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Avanço histórico e tecnológico da representação descritiva: do AACR ao RDA

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA

DJAINE XAVIER TAVEIRA

AVANÇO HISTÓRICO E TECNOLÓGICO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: DO AACR AO RDA

NATAL/RN 2019

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AVANÇO HISTÓRICO E TECNOLÓGICO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: DO AACR AO RDA

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientadora: Profa. Dra. Luciana de Albuquerque Moreira

NATAL/RN 2019

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AVANÇO HISTÓRICO E TECNOLÓGICO DA REPRESENTAÇÃO DESCRITIVA: DO AACR AO RDA

Monografia apresentada ao Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

MONOGRAFIA APROVADA EM ___/___/___

Profa. Dra. Luciana de Albuquerque Moreira - (Orientadora) Departamento de Ciência da Informação

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________ Profa. Dra. Jacqueline Aparecida de Sousa - (Membro Da Banca)

Departamento de Ciência da Informação Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________________________ Profa. Esp. Malkene Wytiza Freire de Medeiros Noronha - (Membro da

Banca)

Departamento de Ciência da Informação Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Ao meu grande Deus que me deu esperança e paciência para alcançar meus objetivos.

Aos meus pais que me instruíram e se esforçaram para que eu nunca abandonasse um só dia de aula durante toda minha jornada em escolas públicas, em especial minha amada mãe, Mirtes da Costa Xavier Taveira, meu exemplo vivo de mulher guerreira e determinada em tudo quanto se dispõe a fazer.

A Renato da Silva Carvalho, esposo, companheiro, pelo incentivo, você faz parte desta trajetória.

Ao meu sogro, Ricardo Ramos de Carvalho que me auxiliou, corrigiu erros ortográficos e me cedeu seu notebook para que a realização deste trabalho fosse possível.

Aos professores que no decorrer do curso me instruíram. À minha orientadora Profª Drª. Luciana de Albuquerque Moreira, que me auxiliou e acreditou no meu potencial, mesmo quando eu já havia desistido e acreditava que tudo estava perdido.

Meu agradecimento especial ao ex-presidente Lula (Luís Inácio Lula da Silva), que proporcionou o estudo aos menos favorecidos, acreditou nos jovens de baixa renda e contribuiu direta e indiretamente com minha formação.

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“De nada valem as ideias sem homens que possam pô-las em prática.” (Karl Marx)

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Vivemos na Era do Conhecimento, onde diversas mudanças ocorrem nas tecnologias e consequentemente nos documentos e seus suportes. Diante de tantas revoluções no decorrer da história dos livros e das bibliotecas, como a Revolução da Imprensa, a Revolução Industrial e atualmente a Revolução da Informação, é preciso que haja uma revolução no fazer bibliotecário para que a informação possa continuar a ser tratada, disponibilizada e alcançada nos dias de hoje. O presente trabalho tem como objetivo traçar um panorama da evolução da catalogação, reconhecendo a importância da RDA na contemporaneidade. Irá determinar o grau de importância da representação descritiva, assim como apresentar as características do padrão RDA. Especificamente foi realizado um levantamento histórico sobre a Representação da Informação, reconhecendo suas práticas, suporte e técnicas utilizadas até a atualidade. A metodologia utilizada consiste no levantamento bibliográfico sobre o desenvolvimento da catalogação; Breve histórico dos catálogos; e Recursos: Descrição e Acesso - RDA, sendo o método de pesquisa totalmente dedutivo. Por fim, percebe-se que a evolução da catalogação está totalmente voltada às necessidades dos usuários. As técnicas e suporte utilizados para amparar todo o conteúdo informacional muda de acordo com as necessidades dos usuários de tal informação.

Palavra-chave: Representação da informação. Catalogação. Recurso, Descrição e Acesso – RDA.

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We live in the Age of Knowledge, where changes occur in technologies and consequently in documents and their media. Faced with so many revolutions throughout the history of books and libraries, such as the Press Revolution, the Industrial Revolution and now the Information Revolution, there must be a revolution in making librarians so that information can continue to be treated, made available and achieved these days. The present work aims to outline the evolution of cataloging, recognizing the importance of the RDA in contemporaneity. It will determine the degree of importance of the descriptive representation, as well as present the characteristics of the RDA standard. Specifically, a historical survey was carried out on Information Representation, recognizing its practices, support and techniques used to date. The methodology used is the bibliographical survey on the development of cataloging; Brief history of catalogs; and Resources: Description and Access - RDA, the research method being totally deductive. Finally, it is noticed that the evolution of the cataloging is totally focused on the needs of the users. The techniques and support used to support all informational content changes according to the needs of users of such information.

Keyword: Representation of information. Cataloguing . Resource, Description and Access - RDA.

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AACR – Anglo-American Cataloguing Rules

AACR2 – Anglo-American Cataloguing Rules, second edition ACOC – Australian Committe on Cataloguing

ALA - American Library Association BL – British Library

BN – Biblioteca Nacional (Brasil)

CALCO - Catalogação Legível por Computador CBU - Controle Bibliográfico Universal

CCC - Canadian Committe on cataloguin

CILIP – Chartered Institute of Library and Information Professionals FRAD - Functional Requirements for Authority Data

FRAR - Functional Requirements for Authority Records FRBR - Functional Requirements of Bibliographic Records IBBD - Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação IFLA - International Federation of Libraries Associations ISBD - International Standard Bibliographic Description

ISBD(G) - General International Standard Bibliographic Description

ISBD(M) - Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada para Monografias JSC – Joint Steering Committee for Development of RDA

LC - Library of Congress

MARC - Machine-Readable Cataloging RDA - Resource Description and Access

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1 INTRODUÇÃO ... 10

2 BREVE HISTÓRICO DA CATALOGAÇÃO ... 12

3 CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO ... 23

3.1 91 Regras de Catalogação ... 25

3.2 Relatório Smithsonian sobre a construção de catálogos de bibliotecas (Smithsonian report on the construction of catalogues of libraries) ... 26

3.3 Regras para um catálogo de dicionários impressos (Rules for a printed dictionary catalogue) ... 26

3.4 Instruções Prussianas (Instruktionen fur die Alphabetischen Kataloge der Preussischen Bibliotheken) ... 27

3.5 Código da ALA ... 28

3.6 Código da Biblioteca Apostólica Vaticana ... 30

3.7 Regulamento de Catálogos Anglo-Americano (ANGLO-AMERICAN CATALOGUING RULES – AACR) ... 31

4 CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO: NORMAS UTILIZADAS NO BRASIL ... 34

4.1 Sistema automatizado de catalogação: MARC (Machine Readable Cataloging) ... 36

5 RECURSOS, DESCRIÇÃO E ACESSO - RDA ... 39

5.1 A estrutura da RDA ... 41

5.2 Mudanças para a Representação Descritiva ... 42

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 45

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1 INTRODUÇÃO

Tendo em vista o avanço tecnológico proporcionado pelas Tecnologias da informação e Comunicação (TICs), percebeu-se a necessidade de uma nova ferramenta que pudesse registrar e disponibilizar de forma simples a informação, atendendo às exigências dos novos usuários.

Há uma grande massa informacional na atualidade que está embasada na desorganização, onde se torna quase que impossível sua recuperação. Se há documentos em novos formatos e não há o uso de uma ferramenta adequada para a catalogação, então a Representação Descritiva tende a regredir.

Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo geral traçar um panorama da evolução da catalogação e seus diversos suportes, reconhecendo a importância da Resource Description and Access (Recursos Descrição e Acesso - RDA) na contemporaneidade. Para realização deste trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico, tendo como autores principais Eliane Serrão Alves Mey, Bernadete Campelo, Fabrício Silva Assumpção e Alice Príncipe Barbosa.

