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Relação Entre Tipologia e Comportamento do Torcedor Perante Resultados

2.4. Tipos de Torcedores de Futebol

2.4.6. Relação Entre Tipologia e Comportamento do Torcedor Perante Resultados

A relação dos torcedores com suas equipes favoritas podem chegar a níveis altamente profundos de interação. Rein et al. (2008) denomina esses torcedores como “os fanáticos” e salientam que por vezes confundem, mesclam a sua identidade com a do clube. Torcedores de outros estados e até países são apaixonados por clubes que nunca assistiram a um jogo ao vivo, por exemplo, outros torcedores envolvem-se em brigas por seus clubes e em casos extremos matam, ou morrem por seus clubes. Para Rein et al. (2008), esses torcedores são fãs incondicionais indispensáveis para criar uma atmosfera, um clima apropriado para determinada equipe durante uma partida, mas salientam que pelos motivos citados anteriormente de envolvimento em atos violentos não são muito bem vistos pela sociedade.

Hunt et al. (1999) definem um fã como um devoto entusiasta pelo consumo de alguns objetos esportivos particulares. Assim, um fã é um consumidor de esportes organizados. Para os autores o termo devoto significa que o fã tem algum nível de apego com um objeto relacionado a esportes. Fãs manifestam seu apego através de um comportamento específico para o objeto. Além disso, como um fã é um consumidor entusiasmado significa que ele ou ela está motivado para se engajar em comportamentos relacionados ao esporte.

Para os fãs cuja motivação com o esporte é mais duradoura, as diferenças ocorrem devido a seu nível de apego aos objetos esportivos. Ball e Tasaki (1992) sugerem que o apego é conceitualmente distinto, pois o objeto de apego adquire significados e importância que além do envolvimento simples ou importância.

No entanto, a motivação e o subsequente comportamento do fã vão muito além do histórico das equipes e, às vezes, parece não relacionada ao desempenho (cf. Fisher e Wakefield, 1998). Na verdade, o comportamento dos adeptos é frequentemente citado pelos treinadores e jogadores como um fator determinante e não como consequência do desempenho da equipe.

O objeto esportivo de consumo pode ser um esporte em geral, ou de uma liga específica, ou equipe. Ou o objeto pode se referir a uma personalidade, como um jogador, treinador, locutor, comentarista ou outro indivíduo que tem fortes associações com uma

equipe ou esporte. Partindo do objeto de devoção a motivação subjacente e comportamentos relacionados com o esporte podem variar de pessoa para pessoa.

Segundo Churchill et al. (2007), paixões por marcas e, neste caso, por clubes, estão explicadas nas teorias de Maslow que são baseadas em necessidades, entre as quais compreendem necessidades sociais, de estima (Ego) e auto-estima. A paixão pelo clube do coração pode suprir essas necessidades, pois o torcedor fica com a estima alta, feliz quando seu time vence, as necessidades sociais são supridas no momento em que a pessoa está assistindo a uma partida no estádio ou em um bar, por exemplo, já que conversa com outras pessoas, gera alguns laços de amizade aproximando umas das outras, todas com o mesmo propósito que, segundo Bock (1999), é um dos maiores fatores para aproximação de pessoas e gera satisfação de necessidades sociais.

Dentro do conceito de marketing esportivo, inúmeras coisas podem ser consideradas produtos ou serviços do esporte. Segundo Pitts et al. (2002), podemos ter produtos tangíveis e intangíveis, onde produto tangível é algo concreto, definido e material e produto intangível é algo indefinido, indiscernível, indistinguível e imperceptível”. Seguindo este conceito, pode se definir que tangíveis são os produtos comercializados pelo clube como camiseta, meias, chuteira, bonés, enfim tudo que o clube vende com a sua marca. Intangível são os serviços fornecidos pelo clube, como o jogo propriamente dito que o torcedor assiste, incluindo também a área de sócios, onde os torcedores colaboram com o clube mensalmente pagando uma certa quantia em troca de vantagens no acesso aos jogos, promoções nos produtos do clube, entre outros. Dentro do conceito de produto intangível, podemos ainda definir a emoção que o clube proporciona ao seu torcedor. Conforme Pitts et al. (2002), o torcedor busca essa emoção de forma inconsciente, “mascarada” pelo seu amor ao clube.

O conceito de marca dentro do esporte também é de extrema importância, pois é através da marca que o torcedor identifica o seu clube favorito e a força da marca traz valor agregado aos produtos e serviços do clube. Para Rein et al. (2008), a questão da marca é um dos maiores dilemas para as “empresas” esportivas. Dentro do esporte existe o conceito de que a marca se fortifica através das vitórias e conquistas do clube. No entanto, é preciso muito mais do que isso, é preciso criar uma identidade da marca, que se torne independente do resultado, que essa marca seja lembrada pela sua qualidade, pela excelência dos serviços em

conjunto com o resultado e não única e exclusivamente o resultado. Para Rein et al. (2008), a marca tem o poder de estabelecer a permanência do fã, do torcedor daquele clube pois, se a marca é forte e o produto bonito e de qualidade, ele continuará utilizando o produto independentemente do resultado alcançado pelo clube, além de criar uma conectividade com o clube fazendo com que o seu torcedor esteja de alguma forma a ele sempre ligado.

Além disso, os pesquisadores se concentraram em venda de ingressos e atendimento aos eventos como os resultados desejados resultantes do intercâmbio entre os profissionais de marketing de esportes e fãs. “No entanto, o marketing esportivo também envolve patrocínios corporativos; publicidade utilizando publicações de esportes, arenas e estádios como mídia e jogadores e treinadores como endossantes; as vendas de vestuário licenciado equipe, concessões, e memorabilia; e atendimento virtual através do rádio, televisão ou Internet.” (Bandyopadhyaya and Bottone, 1997).

Os pontos levantados mostram como o torcedor exerce um papel fundamental para os clubes, federações e organizações uma vez que estes são os principais clientes da indústria do futebol. Não obstante, o estudo das suas características se faz indispensável para que os profissionais da área possam atuar com mais precisão em suas decisões e estratégias.

3. METODOLOGIA

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