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7 RESULTADOS E DISCUSSÃO DO QUASI-EXPERIMENTO 7.1 PERFIL SOCIOCULTURAL DOS GRUPOS CONTROLE E INTERVENÇÃO

7.2 RESULTADO DO QUASI-EXPERIMENTO: O ARTÍSTICO VERSUS O PADRÃO 1 ANOVA: Grupo Controle e Intervenção

7.2.2 Regressão linear Múltipla

Como o Grupo Controle e Intervenção apresentam características socioculturais diferentes para três vaiáveis: Gênero, Idade e Anos de Estudo, foi necessário aprimorar o resultado obtido anteriormente, por meio de um controle dessas variáveis para o ganho de conhecimento observado no Grupo Intervenção.

Como a finalidade de verificar se o ganho de conhecimento alcançado no Grupo Intervenção continuava significativo, mesmo considerando as diferenças percentuais das novas variáveis em análise, fez-se uma Regressão Linear Múltipla.

Iniciamos a análise realizando o Teste Exato de Fisher no Grupo Intervenção para as variáveis categorizadas do seguinte modo: Gênero (feminino), Idade (acima de 60 anos) e Anos de estudos (abaixo de 08 anos).

Como resultado obtido temos a tabela a seguir que apresenta o coeficiente de determinação (R2) que mede a contribuição das variáveis para a previsão do ganho de conhecimento. Esse cálculo expressa o percentual da capacidade de explicação do modelo de regressão adotado para o teste. O valor de R2 (0,364) corresponde que 37,4% das variáveis do delta do conhecimento poder ser explicado pelas variáveis que apresentaram diferenças. Esse resultado indica que a qualidade do modelo de regressão adotado no estudo é bom e que a proporção da variação do ganho de conhecimento é explicada em 37% pelas variáveis Idade, Anos de Estudo e Gênero.

Tabela 29 - Valor do R2 para verificação da qualidade do modelo de regressão para análise estatística entre os Grupos Controle e Intervenção - Palmas/TO, 2017

Model R R Square Adjusted R Square Std. Error of the Estimate

1 ,612a ,374 ,285 ,39541

Como o modelo de Regressão Linear Múltipla é adequado para a análise em questão, apresentamos a seguir os valores do Delta do Conhecimento (Coeficiente B) para cada variável controlada (Idade, Gênero, Anos de Estudos) e os valores de médias obtidos no teste Anova realizado anteriormente para o Grupo Intervenção. De acordo com a tabela abaixo, verifica-se que mesmo realizando o ajuste de controle das variáveis, o Grupo Intervenção apresenta ganho de conhecimento de (0,393) à mais que o Grupo Controle. Sendo que esse valor de ganho de conhecimento (0,393) é significativo, p-valor de (p=0,038).

As demais variáveis, Idade (p=0,689), Anos de Estudo (p=0,340) e Gênero (p=0,235) apresentadas na tabela a seguir não possuem p-valor significativo. Portanto, não influenciam o delta de conhecimento observado no grupo Intervenção. Sendo assim, o Grupo Intervenção apresenta ganho de conhecimento maior que o Grupo Controle, após o controle das variáveis.

Tabela 30 - Valor do Delta de Conhecimento (Coeficiente B) para as variáveis controladas do Grupo Intervenção - Palmas/TO, 2017

Model Unstandardized Coefficients Standardized Coefficients t Sig. Collinearity Statistics

B Std. Error Beta Tolerance VIF

1

(Constant) ,184 ,247 ,745 ,463

Grupo intervenção ,393 ,180 ,426 2,183 ,038 ,587 1,704 Idade_acima 60 ,063 ,156 ,066 ,404 ,689 ,840 1,191 Anos estudo cat -,164 ,169 -,178 -,971 ,340 ,667 1,498 GEN feminino ,209 ,172 ,194 1,215 ,235 ,874 1,144

Percebemos portanto que o MEA apresenta-se como uma ferramenta útil, válida e capaz de proporcionar ganho de conhecimento em saúde pelos usuários do SUS. Acreditamos que o ganho de conhecimento por meio do MEA é fruto da construção compartilhada de saberes, no qual se possibilitou que os diversos atores sociais envolvidos no processo (usuários-profissionais-sistema de saúde) pudessem contribuir com apontamentos e fazeres; cuja finalidade foi construir um vídeo que representasse uma conquista de voz e de vez dos desejos dos usuários e dos profissionais de saúde da atenção primária.

