• Nenhum resultado encontrado

2.4.3 – A Reforma de Roberto Carneiro

Roberto Carneiro era um dos elementos que integrava o grupo de trabalho designado anteriormente por Comissão de Reforma do Sistema Educativo, criada em Janeiro de 1986 (Resolução do Conselho de Ministros nº 8/86).

Esta comissão tomou posse a 18 de Março seguinte e em 1987 publica a “Proposta de Reorganização dos planos Curriculares dos Ensinos Básico e Secundário”. Neste documento preparatório, definem-se as principais orientações e objetivos curriculares para o ensino básico, que correspondia aos nove anos de escolaridade obrigatória, e para o ensino secundário.

Em Fevereiro de 1989, o Ministério da Educação publica um decreto que estabelece o regime jurídico das escolas oficiais dos 2º e 3º ciclos do ensino básico e do ensino secundário (Decreto-Lei nº 43/89, do Diário da República, I Série, nº 29 de 3 de fevereiro de 1989), que transfere para as escolas poderes de decisão nos planos regional e local. Este diploma confere às escolas uma maior autonomia, que será concretizada com base num Projeto Educativo próprio, elaborado por cada escola, constituído e executado de forma participada por todos os elementos da comunidade educativa e apoios da comunidade em que se insere.

Em Agosto de 1989, é emitido pelo Ministério da Educação, sob a alçada do Ministro Roberto Carneiro, um documento (Decreto-Lei nº 286/89, do Diário da República, I Série, nº 198 de 29 de agosto de 1989) que aprova os planos curriculares para o ensino básico e secundário a partir do ano lectivo de 1989/90. Com este decreto passam a existir Cursos Secundários Predominantemente Orientados Para o Prosseguimento de Estudos (CSPOPE) e os Cursos Secundários Predominantemente Para a Vida Activa (CSPOVA), mais conhecidos por cursos tecnológicos.

No 3º ciclo (7º, 8º e 9º anos), o número de disciplinas ou áreas curriculares era excessivo, uma média de 13 por ano, podendo um horário atingir as 37h semanais. A disciplina de Físico- química só é contemplada a partir do 8º ano do 3º ciclo, com uma carga horário de 4h semanais, e no 9º ano com 3h.

No ensino secundário, a carga horária semanal dos cursos CSPOPE, no 10º e 11º, poderia oscilar entre 30 e 32h (12h para a formação geral e igual carga horária para a formação especifica). No 12º ano, a carga horária semanal poderia variar entre 28 e 30h (6 ou 7h para a formação geral e 15 ou 18h para a formação especifica), e a componente técnica mantinha as

80 6h semanais em todos os anos do curso; nos cursos CSPOVA, a carga horária semanal no 10º ano poderia variar ente 32 a 34h, no 11º e 12º anos entre 30 e 31h, sendo que a duração da componente geral era idêntica à dos cursos CSPOPE, dado que era comum às duas vias de ensino. Quanto à formação específica, estavam distribuídas 12 ou 13h para o 10º ano, 8h para o 11º e 6h para o 12º ano. Na componente técnica, eram atribuídas 10h ao 10º e 11º anos, sendo a carga letiva reforçada no 12º ano passando este a contemplar 18h semanais.

A Componente de formação geral integrava as disciplinas de Português, Introdução à Filosofia, Língua Estrangeira I ou II, Educação Física com 3h semanais cada e uma opção entre as seguintes: Desenvolvimento Pessoal e Social ou Educação Moral e Religiosa Católica (ou outras confissões) com uma hora semanal. No 12º ano, apenas o Português e a Educação Física faziam parte do desenho curricular.

