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2. REVISÃO LITERÁRIA SOBRE O COMPORTAMENTO DE COMPRA DO

3.2. Região Vitivinícola do Alentejo

O Alentejo é uma região com uma longa tradição histórica na cultura da vinha, que remonta ao tempo dos Romanos. São várias as referências à exportação de vinhos do Alentejo, no século XVII. Como principais destinos referem-se a Índia, África, Brasil, Flandres e diversos outros países; porventura, antes da exportação dos vinhos do Douro e, nomeadamente do designado por “Vinho do Porto”, o grande volume de vinhos colocados além fronteiras provinham da região do Sul, mercê das qualidades intrínsecas, como a cor intensa e o elevado grau alcoólico. No século XIX surgiram as endemias do Oídio, Míldio e Filoxera. As devastações foram muito importantes e, como consequência, surgiu um progressivo desalento dos viticultores. O descrédito na cultura da vinha no Alentejo terá mesmo levado à sua consociação com o olival. No século XX, a definição do Alentejo como região cerealífera, que culminou com a “Campanha do Trigo” no início da década de 30, veio também contribuir poderosamente para a redução da área cultivada, com o arranque e não substituição de muitas vinhas. Apenas as zonas de maior tradição, geralmente de pequena propriedade e em que os vinhos conservaram a sua qualidade sempre apreciada persistem até hoje. A partir de 1958, deu-se a criação das Adegas Cooperativas na região de Borba e finalizando com a de Reguengos de Monsaraz, em 1971. As Adegas Cooperativas fizeram com que os vinhos alentejanos passassem a ser mais cuidados e conhecidos, apresentando-se frequentemente nos primeiros lugares dos concursos nacionais de vinho. Por acção e dinamismo, no início da ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo) e posteriormente também pela CVRA (Comissão Vitivinícola Regional Alentejana), foram reconhecidas e criadas as primeiras regiões produtoras de VQPRD (Vinho de Qualidade Produzido em Região Determinada) - Decreto-Lei nº 349/88, revogado pelo Decreto-Lei nº 12/95, referente às DOC: Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos e Vidigueira; e Portaria nº 943/91, referente às IPR: Évora, Granja/Amareleja e Moura, em 19 de Agosto de 1998, pelo Decreto-Lei n.º 265/98 que revoga a legislação anterior, foi criada a Denominação de

O Alentejo é limitado a Norte pelo Rio Tejo, a Noroeste pela Estremadura, a Oeste pelo Oceano Atlântico, a Este pela fronteira com Espanha e a Sul pelo Algarve. Os principais acidentes orográficos responsáveis pelos microclimas existentes em algumas zonas vitivinícolas são, de Norte para Sul: a Serra de S. Mamede com 1025 metros de altitude, a Serra d’Ossa com 649 metros e a Serra de Portel com 421 metros. A hidrografia é constituída fundamentalmente pelas bacias do Guadiana e do Sado. Esta província encontra-se subdividida em quatro unidades, designadas por Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral. Em termos vitícolas, o Alentejo Central é a unidade mais importante uma vez que aqui se inserem cinco das oito zonas vitícolas do Alentejo. Esta província tem em média 19,9 habitantes por Km2, a mais baixa densidade populacional de Portugal e uma das mais baixas da Europa. A cultura da vinha desempenha um papel social muito importante, o que se evidencia pelo facto dos concelhos com maior área de vinha serem também aqueles em que a densidade populacional é superior à média da região.

As zonas vitivinícolas do Alentejo situam-se na faixa Ibero-Mediterrânea, onde se observam características climáticas mediterrânicas e de acentuada continentalidade. O clima da região é caracterizado por Primaveras e Verões excessivamente quentes e secos. A precipitação média anual é de 550-650 mm à excepção das regiões de Borba (750-850 mm) e Portalegre onde os valores são ligeiramente superiores (900-1000 mm); a precipitação concentra-se sobretudo nos meses de Inverno. A temperatura média anual é de 15.5-16º C. Os valores relativos à insolação são muito elevados, particularmente no trimestre que antecede as vindimas, contribuindo para a perfeita maturação das uvas e qualidade dos vinhos. São de facto condições marcadamente favoráveis à síntese e acumulação dos açúcares e à concentração de matérias corantes na película dos bagos. A insolação anual é de aproximadamente 3000 horas, (Vale et al., 1996).

Existem no Alentejo cerca de 37.000 explorações agrícolas com uma área média de 47,1 hectares, enquanto que a área média das explorações agrícolas em Portugal é cerca de 8,6 hectares. No que respeita à área ocupada com culturas permanentes, a principal cultura é o olival, seguindo-se a vinha. A vinha aparece em 3932 explorações agrícolas, segundo dados estatísticos de 1993, representando 10,6% do total das

total nacional, porque está concentrada em áreas geográficas bem delimitadas é, em termos económicos muito importante e a principal fonte de rendimento dos cerca de 3000 viticultores existentes no Alentejo.

A área de vinha no Alentejo ronda os 13.500 ha, o que corresponde apenas a cerca de 5% da área dedicada à cultura em todo o país. Encontra-se nos solos mais pobres da região, sendo uma cultura basicamente estreme, com excepção de algumas vinhas velhas e encontra-se instalada em terrenos com declives suaves (excepto a zona de Portalegre, onde predomina a vinha em encosta), cuja exposição dominante é a Sul. O início do ciclo vegetativo da videira é marcado pelo abrolhamento das castas mais precoces, Fernão Pires e Periquita, o que ocorre geralmente durante o mês de Março. Desde há alguns anos que a grande maioria das vinhas alentejanas estão sujeitas a uma prática de protecção integrada, o que reduz significativamente a utilização de pesticidas, seleccionado os menos tóxicos e racionalizando ainda a sua aplicação. As plantações são alinhadas, mesmo nas vinhas mais velhas. O sistema de condução tradicional é a vinha baixa, de pequena a média expansão vegetativa, conduzida normalmente em “cordão bilateral” ou em “guyot duplo”. Os valores médios de produção na região variam entre os 35 e os 40 hl/ha, sendo o limite máximo definido nos estatutos das zonas vitivinícolas, de 55 hl/ha para as castas de uvas tintas e de 60 hl/ha para as castas de uvas brancas.

