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RELAÇÃO COM A COMUNIDADE 42

 

Segundo Roldão (1995), a função de diretor de turma encerra funções de coordenação, das atuações de cada professor no âmbito da área da sua docência, e funções de articulação entre os professores, os alunos e os encarregados de educação. Boavista e Sousa (2013) reforçam esta pluralidade de funções do diretor de turma, defendendo que:

(...) este docente constitui um elemento determinante na mediação de

conflitos, que não se encerram apenas no recinto escolar, ramificando-se e multiplicando-se por toda a comunidade educativa. Acumula ainda numerosas funções burocráticas, necessitando de desenvolver, através de técnicas especificas, capacidades para o exercício de todas as tarefas de coordenação que executa.

Ao longo do ano letivo e logo desde o primeiro momento, fui realizando um trabalho de acompanhamento e coadjuvação da diretora de turma (Anexo 25). É importante ressalvar a postura aberta, comunicativa e sobretudo disponível para ajudar, que foi demonstrada pela DT durante este estágio e que muito facilitou todo este processo de acompanhamento das suas funções.

Ainda na preparação do arranque do ano letivo, teve lugar a primeira reunião do CT, onde a DT partilhou comigo e com os outros docentes a caracterização geral da turma, aproveitando também para transmitir algumas indicações que considerou pertinentes. O facto de se tratar de uma DT que vinha acompanhando a turma, nessas funções, desde há três anos consecutivos, mostrava ser um excelente contributo nas informações partilhadas sobre a turma, uma vez que, deste modo, estes dados seriam mais ajustados à realidade.

Na posse das informações transmitidas nessa primeira reunião, uma das primeiras coisas que pretendi fazer foi agrupar as informações de cada aluno, destacando aquelas que considerava mais importantes – casos de alunos mais indisciplinados e/ou alunos com NEE – por forma a assegurar a melhor preparação possível aquando do arranque das aulas.

Ao longo da primeira etapa, o meu acompanhamento das tarefas de direção de turma, cingiu-se mais a observar todo o trabalho que pressupunha a função de

No horário de direção de turma, eram tratadas questões relacionadas com a assiduidade dos alunos (justificação de faltas, casos mais problemáticos, entre outros), com casos de indisciplina na turma ou outras ocorrências que se considerassem necessárias. Ainda nesta primeira etapa, dei início ao meu acompanhamento das aulas da disciplina de Cidadania, lecionadas pela DT, e onde poderiam ser tratados assuntos relacionados com essa função.

Apesar de previstas para esta primeira etapa, a realização e apresentação do estudo de turma (Anexo 26) apenas veio acontecer durante a segunda etapa de formação. Isto deveu-se a alguma falta de rigor no meu planeamento da primeira etapa de formação, impedindo-me de assegurar uma apresentação correta e cuidada sobre os resultados alcançados no estudo de turma atempadamente. Na construção deste estudo de turma foi contemplada a realização de um teste sociométrico. De acordo com Northway e Weld (1999), este é um teste simples de aplicar e que transmite várias informações acerca das crianças, contribuindo para o trabalho a desenvolver com os mesmos.

Contudo, a apresentação dos resultados do estudo de turma viria a ocorrer na reunião intercalar do segundo período, e consistiu em partilhar com o restante CT os resultados recolhidos pelos questionários efetuados pela DT, assim como, os dados obtidos na realização do teste sociométrico durante uma das aulas EF. Apesar de reconhecer importância ao estudo de turma, como uma contribuição significativa no desempenho de qualquer professor, senti que não houve um especial interesse por parte da maioria dos colegas do CT quanto às matérias ali apresentadas. Não deixo no entanto de ressalvar que este instrumento viria a ser um excelente contributo no planeamento das minhas aulas, possibilitando-me um conhecimento mais sólido acerca das relações inter- pessoais existentes na turma e passando a ter isso em conta na formação dos grupos de trabalho em cada aula.

