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3.5 REGIMES MINERÁRIOS

3.5.3 Regime de licenciamento

O regime de licenciamento mineral ou registro de licença municipal

286

pode ser

compreendido como aquele que objetiva a lavra de minérios “sem prévia realização dos

trabalhos de pesquisa, mediante registro no DNPM (atual ANM) de licença específica

expedida pela autoridade administrativa local do município de situação da jazida.”

287

Entretanto, Pedro Ataíde explica que “o regime de licenciamento é para substâncias

minerais de emprego imediato na construção civil e facultado apenas ao proprietário do solo,

ou a quem tenha sua expressa autorização.”

288

Isto é, as substâncias minerais licenciáveis são:

areia, cascalho e saibro para uso imediato na construção civil; argila, rochas britadas ou

aparelhadas; e calcário (art. 1º da Lei nº 6.567/78).

289

Esse regime é classificado como um procedimento minerário simples (se comparado

com os regimes de autorização e concessão); o licenciamento possui algumas limitações,

quais sejam: só haver faculdade ao proprietário do solo ou aos que dele possuírem autorização

expressa (art. 2º da lei nº 6.567/78); e se a propriedade for de pessoa jurídica de direito

público, o “licenciamento dependerá do assentimento dessa (art. 3º, parágrafo único, da Lei nº

286 “Trata-se de um regime intermediário quanto à complexidade técnica relacionada aos trabalhos de extração mineral e, consequentemente, quanto ao grau de exigências legais ao minerador, situando-se entre o regime de concessão de lavra, que requer técnicas complexas, e o regime de permissão de lavra garimpeira, com técnicas mais singelas”. [SERRA, Silvia Helena; ESTEVES, Cristina Campos. op. cit., p. 93].

287 FEIGELSON, Bruno. op. cit. p. 215.

288 ATAÍDE, Pedro. op. cit., p. 230.

289 “As substâncias minerais licenciáveis são aproveitáveis, indistintamente, sob o regime de licenciamento e também sob o regime de autorização e concessão”. [RIBEIRO, Carlos Luiz. op. cit., p. 83].

6.567/78).”

290

A segunda limitação refere-se às áreas tituláveis para substâncias licenciáveis

que deve ser de até cinquenta hectares.

Silvia Helena Serra e Cristina Esteves asseveram que “os recursos minerais

aproveitados pelo regime de licenciamento mineral podem também ser aproveitados sob

regime de autorização de pesquisa e posterior concessão de lavra.”

291

No regime de

licenciamento deve ser respeitado a prioridade quanto ao proprietário do solo em relação aos

terceiros.

292

O registro de licença deverá ser requerido pelo interessado, conforme o art. 163 da

Portaria nº 155/2016, na ANM em meio eletrônico e exigindo: licença específica expedida

pela autoridade competente; declaração de que o requerente é proprietário do solo ou, caso

não for, da autorização do proprietário; e assentimento da pessoa jurídica de direito público

(quando for proprietária do solo).

A vigilância do local deverá ser realizada pela autoridade municipal, conforme

preceitua o art. 6º, parágrafo único, da Lei nº 6.567/78, para que só seja iniciada a extração

apenas após a apresentação do registro de licença.

A licença municipal deve ser registrada na ANM e conter: nome do licenciado;

localização da jazida; substância mineral licenciada; área a ser licenciada medida em hectares;

data de início da expedição, prazo e número da licença.

293

Bruno Feigelson afirma que se a jazida estiver situada em imóvel de pessoa jurídica de

direito público, “o licenciamento ficará sujeito ao seu prévio assentimento e, se for o caso, à

290 “Não há, portanto, a possibilidade de o titular ingressar em terreno de domínio alheio independentemente da vontade do proprietário, como ocorre nos regimes de autorização e concessão, pois a anuência do proprietário é condição sine qua non para a concessão do titulo. O art. 1.230, parágrafo único do CC/2002 determina que ‘o proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei especial.’ Esse dispositivo não autoriza o proprietário do solo a extrair agregados da construção civil sem título minerário, tanto é que a parte final menciona o dever de observar a legislação especial (no caso da Lei nº 6.567/78, que dispõe sobre o regime de licenciamento)”. [ATAÍDE, Pedro. op. cit., p. 230-231].

291 “Assim, o direito de lavra dos recursos minerais aproveitáveis tanto pelo regime de licenciamento quanto pelo regime de autorização de pesquisa e concessão de lavra é concedido àquele que primeiro o requer ao DNPM. Ou seja, independentemente de quem requerer o direito (proprietário do solo ou terceiros) e sob que regime se quiser aproveitar o recurso mineral (licenciamento ou autorização de pesquisa e concessão de lavra), a regra é a de prioridade”. [SERRA, Silvia Helena; ESTEVES, Cristina Campos. op. cit., p. 94].

