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Registo da Nota do Descobrimento ou Nota de Registo ou Registo do Manifesto

I. CAPÍTULO

II.1. Caracterização e tipologia das Fontes de Informação

II.1.1. Documentos administrativos

II.1.1.2. Registo da Nota do Descobrimento ou Nota de Registo ou Registo do Manifesto

A Nota do Descobrimento de minas era o primeiro registo oficial de descoberta de depósitos de substâncias minerais, apresentado pelo suposto descobridor e que pretendia assegurar o seu direito. A partir de 2 de Abril de 1868 (anexo V)foi publicado, em Diário do

Governo, uma Portaria, na qual El-Rei estabelecia que deveria existir, na Câmara Municipal

de cada concelho, um livro especialmente destinado aos registos de minas, numerado e rubricado pelo presidente da respectiva Câmara. Deste modo, evitar-se-ia o registo da mesma mina sem que tivesse terminado o prazo de doze meses, como acontecia por vezes. No acto do registo da Nota do Descobrimento, o escrivão da Câmara deveria registá-la no livro competente, declarando o dia e hora em que foi feito o registo, assinando o escrivão e o registador. A Nota do Descobrimento deveria ser devolvida ao registador e declarava que, a partir da data, começava a correr o improrrogável prazo de doze meses para requerer, ao

Quisemos completar a nossa investigação procurando as Notas de Descobrimento das três minas em estudo, Borralheira, Pereiro e Alto do Vale da Veiga. Deste modo, recorremos à Câmara Municipal de Vinhais, onde está instalado o Arquivo Municipal e descobrimos os livros de registo de movimentos de minas do concelho, datando o primeiro de 23 de Abril de 1868 (anexo VI). Observámos que a Portaria, para a criação deste livro foi, publicada a 2 de Abril de 1868 e, passados alguns dias a Câmara Municipal de Vinhais pôs em prática essa Portaria.

Por se tratar de livros manuscritos, tivemos alguma dificuldade na leitura de alguns registos, no entanto, os livros encontram-se em bom estado de conservação e organizados. São 15 livros que datam desde 1868 até 1959.

O primeiro registo nº24, referente à mina da Borralheira, data de 13 de Setembro de 1873 (anexo VII). Indicava que Antónia Joaquina Tavares, natural do concelho de Sever do Vouga e residente no Porto, descobriu, por simples pesquisa, diferentes jazigos. Um desses jazigos de estanho situava-se no sítio e cabeço da Borralheira, pertencente à freguesia de Ervedosa, em terrenos particulares e caminhos. Desde este primeiro registo até surgir o nome de René Lafleur (descobridor e percursor dos trabalhos mineiros que constituiu a empresa

Sociétè des mines d’étain de Ervedosa) o jazigo foi registado mais 18 vezes.

O segundo registo nº 29, data de 26 de Abril de 1887. Declarava que Alfredo da Fonseca Meneres, de vinte anos de idade, proprietário, natural do Porto e residente em Jerusalém do Romeu, concelho de Mirandela, descobriu, por vestígios de trabalhos antigos, uma mina de estanho e outros metais, no sítio da Borralheira, limite de Ervedosa, concelho de Vinhais, distrito de Bragança.

O terceiro registo nº 31, de 11 de Agosto de 1890, de Luís Manuel dos Santos Valente, de 48 anos de idade, natural de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiro e residente em Paço de Sortes, concelho de Bragança, declarava ter descoberto, por simples pesquisa, uma mina de estanho e outros metais na freguesia e termo de Ervedosa. Esta mina situava-se em terrenos baldios, no cabeço da Borralheira.

O quarto registo nº32, de 4 de Abril de 1891, cita que Luís Saldanha Lopes dos Santos, natural e residente em Bragança e Luís Manuel dos Santos Valente, natural de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiro, descobriram, por simples pesquisa, uma mina de estanho e outros metais, em terrenos baldios, no cabeço da Borralheira, na freguesia e termo de Ervedosa, concelho de Vinhais.

Real, residente em Castro Vicente, concelho de Mogadouro registaram a descoberta, por simples pesquisa, de uma mina de estanho e outros metais, no cabeço da Borralheira, freguesia de Ervedosa.

O sexto registo nº35, de 5 de Agosto de 1892, declarava que D. Maria Amélia dos Santos Valente, de 50 anos, solteira, natural de Vinhas, concelho de Macedo de Cavaleiro, residente em Bragança descobriu, por simples pesquisa, uma mina de estanho e outros metais, no cabeço da Borralheira, freguesia de Ervedosa.

O sétimo registo nº 36, de 5 de Abril de 1893 indicava que Moses Zagures, de 53 anos, casado, natural da ilha Terceira, residente em Liverpool, capitalista e Luís Manuel dos Santos Valente, de 52 anos, solteiro, descobriram, por simples pesquisa e pelo exame de trabalhos antigos, uma mina de estanho e outros metais, no cabeço da Borralheira.

