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4 ANALISANDO E DISCUTINDO OS DADOS DA PESQUISA

4.4 A PERSPECTIVA DA CULTURA VISUAL E AS POSSIBILIDADES DE

4.4.2 Registros e apontamentos sobre a aplicação do produto educacional

No período de 10/05 a 31/05/2019, realizamos a aplicação do material educativo com os objetivos de experimentar e avaliar a performance educativa das estratégias didáticas propostas e a aprendizagem dos estudantes. Essa aplicação se deu durante as aulas da disciplina de Arte em uma turma de 36 estudantes, do turno vespertino, da primeira série do Curso Técnico em Automação Industrial Integrado ao Ensino Médio do campus Linhares do Ifes.

Iniciamos a aplicação em duas aulas da disciplina de Arte no dia 10/05/2019, com a

Etapa 1: Interpretando representações sobre o tema trabalho. Os objetivos foram: a)

identificar e selecionar diferentes formas de representação visual do tema “trabalho”, operando com imagens tanto da história da arte como do cotidiano; b) perceber criticamente as imagens selecionadas, como cultura visual e representações do tema trabalho, passíveis de interpretação; c) analisar as imagens selecionadas por

meio de questões problematizadoras que relacionam aspectos histórico-geográfico, antropológico, estético-artístico, biográfico e crítico-social.

Após as orientações iniciais do professor aos estudantes sobre os procedimentos de seleção de imagens relacionadas ao tema trabalho, verificou-se o envolvimento de 30 estudantes que cumpriram essa atividade realizada em casa. Aos estudantes que não escolheram uma imagem, foi oportunizado novo prazo ou que a definissem pelo material que dispunham em sala de aula (livros, capa dos cadernos e/ou imagens do celular).

Observando o universo de imagens trazidas pelos estudantes notamos um predomínio de reproduções de obras de arte (pinturas de diversos artistas e estilos), havendo também fotografias, logomarcas, símbolos, ilustrações digitais, mangás (arte japonesa próxima dos quadrinhos), imagens do universo dos games e cinema.

De imediato o que chamou atenção foi a quantidade de escolhas idênticas: a reprodução da obra “Operários” (Figura 2), de Tarsila do Amaral, foi a imagem escolhida por seis estudantes; seguida por “O lavrador de café” (Figura 3), de Cândido Portinari, definida por cinco estudantes e “Café” (Figura 4), do mesmo pintor, por dois estudantes. Esse fato merece atenção, já que, a princípio, os estudantes teriam muitas outras opções, o que não se constatou. Acreditamos que essa ocorrência se deve ao fato de essas imagens estarem cristalizadas no imaginário discente como obras de arte relacionadas ao trabalho. Além disso, foram as primeiras opções de escolha, pois acreditamos que os estudantes já as terem visualizado em algum momento da sua vida escolar ou mesmo nos processos de pesquisa de imagens nos meios digitais.

Figura 2 – Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Fonte: Operários (2019)

Figura 3 - Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Figura 4 – Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Fonte: Café (2019)

Ainda sobre as reproduções de obras de arte apresentadas pelos estudantes, citamos “O Stone Breakers” (Figura 5), de Gustave Courbet; “Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci; “O três de maio de 1808”, de Francisco de Goya; “O nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli; “A vinha encarnada”, de Vincent Van Gogh; “Sansão e Dalila”, de Pieter Paul Rubens; “Fiel retrato do interior de uma casa brasileira” (Figura 6), de Joaquim Cândico Guilobel; “Caipira picando fumo” de Almeida Júnior; Britto garden”, de Romero Brito; “Produtor rural” (Figura 7), de Salomão Zalcbergas e “Carro de bois”, de Jurandi Assis.

Figura 5 – Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Fonte: The Stone Breakers (2019)

Figura 6 - Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Figura 7 - Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Fonte: Venâncio; Carreiro; Zalcbergas (2016)

Houve ainda as imagens “Vaslav Nijinski em A tarde de um fauno” (Figura 8), fotografia de autor desconhecido; logotipo da Nike (Figura 9), criado por Carolyn Davidson para a empresa de material esportivo; ilustração “ferramenta de chave de reparação” de autoria de Jemastock; cena do game “Grand Theft Auto Five” (Figura 10); os desenhos de mangá “Bakuman” (Figura 11), de Tsugmi Opba, Takeshi Obata e Tokyo Ghowl, entre outras.

