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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Estimativas de índices de produtividade

3.1.2. Comportamento da produtividade agrícola nas regiões

3.1.2.3. Região Centro-Oeste

Considerando todo o período analisado, de 1970 a 1995, a produção agropecuária da região aumentou 47.08%, e o uso de insumos, 24.25%.

Esses resultados estão coerentes com as características estruturais da agricultura nordestina, quais sejam, heterogeneidade de condições edafoclimáticas, da mão-de-obra rural e do nível de integração da atividade produtiva aos mercados. Esses fatores vêm comprometendo não apenas os níveis de produtividade, mas também os níveis de produção, cuja expansão vem dependendo quase que exclusivamente de aumentos na área cultivada.

Apesar de os índices calculados neste estudo serem agregações e não permitirem, portanto, a análise do desempenho de produtos individuais, foi possível constatar que apenas as culturas de cana-de-açúcar, cacau e fumo e alguns produtos hortifrutigranjeiros, tais como tomate, cebola, abacaxi e laranja, tiveram níveis de produtividade crescentes ao longo do período considerado. As demais culturas, principalmente as de subsistência, como arroz, feijão, milho e mandioca, apresentaram taxas negativas de crescimento e de produtividade, ao longo do período analisado.

3.1.2.3. Região Centro-Oeste

Ao contrário da região Nordeste, o Centro-Oeste experimentou uma taxa de crescimento do nível de produtividade significativamente maior. Apenas no período 85, em relação a 80, é que o índice de crescimento foi negativo; mesmo assim, não foi suficiente para anular os ganhos de produtividade obtidos em períodos anteriores. Tomando o ano de 1970 como base, o índice obtido mostrou que, até 1995, o crescimento da produtividade total foi na ordem de 65.31%, representando, portanto, uma taxa de crescimento anual de 2.61%, conforme Quadro 9. Não obstante esse crescimento significativo da produtividade ao longo do período analisado, os resultados obtidos mostraram também que a elevação

Quadro 9 - Comportamento temporal da produtividade agrícola - região Centro- Oeste, 1970-1995

Índices Seqüenciais

Observações Produto Insumos PTF

1975 1.1333 1.0492 1.0801 1980 1.4310 1.1652 1.2281 1985 1.5253 1.7240 0.8847 1995 1.4591 1.0358 1.4086 Índices Cumulativos Produto Insumos PTF Base 1.0000 1.0000 1.0000 1970/75 1.1333 1.0492 1.0801 1975/80 1.6217 1.2226 1.3265 1980/85 2.4735 2.1077 1.1735 1985/95 3.6091 2.1832 1.6531

mais expressiva se concentrou no decênio 85/95, com crescimento de 40.86%. A exemplo do que aconteceu nas demais regiões do País, no Centro- Oeste, as taxas de crescimento de produtividade foram também bastante irregulares. No entanto, essa irregularidade foi devida, quase que exclusivamente, às variações na utilização de insumos, já que, a partir de 1980, a produção cresceu regularmente, a uma taxa próxima de 47.18%. Portanto, a elevação significativa da produção em 1995, na ordem de 45.91%, em relação a 1980, contra um crescimento de apenas 3.58% no uso de insumos, deve explicar a alta taxa de crescimento da produtividade verificada neste período.

Esse excepcional desempenho da produtividade da região Centro-Oeste ocorreu paralelamente à acelerada expansão da atividade agrícola, observada após meados da década de 60. Em consonância com a sua peculiar dotação de fatores, a agropecuária tornou-se a principal responsável pelo intenso processo de crescimento experimentado pela economia regional. É sabido que, a partir dessa época, o desenvolvimento de técnicas de exploração dos cerrados tornou disponível, a baixo custo, uma imensa quantidade de recursos naturais até então inexplorados nos Estados que compõem a região Centro-Oeste. Nesse primeiro momento, foi intensa a expansão da fronteira agrícola, visto que foram incorporadas ao processo produtivo grandes extensões de terra, principalmente com a cultura da soja, que traz um padrão tecnológico mais avançado, quando comparada a culturas tradicionais de subsistência, como arroz, feijão, milho e mandioca. Segundo interpretação de CUNHA e MUELLER (1988), nesta região do Brasil, a expansão agrícola queimou etapas e nasceu moderna, o que explica, portanto, as altas taxas de crescimento intertemporal da produtividade total verificadas na região. O fato é que a substituição das culturas de subsistência, com baixos níveis de produtividade, por culturas não-tradicionais, como soja e cana-de-açúcar, que utilizam muito intensivamente insumos modernos, tem o poder de gerar uma situação na qual os níveis de produtividade, em comparações intertemporais, se elevam substancialmente em relação a sua base, enquanto a variação pode ser menos intensa, do ponto de vista estático, quando comparações