O oitavo registo nº 37, de 28 de Abril de 1894, foi registado novamente pelas pessoas acima indicadas.

O nono registo nº 38, de 1896, foi registado por Henrique José Rodrigues Alves, de 58 anos, casado, natural e residente em Bragança, negociante e Luís Manuel dos Santos Valente descobriram por simples pesquisa e pelo exame de trabalhos antigos uma mina de estanho e outros metais no cabeço da Borralheira.

O décimo registo nº39, de 8 de Junho de 1901, foi registado por José Pehumacher Júnior, 27 anos, casado, natural do Porto, residente na Foz do Douro, professor descobriu, pela inspecção da superfície, uma mina de cassiterite e volfrâmio no sítio do termo da Borralheira, freguesia de Ervedosa.

O décimo primeiro registo nº 42, de 22 de Outubro de 1902 indicava que Pélissier, casado, capitalista, cidadão francês, residente em Paris, descobriu, pela inspecção da superfície, uma mina de cassiterite e volfrâmio no sítio do termo da Borralheira. Para garantir o seu direito no descobrimento desta mina, Joaquim Vicente Coelho, solteiro, empregado comercial, residente no Porto, apresentou uma nota de manifesto para ser registada no respectivo livro de minas.

O décimo segundo registo nº 43, era idêntico ao anterior, tendo sido registado pelas mesmas pessoas, data de 22 de Outubro de 1902.

O décimo terceiro registo nº44, de 22 de Outubro de 1903, Pélissier, casado, capitalista, cidadão francês, residente em Paris descobriu, pela inspecção de superfície, uma mina de cassiterite e volfrâmio, no sítio do termo da Borralheira, freguesia de Ervedosa. A fim de assegurar o descobrimento da mina, o declarante enviava a nota do manifesto por

O décimo quarto registo nº 50(anexo VIII),de 12 de Dezembro de 1905, indicava que Lafleur, casado, engenheiro, cidadão belga, residente em Puertoblano, Espanha, descobriu, pela inspecção de superfície, uma mina de cassiterite e volfrâmio, no sítio da Borralheira. Para assegurar o seu direito ao descobrimento da mina nomeia Henrique Bernardim, para registar a nota do manifesto.

O décimo quinto registo nº 51 (anexo IX), de 9 de Março de 1906, declarava que René Lafleur, casado, engenheiro, cidadão belga, descobriu, pela inspecção de superfície, uma mina de cassiterite e de volfrâmio, no sítio do Pereiro, na freguesia de Ervedosa, concelho de Vinhais. Para assegurar o descobrimento da mina, mandava Martinho Alves, residente em Ervedosa, apresentar a nota de manifesto.

O décimo sexto registo nº52, de 6 de Maio de 1906, António Alves de Canedo Basto, casado, empregado comercial, residente na cidade do Porto, declarava ter descoberto, pela inspecção de superfície, uma mina de cassiterite e de volfrâmio, no sítio denominado de Borralheira. Para assegurar o direito ao descobrimento da mina, nomeava Martinho Alves, para a registar. Esta mina foi depois transmitida, por endosso, a René Lafleur.

O décimo sétimo registo nº 54, de 18 de Abril 1907, Henri Pélididier, capitalista, cidadão francês, casado, residente em Paris, descobriu, pela inspecção da superfície, uma mina de cassiterite e de volfrâmio, no sítio do termo da Borralheira. Apresentou a nota do manifesto Alípio Augusto da Veiga Teixeira.

O décimo oitavo registo nº 55, data de 18 de Abril de 1907. Este registo é equivalente ao anterior.

O décimo nono registo nº 70 (anexo X), de 18 de Janeiro de 1909, René Lafleur, 37 anos, casado, súbdito belga, residente em Espanha, de profissão engenheiro de minas, descobriu, pela inspecção da superfície, uma mina de estanho e outros metais, no sítio do Alto do Vale da Veiga, freguesia de Ervedosa, concelho de Vinhais.

A partir do ano de 1909, com René Lafleur iniciava-se o processo de legalização das minas para o início da sua lavra contínua até 1969.

Verificámos, pela análise dos Registos de Descoberta, que todos os anos as minas eram registadas por diversas pessoas. Naturalmente, como o descobridor tinha 12 meses para o início dos trabalho de pesquisa, não se verificando esse arranque, outras pessoas poderiam registar o descobrimento das minas. Foi isso que se verificou ao longo de vários anos. O início dos trabalhos de pesquisa efectuou-se apenas com René Lafleur. Curiosamente, registou, pela primeira vez, a mina da Borralheira, a 12 de Dezembro de 1905, mas depois,

em 6 de Maio de 1906, esta mina foi novamente registada por António Basto que mais tarde, a transmitiu, por endosso, a René Lafleur.

II.1.1.3.- Processos das minas da Borralheira (nº 492); do Pereiro (nº493); do Alto do

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