Figura 8 – Exemplo de imagem escolhidas pelos estudantes para análise

Fonte: Vaslav Nijinsky (2019)

Figura 9 -Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Figura 10 -Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Fonte: Dica TDF - GTA V (2013).

Figura 11 - Exemplo de imagem escolhida pelos estudantes para análise

Questionados oralmente pelo professor, a maioria dos estudantes respondeu que pesquisou e recolheu a imagem na internet. Alguns recorreram a livros ou usaram a câmera do próprio celular (Figura 12) para registrar a imagem que encontraram no seu dia a dia. Esse detalhe despertou a possibilidade de realizar a atividade, em outra ocasião, somente a partir desse procedimento, ou seja, sair capturando imagens com o celular nos ambientes e no cotidiano dos jovens.

Figura 12 – Fotografia do uso do celular para pesquisa sobre as imagens

Fonte: Acervo do autor (2019)

Os estudantes manifestaram dúvida em relação se a imagem escolhida por eles serviria à atividade. Nesse momento o professor interviu afirmando que sim, qualquer imagem poderia ser escolhida para o exercício pois poderia ser alvo de análise e interpretação.

Para a ação de análise da imagem foi importante esclarecer que não era preciso recorrer a pesquisa em outras fontes, pois a partir das questões formuladas no material educativo eles podiam refletir e escrever. Achamos importante não apenas falar em voz alta as perguntas, mas deixá-las à mostra (usou-se o datashow).

Esclarecemos que não eram questões a serem respondidas uma a uma; elas serviriam como fonte de reflexão para auxiliar na análise da imagem.

Na aula seguinte no dia 15/05/2019 os estudantes foram orientados a finalizar a análise da imagem, baseados nos questionamentos, pesquisas e contextualizações propostas nesse etapa e a partir das anotações que realizaram até então, escrever um único texto a ser entregue para avaliação.

Os textos produzidos pelos estudantes (Figura 13, 14 e 15), num total de 32 produções, apresentam aspectos descritivos, identificando tipos de trabalho, figuras principais e secundárias, elementos e cenários trazidos pelas imagens, como podemos observar nos fragmentos dos textos dos estudantes: “[...] a imagem

apresenta diversas pessoas, diferentes umas das outras, a frente de uma indústria [...]”(RRM); “[...] vemos pessoas de várias etnias e raças” (SGO), sobre uma

reprodução da obra Operários de Tarsila do Amaral; “eu vejo alguns trabalhadores

rurais colhendo plantações de repolho [...] trabalhando no campo embaixo do sol quente” (WGGR) sobre uma pintura de Salomão Zalcbergas; “eu vejo nessa imagem 3 homens armados que acabaram de assaltar uma loja [...]” (MST) a partir de uma

imagem de um jogo eletrônico.

Os textos produzidos apresentam também característica interpretativa conforme se observa nos registros a seguir, por exemplo sobre uma reprodução da obra Operários de Tarsila do Amaral:

[...] essa diversidade física, étnica e geral, é contrastada com a união dessas pessoas, sendo possível interpretá-las, que a partir das diferenças, a igualdade como humanos prevalece, assim como deve ser toda sociedade (CSO).

Ou sobre a reprodução da obra Café, de Portinari:

A imagem traz uma boa compreensão sobre o trabalho, pois mostra uma pessoa humilde trabalhando [...] trazendo uma reflexão de como o capitalismo funciona, em que uma pessoa da classe baixa produz e faz o trabalho bruto, enquanto outros compram e consomem o produto (JOLC).

interpretação dos estudantes contribuíram para identificação da representação para aspectos da vida e do contexto dos estudantes, como podemos perceber em: “às

vezes quando eu vou pra roça do meu tio, eu ajudo ele a colher algumas plantações, essa imagem mostra de onde vem os nossos alimentos e o que as pessoas que cultivam passam” (WGGR); “vendo esta imagem, observo que terei que estudar para ter um bom futuro e ter um trabalho que eu goste” (DS); “me identifico com essa imagem pois o meu pai é técnico em mecânica, e essa ferramenta é essencial e eu já vi que ele usa esse tipo de ferramenta muitas vezes” (ACSM) a partir de uma

ilustração digital; “essa pintura me afeta de uma maneira negativa com um

sentimento de tristeza, devido à falta de opção para essas pessoas, a não ser o êxodo rural” (LOG) sobre uma obra de Tarsila do Amaral; ou a partir de outra

ilustração digital:

A imagem nos ajuda a compreender e observar que no mercado de trabalho é muito importante que não fiquemos parados, esperando as coisas chegarem na nossa mão e sim correr atrás daquilo que nós queremos e precisamos (MLRPQ).

