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Regulamentação ao exercício profissional na área de segurança no trabalho

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3.2 CONTEXTO DA PESQUISA

3.2.3 Regulamentação ao exercício profissional na área de segurança no trabalho

No capítulo introdutório desta pesquisa alegamos que, apesar do crescente e expressivo número de trabalhos que tratam temas relacionais aos cursos superiores de tecnologia, verificamos não haver trabalhos de pesquisa que tratem da questão da regulamentação ao exercício da profissão em determinadas áreas como barreira e ou instrumento que restrinja a atuação de profissionais formados em cursos tecnológicos. Portanto examinamos nesta seção a legislação pertinente ao exercício profissional no campo da segurança no trabalho, confrontando esta legislação com a problemática discutida nesta pesquisa.

A educação profissional é concebida como integrada às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduzindo ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. (Art. 39 – LDB).

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) é a instância oficial no âmbito federal que deve fiscalizar e disciplinar as relações de trabalho e emprego; e é responsável pelas políticas e diretrizes no campo do trabalho; também compete ao MTE, as questões relativas à área de segurança e saúde no trabalho.

De forma assertiva ao tratarmos da questão da habilitação ao exercício profissional em segurança no trabalho, nos deparamos, com a Portaria GM n.º 3.214 do ministério do trabalho e emprego, de 08 de junho de 197815, que institui e aprova as normas regulamentadoras (NR), relativas à segurança e medicina do trabalho. Nos interessa em especial, a norma regulamentadora número quatro (NR-4): serviços especializados em engenharia de segurança e em medicina do trabalho (SESMT). Essa norma estabelece quais são as atribuições do SESMT e determina a composição obrigatória dos serviços em segurança no trabalho aos quais qualquer empresa, instituição ou organização pública ou privada no âmbito nacional, estará obrigada a manter e, de acordo com a quantidade de funcionários e grau de risco da atividade econômica da organização; determina ainda, a obrigatoriedade, quantidade e

15 Gabinete ministerial do Ministério do Trabalho. Portaria MTB Nº 3.214, de 08 de junho de 1978 - DOU

composição de quadro próprio de profissionais específicos nos cargos regulamentados na própria norma em análise, conforme trata seu item 4.4:

4.4 Os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho devem ser compostos por Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho, obedecido o Quadro II desta NR.

Destaca ainda, a questão da formação e registro em seus respectivos órgãos de classe, para efeitos de habilitação profissional. A esse respeito a Lei número 7.410, de 27 de novembro de 1985, encaminha exclusivamente o engenheiro, desde que portador de certificado de conclusão de curso de especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, em nível de pós-graduação ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e, o Técnico de Segurança do Trabalho, portador de certificado de conclusão de curso de Técnico de Segurança do Trabalho, em estabelecimentos de ensino de 2º grau ao no Ministério do Trabalho onde à este é conferido o registro, autorizando o exercício da profissão. Assim, resta-nos destacar que a legislação, embora anterior à criação dos cursos superiores de tecnologia, não contempla o tecnológo em segurança no trabalho, como profissional possível aos cargos já determinados à esta área de atuação; confirmando a hipótese representada pela percepção dos discentes e docentes, da existência de defasagem das políticas públicas nas esferas do ministério da educação e do trabalho e emprego.

Entretanto, chamamos a atenção à CBO16, que classifica as profissões e

respectivos cargos por meio de códigos, que obrigatoriamente devem constar dos contratos individuais de trabalho e emprego; referência obrigatória dos registros administrativos que informam os diversos programas da política de trabalho do país. E, que classifica o Tecnólogo em Segurança do Trabalho com o código n.º 2149-35, sendo inserido nos empregos que compõem as profissões científicas e das artes de nível superior, identificados pelo dígito inicial dois e, pertencem ao agrupamento de

16 A Classificação Brasileira de Ocupações – CBO é um documento que retrata a realidade das

profissões do mercado de trabalho brasileiro. Acompanhando o dinamismo das ocupações, a CBO tem por filosofia sua atualização constante de forma a expor, com a maior fidelidade possível, as diversas atividades profissionais existentes em todo o país, sem diferenciação entre as profissões regulamentadas e as de livre exercício profissional. A estrutura básica da CBO foi elaborada em 1977, resultado do convênio firmado entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas - ONU, por intermédio da Organização Internacional do Trabalho - OIT, no Projeto de Planejamento de Recursos Humanos (Projeto BRA/70/550), tendo como base a Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO de 1968. (Fonte – MTE).

engenheiros de produção, qualidade, segurança e afins. Neste sentido, ressalta-se que Técnico em Segurança do Trabalho possui CBO n° 3516-05, que iniciando com o dígito três, assinala o nível técnico de Ensino Médio. Contudo, a classificação brasileira de ocupações, apesar de grande relevância, não oferece subsídio legal à questão da regulamentação profissional ao exercício em segurança no trabalho; e, portanto, configura uma vez mais, a defasagem da legislação, que neste caso exprimi uma inadequação entre instrumentos e normas dentro da mesma esfera administrativa, ou seja dentro do campo das políticas de trabalho e emprego. Neste ponto, importante recorrer ao que já citamos a repeito das atribuições do MTE, ao qual compete entre outros assuntos, as políticas de geração de empregos, formação e desenvolvimento profissional e a segurança e a saúde no trabalho e; portanto, desvela o desencontro de ações e seus efeitos; que por uma via, atesta a formação, profissão e competência do tecnológo em segurança no trabalho na CBO e, por outra, na forma das normas regulamentadoras em segurança no trabalho, mantêm os quadros profissionais já instalados pela legislação vigente, sem as alterações dirigidas à inclusão do tecnológo.

Ainda, a resolução CNE/CP número 3, de 18 de dezembro de 2002, ao Instituir as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a organização e o funcionamento dos cursos superiores de tecnologia, trata do assunto no seu décimo artigo,

Art. 10. As instituições de ensino, ao elaborarem os seus planos ou projetos pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia, sem prejuízo do respectivo perfil profissional de conclusão identificado,

deverão considerar as atribuições privativas ou exclusivas das profissões regulamentadas por lei (grifo nosso).

Configurando de forma objetiva, este desencontro de políticas públicas nas esferas da educação e do ordenamento legal na instância do trabalho e emprego.

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