A construção do MEA foi pautado pela pedagogia transformadora proposta por Paulo Freire e desse modo percebe-se que os resultados alcançados confluem com os resultados atingidos por trabalhos que utilizam os princípios da ação metodológica e política da educação popular em saúde e a pedagogia libertadora como base para a transformação social, política e em saúde (FALKENBERG et al., 2014; SILVA et al., 2013; MITRE et al., 2008; SOUZA et al., 2005; GAZZINELLI, et al., 2005; ALVES, 2005; ALBUQUERQUE; STOTZ, 2004; PEREIRA, 2003; VASCONCELOS, 2001; VALLA, 1992). Fazendo emergir um sujeito/usuário capaz de refletir criticamente sobre si e seu meio. Fortalecendo o indivíduo à tomar decisões que sejam condizentes e reflexo de sua capacidade de problematizar e buscar soluções adequadas à si e as suas necessidades.

Os resultados alcançados com o grupo intervenção, teve acesso ao MEA, são contundentes e expressivos, sendo condizente com outras pesquisas nessa área. Na qual criou-se e validou um vídeo como estratégia de educação em saúde para pacientes, como podemos citar os trabalho realizados nos Estados Unidos (DAVIS et al., 2016); na Holanda (BROOK et al., 2003); em Malta (CORDINA, McELNAY, HUGHES; 2001); e no Brasil (BARBOSA; BEZERRA, 2011; KATZ et al., 2009).

Ressaltamos que os resultados de ganho de conhecimento apresentado pelo grupo intervenção é fruto da utilização de uma linguagem artística que proporcionou um aproximação entre os diferentes atores envolvidos no processo. Além de trazer à toma uma gama de significados culturais e sociais permitindo uma aproximação, trocas entre universos, interpretações subjetivas e compreensões de mundo não alcançáveis apenas com palavras e boas intenções como já apontado por MASSETI (1997) e (2005); OLIVEIRA e OLIVEIRA (2008). A utilização do lúdico e da arte como ferramenta em saúde capaz de contribuir efetivamente para a melhoria da vida das populações está descrito na literatura (CORDAZO; VIEIRA, 2007; MASETTI, 2005; OLIVEIRA;OLIVEIRA, 2008; FRANÇANI et al., 1998; LINDQUIST, 1993) e reforçam os resultados alcançados neste trabalho.

A presente pesquisa apresenta-se como inovadora para a área da farmácia no Brasil, viso que as pesquisas publicadas na área da educação em saúde por meio da construção de um MEA, no país, referem-se aos campos de conhecimento da pedagogia, enfermagem e ou psicologia. Consideramos que os resultados obtidos no estudo apontam para um caminho possível, transformador e revolucionário em se fazer e promover a saúde da população na atenção primária. Uma vez que permite dar voz e vez às necessidade e desejos em saúde dos usuários, permitindo que eles se tornem agentes sociais atuantes e reflexivos sobre si, sua saúde e o contexto onde se inserem. Validando e refletindo sobre seus conhecimentos, práticas e modus operandi em nível poliárquico, crítico e capaz de promover seu empoderamento e fortalecendo seu pensar e agir. Promovendo a tão necessária autonomia dos usuários e sua capacidade de decisão sobre si e sua saúde. Valorando suas necessidades, compreendendo seu universo e tornando-o agente de si e da comunidade, munido de conhecimentos e certezas em suas ações em saúde.

Deste modo os resultados alcançados na pesquisa apontam uma possibilidade real de contribuir com o SUS, no que se refere à atenção primária dispensada à comunidade para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). O MEA produzido apresenta-se como uma ferramenta útil, válida e transformadora para ser utilizada nos programas e ações de intervenção junto às populações, de modo a promover e prevenir a hipertensão, uma das DCNT de maior impacto no País.

7.3 SÍNTESE DOS RESULTADOS FASE 2

De acordo com a efetivação do estudo realizado na Fase 2 – Realização do Quasi- experimento para a promoção de conhecimentos e utilização correta e segura de medicamentos em pacientes hipertensos verificam-se os seguintes achados:

• Foi sorteado dois Centro de Saúde da Comunidade (CSC) para comporem o: Grupo Controle e Grupo intervenção. Os dois CSC possuíam características socioeconômicas semelhantes. As características que se diferiram (Idade, Anos de Estudo e Gênero) foram controladas por análise estática: Regressão Linear Múltipla.

• A comparação entre os Grupos Controle e intervenção verificou-se que o Grupo Intervenção apresentou maior ganho de conhecimento em relação ao Grupo Controle. Embora, em ambos os grupos, houve ganho de conhecimento tanto com a palestra quanto com o vídeo artístico e educativo.