interespaciais são estabelecidas. Com efeito, no período de 1974 a 1985, a participação da cultura de soja na área ocupada com lavouras passou de 12.0% para 52.8%. Isto significa, em termos de produção e área colhida, variações de 400 mil a 4 milhões de toneladas e de 280 mil hectares para 2.01 milhões de hectares, de 1985 em relação a 1974, respectivamente. As mesmas expressivas taxas de crescimento se verificaram em relação às culturas de cana-de-açúcar e de trigo, cujas elevações anuais foram de 20.60% e de 15.00%, respectivamente.

As culturas de subsistência, por outro lado, tiveram comportamento completamente adverso, visto que todas elas experimentaram reduções de área colhida em relação à área total, com os seguintes percentuais: arroz, de 46.00%, em 1974, para 13.30%, em 1985; feijão, de 7.10% para 4.50%; milho, de 23.80% para 16.70%; e mandioca, de 2.0% para 0.80%.

3.1.2.4. Região Sudeste

Após um período de expansão dos níveis de produção, obtida quase que exclusivamente pela incorporação de novas áreas ao processo produtivo, a atividade agrícola da região Sudeste passou a apresentar, a partir do início da segunda metade da década de 60, um padrão de crescimento caracterizado, principalmente, pela intensificação de adoção de técnicas modernas de produção e pela crescente elevação dos níveis de produtividade da terra e do trabalho.

Conforme mostrado no Quadro 10, a adoção desse padrão de crescimento representou significativo avanço na utilização de insumos modernos, de 48.26%, de 1975 em relação a 1970. Apesar de não ter ocorrido ganhos imediatos substanciais de produtividade total, em decorrência do efeito nulo sobre o nível de produção agregada, o aumento no uso de insumos modernos criou condições necessárias para que houvesse expansão de produtividade total nos anos subseqüentes, ficando, em 1980, na ordem de 50.35%, em relação a 1975. O crescimento significativo de produtividade, nesse ano, pode ser explicado pela

Quadro 10 - Comportamento temporal da produtividade agrícola - região Sudeste, 1970-1995

Índices Seqüenciais

Observações Produto Insumos PTF

1975 0.9960 1.4826 0.6718 1980 1.5617 1.0387 1.5035 1985 1.3207 1.1792 1.1200 1995 0.9698 0.7503 1.2925 Índices Cumulativos Produto Insumos PTF Base 1.0000 1.0000 1.0000 1970/75 0.9960 1.4826 0.6718 1975/80 1.5555 1.5400 1.0100 1980/85 2.0543 1.8159 1.1313 1985/95 1.9922 1.3626 1.4621

acentuada elevação na produção nesse período, em torno de 56.17%, associada a um aumento de apenas 3.87% no uso de insumos.

No ano de 1985, o substancial crescimento de produção, 32.07%, foi acompanhado de aumento no uso de insumos, em 17.92%, o que resultou em crescimento da produtividade total de apenas 12.00%, em relação a 1980. Já no período 85/95, apesar de a produção ter permanecido constante, houve queda acentuada no nível de utilização de insumos, de 24.97%, o que fez com que o aumento de produtividade ficasse em 29.25%. Não obstante a instabilidade do comportamento da atividade agropecuária da região Sudeste, observou-se um crescimento, em todo o período estudado, de 46.21% e de 99.22% na produtividade e na produção, respectivamente.