A partir da 2ª etapa, dei seguimento ao meu processo de acompanhamento das tarefas da direção de turma, embora procurando ter um papel mais interventivo durante esses momentos. Aqui, face à etapa anterior houve uma maior ocorrência de reuniões com EE, tendo em vários desses momentos, tomado a iniciativa de intervir (sempre com o auxílio e consentimento da DT), em questões em que fosse possível colaborar. Mais uma vez, o facto desta DT trabalhar com a turma há alguns anos, e ter uma relação positiva com todos os EE, facilitou o meu desempenho. As reuniões com os EE foram quase sempre por questões relacionadas com o interesse em acompanhar a evolução de cada aluno, havendo apenas dois casos que se deveram a faltas de comportamento em aulas de determinadas disciplinas.

Em jeito de balanço final, considero que o acompanhamento regular dos trabalhos de direção de turma foi mais um excelente contributo para a minha formação profissional, já que a possibilidade de contactar com a turma em momentos, contextos e situações diferentes, assim como a partir de outra perspetiva, permitiu-me recolher informações importantes sobre os alunos e, deste modo, transportar essas informações para a aplicação prática das aulas da minha disciplina. Além disso, e considerando a diversidade de exigências que preenche o papel do professor atual, esta foi mais uma área onde tive oportunidade de contactar e experimentar novos recursos (por exemplo, justificação de faltas, reuniões com EE, entre outros).

Relação entre as áreas

O planeamento e organização do Estágio Pedagógico 2014/2015 apresenta- se sectorizado por áreas, e respetivas subáreas, que se correlacionam e complementam, como será descrito abaixo.

Área 1 e Área 3

A estruturação e planeamento da área 1, bem como a composição dos parâmetros de avaliação desta, foram um valor acrescentado para a preparação e planificação da área 3. A aplicação das estruturas organizativas e de avaliação foram adaptadas para as necessidades da área 3, por forma a ser facultada a implementação do plano teórico e a sua aplicação prática nas várias etapas e unidades de ensino. Ao nível da condução do ensino, não deixou, naturalmente, de haver novos elementos de ligação entre as duas áreas, destacando-se a capacidade de observação de aprendizagens e de condução de aula como aquelas que mais se interligavam entre as duas áreas.

A área 3 assumiu um outro contributo importante para a minha formação, uma vez que permitiu desenvolver a necessidade de procura e estudo de uma modalidade que não me era familiar. Assim, a matéria de Patinagem levou-me a explorar novas metodologias de treino com vista ao reforço daqueles que eram os conhecimentos de base adquiridos anteriormente.

Área 1 e Área 2

O trabalho desenvolvido durante as atividades da área 2 encontrava-se diretamente relacionado com uma das mais importantes componentes da área 1 – o processo de avaliação de aprendizagens.

Os professores do grupo de EF da escola haviam transmitido, desde o princípio, que um dos problemas patentes na sua atividade diária estava relacionado com a incongruência verificada nas avaliações, demonstrando discrepância entre as observações efetuadas pelos diferentes professores.

Esta concomitância de aspetos entre áreas, quanto à avaliação, foi encarada pelo NE como uma oportunidade de desenvolver competências na área da avaliação, por sinal, um dos campos onde os três professores estagiários não se sentiam confortáveis.

A etapa de avaliação inicial viria a reforçar essas lacunas dos professores estagiários, mas, ao mesmo tempo, a demonstrar a importância de promover o trabalho em equipa nesta área de avaliação. Fernandes (1996), citado por Comédias (2005), defende que “os professores pensam, vivam e praticam a avaliação de forma muito isolada”, tendo, em traços gerais sido esta a sensação transmitida pelos professores de EF da EBDDJ quanto aos processos de avaliação existentes na escola. Nesse sentido, o trabalho desenvolvido pelo NE foi importante para a criação de novos instrumentos de avaliação bem como momentos de debate e troca de ideias entre os professores do grupo, contribuindo para a redução da discrepância entre as suas observações. Simultaneamente, este trabalho viria a consolidar, de forma lógica e natural, as capacidades de observação e avaliação dos próprios professores estagiários na Área 1.

