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3.5 REGIMES MINERÁRIOS

3.5.5 Regime de registro de extração

O regime de registro de extração pode ser compreendido como a lavra das substâncias

minerais específicas de emprego imediato na construção civil, para uso exclusivo em obras

públicas executadas pelos órgãos da administração direta e autarquia da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios.

310

Tais condições e circunstâncias dependem de registro

na ANM, que, portanto, será considerado o título minerário.

311

O art. 13, I do Decreto nº 9.406/2018, disciplina que “os órgãos e autarquias dos entes

federados poderão utilizar regime de registro de extração, que será disciplinado por Resolução

da ANM.”

312

A Resolução nº 001/2018 da ANM foi a responsável por tratar desse assunto.

O registro de extração poderá ser requerido em área que seja considerada livre,

conforme o art. 8º do Decreto nº 9.406/2018, além da área que esteja no aguardo de

307 “O não-cumprimento desses sujeitará o permissionário infrator às sanções de advertência, multa e

cancelamento do título de PLG, conforme o caso”. [RIBEIRO, Carlos Luiz. op. cit., p. 113].

308 “Cabe ressaltar que, na hipótese de não cumprimento de quaisquer das obrigações impostas pela permissionária de lavra garimpeira, aplica-se, genérica e progressivamente, a sanção de advertência, multa e de cancelamento da permissão”. [FEIGELSON, Bruno. op. cit. p. 211].

309 ATAÍDE, Pedro. op. cit., p. 239.

310 “O regime de registro de extração é fixado pela Lei nº 9.827/1999, que modificou o art. 2º, parágrafo único, do Código de Mineração, segundo o qual os órgãos e autarquias dos quatro entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) não estão submetidos aos regimes minerários tradicionais, permitindo-se a extração de minérios de emprego imediato na construção civil ‘para auso exclusivo em obras públicas por eles executadas diretamente, respeitados os direitos minerários em vigor nas áreas onde devam ser executadas as obras e vedada a comercialização’”. [Ibidem, p. 239].

311 “Cuidar-se de exceção aos regimes de aproveitamento dos recursos minerais, já que não se trata de atividade econômica”. [SERRA, Silvia Helena; ESTEVES, Cristina Campos. op. cit., p. 105].

publicação em edital de declaração de disponibilidade, a critério da ANM; e de área onerada,

desde que o titular do direito minerário preexistente autorize a extração.

313314

Para Carlos Luiz Ribeiro, “o prazo de validade do registro de extração será

determinado pelo DNPM, a seu juízo.”

315

O prazo a que ele se refere (do registro de extração)

foi disciplinado na Resolução nº 001/2018 da ANM, em seu art. 6º, sendo considerado para a

fixação do prazo pelo órgão, as necessidades especificadas da prorrogação do Registro de

Extração.

316

A declaração de registro de extração será expedida pela ANM e o extrato

publicado no DOU.

É proibida a cessão ou transferência do requerimento ou do registro de extração das

atividades extrativas. As vedações do art. 8º da Resolução nº 001/2018 da ANM, segundo as

lições de Silvia Helena Serra e Cristina Esteves, quando da redação do art. 8º do Decreto nº

3.358/2000 (redação semelhante), “evidenciam a intenção do legislador em excluir do campo

da atividade econômica da mineração, determinadas situações necessárias à materialização do

interesse público.”

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Constituem como as substâncias de emprego imediato na construção civil (Portaria nº

23/2000 do MME): areia, cascalho e saibro (in natura na construção civil e no preparo de

agregado e argamassa); material silticoargiloso, cascalho e saibro (material de empréstimo);

rochas para paralelepípedos, guias, sarjetas, moirões ou lajes para calçamentos; rochas

britadas.

O requerimento de registro de extração é instruído com: a qualificação do requerente;

indicação da substância mineral que será extraída; memorial informativo com necessidade da

substância, sua localização, sua extensão (em hectares), apresentação dos prazos de início e

fim, explicação da lavra, planta de situação e memorial descritivo da área, além da licença de

operação expedida pelo órgão competente.