A Representação Descritiva da Informação tem como principal objetivo descrever os materiais informacionais, quebrando assim as barreiras que existe entre o usuário e a informação, porém as novas mídias e suportes torna mais trabalhoso o papel do bibliotecário nas tarefas de classificação e catalogação.

Pensando-se nisso, pesquisadores e estudiosos da área de biblioteconomia, diante das mudanças na sociedade em relação aos suportes de informação passaram a reavaliar seu papel, técnicas e metodologias. A partir dos princípios do Anglo-American cataloging rules (AACR) surge a RDA, um novo padrão para descrição de recursos e acessos que tem como princípio norteador a necessidade do usuário em obter informação.

Tal revolução na área da catalogação faz com que alguns profissionais se preocupem, pois com o surgimento das novas mídias, formatos e suportes se fazem necessário uma demanda de tempo para estudo do novo formato e treinamento especializado.

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Para a realização deste trabalho, utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica relevante ao tema proposto, sendo o método de pesquisa totalmente dedutivo.

O conteúdo desta obra está dividido em 4 capítulos. No primeiro capítulo, é realizado o levantamento histórico sobre a catalogação, organização e representação da informação, expondo as formas de representação da informação para manter um controle informacional desde os primórdios. No segundo capítulo, traz-se de forma breve, um levantamento histórico sobre os códigos de catalogação, sendo também discutido sobre a tipologia do catálogo. O enfoque do terceiro capítulo são as normas de catalogação utilizadas e aceitas no Brasil, também é exposto o uso do sistema MARC, sendo este o sistema automatizado de catalogação que predomina em todo o país. O último capítulo teórico é dedicado a nova norma de catalogação Recursos: Descrição e Acesso – RDA, neste capítulo é possível conhecer a estrutura da norma e as mudanças que poderá causar na atualidade. Por fim, o trabalho segue com as considerações finais.

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2 BREVE HISTÓRICO DA CATALOGAÇÃO

Com a intenção de compreender o contexto atual que se encontra a representação descritiva e sua importância para as unidades informacionais, é necessário que olhemos para o passado para entender a origem e história dos catálogos. Para elaboração deste levantamento histórico será utilizado como referencial teórico as pesquisas de Ruth French Strout (1956), Eliane Serrão Alvez Mey (1995), Bernadete Campello (2006) e Alice Príncipe Barbosa (1969).

Embora não sejam exorbitantes, é de extrema importância que o bibliotecário esteja atento às mudanças na catalogação. Conforme se estuda a história dos catálogos e da catalogação, é possível entender sua importância e o quão avançado encontra-se nos dias atuais. Em 1956, Ruth French Strout foi uma das primeiras a realizar o mais completo levantamento histórico dos catálogos e da catalogação, sendo ela motivadora para pesquisas sobre o assunto nos dias atuais.

Segundo Mey (1995), data de 2000 a.C. as mais antigas listas de livros, porém não se sabe se foram utilizadas como catálogos. Estas foram encontradas em tabletes de argilas e tinham 62 títulos. Os registos em argila tem um maior volume que os encontrados em papiros devidos sua maior durabilidade. No Egito foi encontrado tabletes de argilas com escrita em língua babilônica, datado de 1400 a.C., contendo títulos de obras, não sendo necessariamente um catálogo

As primeiras informações bibliográficas de descrição física foram encontradas em escavações hititas 1300 a.C.. Informações semelhantes datando de 650 a.C. foram encontradas nas escavações da biblioteca do rei assírio, Assurbanipal (século VII a.C.), o rei tinha grande interesse pela literatura e se preocupava com a cultura de seu reino, por este motivo enviou escribas à Assur, Babilônia, Cuta, Nipur, Acade, Ereque e a outros centros para copiar tabletes sobre os assuntos atuais e reuni-los para estudo pessoal. Os tabletes registravam o título, o número do tablete ou volume, as primeiras palavras do tablete seguinte, o nome do possuidor original, o nome do escriba e um selo real. As antigas tradições persas e armênias acreditam que

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Alexandre, o Grande, após se deparar com a biblioteca do rei Assurbanipal, sentiu-se inspirado para criar sua própria biblioteca. (MEY; SILVEIRA, 2009).

A primeira manifestação digna de registro ocorreu entre os anos de 260 a 240 a.C. na Alexandria. Na biblioteca de Alexandria, um bibliotecário de grande destaque e importância foi Calímaco, ele se destacou por sua catalogação, tal organização tinha como princípio a organização por meio de temas (grandes assuntos) e estava de acordo com a catalogação aristotélica do conhecimento, o Pinakes.

Pinakes era dividido por assuntos: retórica, direito, literatura épica, tragédia, comédia, poesia, medicina, matemática, ciências naturais e miscelânea. Em cada uma dessas divisões os autores eram arranjados em ordem alfabética e sobre cada um havia breve nota bibliográfica e uma analise de seu trabalho. (CAMPELLO, 2006).

Porém Mey (1996, p. 13) afirma que, “Não se sabe ao certo se o trabalho de Calímaco era uma bibliografia ou um catálogo, ou se servia a ambas as finalidades. Há referências posteriores a pinakes dos sábios de Pérgamo, mas não restaram vestígios dessas obras”.

Na idade média há a participação de monges para a cópia, preservação e catalogação dos livros, porém os mesmos não eram usados para estudo. A preservação de boa parte da cultura da Europa foi propiciada pelos monges. As primeiras listas de obras de bibliotecas medievais surgem no século VIII, mas somente no século IX que surgem os catálogos dignos de nota, são melhor estruturados, pois apresentam uma ordem reunindo as obras de cada autor. Um catálogo importante da época é o do mosteiro Benedito de Saint Requier, na França, este foi organizado por autor, embora não em ordem, registra também o número dos volumes e seu conteúdo referente à obra.

No século X, o crescimento físico e documental das bibliotecas é notório. Avançando um pouco na história, no século XIV, na Inglaterra, há uma lista organizada pelos frades agostinianos de York, o que se afirma ser o mais próximo de um catálogo, talvez o primeiro catálogo propriamente dito, é a lista do convento de St. Martin, em Dover, em 1389.

[...] Dividia-se em três seções. A primeira, organizada pelo número de localização do volume na estante, incluía um título

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breve, o número da página do livro em que o número de localização foi registrado, as primeiras palavras do texto nesta página, o número de páginas do livro e o número de obras contidas no volume. A segunda, também organizada pelo número de localização, registrava o conteúdo de cada volume, com a paginação e as palavras iniciais de cada obra, A terceira é um marco na catalogação: incluía análise das partes (entradas analíticas) e uma lista alfabética, às vezes de autor, outras de título e autor e outras, ainda, de palavras genéricas, como „livro‟, „parte‟ ou „códice‟. (MEY, 1995, p.15).

Já na modernidade com a descoberta da Imprensa por Gutemberg, em meados do século XV, houve um crescimento progressivo do material bibliográfico, tornando os catálogos indispensáveis. Entre 1410 a 1412, no catálogo compilado Amplonius Ratnick de Berka, surge pela primeira vez as remissivas, que são registros que remetem a outros registros ou obras. Para a catalogação o surgimento das remissas foi de grande importância, pois se tornou um facilitador de busca da informação para os usuários. No catálogo da abadia de Santo Agostinho, em Carterbury, na Inglaterra, as remissivas surgiram no compilado por volta de 1420.

No final do século XV, Johann Tritheim, bibliotecário alemão, compilou uma bibliografia em ordem cronológica e incluindo em apêndice um índice alfabético de autor pela primeira vez. Tendo como influência Tritheim, no início do século XVI diversos catálogos passam a utilizar de sua classificação e índice alfabético.

