4. A REFORMA ADMINISTRATIVA
4.3 REFORMAS NO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
Com a criação dos Ministérios do Trabalho, Indústria e Comércio e do Ministério da Educação e Saúde Pública em novembro de 1930, vários órgãos do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio foram para eles transferidos, permanecendo no Ministério da Agricultura os órgãos seguintes:
1. Gabinete do Ministro e Consultor Jurídico; 2. Diretoria-geral de Contabilidade;
3. Diretoria-geral da Agricultura; 4. Serviço de Indústria Pastoril;
5. Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil; 6. Serviço Florestal;
7. Serviço de Inspeção e Fomento Agrícola; 8. Superintendência do Serviço do Algodão;
9. Serviço de Expurgo e Beneficiamento de Cereais; 10. Diretoria de Meteorologia;
11. Instituto de Química;
12. Instituto Biológico de Defesa Agrícola; 13. Jardim Botânico;
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14. Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária; 15. Estações experimentais;
16. Aprendizados Agrícolas168.
Na Superintendência do Serviço do Algodão foi criada uma seção de classificação para fins de uniformização169.
No Serviço de Inspeção e Fomento Agrícolas foi criada, em 1932, uma seção de fruticultura, com o estabelecimento de medidas visando à padronização e fiscalização da produção, da classificação e da exportação de frutas170.
Juarez Távora, ao assumir o cargo de Ministro da Agricultura de forma condicionada171, impôs ao Ministério novo ritmo administrativamente mais dinâmico.
Foram reorganizadas as Diretorias-gerais172 sob a seguinte estrutura:
1. de Agricultura, à qual ficaram subordinados os Patronatos Agrícolas, o Serviço de Inspeção e Fomento Agrícolas, os Aprendizados Agrícolas, Serviços Experimentais de Agricultura, o Serviço de Algodão e o Serviço Florestal. Numa segunda série de atos, a Diretoria-geral de Agricultura passou a compreender cinco diretorias técnicas: do ensino agronômico, de fomento e defesa agrícolas, do sindicalismo cooperativista, de fruticultura, de plantas têxteis;
2. de Pesquisa Científica, à qual ficaram subordinados o Jardim Botânico, o Serviço Geológico e Mineralógico, a Estação Experimental de Combustíveis e Minérios, o
168 Decreto 19.448, de 3 de dezembro de 1930. 169 Decreto 20.211, de 14 de julho de 1931. 170 Decreto 21.290, de 14 de abril de 1932.
171 Ao constatar a estrutura dos serviços irracionais, instalações inadequadas, verbas orçamentárias
insuficientes e pessoal desinteressado do exercício de suas funções.
172 Decretos 22.338, de 11 de janeiro de 1933; 22.380, de 20 de janeiro de 1933; 22.416, de 30 de
janeiro de 1933; 22.419, de 31 de janeiro de 1933; 22.506, de 27 de fevereiro de 1933; 22.507, de 27 de fevereiro de 1933 e 22.508, de 27 de fevereiro de 1933.
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Serviço de Meteorologia, o Instituto de Química, o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e o Instituto de Óleos173;
3. de Indústria Animal, à qual se subordinaram o Serviço de Indústria Pastoril e a Estação Sericícola de Barbacena. Numa segunda série de atos, a Diretoria-geral de Indústria Animal passou a compreender duas diretorias: a Diretoria de Zootécnica e Laticínios e a Diretoria de Veterinária.
Extinguiram-se as Diretorias-gerais do Expediente e de Contabilidade e foi criada a Diretoria de Expediente e Contabilidade.
Em junho de 1933, foi criado o Instituto do Açúcar e do Álcool174 como órgão autônomo sob a jurisdição do Ministério da Agricultura.
Foram unificados todos os serviços meteorológicos do país, subordinando-os ao Instituto Nacional de Meteorologia, da Diretoria-geral de Pesquisas Científicas do Ministério da Agricultura175.
Também foram criadas as Escolas Nacionais de Agronomia e de
Veterinária176, os Serviços de Irrigação, Reflorestamento e Colonização177 e o Banco Nacional de Crédito Rural como órgão autônomo, cujo presidente seria de livre nomeação do presidente da República178.
Ao final do Governo Provisório, ante as reorganizações efetivadas, a organização do Ministério da Agricultura assim apresentava-se:
1. Secretaria de Estado, compreendendo o Gabinete do Ministro, a Diretoria de Expediente e Contabilidade, a Diretoria de Estatística da Produção, a Diretoria de Organização e Defesa da Produção e Portaria do Ministério;
173 Decreto 20.428, de 22 de setembro de 1931. Posteriormente, o órgão passou a ser subordinado
ao Instituto de Química pelo Decreto 22.380, de 20 de janeiro de 1933.
174 Decretos 22.789, de 1º de junho de 1933 e 22.981, de 25 de julho de 1933.
175 Decreto 23.627, de 22 de dezembro de 1933. Pelo Decreto 24.506, de 29 de junho de 1934, o
Instituto Nacional de meteorologia foi transferido para o Ministério da Viação e Obras Públicas.
176 Decretos 23.857 e 23.858, de 8 de fevereiro de 1934. 177 Decreto 24.467-A, de 26 de junho de 1934.
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2. Departamento Nacional da Produção Mineral, compreendendo a Diretoria-geral, Laboratório Central da Produção Mineral, o Serviço de Fomento da Produção Mineral, os Serviços de Águas, o Serviço Geológico e Mineralógico e a Escola Nacional de Química;
3. Departamento Nacional da Produção Vegetal, compreendendo a Diretoria-geral, o Instituto de Biologia Vegetal, o Instituto de Química Agrícola, o Serviço de Fomento da Produção Vegetal, o Serviço de Defesa Sanitária Vegetal, o Serviço de Plantas Têxteis, o Serviço de Fruticultura, o Serviço Técnico do Café, Diretoria de Ensino Agrícola (ao qual se subordinava a Escola Nacional de Agronomia) e o Serviço de Irrigação, Reflorestamento e Colonização;
4. Departamento Nacional da Produção Animal, compreendendo a Diretoria-geral, Instituto de Biologia Animal, Serviço de Fomento da Produção Animal, o Serviço de Defesa Sanitária Animal, o Serviço de Inspeção dos Produtos de Origem Animal, Serviço de Caça e Pesca, e a Escola Nacional de Veterinária179.
Depura-se, pois, do capítulo ora analisado, elementos que vão à mesma direção das reformas administrativas precedentemente indicadas:
1. a busca por serviços racionais, por instalações adequadas e pela formação de pessoal para o exercício da atividade pública;
2. a “superioridade” da ditadura da ciência: a aplicação das verdades “científicas” ao meio político (competência técnica), com a definição, por exemplo, das medidas governamentais para a padronização, fiscalização e classificação da produção, com vistas à sua regulação no mercado interno e externo.
A CB/34 previu competência privativa da União legislar sobre normas fundamentais de direito rural (art. 5º, inciso XIX, “c”), sistemas de medidas (art. 5º,
179 Decretos 23.979, de 8 de março de 1934; 23.857, de 8 de março de 1934 e 24.466-A, de 26 de
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inciso XIX, “h”), normas gerais sobre o trabalho, a produção e o consumo (art. 5º, inciso XIX, “i”)
3. a interferência governamental no setor, justamente coincidindo com a previsão constitucional de 1934, especificamente no capítulo da ordem econômica (Título IV), que dispôs sobre a intervenção estatal na economia.
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