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Sistema automatizado de catalogação: MARC (Machine Readable

Com o avanço da tecnologia e globalização se fez necessário um formato legível para computadores afim de que os dados catalogados pudessem ser processados e distribuídos entre unidades informacionais, havendo assim uma interoperabilidade entre os sistemas das bibliotecas, facilitando as necessidade locais.

O Machine-Readable Cataloguing (MARC) é um cronograma para catalogação legível por computador, ou seja, os dados das fichas catalográficas são transformados em dados legíveis por computadores. O MARC começou como um projeto e foi iniciado pela Library of Congress (LC) na década de 1960.

Em 1964, com o intuito de estudar uma maneira de converter as informações das fichas impressas da LC para um formato legível por computadores, o Council on Library Resources (CLR) contratou a firma Inforonics. O relatório The recording of Library of Congress bibliographical data

in machine fornm (A gravação de dados bibliográficos da Biblioteca do Congresso em computadores) foi apresentado como resultado do estudo.

Em janeiro de 1965, a CLR, LC e Comissão de automação da Research Libraries Association se reuniram na Conferência sobre Catálogos Mecanizados para discutir o relatório apresentado pela Inforonics. Em novembro do mesmo ano, houve a 2ª Conferência sobre Catálogos Mecanizados e a LC apresentou o trabalho de título A proposed format for a standardized machine-readable catalog record (Um formato proposto para um registro padronizado de catálogo legível por máquina), que sugere os dados necessários ao formato de leitura para computador. Este trabalho foi incluso no relatório da Inforonics.

Em fevereiro de 1966 ocorreu a 3ª Conferência e foi determinado que a LC fosse a primeira a utilizar a experiência de nome “acervo MARC Pilot Project”. Foram inseridas fitas magnéticas com os dados das fichas impressas.

O projeto MARC surgiu com o objetivo de testar e descobrir os benefícios e malefícios de registros catalográficos legíveis por computadores e deixa-los de acesso livre às bibliotecas. O projeto além de contar com a LC, contou também com a participação de 16 bibliotecas e estas foram as primeiras bibliotecas a usarem as fitas magnéticas MARC. Dentro da LC, o responsável pela condução da experiência piloto foi o „Information System Office‟.

Na 4ª Conferência ocorrida em dezembro de 1967, foi discutido o formato MARC II e um conjunto proposto de caracteres gráficos e bibliográficos chamado de MARC OPERACIONAL.

O projeto piloto MARC estendeu-se até junho de 1968, pois os bibliotecários queriam mais tempo de experiência com a ferramenta, porém havia sido programado para terminar no ano anterior. Com o encerramento do projeto foi realizado um relatório completo com as experiências da LC e bibliotecários participantes.

Durante o período de dois anos, bibliotecários de diversos países se unem aos funcionários da LC, em cooperação com o a comissão da ALA, para revisar o projeto piloto MARC, esta revisão passa a ser periodicamente. Em 1968 o formato é adaptado e adotado como padrão da ALA, sendo nomeado como MARC II.

De junho de 1968 até março de 1969 foi testado os programas e procedimentos para implementação do MARC II nas unidades informacionais. Após os testes foram realizados diversos seminários propostos pela LC com o intuito de levar ao conhecimento dos bibliotecários o formato MARC II. Cerca de 2.000 pessoas compareceram aos seminários. Hoje o MARC II tem versões em diversos idiomas.

O novo MARC pode ser utilizado para registro de todos os dados bibliográfico, sua estrutura define os campos de dados e é possível a conversão dos dados em fitas magnéticas para o formato de processamento local, ou seja, pode ser adequar às necessidades da instituição informacional que o utiliza.

No ano de 1971, o formato é adotado como padrão nacional pelo American National Standard Institute. A ISO também adota o formato sob o código ISSO 2709.

O formato MARC II foi de interesse de diversos países, porém algumas modificações foram adotadas por eles.

Atualmente, trabalham no mesmo esquema a Inglaterra, com o UK/MARC; a França, com o MONOCLE; o Canadá, com o Canadian MARC; a Bélgica, com o MAR/BR; a Espanha, com o IBERMARC; o México, com o MARC/México; o Brasil, com o CALCO; e, ainda, o INTERMARC, elaborado por representantes da França, Bélgica, Holanda, Suíça e Grã- Bretanha, vidando ao intercâmbio de dados catalográficos. (BARBOSA, 1978, p. 212)

No Brasil, o AACR2 e o MARC II são ferramentas fundamentais no dia-a-dia dos bibliotecários e se complementam na função de deixar a informação acessível ao usuário. O MARC II serve como meio de comunicação de informação bibliográfica e pode ser adaptada para atender as necessidades de cada biblioteca, sendo assim, um instrumento fundamental de trabalho.