Gesner, bibliográfico e naturalista, em sua obra inclui instruções para organização de livros e desenvolvimento de um sistema de classificação, o mesmo sugeriu em 1548 que se utilizasse de sua bibliografia como catálogo, acrescentando apenas os dados de localização ao lado do registro da obra que a biblioteca possuísse.

O século XVI é o período de desenvolvimento econômico para a civilização ocidental. Diante da era do colonialismo e mercantilismo, enquanto a Europa passa por uma reforma protestante, percebe-se que a preocupação dos bibliógrafos e bibliotecários é a manutenção da biblioteca e conservação de sua memória. Em 1560, o monge benedito, Florian Trefler publicou um tratado sobre a manutenção de uma biblioteca.

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Desenvolveu nesta obra um sistema de classificação e números de localização e defendeu um catálogo em cinco partes: catálogo alfabético de autores, lista das estantes, índice classificado para os registros das partes (entradas analíticas), índice alfabético para o índice classificado e lista dos livros não integrados ao acervo geral. (MEY, 1995, p.16).

Os códigos de catalogação semelhante aos que conhecemos hoje e que podem ser considerados como os primeiros, foi o de Trefler e o do inglês Andrew Maunsell desenvolvido em 1595. Segundo Mey (1995, p.16), Maunsell

Preconizou a entrada dos nomes pessoais pelo sobrenome; para as obras anônimas, usou tanto o título como o assunto e às vezes ambos; estabeleceu o princípio de entrada uniforme para a Bíblia; defendeu a idéia de que um livro deva ser encontrado tanto pelo sobrenome do autor, como pelo assunto e pelo tradutor; incluiu em seus registros: tradutor, impressor ou a pessoa para quem foi impresso, data e número do volume.

No século XVII, Frederic Rostgaard publicou suas normas sobre organização do catálogo e passa a exercer influência no continente europeu. Na Inglaterra, Bodley Thomas e seus bibliotecários se destacam pela criação minuciosa de um código de catalogação, este código foi criado para a biblioteca da universidade de Oxford.

Com a Revolução Francesa no século XVIII, as bibliotecas de nobres passam a ser uso público devido o impulso que a burguesia impõe sobre o movimento. Tal movimento faz com que o número de bibliotecas aumentasse significamente na Europa, sendo necessário que haja normas para organização de toda a informação científica que surge na época, o que levou o governo da Revolução a estabelecer, em 1791, o primeiro código nacional de catalogação.

O código francês determinava que se transcrevesse a página de rosto, sublinhando o sobrenome do autor para alfabetização. Quando não houvesse autor, seria sublinhada a palavra mais significativa do título. Incluíam-se dados físicos: número de volumes, tamanho, ilustrações, material de que o livro era feito, encadernação e indicação de falta de páginas. Muitas dessas informações são registradas até hoje. (MEY, 1995, p. 19).

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Com a grande difusão das bibliotecas no século XIX, surgem diversas contribuições para a catalogação que é utilizada até os dias atuais. O século é marcado por grandes nomes da ciência da informação e é neste período onde surgem estudiosos que se opõe aos catálogos alfabéticos e classificados, dando início em 1836 ao inquérito para decisão de qual catálogo seria utilizado no Britsh Museum na Inglaterra. Neste inquérito, testemunhas falavam contra ou a favor dos catálogos e a comissão ao final dava seu parecer sobre o assunto.

Destacou-se diante da comissão, Anthony Panizzi, bibliotecário e advogado de profissão, pois tinha argumentos e idéias inovadoras para a catalogação. Panizzi elaborou em 1836 as 91 regras de catalogação que foram publicadas em 1839, denominadas Rules for the Compilation of the Catalog: Catalogue of Printed Books in British Museum (Regras para a Compilação do Catálogo: Catálogo de Livros Impressos no Museu Britânico).

Essa obra teve sua aprovação pelos autores do Museu Britânico em 1841 e sua última edição é de 1936. Após a publicação, bibliotecários ingleses iniciaram uma série de discussões sobre, por exemplo, a questão da padronização de normas para catalogação. As regras de Panizzi iriam influenciar sobremaneira as práticas de catalogação, de tal modo que uma de suas características é defendida até hoje: a valorização da folha de rosto. As demais regras deram margem a discussões por conta dos excessos da parte de descrição do material bibliográfico. (SANTOS; RODRIGUES, 2013, p. 123-124).

Tendo Panizzi como influência, Charles Coffin Jewett (1816-1868), bibliotecário, publicou em 1850 para o Smithsonian Institution dos Estados Unidos, seu código de catalogação que continha 33 regras. Os preceitos que são seguidos até hoje por Jewett é o cabeçalho de responsabilidade e obras anônimas.

Ainda em 1850, surge na Alemanha o código de Munique, que originou em 1886 o código da Universidade de Breslau criado por Carl Dziatzko, sendo este a base do código alemão.

Segundo Barbosa (1978, p. 28), Charles Ammi Cutter (1837-1903) foi “[...] a figura mais brilhante do século XIX”. Cutter idealizou o sistema de classificação expansiva e em 1876 publicou a obra Rules for a Printed Dictionary Catalog (Regras para um catálogo de dicionário impresso), que foi

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usada como base para a redação da ALA filing rules for a dictionary (regras de arquivamento para um dicionário).

Cutter, considerado por Ranganathan como o gênio da biblioteconomia, não elaborou apenas um código de catalogação: sua obra é na verdade uma declaração de princípios. As regras são entremeadas com os porquês das soluções e com observações diversas, as vezes irônicas. De facil leitura, se constitui em um codigo muito completo, incluindo a catalogação de assuntos e de materiais especiais, normais de transliteração e elaboração de catálogos auxiliares. (MEY, 1995, p. 21).

O código de Cutter continha 369 regras e por ser extenso nos detalhes era considerado na época como desnecessário, Cutter foi criticado por sua obra, porém hoje ele é conhecido como “pai do catálogo-dicionário” e sua tabela para notação de autores conhecida como Tabela de Cutter continua sendo utilizada mundialmente.

Mesmo diante de tantos códigos de catalogação que surgem no século XIX, Mey (1995, p. 21) acredita que o ideal para a catalogação moderna é código de Cutter:

De um ponto de vista muito pessoal, acredito que a catalogação moderna, automatizada, deveria voltar a Cutter, pois inúmeras soluções por ele apontadas, quando a catalogação era manuescrita ou datilografada, se aplicam inteiramente aos recursos computacionais. Sua obra é um exemplo de catalogação prática adequada ao usuário. Embora existam outros nomes e outros códigos no século XIX – época de proliferação de códigos de catalogação - , Cutter marca este período.

Melvil Dewey (1851-1931), assim como Cutter foi de grande importância para a catalogação e o trabalho que ele fez é utilizada ainda hoje por algumas bibliotecas. Dewey estabelece regras simplificadas de catalogação conhecidas atualmente como o sistema de Classificação Decimal de Dewey (CDD). Barbosa (1969, p. 199) nos lembra que “em 1876, anonimamente, foi publicada a 1ª edição de Dewey, sob o título A Classification and subject index for cataloging and arranging the books and pamphlets of a library. Só depois da 16ª edição é que o nome de Dewey passou a fazer parte integrante do título.”