Na etapa 1, os estudantes trabalharam individualmente, mas muitas vezes o diálogo era estabelecido com os colegas e com o professor, para compartilhar o que realizavam, verificar como o colega estava fazendo as atividades e/ou para tirar dúvidas. Sobre a participação do professor nesse processo, que se manifestou de diferentes formas em sala de aula, salientamos que,

O papel do diálogo pedagógico, da pesquisa e da crítica como atitude dirigida a favorecer a aprendizagem na aula, junto à postura ideológica de que a função da Escola não é encher a cabeça dos alunos de conteúdos, mas sim, contribuir para formá-los para a cidadania e oferecer-lhes, como já se indicou, elementos para que tenham possibilidades de construir sua própria história [...] (HERNÁNDEZ, 1998, p. 23).

Nesse sentido, observou-se que esses momentos apresentavam um clima mais livre e aberto aos tempos e percursos individuais, e permitiram que os estudantes realizassem as atividades de maneira interativa e contínua, mesmo presenciando-se conversas paralelas.

Figura 13 – Exemplo do texto produzido pelos estudantes na análise de imagens

Fonte: Acervo do autor (2019)

Figura 14 - Exemplo do texto produzido pelos estudantes na análise de imagens

Figura 15 – Exemplo do texto produzido pelos estudantes na análise de imagens

Fonte: Acervo do autor (2019)

No momento de compartilhar as análises, os estudantes mencionaram como pontos mais relevantes, que as imagens quase sempre retratavam os trabalhadores como sujeitos fortes, musculosos, que realizavam um trabalho duro e difícil. Na análise da reprodução da obra Café, de Cândido Portinari, realizada pelos estudantes, isso fica claro: “esse homem tem os braços e pernas inchados, simbolizando o intenso

trabalho nas lavouras [...] o trabalho é representado como um trabalho duro e cansativo” (MBS); “essa obra traz a sensação de cansaço, me deixa meio triste por conta da dificuldade do trabalho” (JOLC).

A contextualização e procedimentos de pesquisa foram importantes, pois,

Na educação escolar, é necessário realizar essa empreitada a partir de um cruzamento de olhares. Os do passado e os do presente, que se refletem e se projetam nas imagens, objetos e tema de pesquisa (sempre em grupo e

em relação, nunca isolados) da época ou da sociedade, para organizar os diferentes olhares a partir de conceitos chave (HERNÁNDEZ, 2000, p. 128).

Grande parte das imagens procura transmitir veracidade, inclusive retratando a classe social do trabalhador, por estilos e linguagens artísticas mais realistas, contextualizando diferentes épocas que foram percebidas pelos estudantes em suas análises, como em: “com isso sabe-se que o Brasil, país natal de Tarsila, passava

pelo início da Era Vargas e uma nova constituição havia acabado de ser implantada” (CSO); “a imagem retrata um acontecimento relacionado ao êxodo rural que ocorreu no Brasil em épocas passadas” (DS); “a imagem que escolhi, retrata o trabalho doméstico durante a época da escravidão” (MLJF); “acredito que o objetivo dele [do artista] é mostrar uma fonte histórica, mostrar o que acontecia no passado” (GAB).

Possivelmente essas observações se deram pelo uso da pesquisa na ação de contextualizar a imagem. Ela estava prevista como recurso e permitiu a ampliação da interpretação e atualização da imagem.

Verificamos ainda aspectos sugestivos de identificação pessoal do intérprete com a imagem, como na análise de uma logomarca comercial.

A minha imagem é uma representação do símbolo da empresa Nike [...] esta marca me dá um sentimento de paixão, pois eu gosto muito dos produtos desta marca [...] talvez não seja uma boa representação do trabalho, pois é apenas um símbolo, mas se, de forma geral, a pessoa ter uma boa interpretação pode se tornar uma boa representação (MV).