Relativamente à componente específica, poderiam ser escolhidas 3 disciplinas, com uma carga horária semanal de 4h, entre elas as Ciências Físico-Químicas, no 10º e 11º anos, e Química no 12º ano. Este decreto introduz ainda a disciplina de Introdução aos Computadores e à Informática a ser lecionada apenas durante um ano do ensino secundário, e as Técnicas de Laboratório, particularmente as de Química, durante os três anos neste ramo de ensino. A 22 de Agosto de 1990, o ministro Roberto Carneiro assina um documento (Portaria nº 782/90, do Diário da República, I Série, nº 202 de 1 de setembro de 1990) que define os limites temporais e outras condições organizativas do desenvolvimento da experiência pedagógica de aplicação dos planos curriculares dos ensinos básico e secundário, aprovado pelo Decreto-Lei nº 286/89, de 29 de Agosto, já referido anteriormente. Relativamente à “Aplicação experimental dos planos curriculares e respectivos programas” o 2º artigo, denominado Âmbito e limites temporais contém:

«1 –A experiência de aplicação dos planos curriculares do ensino básico e do ensino secundário e dos respectivos programas, iniciada no ano lectivo de 1989-1990, decorrerá até ao de 1993-1994, de modo faseado, sequencial e progressivo.

2 – Para cada ano de escolaridade, a aplicação experimental dos planos curriculares e dos respectivos programas concretiza-se num primeiro ano pela experimentação, avaliação e reformulação dos conteúdos programáticos e num segundo ano pela consolidação dos programas reformulados, bem como pela identificação e superação dos problemas metodológicos relacionados com a generalização.»

Com efeito, com a generalização do plano curricular fixado pelo Decreto-Lei n.º 286/89, no ano letivo de 1993/94, e com a realização dos primeiros exames nacionais no ensino secundário,

81 em 1995/96, os professores, a administração educativa e a sociedade em geral foram identificando um conjunto de problemas e insuficiências. No ano lectivo de 1996/97, a experiência entretanto adquirida leva a planejar/arquitetar um projeto de reflexão participada dos currículos do ensino básico que irá produzir um documento orientador para uma Reorganização Curricular que se irá viabilizar a partir dos anos 2001-2002 para o 1º e 2º ciclos, e 2002-2003 para o 3º ciclo. Até este momento as disciplinas de Ciências Naturais e de Ciências Físico-Químicas estavam organizadas de forma completamente independente o que trazia vários inconvenientes, desde a repetição de assuntos, como a falta de conhecimentos de Ciências Físico-Químicas que serviam de bases para as Ciências Naturais dado que Ciências Físico-Químicas só iniciava no 8º ano. Além de haver uma interrupção de Ciências Naturais no 9º ano.

Com a actual Reorganização Curricular Ciências Físico-Químicas inicia no 7º e Ciências Naturais continua até ao 9º, mas a carga horária semanal por ciclo passa de 350min para 270min. (aulas de 50min. para blocos de 90min.-1 bloco semanal)

No ensino Secundário, o Ministério da Educação, por intermédio do Departamento do Ensino Secundário (DES), decidiu concretizar uma série de iniciativas que decorreram entre Abril de 1997 e julho de 1998, designadas globalmente por Revisão Curricular Participada. Foram estabelecidas as medidas de política educativa para o sector, através de um documento orientador com o título “Desenvolver, Consolidar, Orientar” (ME, 1997) que viabilizou no início do século XXI as presentes reformas no ensino.

82

2.5 – Referências

Decreto de 29 de Março de 1911.