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Durante a primeira guerra mundial, Paul Otlet e Henri La Fontaine, dois advogados belgas que trabalhavam juntos na seção de bibliografia, fundaram em 1895 o Institut International de Bibliographie (IIB), almejavam um controle bibliográfico universal, acreditando ser a base para a paz. O objetivo do IIB era a criação do controle bibliográfico universal e o desenvolvimento da Classificação Decimal Universal. Por volta de 1920, a guerra interrompeu definitivamente a bibliografia, devido a crise financeira que afetou o IIB. Devido o ocorrido, o jovem químico holandês Frits Donker Duyvis, que trabalhava com Otlet e La Fontaine, propôs o estabelecimento de centros nacionais cooperativos para dar continuidade ao trabalho da atualização da CDU. (MEY, 2009)

O primeiro país que fez parte desta cooperação proposta por Frits Donker Duyvis foi a Holanda. Segundo Mey e Silveira (2009, p. 72)

Em 1931, o IIB tornou-se o Institut International de Documentation (IID), que, em 1937 foi nomeado como Fédération Internationale de Documentation (FID) [Federação Internacional de Documentação], devido ao número crescente de cooperantes nacionais. Transferiu-se definitivamente para Haia, nos Países Baixos, em 1938, onde Duyvis se tornaria responsável pela FID e suas realizações até sua aposentadoria, em 1959. Recebe sua última denominação em 1986: Fédération Internationale d‟Information et de Documentation, mas permaneceu a sigla FID.

Embasada em Dewey e após um período de uso da CDD (Classificação Decimals de Dewey), houve definitivamente a criação da CDU (Classificação Decimal Universal), esta estava acima da barreiras linguísticas e foi um meio de intercâmbio de informação bibliográfica, embora a CDU seja a mais utilizada atualmente, devido sua tradução, ampliação de assuntos e fácil manuseio, A CDD continua presente nas bibliotecas e é utilizada em diversos países.

De acordo com Mey (2009, p. 73), “A FID exerceu papel basilar para o desenvolvimento da documentação e da ciência da informação no mundo. Fechou suas portas, definitivamente no ano de 2002.

No início do século XX, em 1901, a Library of Congress (LC) passa a vender fichas catalográficas, sendo da responsabilidade das bibliotecas acrescentar o cabeçalho, que também era indicado pela LC, o que resulta na padronização entre as bibliotecas. Este fato muda a perspectiva dos códigos.

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Com a impressão das fichas, a American Library Association (ALA) nomeou uma comissão para estudar as regras da LC e publica em 1908 a primeira edição de seu código. (MEY E SILVEIRA, 2009).

No século XX há o desejo e busca pela padronização internacional. No ano de 1922 as Regole per la compilazione del catálogo alfabético [Regras para compilação do catálogo alfabético] foi editado e serviu de base em 1931 para as Norme per il catalogo degli stampati [Normas para catalogação de impressos (na edição brasileira)], este ficou conhecido como o Código de Vaticana. Este código exerceu forte influência na biblioteconomia brasileira, devido haver duas edições em português.

Um outro fato que Mey e Silveira (2009) afirmam ser marcante e de extremo significado para os catalogadores no século XX, é a fundação, em Edimburgo (Escócia), da International Federation of Library Associations ou IFLA [Federação Internacional de Associações Bibliotecárias], que teve em 1976 a ampliação do seu nome para International Federation of Library Associations and Institutions [Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias, permanecendo com a sigla IFLA.

Em 1946, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) deu início à suas atividades devido a preocupação dos ministros da Educação durante a Segunda Mundial com a educação no pós-guerra. Com a finalidade de manter, desenvolver e disseminar o conhecimento com acesso a todos os materiais produzidos, criou-se o programa de Controle Bibliográfico Universal (CBU), que foi gerido pela IFLA, elegeu como norma de descrição bibliográfica a ISBD (Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada) e estabeleceu-se no formato de intercâmbio o UNIMARC.

A criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) no ano de 1954 marcou a biblioteconomia brasileira. O IBBD, segundo Mey & Silveira (2009, p. 76)

[...] contribuiu de modo expressivo para a catalogação, ocupando um espaço não mais preenchido por nenhuma instituição isoladamente. Dentre seus inúmeros produtos e serviços, cabe analisar: a segunda edição do código da Vaticana e sua difusão no país; o curso de especialização, que deu origem ao primeiro curso brasileiro de mestrado na área da

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informação; diversas bibliografias especializadas; um catálogo coletivo de monografias e, em especial, o Serviço de Intercâmbio de Catalogação [SIC].

Com a década de 1960, no auge do desenvolvimento dos recursos computacionais, surge o Projeto Machine Readable Cataloging (MARC) e consequentemente o MARC II, pela LC. O MARC desenvolveu nos anos 1970 cerca de vinte diferentes formatos.

A Conferência Internacional sobre os princípios de catalogação, conhecida como a Conferência de Paris, foi primeiro evento de normalização. Houve ao todo representantes de 53 países e de 12 organizações internacionais para discutir normalização internacional de catalogação. Foi debatido sobre cabeçalhos de nomes pessoais, título uniforme e determinou-se que o nome da pessoa responsável pela obra, ou assunto da obra, teria o cabeçalho de acordo com o uso da língua ou país desta pessoa. Quanto aos títulos uniformes, deveria ser utilizado seu título original em diversos casos. A conferência de Paris também debateu sobre o impacto da tecnologia sobre a catalogação, sendo necessário mais estudo sobre o assunto.

Com a Conferência, houve a modificação de diversos códigos e surgimento de novos. Em 1967, surge como consequência do trabalho da ALA, a primeira edição das Anglo-American cataloging rules (AACR). Em 1969, foi realizada a tradução para o português da versão norte americano, deu-se o nome de: Código de catalogação anglo-americana, conhecida popularmente como AACR.

Em Copenhague, no ano de 1969, foi realizado a Reunião Internacional de Especialistas em Catalogação (RIEC), houve a participação de 32 países e mudanças significativas passam a existir para os códigos e práticas de catalogação. Surge na RIEC, a International Standard Bibliographic Description (Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada), ou ISBN, que foi criada pelo especialista em catalogação Michael Gormen, com a intenção de padronizar as informações contidas na descrição bibliográfica, utilizando uma ordem nas informações e pontuação utilizada antes de cada informação. Novas mudanças passam a existir nos códigos de catalogação, sendo adequada aos diferentes usuários, após a implantação das mudanças do ISBN.

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Em 1971, Michael Gorman, apresentou à RIEC o documento denominado International standard bibliographic description (Descrição bibliográfica internacional normalizada), ou ISBD. Gorman sistematizou a ordem das informações para que pudesse ser reconhecido pelos computadores e a proposta foi apresentada pela IFLA, como ISBD(M), sendo utilizada para monografias.

A ISBD segue hoje como um modelo de padronização, e o que antes era voltado apenas para monografias, está abrangendo todos os tipos de materiais. Todos os países passaram a utilizar a ISBN, acarretando diversas mudanças aos códigos de catalogação. Durante os anos 70, a padronização passa a ser adotada por todas as bibliotecas, acabando com a catalogação individualista, de cunho pessoal, porém adequando-se à todos os usuários e suas necessidades.

Dois fatos importantes marcam a o ano de 1972: o início da SICON (Sistema de Informação do Congresso), que hoje conta com inúmeros bancos de dados, e a defesa da dissertação de mestrado de Alice Príncipe Barbosa acerca do projeto CALCO (Catalogação Legível por Computador), que foi baseado no MARC II da Library of Congress.

A automação para os acervos na década de 70 era o foco da Fundação Getúlio Vargas (FGT) e da Biblioteca Nacional (BN). Com a divulgação das instruções para o preenchimento das folhas de entrada para a CALCO, a BN projetou o CALCO como a rede nacional por excelência para acervos multidisciplinares e durante a década de 1980, adotou o nome de BIBLIODATA/CALCO.

No ano de 1978 foi publicado a 2ª edição do código Anglo-American Cataloging Rules, sua primeira edição já era utilizada em quase todas as bibliotecas brasileiras e sua segunda edição passou a ser chamada de AACR2. A rede BIBLIODATA/CALCO que faz cooperação entre bibliotecas adotou como código de catalogação o AACR2 e o formato MARC, sendo compatível com sistemas internacionais de intercâmbio de registros bibliográficos.

