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Relação entre Acções Paliativas e “Boas práticas”

A selecção e integração do conteúdo desestruturado em unidades de registo nesta grelha de análise está apresentado em tabelas esquemáticas para cada entrevista no anexo IV, tendo-se mantido neste processo uma certa flexibilidade, com o cuidado de não fragmentar excessivamente as unidades de registo, respeitando o seu sentido.

Importa sublinhar a este propósito que, de acordo com os objectivos desta recolha de dados, não se pretendeu a produção de listagens exaustivas para as diferentes dimensões de análise identificadas nas categorias e subcategorias, mas sim, ilustrar a diversidade de opiniões e experiências existentes no painel de peritos, bem como compreender a especificidade e complexidade dos processos conducentes à realização de acções paliativas. De assinalar, ainda, que a categoria G. “Relação entre acções paliativas e ‘boas práticas’” decorreu inteiramente do discurso dos entrevistados, emergindo em diferentes momentos da entrevista, embora este tema não estivesse directamente previsto no guião da entrevista.

O sentido de cada subcategoria procurou abranger toda a especificidade de significados que se propõe representar, inferidos predominantemente a partir do discurso dos entrevistados, como foi referido, em particular nas categorias B, D, E, F. Na categoria B, as subcategorias representam a listagem de acções paliativas que emergiram do discurso dos entrevistados; na categoria D, E, as subcategorias agregam, respectivamente, os factores facilitadores e os factores inibidores para o desenvolvimento de acções paliativas em unidades de internamento de agudos, nomeados pelos entrevistados; e por fim, na categoria F, as subcategorias agregam as estratégias propostas pelos peritos para superar os factores inibidores enunciados anteriormente e para promover o desenvolvimento de acções paliativas em unidades de internamento de agudos.

As fundamentações subjacentes à concepção de cada categoria e subcategoria surgem no capítulo seguinte, referente à apresentação e interpretação dos resultados, bem como as relações analíticas entre as diferentes categorias e subcategorias.

Esta grelha constituiu o ponto de partida e o fio condutor de todo o processo de análise e interpretação dos resultados, tendo sido aplicada à totalidade do conteúdo transcrito. Numa primeira fase, a grelha permitiu a desestruturação

analítica dos dados e numa segunda fase a sua reestruturação, tendo em vista a sua análise e interpretação. Esta última etapa resultou de uma permanente articulação entre o quadro teórico e o discurso dos peritos, permitindo estabelecer qualitativamente as relações, as distinções entre cada subcategoria dentro de uma mesma categoria e a integração das respectivas unidades de registo. O processo de análise e interpretação dos dados foi trabalhado de uma forma estratégica, em função da relevância dos dados obtidos. AFONSO (2005:115) ao referir-se a este processo recorda que uma atitude de “falsa objectividade pode levar o investigador a trabalhar toda a informação com o mesmo detalhe e profundidade, produzindo o efeito perverso de esconder o essencial entre o acessório”.

Embora a análise seja predominantemente qualitativa recorreu-se, por vezes, a algumas abordagens quantitativas, com a apresentação de tabelas simples para indicar a distribuição do número de entrevistados por subcategoria. Isto não invalida que o principal objectivo deste estudo tenha sido o de conhecer a diversidade de acções identificadas independentemente do número de entrevistados que as seleccionaram.

7. LIMITAÇÕES E DIFICULDADES DAS TÉCNICAS DE COLHEITA E TRATAMENTO DE DADOS

As técnicas adoptadas para colheita e tratamento de dados sofrem sempre de dificuldades e limitações específicas que é importante ter em conta para minimizar os seus efeitos e relativizar os seus resultados.

Dificuldades decorrentes da entrevista a peritos

No caso da colheita de dados, FLICK (2009:168) aborda em particular as limitações das entrevistas a peritos, destacando, por um lado, os aspectos relacionados com as dificuldades em agendar as entrevistas e em obter a disponibilidade do perito e o tempo por vezes excessivamente limitado para conduzir a entrevista, que resulta da intensa actividade profissional deste tipo de entrevistados. Apesar deste facto, tal como foi possível concluir da

descrição que foi feita, a disponibilidade por parte dos peritos, o tempo para a conduzir a entrevista e o período de agendamento, tendo como referência a data do primeiro contacto e a data da consecução das entrevistas em si, não constituíram limitações de maior para este estudo. Por outro lado, FLICK (2009:168) chama a atenção para o elevado nível de expectativas que o perito tem em relação ao entrevistador, exigindo que este também seja de certa forma “perito” nos assuntos tratados e na técnica da entrevista, compreendendo a relevância dos conteúdos e sabendo colocar e por vezes adaptar da forma mais adequada as questões. Para fazer face a esta dificuldade procedeu-se à elaboração de um guião de entrevista fortemente ancorado numa pesquisa bibliográfica preliminar, tanto em termos metodológicos como em termos científicos. Foi possível, assim, sem pôr em causa a espontaneidade dos entrevistados, “conduzir” a entrevista de acordo com os objectivos previamente traçados, assegurar uma eficaz comunicação verbal e não-verbal, manter uma atitude de escuta atenta e informada e suscitar os aprofundamentos necessários para tornar compreensíveis as explanações dos entrevistados.

Dificuldades decorrentes da análise de conteúdo

No que diz respeito ao tratamento de dados, importa salientar que, tal como a literatura sobre esta temática sublinha, os processos de análise de conteúdo não são isentos de dificuldades e limitações. Vários autores recordam as limitações dos processo de categorização e da elaboração de uma grelha de análise, chamando a atenção para o facto de esta não ser isenta da subjectividade do investigador, uma vez que estes processos de análise têm sempre os seus limites, dado o seu carácter humano e inacabado (BARDIN 1977; MAROY 1997; AFONSO 2005). Deste modo, a questão da fidelidade e da validade no tratamento, análise e interpretação dos dados constituem os principais riscos que um investigador pode correr no âmbito desta técnica de análise dos dados. A partir do momento que todas as operações de análise resultam da forma do investigador interpretar os dados, a própria análise de conteúdo pode ser subjectiva, comprometendo-se a fidelidade da mesma. Para fazer face a esta limitação, tornou-se necessário tal como anteriormente

referido, que as categorias e subcategorias seleccionadas não fossem ambíguas e que a identificação dos conteúdos que nela coubessem fosse a mais rigorosa possível. Exigiu-se um trabalho de boa memória e exaustividade nas revisões constantes das transcrições e do corpus das entrevistas, através de diversas leituras flutuantes. Para garantir a validade, procurou-se ter sempre presente os objectivos pretendidos com o estudo, de forma a adequar constantemente a análise e não distorcer os dados. Embora se trate de um estudo exploratório, não esquecemos que, como dizem CARMO e FERREIRA (1998:266), “a fidelidade aos dados recolhidos e aos resultados a que chega e o não enviesamento das conclusões constituem regras fundamentais de toda a investigação científica”.

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APÍTULO

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