCEIRIZAÇÃO NA INDUSTRIA

4.2 DESAFIOS DA DÉCADA DE 90: O DEBATE E A AÇÃO SINDICAL EM TORNO

4.2.2 Reflexões sobre a situação atual: a experiência de unificação

A ASPETRO (Associação dos Trabalhadores das Indústrias Petroquímicas, Químicas e Afins da Bahia), fundada em 15 de abril de 1963, foi organizada como prolongamento das atividades do SINDIPETRO (Sindicato da Indústria do Petróleo). Em 1984, por decisão do Congresso dos Trabalhadores, delibera-se pela criação do PROQUÍMICOS, entidade que reunia os trabalhadores das indústrias de produtos químicos para produção de materiais plásticos, farmacêutico, inseticidas e fertilizantes. Em 1989, aponta-se o fim do PROQUÍMICOS e a reunificação destes trabalhadores no SINDIQUÍMICA, inaugurando um único sindicato para representar todos os trabalhadores nas empresas petroquímicas, químicas, plásticas e afins do Estado da Bahia.

Sendo assim, O Sindiquimica, filiado à CUT, representava os trabalhadores das indústrias químicas petroquímicas e afins, localizadas no pólo petroquímico de Camacarí, CIAS, Região Metropolitana de Salvador e Feira. Alguns momentos são marcantes na atuação do Sindiquímica, como a Greve de 1985, primeira paralisação de um Pólo Petroquímico no mundo, que conquistou a elevação dos Adicionais de Turno para 88,5 % e a implantação da 5ª Turma em 1988.

Em meados da década de 90 diante da nova conjuntura política do país de ajuste neoliberal e abertura comercial, bem como, com o advento da globalização e a reestruturação do setor petroquímico, o Sindicato do ramo químico/petroquímico começa a colocar em suas pautas de discussões a possibilidade de unificar o Sindicato por ramo de produção, como define a CUT.

23/01/96 UNIFICAÇÃO JÁ. É fundamental que a categoria e as diretorias das três entidades envolvidas neste processo compreendam que a unificação é uma questão importante, principalmente nesta atual conjuntura, na qual o governo tenta a todo custo enfraquecer os movimentos organizados e em especial o movimento sindical. Porém é fundamental compreender também, que a unificação não pode ser tratada apenas como uma bandeira política ou cogitar que havendo unificação pode-se a qualquer momento promover o fracionamento. Juntos somos mais fortes. (BOLETIM GRAVE, 23/01/1996)

Entre os objetivos defendidos pelo Sindicato para a unificação estão a redução de custos operacionais e a mobilização conjunta. O sindicato também colocava a Unificação como uma questão de sobrevivência:

UNIDOS, FORTES, RUMO AO FUTURO. Aglutinar, reduzir custos, tornar o sindicato mais ágil, mais eficiente, com maior poder de pressão. Estes são os objetivos da unificação que orientam a idéia da unificação entre sindicatos com atividades fins. No caso dos petroleiros e petroquímicos esta se tornou uma questão de sobrevivência. Estamos diante de um governo que é inimigo do movimento sindical. Um presidente que tem projetos políticos onde a organização dos trabalhadores é considerada entrave para as ações neoliberais como privatizar estatais, reduzir conquistas, etc. Mas do que nunca unificar agora é um desafio que pode abrir as portas para uma nova era do sindicalismo brasileiro. (BOLETIM GRAVE, 17/04/1996)

O Sindicato realizou um plebiscito em 15/01/1996 com toda a categoria para definir a questão da unificação do Sindiquimica, Sindipetro e Stiep. O resultado do plebiscito demonstrou que, dos trabalhadores que votaram, 77,7% optaram pela unificação por ramo de produção e apenas 22,3% foram contrários à unificação.