O BIBLIODATA/CALCO, devido seus limites financeiros e tecnológicos teve sua evolução de forma lenta, porém hoje se torna um recurso incomensurável, por seguir à risca as normas internacionais, por sua padronização e meios de difusão.

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As práticas empíricas milenares tornaram-se objeto de estudo e aprofundamento a partir do século XIX, período de grande valorização para o profissional bibliotecário, que passou a ser reconhecido como viabilizador da informação. Tais práticas da organização continuam seguindo a lógica categorial (classificatória), porém com as sofisticadas técnicas e tecnologias que surgem durante os anos 80, o profissional da informação necessitou de um sistema voltado à informação em seus diversos formatos e meios da atualidade.

Modernamente, já quase no fim do Século XX, os tradicionais sistemas estão sendo, pouco a pouco, absorvidos pelo uso das máquinas. O sempre crescente volume da literatura técnico-científica, criando e multiplicando coleções especializadas, exige que novas diretrizes sejam tomadas, pois, os sistemas até agora usados vão se tornando inoperantes. (BARBOSA, 1969, p.41-43)

Dentre as competências que o profissional da informação deve possuir nos dias de hoje destacam-se o saber registrar, documentar e manusear os códigos de catalogação. O AACR2 é hoje o código mais utilizado em quase todas as escolas de biblioteconomia e bibliotecas do Brasil, porém o mesmo não é voltado para catalogação em ambientes digitais e aos poucos se torna inoperante diante da alta demanda informacional que ocorre com a globalização e avanço tecnológico.

Pensando na necessidade de um mecanismo de catalogação voltado à atender às transformações tecnológicas da informação e comunicação, as regras de padronização e bases para catalogação sofreram alterações. Desta necessidade surge a proposta do RDA (Descrição de Recursos e Acesso), um padrão para descrição de recursos e acesso projetada para o uso em ambientes digitais, que a princípio seria intitulada de AACR3.

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3 CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO

Catalogar, nada mais é que registrar dados sobre um documento, a fim de facilitar o acesso a tal informação de forma rápida, poupando o tempo de usuário e do bibliotecário, para que haja padronização no registro de tais documentos, foi necessária a criação de normas.

A catalogação consiste na representação do item, tal representação se faz através de códigos. Não sendo este um trabalho mecânico, deve ser levado em consideração o conhecimento do usuário acerca das características destes códigos. Ranganathan (conhecido como pai da Biblioteconomia) em sua terceira lei diz que para cada leitor há seu livro e para livro há o seu leitor, ou seja, a linguagem utilizada na catalogação deve promover uma comunicação entre o usuário e a informação.

Como aponta Maimone, Silveira e Tálamo (2011, p.34)

[...] representação da informação, tanto temática quanto descritiva, utiliza-se de uma linguagem própria para atingir seu principal objetivo, que é proporcionar a comunicação eficaz entre sujeito e objeto (usuário e documento). (MAIMONE, SILVEIRA E TÁLAMO, 2011, p. 34)

Para Mey (1995, p.5) “Catalogação é o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários”, ou seja, catalogação não é necessariamente a técnica de elaborar catálogos ou caracterizar itens, é tornar cada item um documento único e reuni-los por semelhanças, criando a possibilidade de escolha para os usuários.

Já para Brito (2001, p.129) “A catalogação é um processo técnico de decisão multidimensional em que se prepara uma unidade documentária para ser disponibilizada ao público e que exige conhecimentos além das próprias técnicas, mas vinculadas às diversas áreas do conhecimento humano.”. Barbosa (1978, p. 30) confirma dizendo que é “[...] o processo técnico do qual resulta o catálogo, é a linguagem de descrição bibliográfica, que só poderá ser um bom instrumento de comunicação à medida que for normalizado.”.

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A catalogação deve expressar mensagens internas, possibilitando aos usuários sua recuperação da forma simples no acervo. Tem por características: Integridade na representação: deve transmitir informações fidedignas, passíveis de verificação; Clareza: o código deve ser adequado e compreensível para seu usuário; Precisão: cada informação representa um único dado ou conceito; e Consistência para que a mesma solução seja utilizada para informações semelhantes (MEY, 1995).

Após a realização do processo técnico que resulta à catalogação, toda a informação ficará disponível nos catálogos, que nada mais é que um instrumento de comunicação entre o acervo e os usuários. Os catálogos são os instrumentos mais antigos utilizados nas bibliotecas, a palavra se origina do grego: kata („de acordo com‟, „sob‟, „embaixo‟ ou „parte‟) e logos („ordem‟, „razão‟), ou seja, „subjacente à razão‟ ou „ de acordo com a razão‟. O catálogo veicula a mensagem elaborada pela catalogação, tornando-se assim um canal de comunicação, vinculado a um acervo específico ou a vários acervos de uma biblioteca, o que chamamos de catálogo coletivo. Pode ser apresentada de forma codificada ou agrupada por semelhanças aos usuários desses acervos (MEY, 1995).

Existe dois tipos de catálogos, os manuais: que são utilizados para livros, folhas soltas e fichas, estes também podem ser organizado de forma alfabética ou sistemática. E os catálogos automatizados: utilizados para relatórios, fichas, microfichas e em linha (online).

A biblioteca deve adotar o catálogo que melhor se adequa a seu público, para isto, é preciso analisar o recurso fornecido pela instituição e o tamanho de seu acervo. Dentre os diversos tipos de catálogos utilizados pela bibliotecas, podemos citar: Catálogos Externos; Catálogos Internos; Catálogo de Identidade; Catálogo de Assunto; Catálogo dos Número de Classificação; Catálogo de Títulos; Catálogo Decisório; Catálogo Topográfico; Catálogo Oficial e Catálogo de Registro.

Nos tempos atuais, os catálogos deixaram de ser simples “listas” ou “índices” e tornaram-se instrumentos indispensáveis de consulta e pesquisa, fazendo com que o profissional bibliotecário se dedique mais na representação descritivas desses materiais, facilitando o acesso do usuário à informação.

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Com o objetivo de padronizar os catálogos, facilitando assim o trabalho dos bibliotecários, normas passam a ser discutidas e utilizadas. Segundo Souza (1997, p.7) “Código de catalogação é uma coleção de normas que auxiliam os bibliotecários na escolha de entradas e cabeçalhos, com o objetivo de padronizar os catálogos.” Tendo por objetivo a padronização dos catálogos, devem conter uma linguagem padronizada para que possa atender em âmbito internacional.

Para que pudéssemos estar hoje utilizado o AACR2, código ainda utilizado com maior frequência nas bibliotecas, muito esforço e dedicação foi depositado. Este código é resultado da análise de códigos passados criados por bibliotecários e pesquisadores, este foi adequando-se ao tipo de material informacional que se encontra na atualidade.

Para que seja possível entender o grau de importância e relevância dos códigos de catalogação, as mudanças que ocorreram com o passar dos anos e a necessidade da implantação de um novo código voltado à era digital, se faz necessário destrinchar a história dos mais importantes códigos de catalogação da humanidade.

3.1 91 Regras de Catalogação

Sir Anthony Panizzi, nome original Antonio Genesio Maria Panizzi, ficou conhecido por atuar como bibliotecário na Biblioteca do Museu Britânico e ter desenvolvido e publicado em 1841 as 91 regras de catalogação. Foi graças a reorganização da biblioteca e sua preocupação na disseminação da informação que o museu tornou-se um dos maiores do mundo.

As 91 regras destinadas à catalogação da biblioteca do museu gerou intermináveis discussões entre os bibliotecários e o movimento foi denominado de Bettle of Rules (Batalhas das Regras). “O trabalho de Panizzi, depois de aprovado, veio a constituir o primeiro código de catalogação completo e muitos de seus princípios são até hoje adotados” (SOUZA, 1997, p.7).