5 RECURSOS, DESCRIÇÃO E ACESSO - RDA

Com o surgimento de novas mídias e suportes informacionais, as normas de catalogação sofreram mudanças a fim de atender as transformações tecnológicas da informação e comunicação.

A Anglo-American Cataloguing Rules (AACR) foi criado para uso em catálogos de fichas. A primeira edição foi no ano de 1967 e embora tenha havido diversas revisões e atualizações na tentativa de adequar o AACR à nova realidade proporcionada pela revolução tecnológica, o código tornou-se obsoleto em alguns casos, pois sua estrutura não atende aos usuários que necessitam de informação em ambientes digitais.

Na atualidade [...] o desenvolvimento tecnológico chega a um ritmo muito intenso. A informação passa a ter suma importância para o homem. A velocidade com que novas informações são geradas cria a necessidade ao homem de permanente atualização. Grande ênfase é dada a comunicação, um volume maior de informação é transmitido a distâncias cada vez maiores em tempos progressivamente menores. O acesso a determinadas informações possibilita às pessoas vantagens de ação antes inexistentes. O homem passa a ser encarado como um processador e um agregado de informações. (FERNANDES, 2005, p. 26)

A partir da década de 1960, A International Federation of Library Associnations and Instituitions – Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA) inicia um novo processo de revisão de seus princípios de catalogação, como resultado é elaborado alguns relatórios com um novo modelo conceitual Functional Requirements for Bibliographic Records – Requisitos Funcionais para Registro Bibliográficos (FRBR), que passa a ser a base para os novos rumos da catalogação.

Na International Conference on the Principles and Future Development of AACR, começou-se a pensar na possibilidade de um novo padrão voltado ao ambiente digital, surge então em 2004 o AACR3, que em 2005 teve seu nome alterado para Resource Description and Access – Recursos, Descrição e Acesso pelo Joint Steering Committee for Developemente of RDA – Comitê Misto Permanente para a Revisão das Anglo-Americanas de Catalogação

(JSC), que também foi o comitê responsável pelo desenvolvimento do novo padrão (RDA).

O JSC é formado por representantes de seis instituições:

American Library Association (ALA), Australian Committee on

Cataloguing (ACOC), British Library (BL), Canadian Committee on Cataloguing (CCC), Chartered Institute of Library and Information Professionals (CILIP) e Library of Congress (LC). (SERRA et al., 2012, p.117)

A RDA a principio foi desenvolvida para substituir o AACR2, esta tem como base a norma anterior, porém é pensada para conteúdos no ambiente digital. É um conjunto de instruções práticas fundamentadas nos conceitos FRBR e o Functional Requirements for Authority Date – Requisitos Funcionais para Dados de Autoriridade (FRAD).

O FRBR é o primeiro modelo conceitual de catalogação baseada em um modelo entidade-relacionamento do mundo da informática, já o FRAD é o prolongamento do modelo FRBR para dados de autoridade. Ambos identificam e coletam os dados utilizados pelo usuário no processo de pesquisa (OLIVER, 2011).

O novo padrão tem como proposta fornecer diretrizes e instruções na descrição de recurso e acesso em todo tipo de conteúdo e mídia, deverá funcionar independentemente de formato, meio ou sistema usado para apresentar, armazenar ou transmitir dados. Servirá para corresponder às necessidade dos usuário não presenciais. Foi desenvolvida para “proporcionar uma estrutura coerente, flexível e extensível tanto para a descrição técnica quanto de conteúdo de todos os tipos de recursos e todos os tipos de conteúdo”. (JOINT STEERING COMMITTEE FOR DEVELOPMENT OF RDA, apud OLIVER, 2011, p. 3).

Esta norma vai além do espaço físico das bibliotecas e pretende alcançar diversas áreas. A interatividade de ambientes cria um número maior de metadados, capaz de gerar um número sem fim de informação para a sociedade, o que pode gerar certa preocupação nos profissionais da informação quanto a veracidade dos dados.

A implantação da RDA terá impacto imediato nos catalogadores e também nos projetistas e gerentes de sistemas

para bibliotecas. Cada vez mais, à medida que cresce o volume de dados RDA, haverá um impacto sobre aqueles que usam dados bibliográficos e de autoridade em catálogos de bibliotecas e, portanto, em aplicação na Rede. (OLIVER, 2011, p. 6).

Tendo como objetivo dar apoio a uma cobertura abrangente de todos os tipos de conteúdo e de mídia, a flexibilidade e extensibilidade necessária para acomodar novos recursos com características diversas. A norma RDA será de grande impacto aos profissionais da informação. Segundo Oliver (2011, p.3) “Para a comunidade de catalogação, a RDA assinala uma mudança notável em virtude de ser uma norma projetada para ser utilizada como uma ferramenta da Rede”.

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