Decreto nº 12:594, do Diário do Governo, I Série, nº 245 de 2 de Novembro de 1926. Decreto nº 16:362, do Diário do Governo, I Série, nº 11 de 14 de Janeiro de 1929. Decreto nº 18:885, do Diário do Governo, I Série, nº 225 de 27 de Setembro de 1930. Decreto nº 24:526, do Diário do Governo, I Série, nº 235 de 6 de Outubro de 1934. Decreto nº 240/80, do Diário da República, I Série, nº 165 de 19 de Julho de 1980. Decreto nº 25:414, do Diário do Governo, I Série, nº 121 de 28 de maio de 1935. Decreto nº 25:447, do Diário do Governo, I Série, nº 125 de 1 de junho de 1935. Decreto nº 27:085, do Diário do Governo, I Série, nº 241 de 14 de Outubro de 1936. Decreto nº 39:807, do Diário do Governo, I Série, nº 198 de 7 de Setembro de 1954. Decreto nº 408/71, do Diário do Governo, I Série, nº 228 de 27 de Setembro de 1971. Decreto nº 5:002, do Diário do Governo, I Série, nº 257 de 28 de Novembro de 1918. Decreto nº 6:132, do Diário do Governo, I Série, nº 261 de 23 de Dezembro de 1919. Decreto-Lei nº 270/75, do Diário do Governo, I Série, nº 124 de 30 de Maio de 1975. Decreto-Lei nº 286/89, do Diário da República, I Série, nº 198 de 29 de Agosto de 1989. Decreto-Lei nº 43/89, do Diário da República, I Série, nº 29 de 3 de Fevereiro de 1989. Decreto-Lei nº 44/73, do Diário do Governo, I Série, nº 36 de 12 de Fevereiro de 1973. Decreto-Lei nº 47:480, do Diário do Governo I, Série, nº 1 de 2 de Janeiro de 1967. Decreto-Lei nº 47:587, do Diário do Governo, I Série, nº 59 de 10 de Março de 1967. Decreto-Lei nº 48 038, do Diário do Governo, I Série, nº 267 de 16 de Novembro de 1967. Decreto-Lei nº 491/77, do Diário da República, I Série, nº 271 de 23 de Novembro de1977. Decreto-Lei nº 524/73, do Diário do Governo, I Série, nº 240 de 13 de Outubro de 1973. Decreto-Lei nº 80/78, do Diário da República, I Série, nº 97 de 27 de Abril de 1978.

83 Despacho Normativo nº 140-A/78, do Diário da República, I Série, nº 141 de 22 de Junho de 1978.

Diário do Governo nº 100, II Série de 27 de Abril de 1963. Diário do Governo nº 110, II Série de 8 de Maio de 1968. Diário do Governo nº 145, II Série de 24 de Junho de 1950. Diário do Governo nº 250 de 4 de Novembro de 1905. Diário do Governo, II Série de 18 de maio de 1955. Diário do Governo, II Série de 29 de Maio de 1957.

Diário do Governo, nº 145, II Série de 25 de Junho de 1960.

Lei nº 5/73, do Diário do Governo, I Série, nº 173 de 25 de Julho de 1973.

Portaria nº 782/90, do Diário da República, I Série, nº 202 de 1 de Setembro de 1990.

Decreto nº 20:369, do Diário do Governo, I Série, Suplemento, nº 232 de 8 de Outubro de 1931. Decreto de 22 de Dezembro de 1894.

Decreto de 14 de Agosto de 1895.

Decreto do Diário do Governo, I série, nº188 de 1 de Novembro de 1917.

Decreto nº 37:112, do Diário do Governo, I Série, nº 247 de 22 de Outubro de 1948. Decreto nº 18:779, do Diário do Governo, I Série, nº 197,26 Agosto de 1930. Decreto nº 18:827, do Diário do Governo, I Série, nº 207 de 6 de Setembro de 1930. Decreto 21:044 , do Diário do Governo,I série, nº 68 de 21 Março de 1932.

Despacho nº 118/ME/84, do Diário da República, II Série, nº 160 de 12 de Julho de 1984. Decreto-Lei nº 36 507, do Diário do Governo, I Série, nº 216 de 17 de Setembro de 1947. (Thomson Corporation 2005-2006). [Online]

Calado, Jorge. 2012. Haja Luz! Uma História da Química Através de Tudo. Lisboa : IST Press,

2012. ISBN:978-989-8481-13-9.

Carvalho, Rómulo de. 1950. Compêndio de Química, 3º ciclo. Lisboa : Livraria Studium Editora,

1950. livro único nº 2475.

Carvalho, Rómulo. 1986. História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade

84

Cavaleiro, M. Neli G. C. e Beleza, M. Domingas. 1997. No Mundo da Química. porto : Edições

Asa, 1997. ISBN- 972-41-1853-3.

Circular nº 1:418, do Diário do Governo, I Série, nº 231 de 4 de outubro de 1947. .

Corrêa, Carlos, Nunes, Adriana e Almeida, Noémia. 1996. Química 11º Ano. Porto : Porto

Editora, 1996. ISBN 972-0-42231-9. Decreto de 23 de Maio de 1911.