Ocorrerá o indeferimento do registro de extração quando não forem atendidas as

exigências do art. 4º, da Resolução nº 001/2018 da ANM, dentro do prazo de trinta dias,

313 “Também para a obtenção do registro de extração mineral é observado o direito à prioridade. É admitido, em caráter excepcional, o registro de extração em área onerada, desde que titular do direito minerário preexistente autorize expressamente a extração”. SERRA, Silvia Helena; ESTEVES, Cristina Campos. op. cit., p. 105].

314 “Considerando-se que o uso da substância mineral é restrito à obra pública executada diretamente pelo órgão ou autarquia, a área máxima de extração é de apenas cinco hectares (art. 3º, §4º da Resolução 1/2018 da ANM)”. [ATAÍDE, Pedro. op. cit., p. 241].

315 RIBEIRO, Carlos Luiz. op. cit., p. 119.

316 Ibidem, p. 240.

contados da publicação no DOU. Após isso, a área será declarada disponível, através de

edital, nos termos do art. 26, do Código de Mineração.

Permite-se o aditamento de nova substância, não objeto do registro de extração, caso

esta nova substância mineral seja de emprego imediato na construção civil. Para a

prorrogação do registro de extração, o interessado deve protocolizá-la até o último dia da

vigência do registro ou da prorrogação anterior. Já a desistência ou renúncia ao registro de

extração deve ser protocolada e tem caráter irrevogável e irretratável, com seus efeitos sendo

produzidos a partir do protocolo.

A cassação do registro de extração ocorre nas seguintes hipóteses: constatação de

comercialização dos minérios extraídos; não utilização das substâncias minerais extraídas;

não ocorrer o início dos trabalhos de forma justificada em um ano, a partir do registro;

suspensão injustificada por mais de um ano; extração de substância mineral que não seja

objeto do registro; extração realizada por terceiros; e não cumprimento das NRM’s após a

segunda notificação da mesma infração dentro de um ano.

Finalizando, Pedro Ataíde dispõe que o regime de registro de extração é importante,

pois constitui “mecanismo que busca suprir a necessidade da Administração de fornecer

agregados da construção civil para obras públicas.”

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Ou seja, é a utilização de regime

minerário pela Administração para utilização direta em obras públicas, não havendo

comercialização.

318 “Os recursos minerais constituem bem público, cuja utilização pelo Estado para fins não econômicos deve ser incentivada. Nai há que se falar em privilégios não extensivos à iniciativa privada, até porque os minérios extraídos não irão disputar mercado com o setor mineral”. [ATAÍDE, Pedro. op. cit. p. 242].

4 LICENCIAMENTO AMBIENTAL DA MINERAÇÃO

O processo minerário e o licenciamento ambiental consistem em dois tipos de

consentimento estatal que são dados. O primeiro decorre do uso do bem público e o segundo

advém do proveito dos recursos naturais pelo homem.

A anuência derivada do processo minerário é dada pelos órgãos componentes da

União (MME e ANM). O consentimento que está sendo tratado aqui deverá ser solicitado à

ANM ou MME, onde o aproveitamento das substâncias minerais, por meio dos regimes do

art. 2º do Código de Mineração, quais sejam: concessão, autorização, licenciamento,

permissão de lavra garimpeira e monopolização.

Quanto ao regime de licenciamento ou registro de licença municipal, esta será anuída

pelo órgão municipal de detenha a competência e, posteriormente, deverá haver o registro de

tal concordância do Município na ANM.

O regime minerário a ser corretamente utilizado dependerá das condições próprias a

cada modalidade, como, por exemplo, a substância mineral, as condições que se encontra, o

tamanho da área que será utilizada, os objetivos daquele que realizará a explotação, dentre

outros já abordados.

Os regimes minerários mais frenquentemente utilizados são: autorização e concessão,

sendo aplicados nas atividades minerárias onde não se aplica o regime de monopolização e o

regime especial; e inexistindo a necessidade do consentimento do proprietário do solo.