Quando questionados sobre o que compreenderam sobre o mundo do trabalho com as imagens, os estudantes mencionaram que a interpretação dessas contribuiu para compreender diferentes tipos de trabalho e funções, tanto do passado quanto atuais, questões de diferenças salariais relacionados a gênero/etnia e problemas econômicos. Para alguns, as imagens contribuíram com um sentimento de motivação para perseguir seus sonhos, escolhendo onde quer trabalhar, ser persistente, mesmo enfrentando dificuldades. Podemos identificar essas informações nos fragmentos das falas a seguir: “olhando essas variedades e

importâncias dos trabalhos surge um sentimento de motivação pessoal para irmos atrás do que queremos, pois temos a oportunidade de escolher com o que queremos

trabalhar, diferente de muitas pessoas” (EVS); “no mundo do trabalho há diferenças, seja sociais ou econômicas, porém o que mais ocorre são os sociais, como a diferença salarial de acordo com a etnia, sexo [...] algumas pessoas trabalham muito, sendo pouco remunerado” (MVLR); “que o trabalho para ter um fim de sucesso, tem que haver a cooperação, onde um ajuda o outro, buscando facilitar de alguma forma” (SGO).

Sobre que cuidados precisamos ter na hora de interpretar uma representação visual os estudantes mencionaram que o exercício de interpretação é variado e aberto às influências pessoais e do contexto da época. A interpretação pode levar até a equívocos. Mencionaram que se analisarmos a imagem sem cuidado, podemos deixar passar coisas. Assim dependemos do olhar crítico, sabendo que há diferentes modos de interpretar aquela imagem. Estar atento aos detalhes para uma interpretação mais ampla e sob vários pontos de vista. Citaram que contextualizando a imagem, na história por exemplo, pode contribuir na compreensão visual do sujeito.

Realizamos ao final da aula a autoavaliação dos estudantes por meio dos instrumentos sugeridos no produto educacional, que trouxeram informações sobre a visão deles a respeito da vivência dessa etapa. Todos os presentes na aula e que tinham realizado a etapa, responderam ao formulário, num total de 25. Deve-se contar que os estudantes que não cumpriram a atividade no tempo previsto, não responderam a autoavaliação nesse momento.

O formulário está estruturado em três partes: na primeira, os estudantes respondiam marcando X ou desenhando um emoji, se os objetivos da etapa foram alcançados; na segunda, apontavam numa escala de 1 a 10 o seu envolvimento e dedicação; e na terceira, escreviam suas exposições finais quanto ao aprendizado, destaques e sugestões de melhora do material. O quadro (Quadro 2) a seguir apresenta a quantidade de respostas dos estudantes.

Quadro 2 – Síntese da autoavaliação dos estudantes na etapa 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2019)

Na análise das respostas, muitos estudantes mencionaram que realizaram sozinhos as ações previstas, porém também destacamos: o aspecto da ajuda, identificado como um fator muito importante, segundo nossa percepção, aos aspectos do perfil da turma, como “espírito de coletividade”; a falta de experiência e conhecimentos prévios quanto ao trabalho de interpretação da cultura visual (o que demonstra mais uma vez a necessidade e a importância do ensino de Arte em toda a educação básica); a ação do docente em propor, questionar, orientar e estar disposto a colaborar com a turma; a pesquisa orientada e a interação entre os estudantes (trocas de saberes e de intercâmbios entre as várias maneiras pessoais de concretizar um objetivo). Esse aspecto de ajuda é resignificado por Hernández (2000, p. 55), pois “quando alguém se aproxima das experiências de outras pessoas, ou de outros pontos de vista, as próprias experiências adquirem uma maior perspectiva, e a compreensão sobre a realidade é enriquecida”.

Em relação ao envolvimento e dedicação às tarefas e exercícios desenvolvidos na etapa 1, a média das respostas apontadas pelos estudantes foi de 8,4 em uma escala de 1 a 10. Quando perguntados como o estudo da minha imagem ajudou na compreensão de representações visuais do trabalho, os estudantes responderam, por exemplo, “entendi, após as pesquisas, o propósito da minha obra e pensar mais

sobre o assunto” (RRM); “que através do estudo da minha imagem eu conseguia desenvolver uma melhor análise de outras imagens” (MSM); “pesquisando sobre a imagem eu consegui entender o contexto e então fazer a análise” (MLRPQ); “aprendi que existe diferentes interpretações e representações sobre o trabalho.

Como há mudanças com o passar dos tempos” (IRQ); “ajuda a entender como funciona o mundo do trabalho” (DSE); “com o estudo da imagem percebemos que muitos autores criticam o trabalho através das obras” (ES); “as pessoas tem visões diferentes da obra” (SGO).