Em maio de 1997 o Congresso da Categoria unificou Petroleiros e Petroquímicos o que deu inicio ao processo de fusão das estruturas físicas das entidades:

Com a reestruturação produtiva, a terceirização, as demissões em massa e a redução de trabalhadores do setor, a fusão das entidades afins tornou-se uma necessidade urgente. Além de uma estratégia política, unificar os trabalhadores por ramo de produção significa reduzir custos na estrutura sindical tornando a máquina mais ágil e eficiente e, portanto, apta a responder a todos os desafios desta conjuntura.. Mesmo com bons desempenhos, as empresas tem concedido reajustes salariais pouco satisfatórios, sentindo-se à vontade num momento em que os trabalhadores temem perder seus empregos. É preciso barrar este processo de demissões e pressionar o governo a criar uma política de geração de empregos. A unificação por si só não faz milagres, mas é um grande passo em direção ao futuro. Unificar sindicatos afins é uma tendência mundial que se acelera a cada ano. (BOLETIM GRAVE, 03/03/1997)

Alguns setores do SUP e Sindiquimica começam o processo de fusão em 1997 com a gráfica e o setor de imprensa, incluindo a biblioteca passando a funcionarem juntos. Com essa fusão administrativa os Boletins do Sindicato deixaram de entitular-se GRAVE e passaram a entitular-se BOLETIM UNIFICADO DOS QUIMICOS E PETROLEIROS. Em avaliação de um ano de fusão administrativa o sindicato colocou-se nos seguintes termos:

Após um ano da unificação administrativa dos dois sindicatos avaliamos que a estratégia política da fusão foi acertada. Estamos ainda em meio ao processo, unificando gradualmente os setores num ritmo bastante estimulante. Aos poucos vamos cumprindo o objetivo de reduzir custos e tornar a estrutura sindical mais ágil e eficiente, apta a responder aos desafios que permeiam a luta da categoria. A política neoliberal do governo piora a cada dia a qualidade de vida do trabalhador. O alto índice de desemprego, a legalização do contrato temporário de trabalho e a reestruturação industrial são alguns dos ataques do Governo. A unidade é resposta a esta conjuntura. Vamos continuar, portanto a caminhada em direção a um sindicato

único e forte. (BOLETIM UNIFICADO DOS QUIMICOS E PETROLEIROS, 15/03/1998)

Em 25 de abril de 2000 foi reconhecida, oficialmente, a união do Sindiquímica com o SUP (Sindicato Único dos Petroleiros - fruto da união do STIEP e o Sindipetro). Neste momento, surgiu o maior Sindicato do Norte/Nordeste, o Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico e Petroleiro do Estado da Bahia que representa mais de 20 mil trabalhadores em atividades do ramo químico e petroleiro, plástico, fertilizante, produção de sabão e vela e materiais plásticos e farmacêuticos no Estado da Bahia. A partir de 2005, o Boletim do Sindicato Unificado passa a ser impresso com o seguinte nome: NA BASE.

O Sindicato conta com duas sedes e mais 13 sub-sedes distribuídas por cidades do interior do Estado. O Sindicato do Ramo Químico e Petroleiro conta hoje com 10 departamentos. Entre eles está o de saúde que faz um trabalho de prevenção e orientação e atende aos trabalhadores com doenças ocupacionais.

Em suma, o processo de unificação do Sindicato dos Químicos e Petroquímicos com o Sindicato Único dos Petroleiros fez parte de uma estratégia para tentar tornar os movimentos organizados mais fortes e unidos diante das diversas mudanças ocorridas tanto no cenário político do país como na estrutura de organização empresarial. O Sindicato posicionou-se da seguinte forma em relação à unificação:

Chegamos à conclusão que a unificação seria a única saída para sobrevivermos em um país que adotou uma política de massacre dos trabalhadores e de desmanche dos sindicatos. Temos certeza de que agora estamos mais fortalecidos! (BOLETIM UNIFICADO DOS QUIMICOS E PETROLEIROS, 28/11/2001)

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