De forma diversa de todo o procedimento de autorização de pesquisa e de concessão

de lavra, a aprovação do licenciamento mineral ocorrerá pelo órgão competente do Município

e depois sendo registrado na ANM.

Já o licenciamento ambiental é exigido para atividades efetiva ou potencialmente

poluidoras. Os órgãos responsáveis pela anuência serão aqueles que compõem o Sistema

Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), podendo ser da União, dos Estados ou dos

Municípios, dependendo da atividade e da situação submetida.

Conforme a LC nº 140/2011, em seu art. 9º, XIV, são ações administradas pelos

Municípios, a promoção do licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos que

causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, considerando-se o seu porte,

potencial poluidor e natureza da atividade, além daquelas que estejam localizadas em

unidades de conservação municipal, excetuando-se as APAs.

Já no art. 7º XIV da LC nº 140/2011, a União promoverá o licenciamento ambiental de

empreendimento e atividades que estejam localizados ou sejam desenvolvidos no Brasil e em

país limítrofe; no mar territorial, plataforma continental ou zona econômica exclusiva; em

unidades de conservação instituídas pela própria União (exceto APAs); em dois ou mais

Estados; seja de caráter militar; de material radioativo; ou for estabelecido por ato do Poder

Executivo.

Para os Estados, a LC nº 140/2011, no art. 8º, XIV, dispõe que o licenciamento

ambiental será promovido por eles, nos casos que englobem as atividades e empreendimentos

que façam uso dos recursos ambientais e que seja efetiva e potencialmente poluidores ou que

sejam capazes de causar degradação ambiental. Além de atividades ou empreendimentos

localizados em unidades de conservação estaduais, à exceção de APPs.

A respeito do licenciamento ambiental da mineração, Marina Ferrara compreende que

“o empreendedor possivelmente poderá enfrentar os potenciais reflexos socioambientais e

econômicos da realocação almejada quando da avaliação dos impactos ambientais, questão

que será tratada no âmbito do Estudo de Impacto Ambiental (EIA).”

319

Tanto para os Municípios quanto para a União, o licenciamento ambiental da

mineração possui especificidades, entretanto, para os Estados a sua atribuição é meramente

residual.

Talden Farias e Pedro Ataíde manifestam-se a respeito da competência das atividades

minerárias, ou seja, “é forçoso perceber que o licenciamento ambiental da grande maioria dos

empreendimentos minerários é realizado pelos Estados.”

320

Conclui-se que o licenciamento ambiental da atividade minerária “é instrumento

essencial à compatibilização da mineração com a proteção ao meio ambiente, sendo dos mais

importantes instrumentos de que a Administração para a alcançar esse objetivo.”

321

319 “Inclusive, eventuais pendências na realocação da comunidade urbana poderão obstar o regular andamento do processo de licenciamento ambiental e, em casos extremos, até mesmo inviabilizar a obtenção da Licença de Operação. Dito isso, tem-se que, além das indenizações citadas nos itens anteriores (indenização pelos imóveis, benfeitorias e danos causados, renda, participação nos resultados da lavra etc.), ao se tratar de realocação de comunidades, existirá a possibilidade de pleitos indenizatórios de caráter transindividual/coletivo, bem como aspectos relacionados aos danos e prejuízos imateriais/intangíveis causados àquela comunidade e ao seu modo de vida”. [FERRARA, Marina. Realocação de comunidade urbana em razão da atividade minerária. In: FERRARA, M.; GALLO, L. D.; WERKEMA, M. S.; PERSECHINI, S. F. (Coord.). Estudos de direito minerário. Belo Horizonte: Fórum, 2012, p. 105].

320 “Verifica-se que a competência da União e dos Municípios dirige-se a atividades em circunstâncias específicas, enquanto a atribuição dos Estados é residual. [FARIAS, Talden; ATAÍDE, Pedro. Mineração e Meio Ambiente”. FARIAS, T.; TRENNEPOHL, T. (Coord.). Direito Ambiental Brasileiro. São Paulo: Thomson Reuters Brasil, 2019, p. 360].