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Região Vitivinícola de Trás-os-Montes e Sub-região das Terras Durienses

2. REVISÃO LITERÁRIA SOBRE O COMPORTAMENTO DE COMPRA DO

3.3. Região Vitivinícola de Trás-os-Montes e Sub-região das Terras Durienses

A história do vinho da região de Trás-os-Montes é muito antiga. Os principais acontecimentos históricos estão maioritariamente relacionados com o vinho do Porto, categoria de vinho que não pertence ao âmbito da dissertação. Assim, far-se-á uma breve abordagem dos principais registos históricos da região, mas conferir-se-á maior destaque aos acontecimentos directamente relacionados com as categorias de vinho, de Mesa, Regionais e VQPRD:

 A designação do vinho do Porto surge apenas na segunda metade do século XVII, numa época de expansão da viticultura duriense e de crescimento rápido da exportação de vinhos;

 A partir de meados do século XVIII surge uma estagnação nas exportações de vinho do Porto. Esta crise comercial conduzirá à instituição da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, em 10 de Setembro de 1756;

 Na segunda metade do século XIX, dá-se o ponto de viragem do Douro pombalino para o Douro contemporâneo. Promovem-se profundas mudanças na viticultura duriense. Surgem novas práticas de preparação do terreno, alteram-se as práticas de plantação da vinha, seleccionam-se as melhores castas regionais para enxertia, difunde-se a utilização racional de adubos e fito – sanitários e aperfeiçoam-se os processos de vinificação.

 Em 1908, o governo do Almirante Ferreira do Amaral (decreto de 27 de Novembro) iria optar pela demarcação por freguesias, reduzindo a área produtora de vinho do Porto praticamente ao espaço da actual demarcação (dec. - Lei de 26 de Junho de 1986). As exportações aumentaram a um ritmo nunca esperado, atingindo, em 1924/1925, mais de cem mil pipas. Mas a pobreza e a miséria continuava nas aldeias do Douro com a subida dos impostos e o aumento dos preços dos produtos, originando, no primeiro quartel do século XX, um período turbulento de agitação política e social;  Após 1974, a organização corporativa é extinta. Por outro lado, o Grémio

dos Exportadores deu lugar à Associação dos Exportadores do Vinho do Porto, que passou a designar-se, mais recentemente por, Associação das Empresas de Vinho do Porto;

 Em 1995, dá-se a alteração do quadro institucional da região Demarcada do Douro, passando a estar dotada de um organismo inter profissional, - a Comissão Inter profissional da Região Demarcada do Douro (CIRDD), com o objectivo comum de disciplinar e controlar a produção e comercialização dos vinhos da região com direito a denominação de origem. Duas secções especializadas compunham o Conselho Geral da CIRDD determinando as regras aplicáveis a cada uma das denominações: uma relativa à denominação de origem "Porto" e outra aos restantes vinhos de qualidade (“VQPRD”) da

O cultivo e a produção de vinho na região de TRÁS-OS-MONTES remonta ao tempo dos Romanos. A região estende-se a Oriente do Minho, até à fronteira Espanhola, com a qual também confina a Norte, terminando na margem esquerda do Douro, onde começam as Beiras. A região de TRÁS-OS-MONTES apresenta vinhos bastante diferenciados, variando em função dos microclimas que se fazem sentir.

A zona Norte é composta pelas regiões demarcadas para a produção dos VQPRD “Chaves”, “Valpaços” e “Planalto Mirandês”.

Na zona Sul, coincidente com a área geográfica das terras Durienses, encontra-se a zona demarcada para a produção do “Vinho do Porto” e a DOC “DOURO”, reconhecida como tal para VQPRD branco, Tinto e Rosado, VLQPRD (Moscatel do Douro), Vinho Espumante e ainda Aguardente de Vinho. O vinho Regional “Trás-os- Montes” produz-se em toda a região, compreendendo também a Sub-região “TERRAS DURIENSES”, (I.V.V., 2004/2005).

A originalidade do Douro deve-se à sua localização, sendo grande a influência que exercem as serras do Marão e de Montemuro, servindo como barreira à penetração dos ventos húmidos de oeste. Situada em vales profundos, protegidos por montanhas, a região caracteriza-se por ter Invernos muito frios e verões muito quentes e secos.

A precipitação, distribuída assimetricamente, varia com regularidade ao longo do ano, com valores maiores em Dezembro e Janeiro (nalguns locais em Março) e com valores menores em Julho ou Agosto.

A exposição ao sol reveste-se no Douro de redobrado interesse já que permite uma melhor compreensão do comportamento da vinha nas diferentes situações. A margem norte do rio está sob a influência de ventos secos do sul, estando a margem sul exposta aos ventos do norte, mais frios e húmidos e a uma menor insolação. A temperatura do ar é mais alta nos locais expostos a sul do que nos locais expostos a norte. As temperaturas médias anuais variam entre 11,8 e 16,5 ºC.

A vinha ocupa na região uma área efectiva de cerca de 15,4 % da área total. A área de vinha é trabalhada por aproximadamente 33.000 viticultores, possuindo cada um deles, em média, cerca de 1,19 ha de vinha. São os pequenos produtores que têm um grande peso na produção de Vinho do Porto (veja-se o Quadro 3-5).

As pequenas parcelas estão presentes em toda a região, localizando-se as grandes explorações sobretudo no Douro Superior.