292 “Logo, é possível inferir da norma do CC/2002, cumulada com a legislação minerária, que o proprietário do solo terá o direito de extrair recursos minerais de emprego imediato na construção civil pelo regime de licenciamento, quando a área não estiver onerada, ou seja, se terceiros não tiverem requerido e, por conseguinte, não existir direito de prioridade vigente)”. [Ibidem, p. 231].

293 “O art. 3º, caput, da Lei nº 6.567/78 exige que a licença municipal seja específica da atividade minerária. Ou seja, devem ser expressas, em tal ato, a sustância mineral a ser extraída e o local de situação da jazida. Dessa forma, seria incabível a extração mineral mediante a genérica licença de uso e ocupação do solo. Em vista da competência constitucional acima elencada, o Município só deverá licenciar a atividade minerária que seja compatível com o razoável ordenamento territorial, respeitando, por exemplo, o plano diretor”. [ATAÍDE, Pedro. op. cit. p. 232].

audiência da autoridade federal sob cuja jurisdição se achar o imóvel na forma da legislação

específica.”

294

Caso seja autorizado o licenciamento pela ANM, será registrada a licença e,

posteriormente, publicado no DOU (mesmo valor do licenciamento).

Para Silvia Helena Serra, a licença municipal ou licença específica “é o ato

administrativo unilateral, vinculado e constitutivo de direito, pelo qual a autoridade municipal

faculta o exercício da atividade mineira.”

295

Somente poderão ser iniciadas as atividades (lavra), na área do título de licença, após

ser apresentada a ANM a licença ambiental (em até sessenta dias), conforme o art. 166 da

Portaria nº 155/2016.

296

Poderá ser exigida a apresentação do Plano de Aproveitamento Econômico – PAE da

jazida, sob o regime do registro de licença. O seu objetivo é demonstrar a importância ou até

mesmo a dimensão da jazida ou sua situação para prevenir danos ambientais.

Com a obtenção do registro de licença, deve o interessado apresentar até o dia trinta e

um de março de cada ano, para a ANM, o relatório simplificado das ações realizadas no ano

anterior (art. 9º da Lei nº 6.567/78).

O art. 10 da Lei nº 6.567/78 preceitua que cancelar-se-á o registro de licença pela

ANM e publicado no DOU, quando a produção da jazida: for insuficiente, os trabalhos forem

suspensos por mais de seis meses, ou forem aproveitados minérios não tratados pelo

licenciamento em questão, mesmo após advertência.

297

E a prorrogação da validade da licença

ambiental, deverá o interessado requerer em prazo hábil, cumprindo as exigências da ANM.

298

A competência do Município para conferir a licença mineral repousa no fato de que as

substâncias sujeitas ao regime de licenciamento, em regra, estão localizadas na superfície

terrestre, cuja atividade está intimamente relacionada com a ordenação e uso do solo.

294 FEIGELSON, Bruno. op. cit. p. 217.

295 SERRA, Silvia Helena. op. cit., p. 117.

296 “Estabelece o art. 166 da Portaria n. 155/2016 que deverá o requerente apresentar ao DNPM, no prazo de até sessenta dias contados da protocolização do pedido de registro de licença, a licença ambiental de instalação ou de operação, ou comprovar, mediante cópia do protocolo do órgão ambiental competente, que ingressou com o requerimento de licenciamento ambiental, dispensada qualquer exigência por parte do DNPM, sob pena de indeferimento do requerimento de registro de licença”. [Ibidem, p. 217-218].

297 “Se houver cancelamento do registro de licença, em virtude de produção insuficiente, suspensão da lavra por mais de seis meses ou exploração/extração de substâncias não abrangidas pelo título minerário, qualquer interessado (com exceção do superficiário) poderá se habilitar para o aproveitamento da jazida pelo regime de licenciamento, sem autorização do proprietário do solo. Este caso é exceção à desnecessidade de instituir servidão mineral no regime de licenciamento, pois o novo titular deverá pagar valores de indenização e de renda ao proprietário”. [ATAÍDE, Pedro. op. cit. p. 235].

298 “Quanto à prorrogação do prazo de validade da licença ambiental, esta não depende do empenho do titular, mas de sua emissão pelo órgão ambiental competente. Ao titular caberá tão somente requerê-la, na ocasião oportuna, e cumprir prontamente as eventuais exigências formuladas por esse órgão”. [RIBEIRO, Carlos Luiz. op. cit., p. 102].

Por fim, ratifica-se a diferença entre licença mineral e licença ambiental, como sendo

“a primeira manifestação da regulação minerária e a segunda, a regulação ambiental.”

299

Mesmo que o empreendimento necessite de licença mineral, também é sujeito ao

licenciamento ambiental (Resolução nº 010/90 do CONAMA).