Além das 91 regras de catalogação, Panizzi trabalhou no catálogo geral; lutou pela aplicação da Lei de Direitos Autorais de 1842; elaborou um relatório

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citando as deficiências da biblioteca que acarretam no aumento de subsídios para compra de livros em 1845 e é lembrado por projetar e supervisionar a construção da Sala de Leitura da Biblioteca do Museu Britânico no ano de 1857.

Segundo Souza (1997, p.8), as características do código de Panizzi incluem a valorização da página de rosto; o conceito de autoria coletiva; entrada pelo prenome; entrada pelo título, no caso de obras anônimas; entrada pelo pseudônimo; entrada pelo sobrenome de família para autores pertencentes à nobreza e cabeçalho formais para entradas principais.

3.2 Relatório Smithsonian sobre a construção de catálogos de bibliotecas (Smithsonian report on the construction of catalogues of libraries)

Baseado no código de Panizzi, Charles C. Jewett, bibliotecário e professor de línguas modernas, publicou em 1852 seu código de catalogação para a Smithsonian Institution dos Estados Unidos, havendo apenas poucas modificações do código de Panizzi.

O código de Jewett tinha como principais características a entrada pelo nome verdadeiro do autor, no caso de obras sob pseudônimo; o conceito de autoria coletiva firmada e colocação de U.S. para as publicações oficiais dos Estados Unidos.

Jewett teve reconhecimento não só pelo código criado, mas também pela elaboração de um catálogo coletivo, onde reuniu informações sobre coleções existentes nas bibliotecas americanas. Mesmo não tendo conseguido concluir o catálogo coletivo, o seu nome é reconhecido por este catálogo.

3.3 Regras para um catálogo de dicionários impressos (Rules for a printed dictionary catalogue)

Charles Amu Cutter foi à figura mais brilhante do século XX (século de ouro da catalogação e da codificação). Por ter criado sua tabela de nomes, utilizada nos dias de hoje, ele é quase que exclusivamente conhecido apenas

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por sua tabela. Porém em 1876, Cutter publicou suas Rules for a printed dictionary catalogue, estabelecendo definitivamente a escola americana de catalogação. “O código de Cutter é constituído de 396 regras, onde estão inseridos nomes não só para entradas por autor e por títulos, mas também para a parte descritiva, cabeçalhos de assuntos e, ainda, alfabetação e arquivamento de fichas.” (SOUZA, 1997, p. 8).

Em 1904 foi publicado a quarta e última edição do código de Cutter, que serviu de influencia para a criação do código da American Library Association (ALA) e foi base para o surgimento e discursão das regras alternativas, em relação à autoria coletiva vs pessoa, tal discursão se estendem até a atualidade.

3.4 Instruções Prussianas (Instruktionen fur die Alphabetischen Kataloge der Preussischen Bibliotheken)

Elaborada por homens de formação científica e filosófica, as Instruções Prussianas serviram de normas para as bibliotecas alemãs, transpuseram as fronteiras da Alemanha e foram adotadas na Áustria, Hungria, Suécia, Suíça, Holanda e Noruega. Este código foi oriundo das regras compiladas em 1886 pelo bibliotecário alemão, Carl Dziatzko para a Universidade de Breslau.

No ano de 1890, Fritz Milkau, bibliotecário alemão, modificou o código e este ganhou o nome de Código da Real Biblioteca de Berlim. Somente no ano de 1899 que foi publicado como Instruções Prussianas.

No ano de 1908 houve a publicação da segunda edição das Instruções, que coincidiu com a primeira edição do código ALA. A segunda edição das Instruções teve como principais características a simplificação e abreviação das entradas, principalmente o título; a falta de regras para autoria coletiva; e o arquivamento de fichas pela primeira palavra chave do título. Foi reconhecida como código de caráter internacional, pois foi utilizada no Catálogo Coletivo Prussiano e no Catálogo Coletivo Alemão no ano de 1936.

Em 1949, a reforma de catalogação dá nova redação às regras Prussianas, mas somente em 1954 que essas regras são discutidas pela Assembleia de Bibliotecários Alemães.

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Constituída uma subcomissão para estudar o assunto, verificou-se como primeira etapa a necessidade de se traduzir o código alemão para a língua inglesa. Esta tarefa coube a Andrew Osborn, bibliotecário norte americano, que publicou esse trabalho em 1938. O estudo comparativo dos dois códigos ficou a cargo de J.C. Hanson, obrigado a interrompê-lo com o inicio da Segunda Guerra Mundial. Em 1954, durante a Assembleia de Bibliotecários em Bremen, novamente a revisão das Instruções Prussianas voltou a ser discutida. A necessidade de simplificação das regras catalográficas já era uma exigência geral, também desejada por outros países. (BARBOSA, 1978, p.32)

O ano de 1954 é marcante para as Instruções Prussianas, pois se percebeu a necessidade da simplificação das regras e diversas discursões foram realizadas para tal mudança, mas somente em 1959 após a Conferência de Paris que o código passou a ser reformulado de acordo com os resultados debatidos nas conferências. Foi publicado como um novo código tendo como base a Declaração dos Princípios e levaram-se em consideração as entradas coletivas e o arquivamento de fichas pela palavra do título que não fosse um artigo.

A adesão do código por toda a Alemanha Ocidental e outros países contribuiu para consolidação cooperativa internacional no campo da bibliografia e catalogação. Visando os catálogos que operam com sistemas automatizados, adaptando-se ao uso de computadores e regido por princípios modernos, as Instruções Prussianas são substituídas pelas Regeln fur die alphabetische Katalogisierung (RAK) no ano de 1967.

3.5 Código da ALA

Após ser exposto um trabalho na Conferência Anual da Associação, no ano de 1883, sob título Condensed rules for author and title catalog (Regras condensadas para o catálogo de autores e títulos), a 1ª edição do código Americam Library Association (ALA) tem sua origem. Em colaboração com a British of Congress, Melvil Dewey, dá inicio ao estudo da norma.

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A primeira edição recebeu diversas críticas negativas, pois acreditavam que a mesma não dispunha de respostas para todas as dúvidas que poderiam surgir no momento da catalogação, o que levou a Library Association no ano de 1908 a organizar uma Comissão de Revisão do Código de Catalogação a fim de revisar toda a norma, o bibliotecário da Library of Congress (L.C) responsável pela por esta revisão foi o Charles Martel.

Após a revisão da norma, surge no ano de 1941 a preliminar da 2ª edição do Código da ALA. Sua estrutura é composta de duas partes: 1ª parte – Entradas e cabeçalhos e 2ª parte – Descrição do livro. A edição foi expandida significativamente com relação aos materiais bibliográficos e foi criticada por sua complexidade e prolixidade. Os bibliotecários desejam uma norma sucinta, porém completa, sendo assim de fácil manueio, o que motivou a criação de uma comissão para uma nova revisão da obra preliminar antes da publicação da obra definitiva da 2ª edilção do código.

Em 1949 é criada a 2ª edição definitiva do Código da ALA, este foi apresentado em 2 volumes distintos e independente, sendo o volume 1 voltado para as entradas e cabeçalhos e o volume 2 referente à parte descritiva do material informacional. A segunda edição definitiva do código também foi negativamente criticada e através de Luther Evans, Diretor Geral da Library of Congress, Shmaryahu Lubetzky (conhecido como Seymour Lubetzky), bibliotecário de grande influência na catalogação, foi convidado a preparar uma análise geral da edição, tendo como foco principal às entradas de autoria coletiva.