Decreto nº 1:212, do Diário do Governo, I Série, nº 241, de 23 de Dezembro de 1914. Decreto nº 263-A/76, do Diário do Governo, I Série, nº 85 de 9 de Abril de 1976. Decreto nº 896, do Diário do Governo, I Série, nº175 de 26 de Setembro de 1914.

Despacho Normativo nº 194-A/83, do Diário da República, I Série, Suplemento, nº 243 de 21 de Outubro de 1983.

Faria, Ana M.ª, et al. 1988. FQ 8, Química, 2º vol. 5ª . Lisboa : Didáctica Editora, 1988.

Fundations for software evolution. 2012. Lucretius. [Online] 2012. [Citação: 1 de 10 de 2012.]

www.lucretius.eu/about lucretius/.

GEPE/ME/INE, I.P. 2009. 50 Anos de Estatisticas da Educação. Lisboa : INE, I.P., 2009. Vol. III.

ISBN:978-972-614-474-8.

—. 2009. 50 Anos de Estatisticas da Educação. s.l. : INE, I.P., 2009. Vol. II. ISBN:978-972-614-

474-8.

—. 2009. 50 Anos de Estatisticas da Educação. Lisboa : INE, I.P., 2009. Vol. I. ISBN:978-972-614-

474-8.

Gil, Victor M. S. e Cardoso, A. Correia. 1981. Química, 1º volume, fundamentos da estrutura e

propriedades da matéria. Coimbra : Almedina Editora, 1981.

—. 1982. Química, 2º volume, dinâmica química e transformações da matéria. 2ª . Coimbra :

Almedina Editora, 1982.

IUPAC. 19. Compendium of Chemical Terminology, 2nd ed. (The “Gold Book”). Gold Book,

Chemical element. [Online] 2012 de 08 de 19. [Citação: 11 de 07 de 2013.] http://www.iupac.org/goldbook/C01022.pdf. ISBN 0-9678550-9-8.

Lavoisier, Antoine Laurent. 2011. Tradução da 2ª edição do Tratado Elementar de Química de

(Paris 1789). [trad.] Emídio C. Queiroz Lopes. s.l. : Sociedade Portuguesa de Química, 2011. Vol. I. ISBN:978-989-8124-09-8.

—. 2011. Tradução da 2ª edição do Tratado Elementar de Química de (Paris 1789). [trad.]

Emídio C. Queiroz Lopes. s.l. : Sociedade Portuguesa de Química, 2011. Vol. II. ISBN:978-989- 8124-09-8.

85 Lei nº 1:941 do Diário do Governo, de 11 de abril de 1936.

Lei nº 46/86, do Diário da República, I Série, nº 237 de 14 de Outubro de 1986. .

Lourenço, Mª da Graça Varandas e Tadeu, Virgília Lopes. 1988. Química 10º ano de

Escolaridade. Lisboa : Texto Editora, 1988.

—. 1993. Química 11º ano de Escolaridade. Lisboa : Texto Editora, 1993.

Magalhães, Alice Maia e Tomás, Túlio Lopes. 1957. Compêndio de Química, para o 6º ano dos

liceus. Lisboa : depositário Livraria Franco, 1957. Livro único nº 6369.

—. 1957. Compêndio de Química, para o 7ºano dos liceus. Lisboa : Gomes & Rodrigues, Lda,

1957. Livro único nº 6705.

Magalhães, Alice Maia e Tomaz, Túlio Lopes. 1968. Compêndio de Química, 6º Ano. 3ª.

Coimbra : Coimbra Editora, 1968. Livro único nº 004531.

—. 1963. Compêndio de Química, para o 6º ano liceal. Porto : Livraria Avis, 1963. p. 376. Livro

único nº 1896.

—. 1963. Compêndio de Química, para o 6º ano liceal. Porto : Livraria Avis, 1963. p. 376. Livro

úniconº 1896.

—. 1963. Compêndio de Química, para o 7º ano liceal. Porto : Livraria Avis, 1963. p. 345. Livro

único nº 170.

Mendonça, Lucilia Santos e Ramalho, Maria Duarte. 1989. No Mundo em

Transformação...Química 1, 8º Ano. 4ª. Lisboa : Texto Editora, 1989.