Área 2 e Área 3

Pelas razões apresentadas no ponto anterior , e pelas ligações existentes entre a Área 1 e a Área 3, o trabalho desenvolvido durante a Área 2 viria igualmente a influenciar positivamente as capacidades de avaliação dos professores estagiários no decurso das atividades da Área 3.

Área 1 e Área 4

As características e personalidades de cada indivíduo são os elementos que os fazem diferenciar dentro da sociedade. A escola, como meio aprendizagem e de integração é um dos espaços onde esta aprendizagem deve ser realizada, por forma a ser criado um bom ambiente de estudo e um conhecimento do próprio e do outro.

A área 4 revelou-se a via mais metódica para percecionar a individualidade de cada aluno e a forma como estes reagem e atuam em grupo ou singularmente. Através do relacionamento e respetiva compreensão dos dados dos testes sociométricos com o planeamento delineado na área 1, tornou-se possível construir um ambiente de trabalho de inclusão, em que todos os alunos participavam ativamente nas tarefas que lhes eram apresentadas, quer de grupo quer individuais.

Considerações Finais

O estágio pedagógico encerra a primeira etapa, mais concretamente a formação inicial, de um longo trajeto a que o futuro professor estará sujeito.

Considero esta uma etapa de especial relevância para a minha formação enquanto futuro professor, uma vez que este estágio me proporcionou um espaço de contacto prático com a profissão. Deste modo, depois de vários anos no estudo e desenvolvimento de ferramentas de inovação e transformação, ao longo do meu percurso académico nesta faculdade, tornou-se necessário um contacto mais próximo da realidade a fim de assegurar novas competências fundamentais à obtenção do sucesso no processo de ensino com crianças e jovens.

Na minha opinião, tive um percurso evolutivo ascendente em diferentes dimensões (social, académica e profissional), que permitiu a aquisição de ferramentas necessárias para o desempenho da minha função. Estas competências foram adquiridas através de todos os trabalhos que realizei dentro das diversas áreas, das adversidades que foram surgindo ao longo do tempo e do contacto com outras pessoas, com quem tive a oportunidade de me cruzar e que de alguma forma enriqueceram a minha formação, fazendo de mim um profissional mais habilitado e mais competente para o desempenho das minhas funções enquanto professor.

Nunca é demais referir que a formação contínua é imprescindível, enquanto professor de educação física, pois traz-nos sempre novas informações, estratégias e metodologias, que irão beneficiar o nosso desempenho na profissão.

Através da minha atividade profissional, desenvolvida em paralelo com este estágio pedagógico e com alguns aspetos coincidentes com o mesmo, vi este ano como uma excelente oportunidade de, não apenas adquirir novos conhecimentos e competências do profissional de educação física, como também um meio adequado à correção e otimização de determinadas competências que trazia da atividade profissional. Um dos aspetos que considerei como mais importante a desenvolver está relacionado com a capacidade do professor de realizar uma reflexão crítica sobre aquela que é a sua atividade, assim como nas várias determinantes específicas que a constituem.

No relatório de estágio que atrás vos apresento, pretendi demonstrar que as quatro áreas do estágio se encontravam interligadas e se influenciavam mutuamente. Assim, pode-se dizer que as quatro áreas do estágio foram transversais, isto da mesma maneira que o serão no futuro durante a minha ação como professor.

Ao longo de todo estágio, em todas as áreas e respetivas tarefas existiram sempre três fases: planeamento, execução e avaliação. O planeamento de qualquer tarefa influencia diretamente o seu sucesso, como tal um bom planeamento, seja de uma aula ou de um estudo de investigação é fundamental. A execução é importante na medida em que o professor tem de saber adaptar-se rapidamente bem como analisar as ações para poder avaliar o grau de consecução dos objetivos e assim reformular (se necessário) o planeamento. Este processo enquadra-se num ensinamento sempre presente ao longo de todo o curso de mestrado, que expressa a necessidade do professor mostrar capacidades de reflexão ao longo de todo o seu desempenho. Assim tentei sempre olhar para trás para as minhas ações e refletir, aprendendo com os erros para poder evoluir positivamente ao longo do ano letivo e pretendo continuar esta lógica no meu futuro, seja na escola ou fora dela.

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Anexos

 

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