Em seu estudo, Lubetzky, pôde verificar diversas contradições e repetições existentes nas regras, sendo necessária a criação de uma nova Comissão de Revisão. Da análise de Lubetzky sobre a 2ª edição do Código da ALA, surge a obra intitulada Cataloguing rules and principles: a critique of ALA rulesfor entry and prosed design for revision (Regras e princípios de catalogação: uma crítica das regras da ALA para a entrada e desenho previsto para revisão) (SOUZA, 1997).

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3.6 Código da Biblioteca Apostólica Vaticana

Com o objetivo de reorganizar e auxiliar o acervo após a reforma que houve na Biblioteca Apostólica Vaticana, uma das mais ricas do mundo, surge em 1927 a idéia de se criar um código específico para esta biblioteca, tal código inicialmente pensado tinha por nome Norme per il catalogo degli stampati (Padrões para o catálogo impresso) e seria utilizado pelo público erudito e eclético que de todas as pastes do mundo frequentariam a biblioteca.

O Código da Biblioteca do Vaticano foi criado por bibliotecários americanos designados pelo Fundo Carnegie para a Paz Internacional (Carnegie Endowment for International Peace) no ano de 1928, estes mesmos bibliotecários realizaram o preparo de funcionários do Vaticano em Escolas de Biblioteconomia americanas.

Inicialmente o Código da Biblioteca do Vaticano tinha como modelo o código Relege per la compilazione del catalogo alfabético, este código havia sido criado no ano de 1922 para as bibliotecas gorvernamentais italiana. Após vários meses de trabalho na criação do novo código, perceberam-se diversas deficiências no código „modelo‟, não sendo possível dar continuidade à criação do código sem antes haver uma revisão geral das regras adotadas.

O bibliotecário norueguês John Ansteisson, componente da equipe de catalogadores, foi designado a revisar e corrigir todas as regras do Código do Vaticano, seguindo as orientações do código da American Library Association, código criado no ano de 1908 e utilizado pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos. Após a revisão, surge no ano de 1931 a 1ª edição da Norme per il catalogo degli stampati. A 2ª edição data do ano de 1939 e a 3ª edição foi pulblicada no ano de 1949. Segundo Bishop, este “é o melhor código de natureza enumerativa existente, e o único capaz de conciliar as práticas européia e americana de catalogação”.

O arranjo do código está distribuído em quatro partes: I – Cabeçalho da ficha principal. II – Descrição do livro. III – Determinação dos cabeçalhos de assunto. IV – Distribuição das fichas no catálogo alfabético geral. Ao final, traz concluídos 5 apêndices: I – Glossário de termos bibliográficos constantes das normas de catalogação. II – Abreviaturas (relação das abreviaturas admitidas na composição das fichas). III – Índices

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dos termos bibliográficos traduzidos. IV – Transliteração. V – Modelos de fichas. (SOUZA, 1997, p.13)

O código foi traduzido para diversos idiomas. A 1ª edição em português surgui no ano de 1949 e tinha por título Normas de Catalogação de Impressos. A 2ª edição em português surgiu no ano de 1962 e foi promovida pelo Instituto Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação.

3.7 Regulamento de Catálogos Anglo-Americano (ANGLO-AMERICAN CATALOGUING RULES – AACR)

Em 1961 houve em Paris a Conferência Internacional sobre Princípios de Catalogação que reuniu os mais renomados catalogadores e estudiosos da área. Foram debatidos problemas relacionados às normas de catalogação com o intuito de padronização universal, o que facilitaria a cooperação entre bibliotecas, pois com a padronização das normas haveria a uniformidade nos catálogos e bibliografias.

Após ser revisto pela Instituição da Americam Library Association (ALA), assim como pela Library of Congress (L.C), o código da ALA passou por uma revisão, aderindo a algumas das mudanças discutidas na Conferência de Paris. Como resultado do estudo e debate da Conferência Internacional, foi publicado em 1967 o Anglo-American Cataloguing Rules (AACR), código de caráter internacional. A Canadian Library Association participou de todas as tarefas assumidas para a elaboração do código e obteve a colaboração das seguintes associações: Library of Congress; Library Association; e Comissão da ALA.

O código foi criado com o intuito de atender às necessidades das bibliotecas de pesquisa em geral, podendo ser também utilizada por bibliotecas publicas. O AACR atende a todas as atividades biblioteconômicas, bibliográficas e livrescas. É capaz de descrever diversos tipos de materiais, podendo facilitar a vida dos catalogadores ou gerar dúvidas quanto ao excesso de entradas.

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É certo, também, que nenhum outro código de catalogação atual tenha alcançado tanta amplitude no que diz respeito à descrição de tipos de material especializado: microformas, manuscritos, mapas, discos, pinturas, partituras, desenhos, etc. (BARBOSA, 1978, p. 49)

Devido a algumas divergências com relação à redação da norma e ás entradas coletivas, dois códigos de língua inglesa foram publicados, sendo um publicado na Inglaterra e o outro nos Estados Unidos. “As duas versões são suplementadas pelas seguintes publicações periódicas: Cataloging Service Bulletin, para o texto americano; e Anglo-American Cataloguing Rules Amendment Bulletin, para o texto britânico.” (BARBOSA, 1978, p.47).

O AACR foi traduzido para diversos idiomas, porém o código americano recebeu diversas críticas negativas, pois não é fiel às ideias de Lubetzk e à Declaração de Princípios da Conferência de Paris.

A tradução do AACR para o português foi autorizada pela ALA e realizada por Abner Lellis Correa Vicentini, tendo como colaborador o Padre Astério Campos. No ano de 1969 foi publicada, sob título de Catalogação Anglo Americano, o código foi amplamente aceito nas bibliotecas e escolas de biblioteconomia de todo o Brasil.

No ano de 1971 o programa da International Federation of Library Association (IFLA) é criado para Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada (ISBD), este foi responsável pelo lançamento da edição preliminar da Descrição Bibliográfica Internacional Normalizada para Monografias (ISBD(M)).

O ISBD foi aceito por diversos países e contribuiu para o Controle Bibliográfico Universal (CBU). Maria Luiza Monteiro da Cunha, presidente da Comissão Brasileira de Documentação em Processos da Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB), patrocinou a tradução do ISBD para o português.

No ano de 1973 o ISBD(M) é completamente revisado e esta revisão influenciou na revisão do capítulo 6 do AACR, que foi inserido na 2ª edição do código, conhecido como AACR2, no ano de 1978. No ano de 1980 a American Library Association autoririzou a tradução e publicação do AACR2. O trabalho de tradução foi iniciado no ano de 1980, porém devido a complexidade da obra e necessidade de se produzir um trabalho de alto nível, a FEBAB autorizou a

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publicação do AACR2 em dois volumes. O primeiro volume foi publicado no ano de 1983 e o segundo volume no ano de 1985.

O arranjo mecanizado das entradas em sistemas automatizados foi levado em consideração no momento da criação do AACR, porém o código foi elaborado antes que houvesse o projeto do Machine-Readable Cataloging (MARC). Com a criação do MARC, a revisão do AACR2 se torna fundamental, pois o mesmo deve conter informações claras quanto a catalogação em ambientes automatizados.

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4 CÓDIGOS DE CATALOGAÇÃO: NORMAS UTILIZADAS NO BRASIL

Diversas foram às tentativas para se criar um código brasileiro tão bom quanto os códigos de âmbito universal. As normas de catalogação no Brasil são indispensáveis e fundamentais à elaboração de dados transcritos em fichas e bibliografias, o que proporciona agilidade na recuperação da informação. O estudo da catalogação no país ainda é considerado novo, data da década de 1930 (para São Paulo) e 1940 (para Rio de Janeiro).