Nechaev, I. e Jenkins, G. W. 1997. The Chemical Elements. England : tarquin Publications,

1997. ISBN:1-899618-18-11-2.

Neves, Ana Maria, Santos, Arminda e Viveiros, Miguel. 2000. Encontro com a Química

Ciências Físico - Químicas - 9º Ano. Lisboa : Plátano Editora, 2000.

Pereira, Alda e Camões, Filomena. 1991. Química 12º ano. 1ª . Lisboa : Texto Editora, 1991.

ISBN 972-47-0279-0.

Portaria nº 23 600, do Diário do Governo, I Série, nº 213 de 9 de Setembro de 1968. Portaria nº 239, do Diário do Governo, I Série, nº 175 de 26 de Setembro de 1914. Portaria nº 420/80,do Diário da República, I Série, nº165 de 19 de Julho de 1980.

Resolução do Conselho de Ministros nº 8/86, do Diário da República, I Série, nº 18 de 22 de Janeiro de 1986.

Silva, Manuela e Tamen, Isabel (coordenação). 1981. Sistema de Ensino em Portugal. Lisboa :

86

Sousa, Maria Helena Côncio da Fonseca de Silva. 1980. Átomos em Competição, Química 11º

ano - Curso Complementar Unificado. Coimbra : Almedina, 1980.

—. 1980. O mundo dos átomos,Química 10º ano - Curso Complementar Unificado. Coimbra :

Almedina, 1980.

—. 1977. Química 4º ano (1º Ano do Curso Complementar), Estrutura Atómica e tabela

Periódica. Coimbra : Livraria Almedina Editora, 1977.

—. 1975. Química, Curso Complementar, Da teoria Atómica de Dalton à Classificação Periódica

de Mendeleev. Coimbra : Livraria Almedina Editora, 1975.

Teixeira, José A. e Nunes, Adriana B. S. 1972. Compêndio de Química 1º Ano. Porto : Porto

Editora, 1972.

—. 1974. Compêndio de Química 1º Ano (antigo 3º). Porto : Porto Editora, 1974. —. 1973. Compêndio de Química 2º Ano. Porto : Porto Editora, 1973.

Teixeira, José A. e Nunes, Adriana B. S. 1976. Compêndio de Química 2º Ano (antigo4º).

Porto : Porto Editora, 1976.

Teixeira, José A. e Nunes, Adriana B. S. 1975. Compêndio de Química 3º Ano (antigo 5º).

Porto : Porto Editora, 1975.

Vários. 1981. Sistema de ensino em Portugal. Lisboa : Fundação Caloute Gulbenkian, 1981.

Coordenação: Silva, Manuela; Tamen, Isabel.

87

Capítulo 3 - O Conceito Elemento Químico nos manuais de química, na

segunda metade do século XX

O manual escolar é um recurso educativo central do processo de ensino-aprendizagem, que reflete os entendimentos dominantes de cada época relativos às modalidades da aprendizagem e ao tipo de saberes e de comportamentos que se pretende desenvolver. O manual apresenta-se, em consequência, fortemente condicionado pelas mudanças sociais, económicas, políticas e culturais, quer relativamente aos tipos de saberes apresentados, quer no que respeita aos valores que explicita ou implicitamente transmite.

Ao longo do tempo, verificamos que o manual passou de um objeto raro, de difícil manuseamento e de utilização coletiva, a um objeto mais comum, de acesso gradualmente facilitado, e de utilização individual. Concluímos ainda que, ao percorrermos a história da educação em Portugal, existem períodos de livro único e períodos em que a escolha do manual escolar é da responsabilidade dos professores e das direções das instituições escolares.

Em Portugal, o século XX é fortemente marcado por um regime político ditatorial, que altera profundamente a vida escolar. Neste contexto, o manual é estruturado em função dos princípios e valores determinados e controlados pelo estado, que decreta o regime de livro único, que perdurará até ao fim da ditadura. Com a revolução de 1974, a “democratização” do ensino reflete-se nos manuais escolares que entretanto proliferam.

88

3.1 – Livro único