Quadro 3-5 – Estrutura Fundiária da Região do Douro Sub-Região Proprietários Área de Vinha /

prop.(ha) Nº médio de prédios/prop. Nºprédios Baixo Corgo 13.338 1,01 4,7 62.111 Cima Corgo 13.690 1,24 4,1 55.753 Douro Superior 6.052 1,33 3,5 21.198 Total 33.080 1,19 4,1 139.062

A coexistência de vários vinhos de qualidade na Região Demarcada do Douro determinou que fosse necessário criar um critério de escolha e partilha dos mostos produzidos na região. Assim, as vinhas aptas a produzir são seleccionados por um critério qualitativo baseado no Método da Pontuação e classificadas segundo uma escala qualitativa de A a F. Este método tem em consideração parâmetros edafo-climáticos e culturais com importância determinante no potencial qualitativo das parcelas. Cada parcela de vinha tem direito a um determinado coeficiente de benefício.

A viticultura, actividade principal para a maioria dos agricultores da Região, desenrola-se em condições climatéricas particularmente rudes, em solos pedregosos, sem utilização alternativa.

A cultura da vinha e a “extreme” na maioria dos casos, coexistindo com amendoeiras e oliveiras na bordadura das parcelas.

O papel desempenhado pelo Homem foi fundamental na criação dos socalcos, que são uma característica de toda a região.

Após a crise filoxérica, praga que surgiu na região pela primeira vez em 1862, foram feitos novos terraços, mais largos e inclinados, com ou sem paredes de suporte, permitindo maiores densidades de plantação (cerca de 6 000 plantas/ha). Surge também nesta altura a vinha plantada em declives naturais, segundo a inclinação do terreno. Nestes sistemas a mecanização é impossível pois não existem ou são escassas as estradas de acesso às vinhas e a inclinação lateral está associada a uma forte densidade de plantação.

Mais recentemente, e como alternativa à técnica dos patamares, que não resultou por ser mais adequada a zonas de minifúndio, aparecem as vinhas plantadas segundo as

A grande diversidade de castas existentes no Douro, adaptáveis a diferentes situações de clima, demonstra as condições óptimas para a cultura da vinha existentes na região. As castas, na sua maioria autóctones, estão enxertadas em diversos porta- enxertos, escolhidos segundo a sua afinidade para as castas e características do solo. Actualmente, nas novas plantações tem-se optado por um número mais reduzido de castas, eleitas pelas suas características particulares. Nas castas tintas destacam-se a Tinta Amarela, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Touriga Francesa, Touriga Nacional e Tinto Cão; as castas brancas predominantes são a Malvasia Fina, Viosinho, Donzelinho, Gouveio.

3.3.2. As Sub-regiões Vitivinícolas

A região do Douro é caracterizada por uma enorme diversidade de situações climáticas, composta de vales profundos, encostas de declive acentuado e de exposição diversa, assim como os microclimas originados pela orografia desconcertante, (Filipe et al., 1998).

Devido à diversidade das características climáticas e da fertilidade dos solos, definiram- se três Sub-regiões, com características e potencialidades algo distintas: o BAIXO CORGO; o CIMA CORGO e o DOURO SUPERIOR (veja-se o Quadro 3-6).

Quadro 3-6 – Caracterização das Sub-Regiões

Sub-Região Área Total (ha) % Área com vinha (ha) % da Área total Baixo Corgo 45.000 18 13.492 29,9 Cima Corgo 95.000 38 17.036 17,9 Douro Superior 110.000 44 8.060 7,3 Total 250.000 38.588 15,4

3.3.2.1.Sub-região Baixo Corgo

Compreende toda a bacia interior da Região Demarcada, desde Barqueiros até à linha meridiana que passa pela foz do rio Corgo. Esta zona, mais a Poente, é mais influenciada pelo clima do tipo Atlântico. Representando uma área total de 45.000 ha, é onde se encontra a maior concentração de vinha, ocupando cerca de 29,9% da área desta sub-região (veja-se o Quadro 3-6). É, de todas as regiões, a mais fértil, devido à maior precipitação e da menor dificuldade de criar solos mais profundos, devido à natureza

3.3.2.2.Sub-região Cima Corgo

Estende-se desde a linha meridiana, acima referida, até à linha que atravessa o Cachão da Valeira - S. João da Pesqueira, tendo menor importância a área cultivada de vinha comparada com a Sub-região anterior. Esta zona apresenta influências de um clima Atlântico-Mediterrânico, onde a paisagem é formada de encostas dobradas mais agressivas, vales dos rios e ribeiras mais profundos que as da sub-região do Baixo- Corgo, e matos. As condições de solo e de clima são mais agrestes do que na região do Baixo-Corgo. Dos seus 95.000 ha, cerca de 18% são ocupados por vinha (veja-se o Quadro 3-6);

3.3.2.3.Sub-região Douro Superior

A sub-região do Douro Superior prossegue desde Cachão da Valeira até à fronteira com Espanha (Barca d´Alva) e dispõe de um clima do tipo Ibero- Mediterrânico, com alguma influência da continentalidade Meseta Ibérica, ou seja, trata-se de um clima Mediterrânico com amplitudes térmicas um pouco mais acentuadas que o Mediterrânico típico. Em relação às restantes sub-regiões, o Douro Superior é menos acidentado, com encostas geralmente mais suaves e vales menos profundos. Atendendo às suas elevadas potencialidades e à relativa facilidade de mecanização dos terrenos por os declives serem mais suaves, tem-se observado um incremento significativo de novas plantações, proporcionando produtos vínicos de elevada qualidade (Filipe et al., 1998). Trata-se da região de maior área, incluída na Região Demarcada do Douro, com uma superfície total de 110.000 ha. No entanto, apenas 7,3% da área é ocupada por vinha.