3.2.2. As Sub-Regiões Vitivinícolas

Existe no Alentejo uma Denominação de Origem Controlada - DOC Alentejo, com oito sub-regiões vitivinícolas.

3.2.2.1.Sub-região Vitivinícola - Portalegre

Em termos de clima e de orografia, esta região é bem diferenciada das restantes zonas vitivinícolas do Alentejo; a Serra de São Mamede associada à cobertura agro- florestal confere-lhe um microclima específico e bastante favorável à cultura da vinha. Os vinhos tintos predominam nesta região e são obtidos a partir da vinificação das castas Aragonez, Grand Noir, Periquita e Trincadeira às quais se associam em menor proporção as castas Alicante Bouschet e Moreto. Os vinhos brancos são obtidos a partir das castas Arinto Galego, Roupeiro, Assario, Manteúdo e Fernão Pires.

3.2.2.2.Sub-região Vitivinícola - Borba

Orada, Vila Viçosa, Alandroal e Rio de Moinhos. Os solos dominantes são derivados de calcários cristalinos e algumas manchas de xistos, em regra de cor vermelha. A harmoniosa proporção das castas tintas, Aragonez, Periquita e Trincadeira associadas a outras castas como o Alfrocheiro, Alicante Bouschet, Grand Noir e Moreto e a sua adaptação aos solos asseguram e explicam a qualidade dos seus vinhos tintos. Para a produção de vinhos brancos as castas recomendadas são o Perrum, Rabo de Ovelha, Roupeiro e Tamarez.

3.2.2.3.Sub-região Vitivinícola - Redondo

Esta região é condicionada pelo maciço constituído pela Serra d’Ossa e seus contrafortes a norte e pela bacia hidrográfica da barragem da Vigia a sul. A denominação REDONDO aplica-se a vinhos tintos e brancos provenientes da uva de vinhas instaladas em solos graníticos e de xistos: Periquita, Aragonez, Trincadeira e Moreto são as castas que dominam os encepamentos para a produção de vinhos tintos; Roupeiro, Fernão Pires, Tamarez, Rabo de Ovelha e Manteúdo são castas recomendadas para a produção de vinhos brancos.

3.2.2.4.Sub-região Vitivinícola – Reguengos

Esta zona vitivinícola é caracterizada por assentar fundamentalmente em solos de origem granítica e em algumas manchas de xistos e rañas e pela continentalidade do seu clima. A conjugação das condições edafo-climáticas com os encepamentos que constituem as vinhas de REGUENGOS conferem aos seus vinhos características particulares de inconfundível qualidade e tipicidade. De entre as castas tintas destacam- se a Periquita, Trincadeira, Aragonez e Moreto. As castas brancas dominantes são a Roupeiro, Rabo de Ovelha, Manteúdo e Perrum.

3.2.2.5.Sub-região Vitivinícola – Vidigueira

A Serra de Portel é um limite natural da região de VIDIGUEIRA que, como obstáculo orográfico que é, protege a circulação dos ventos do Norte, evidenciando um microclima específico. De facto, aí resultam registos de valores mais elevados das temperaturas mínimas e máximas. Os solos são principalmente de origem eruptiva ou metamórfica. As castas tintas dominantes são a Alfrocheiro, Moreto, Periquita, Tinta

3.2.2.6.Sub-região Vitivinícola – Évora

Da região de ÉVORA, foram de grande destaque os vinhos de São José de Peramanca, vinhos das "cercanias" de Évora, região que por razões várias viu diminuída drasticamente a área de cultura da vinha mas que voltou a ressurgir. As referências bibliográficas mais antigas que se conhecem sobre a cultura da vinha no Alentejo dizem sobretudo respeito à excelência e tipicidade dos vinhos de ÉVORA. Os vinhos tintos têm por base as castas Periquita, Trincadeira, Aragonês e Tinta Caiada. O encepamento de castas brancas é dominado pelas castas Arinto, Rabo de Ovelha, Roupeiro e Tamarez.

3.2.2.7.Sub-região Vitivinícola - Granja/Amareleja

A zona vitivinícola de GRANJA/AMARELEJA localiza-se na região mais setentrional do Alentejo. A influência marcada pela continentalidade do seu clima é significativa na obtenção de vinhos tintos com excelente estrutura e agradável bouquet. A vinificação das uvas de castas tintas Moreto, Periquita e Trincadeira asseguram a qualidade e tipicidade destes vinhos.

3.2.2.8.Sub-região Vitivinícola – Moura

A área geográfica de produção da região de MOURA compreende parte dos municípios de Moura e Serpa, onde predominam os solos calcários. Os vinhos brancos são obtidos a partir das castas Antão Vaz, Fernão Pires, Rabo de Ovelha e Roupeiro em conjugação com as castas Arinto, Bical e Tamarez. Os vinhos tintos resultam essencialmente da vinificação das castas Alfrocheiro, Moreto, Periquita e Trincadeira.

3.3. Região Vitivinícola de Trás-os-Montes e Sub-região das Terras Durienses.