Os estudantes destacaram a colaboração, a interação e o fazer em grupo (provavelmente falando da partilha nas interpretações das imagens). Manifestaram

“a importância da análise da obra para poder entendê-la” (ETA); “foi muito bom a experiência de saber e ouvir as outras pessoas” (JOL); “com o conhecimento nossa mente amplia-se” (CSO); “foi bom analisar imagem com um tema diferente mas tão comum” (ACSM); “a análise de um tema tão importante mas esquecido” (ASF).

No formulário de autoavaliação (Figura 16) os estudantes apresentaram como sugestões de melhoras, por exemplo, “valer uma nota, tipo especificada na atividade,

talvez estimule um trabalho feito com carinho” (IF); “aulas práticas” (TRSR); “maior empenho, da minha parte” (WL); “mais foco nas atividades e apresentações” (JOL); “ao fazer grupos, escolher pessoas com imagens semelhantes, por mais que possamos compreender sobre outras obras” (RRM); “está tudo ótimo”; (MLRPQ e ACSM).

Figura 16 – Formulários instrumento de autoavaliação da etapa 1

Ressaltamos ao final da Etapa 1 que uma interpretação de imagens da cultura visual se faz por diferentes caminhos, que pode e deve ser orientada pelo docente, experimentando e ampliando os olhares dos estudantes a partir de exercícios e questões problematizadoras, como sugerimos nesta etapa, construindo no educando capacidades de compreensão crítica da imagem. Afirmamos que, quanto mais aproximações dos estudantes com essas práticas de interpretação da imagem pela abordagem da cultura visual, mais aptos e críticos os discentes serão.

Iniciamos a Etapa 2: Ampliando conhecimentos sobre o mundo do trabalho, na aula do dia 17/05/2019. Os objetivos foram: a) identificar temas relacionados ao mundo do trabalho a partir da realização de um levantamento de informações em referências bibliográficas diversas; b) ampliar o entendimento sobre conceitos e conteúdos correlacionados ao mundo do trabalho; c) perceber aproximações entre arte e vida ampliando o olhar sobre o trabalho.

Realizamos primeiro uma memória de algumas das informações que os estudantes tinham mencionado na apresentação de suas análises de imagens da etapa 1. Retomamos a noção de que lidaram com representações visuais sobre o tema trabalho e, com vários procedimentos e campos de conhecimento, ampliaram a compreensão dessas imagens.

Após esse momento inicial, onde os estudantes se posicionaram livremente no que queriam evidenciar no trabalho anterior, realizamos outra ação que consistiu numa tempestade de ideias para que os educandos se manifestassem a partir de algumas questões apresentadas num quadro.

Utilizamos uma dinâmica de distribuir post its de 3 cores diferentes para que os estudantes escrevessem o que vinha à mente de acordo com cada questão. Depois cada um colou seus post its no quadro previamente elaborado pelo professor, conforme observamos nas imagens a seguir (Figura 17):

Figura 17 – Fotografias da dinâmica com os post its (momento inicial)

Fonte: Acervo do autor (2019)

Após uma leitura rápida do quadro, fizemos a reorganização dos post its de acordo com assuntos que se relacionavam ou tinham algo em comum (Figura 18). Esse procedimento tornou possível a organização de equipes de trabalho por assuntos, para continuação da etapa que consistia em pesquisa e produção de cartazes.

Figura 18 – Fotografias da dinâmica com os post its (momento final)

Fonte: Acervo do autor (2019)

Os grupos inicialmente se dedicaram a compreender melhor os assuntos, produzindo pesquisa com informações mais elaboradas, lendo e selecionando textos e imagens em sites, jornais e outras referências. Nessa ação, que começou em sala de aula e prosseguiu como atividade extraclasse, os estudantes fizeram uso constante do celular com acesso à internet. Foi utilizado também a biblioteca do

campus. O professor participou dessa atividade supervisionando e orientando

quanto ao uso dos sites de informações mais seguras. Foi orientado que compartilhassem as informações e imagens que estavam pesquisando com os colegas de grupo, afim de que todos realizassem o estudo, para que na próxima aula pudessem debater sobre os assuntos e realizar outra tarefa.

Na aula seguinte, no dia 22/05/2019, os grupos voltaram a se reunir para conversar e realizar nova ação: criar um cartaz com colagens de textos e imagens sobre os

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