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Regulamento de Catálogos Anglo-Americano (ANGLO-AMERICAN

Em 1961 houve em Paris a Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação que reuniu os mais renomados catalogadores e estudiosos da área. Foram debatidos problemas relacionados às normas de catalogação com o intuito de padronização universal, o que facilitaria a cooperação entre bibliotecas, pois com a padronização das normas haveria a uniformidade nos catálogos e bibliografias.

Após ser revisto pela Instituição da Americam Library Association (ALA), assim como pela Library of Congress (L.C), o código da ALA passou por uma revisão, aderindo a algumas das mudanças discutidas na Conferência de Paris. Como resultado do estudo e debate da Conferência Internacional, foi publicado em 1967 o Anglo-American Cataloguing Rules (AACR), código de caráter internacional. A Canadian Library Association participou de todas as tarefas assumidas para a elaboração do código e obteve a colaboração das seguintes associações: Library of Congress; Library Association; e Comissão da ALA.

O código foi criado com o intuito de atender às necessidades das bibliotecas de pesquisa em geral, podendo ser também utilizada por bibliotecas publicas. O AACR atende a todas as atividades biblioteconômicas, bibliográficas e livrescas. É capaz de descrever diversos tipos de materiais, podendo facilitar a vida dos catalogadores ou gerar dúvidas quanto ao excesso de entradas.

É certo, também, que nenhum outro código de catalogação atual tenha alcançado tanta amplitude no que diz respeito à descrição de tipos de material especializado: microformas, manuscritos, mapas, discos, pinturas, partituras, desenhos, etc. (BARBOSA, 1978, p. 49)

Devido a algumas divergências com relação à redação da norma e ás entradas coletivas, dois códigos de língua inglesa foram publicados, sendo um publicado na Inglaterra e o outro nos Estados Unidos. “As duas versões são suplementadas pelas seguintes publicações periódicas: Cataloging Service Bulletin, para o texto americano; e Anglo-American Cataloguing Rules Amendment Bulletin, para o texto britânico.” (BARBOSA, 1978, p.47).

O AACR foi traduzido para diversos idiomas, porém o código americano recebeu diversas críticas negativas, pois não é fiel às ideias de Lubetzk e à Declaração de Princípios da Conferência de Paris.

A tradução do AACR para o português foi autorizada pela ALA e realizada por Abner Lellis Correa Vicentini, tendo como colaborador o Padre Astério Campos. No ano de 1969 foi publicada, sob título de Catalogação Anglo Americano, o código foi amplamente aceito nas bibliotecas e escolas de biblioteconomia de todo o Brasil.

No ano de 1971 o programa da International Federation of Library Association (IFLA) é criado para Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada (ISBD), este foi responsável pelo lançamento da edição preliminar da Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada para Monografias (ISBD(M)).

O ISBD foi aceito por diversos países e contribuiu para o Controle Bibliográfico Universal (CBU). Maria Luiza Monteiro da Cunha, presidente da Comissão Brasileira de Documentação em Processos da Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB), patrocinou a tradução do ISBD para o português.

No ano de 1973 o ISBD(M) é completamente revisado e esta revisão influenciou na revisão do capítulo 6 do AACR, que foi inserido na 2ª edição do código, conhecido como AACR2, no ano de 1978. No ano de 1980 a American Library Association autoririzou a tradução e publicação do AACR2. O trabalho de tradução foi iniciado no ano de 1980, porém devido a complexidade da obra e necessidade de se produzir um trabalho de alto nível, a FEBAB autorizou a

publicação do AACR2 em dois volumes. O primeiro volume foi publicado no ano de 1983 e o segundo volume no ano de 1985.

O arranjo mecanizado das entradas em sistemas automatizados foi levado em consideração no momento da criação do AACR, porém o código foi elaborado antes que houvesse o projeto do Machine-Readable Cataloging (MARC). Com a criação do MARC, a revisão do AACR2 se torna fundamental, pois o mesmo deve conter informações claras quanto a catalogação em ambientes automatizados.

4 CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO: NORMAS UTILIZADAS NO BRASIL

Diversas foram às tentativas para se criar um código brasileiro tão bom quanto os códigos de âmbito universal. As normas de catalogação no Brasil são indispensáveis e fundamentais à elaboração de dados transcritos em fichas e bibliografias, o que proporciona agilidade na recuperação da informação. O estudo da catalogação no país ainda é considerado novo, data da década de 1930 (para São Paulo) e 1940 (para Rio de Janeiro).