A primeira tentativa de código brasileiro de catalogação foi elaborada no ano de 1934 por Jorge Duarte Ribeiro, intitulado de Regras bibliográfica (ensaios de consolidação) e debate a forma correta da entrada de nomes pessoais. Esta entrada sempre foi vista como um grande dilema, pois muitos acreditavam que o sobrenome do autor deveria vir na entrada, enquanto que outros preferiam colocar o nome na ordem direta.

Em 1941, após ser aprovada pelo Conselho de Bibliotecários do Estado de São Paulo, a Associação Paulista de Bibliotecários apresentou algumas regras, esta tinha por título: Regras gerais de catalogação e redação de fichas. No mesmo ano, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) reuniu uma comissão com representantes do Instituto Nacional do Livro e da Biblioteca Nacional a fim de elaborar um código brasileiro de catalogação.

O código elaborado pela comissão promovida pela DASP foi publicado no ano de 1943 e tinha por título: Normas para organização de um catálogo dicionário de livros e periódicos. Este não teve uma boa aceitação, pois as bibliotecas já utilizavam o código da ALA e da Vaticana.

O interesse pelos assuntos “códigos” e “nomes brasileiros” gera um aumento significante no ano de 1954. No mesmo ano há a criação do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD) (conhecido atualmente como Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT)), e a realização do Primeiro Congresso Brasileiro de Biblioteconomia em Recife.

Em novembro de 1954 é elaborado o projeto do código nacional. O IBBD em colaboração com o Instituto Nacional do Livro organizou uma Comissão de Estudos de Catalogação, a comissão foi composta de duas subcomissões estaduais: paulista (São Paulo) e carioca (Rio de Janeiro). A subcomissão

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paulista ficou responsável pela parte descritiva do código, eles iriam traduzir a segunda parte do código ALA de 1949, enquanto que a subcomissão carioca ficou responsável pelas entradas de autor. O resultado final do código nacional não conseguiu satisfazer os profissionais catalogadores, publico alvo do projeto.

Outro projeto de catalogação do ano de 1954, foi o elaborado pelo Instituto Brasileiro para Educação, Ciência e Cultura (IBECC), tentaram redigir um “Projeto de catalogação para nomes de autores brasileiros e portugueses”, porém não foi dado continuidade ao trabalho. Todas as tentativas iniciais de projeto de catalogação tinham como por objetivo a uniformização de nomes pessoais brasileiros e portugueses.

Entre os trabalhos publicados sobre o assunto destacam-se: a redação da Regra 38A de Calazans Rodrigues, incluída no Código da Vaticana; o de Antônio Caetano Dias, O problema da catalogação dos nomes portugueses e brasileiros; e o de Maria Luisa Monteiro da Cunha, Nomes brasileiros, um problema na catalogação. (BARBOSA, 1978, p.60)

A Comissão Brasileira de Catalogação, filiada à Federação Brasileira das Associações de Bibliotecários (FEBAB), foi criada oficialmente no ano de 1960 e foi responsável por remover algumas práticas obsoletas em determinadas bibliotecas do país.

A comissão foi extinta após a exoneração da presidente Maria Luisa Monteiro da Cunha no ano de 1966. Esta presidente foi responsável por redigir a publicação: Nomes brasileiros e portugueses: problemas e soluções. A publicação foi enviada à Comissão organizadora da Conferência de Paris e aceita como Documento nº13 e incluída na edição brasileira do AACR como apêndice nº VIII.

No ano de 1974, a Associação Paulista de Bibliotecários (APB) cria uma Comissão de Processos Técnicos e designou como presidente a Maria Luisa Monteiro da Cunha. Esta comissão foi responsável pela divulgação do documento Cabeçalhos Uniforme para Entidades Coletivas.

A presidente da Comissão de Processos Técnicos realizou uma revisão no Documento nº13, aprovado na Conferência de Paris. Este trabalho foi fruto de estudos e trocas de ideias desde o Primeiro Simpósio Nacional de

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Professores e Catalogadores em São Paulo no ano de 1970 até o segundo encontro em 1974 no Rio de Janeiro.

O documento foi discutido e posto em votação a forma da entrada de nomes pessoais no Oitavo Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. As maiorias dos bibliotecários presentes optaram por usar a ultima parte do sobrenome como entrada, esta decisão é uma contribuição nacional à padronização.

Após a Conferência de Paris, os códigos simplificados são os mais utilizados na Biblioteca da Câmara dos Deputados e na Universidade de Brasilia. Até 1961, os códigos de maior aceitação no Brasil eram o da ALA e o da Vaticana. Após a tradução do AACR2 para o português no ano de 1969, este código é adotado pelas bibliotecas de todo o Brasil e utilizado atualmente nas Escolas de Biblioteconomia de todo o país como instrumento de estudo, fazendo parte da grade curricular, sendo indispensável para formação dos futuros bibliotecários.

4.1 Sistema automatizado de catalogação: MARC (Machine Readable Cataloging)

Com o avanço da tecnologia e globalização se fez necessário um formato legível para computadores afim de que os dados catalogados pudessem ser processados e distribuídos entre unidades informacionais, havendo assim uma interoperabilidade entre os sistemas das bibliotecas, facilitando as necessidade locais.

O Machine-Readable Cataloguing (MARC) é um cronograma para catalogação legível por computador, ou seja, os dados das fichas catalográficas são transformados em dados legíveis por computadores. O MARC começou como um projeto e foi iniciado pela Library of Congress (LC) na década de 1960.

Em 1964, com o intuito de estudar uma maneira de converter as informações das fichas impressas da LC para um formato legível por computadores, o Council on Library Resources (CLR) contratou a firma Inforonics. O relatório The recording of Library of Congress bibliographical data

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in machine fornm (A gravação de dados bibliográficos da Biblioteca do Congresso em computadores) foi apresentado como resultado do estudo.

Em janeiro de 1965, a CLR, LC e Comissão de automação da Research Libraries Association se reuniram na Conferência sobre Catálogos Mecanizados para discutir o relatório apresentado pela Inforonics. Em novembro do mesmo ano, houve a 2ª Conferência sobre Catálogos Mecanizados e a LC apresentou o trabalho de título A proposed format for a standardized machine-readable catalog record (Um formato proposto para um registro padronizado de catálogo legível por máquina), que sugere os dados necessários ao formato de leitura para computador. Este trabalho foi incluso no relatório da Inforonics.

Em fevereiro de 1966 ocorreu a 3ª Conferência e foi determinado que a LC fosse a primeira a utilizar a experiência de nome “acervo MARC Pilot Project”. Foram inseridas fitas magnéticas com os dados das fichas impressas.

O projeto MARC surgiu com o objetivo de testar e descobrir os benefícios e malefícios de registros catalográficos legíveis por computadores e deixa-los de acesso livre às bibliotecas. O projeto além de contar com a LC, contou também com a participação de 16 bibliotecas e estas foram as primeiras bibliotecas a usarem as fitas magnéticas MARC. Dentro da LC, o responsável pela condução da experiência piloto foi o „Information System Office‟.

Na 4ª Conferência ocorrida em dezembro de 1967, foi discutido o formato MARC II e um conjunto proposto de caracteres gráficos e bibliográficos chamado de MARC OPERACIONAL.

O projeto piloto MARC estendeu-se até junho de 1968, pois os bibliotecários queriam mais tempo de experiência com a ferramenta, porém havia sido programado para terminar no ano anterior. Com o encerramento do projeto foi realizado um relatório completo com as experiências da LC e bibliotecários participantes.

Durante o período de dois anos, bibliotecários de diversos países se unem aos funcionários da LC, em cooperação com o a comissão da ALA, para revisar o projeto piloto MARC, esta revisão passa a ser periodicamente. Em 1968 o formato é adaptado e adotado como padrão da ALA, sendo nomeado como MARC II.

Referências

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