A primeira tentativa de código brasileiro de catalogação foi elaborada no ano de 1934 por Jorge Duarte Ribeiro, intitulado de Regras bibliográfica (ensaios de consolidação) e debate a forma correta da entrada de nomes pessoais. Esta entrada sempre foi vista como um grande dilema, pois muitos acreditavam que o sobrenome do autor deveria vir na entrada, enquanto que outros preferiam colocar o nome na ordem direta.

Em 1941, após ser aprovada pelo Conselho de Bibliotecários do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Bibliotecários apresentou algumas regras, esta tinha por título: Regras gerais de catalogação e redação de fichas. No mesmo ano, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) reuniu uma comissão com representantes do Instituto Nacional do Livro e da Biblioteca Nacional a fim de elaborar um código brasileiro de catalogação.

O código elaborado pela comissão promovida pela DASP foi publicado no ano de 1943 e tinha por título: Normas para organização de um catálogo dicionário de livros e periódicos. Este não teve uma boa aceitação, pois as bibliotecas já utilizavam o código da ALA e da Vaticana.

O interesse pelos assuntos “códigos” e “nomes brasileiros” gera um aumento significante no ano de 1954. No mesmo ano há a criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) (conhecido atualmente como Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)), e a realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Biblioteconomia em Recife.

Em novembro de 1954 é elaborado o projeto do código nacional. O IBBD em colaboração com o Instituto Nacional do Livro organizou uma Comissão de Estudos de Catalogação, a comissão foi composta de duas subcomissões estaduais: paulista (São Paulo) e carioca (Rio de Janeiro). A subcomissão

paulista ficou responsável pela parte descritiva do código, eles iriam traduzir a segunda parte do código ALA de 1949, enquanto que a subcomissão carioca ficou responsável pelas entradas de autor. O resultado final do código nacional não conseguiu satisfazer os profissionais catalogadores, publico alvo do projeto.

Outro projeto de catalogação do ano de 1954, foi o elaborado pelo Instituto Brasileiro para Educação, Ciência e Cultura (IBECC), tentaram redigir um “Projeto de catalogação para nomes de autores brasileiros e portugueses”, porém não foi dado continuidade ao trabalho. Todas as tentativas iniciais de projeto de catalogação tinham como por objetivo a uniformização de nomes pessoais brasileiros e portugueses.

Entre os trabalhos publicados sobre o assunto destacam-se: a redação da Regra 38A de Calazans Rodrigues, incluída no Código da Vaticana; o de Antônio Caetano Dias, O problema da catalogação dos nomes portugueses e brasileiros; e o de Maria Luisa Monteiro da Cunha, Nomes brasileiros, um problema na catalogação. (BARBOSA, 1978, p.60)

A Comissão Brasileira de Catalogação, filiada à Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB), foi criada oficialmente no ano de 1960 e foi responsável por remover algumas práticas obsoletas em determinadas bibliotecas do país.

A comissão foi extinta após a exoneração da presidente Maria Luisa Monteiro da Cunha no ano de 1966. Esta presidente foi responsável por redigir a publicação: Nomes brasileiros e portugueses: problemas e soluções. A publicação foi enviada à Comissão organizadora da Conferência de Paris e aceita como Documento nº13 e incluída na edição brasileira do AACR como apêndice nº VIII.

No ano de 1974, a Associação Paulista de Bibliotecários (APB) cria uma Comissão de Processos Técnicos e designou como presidente a Maria Luisa Monteiro da Cunha. Esta comissão foi responsável pela divulgação do documento Cabeçalhos Uniforme para Entidades Coletivas.

A presidente da Comissão de Processos Técnicos realizou uma revisão no Documento nº13, aprovado na Conferência de Paris. Este trabalho foi fruto de estudos e trocas de ideias desde o Primeiro Simpósio Nacional de

Professores e Catalogadores em São Paulo no ano de 1970 até o segundo encontro em 1974 no Rio de Janeiro.

O documento foi discutido e posto em votação a forma da entrada de nomes pessoais no Oitavo Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. As maiorias dos bibliotecários presentes optaram por usar a ultima parte do sobrenome como entrada, esta decisão é uma contribuição nacional à padronização.

Após a Conferência de Paris, os códigos simplificados são os mais utilizados na Biblioteca da Câmara dos Deputados e na Universidade de Brasilia. Até 1961, os códigos de maior aceitação no Brasil eram o da ALA e o da Vaticana. Após a tradução do AACR2 para o português no ano de 1969, este código é adotado pelas bibliotecas de todo o Brasil e utilizado atualmente nas Escolas de Biblioteconomia de todo o país como instrumento de estudo, fazendo parte da grade curricular, sendo indispensável para formação dos futuros bibliotecários.

4.1 Sistema automatizado de catalogação: MARC (Machine Readable

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