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4 RESULTADOS

4.1 ANÁLISE DOS DADOS

4.1.2 Relativa à produção

Uma das partes mais importante de uma obra é sua execução, afinal, é esta que faz o projeto sair do papel para o mundo real. Sabendo a relevância que a mão de obra tem na execução, a segunda parte do questionamento teve como enfoque a produção, neste caso mais

específico, a produção dentro do canteiro de obras, a fim de saber como os operários trabalham, isto do ponto de vista dos responsáveis técnicos.

Conforme a Figura 17, analisando se há dificuldade da mão de obra em aprender novos métodos construtivos e a utilização correta de materiais, nota-se que 50% da mão de obra da realidade estudada, encontra dificuldade para aprender novos métodos construtivos, assim como o uso e emprego correto de determinados materiais. Isto ocorre com maior frequência em serviços relacionados às etapas de acabamento, estas, quando se usa algo não tradicional, ocorre uma resistência da mão de obra em aprender a técnica correta para seu emprego, ocasionando assim erros que poderiam ser evitados. Isto ocorre devido ao uso do método empírico de técnicas, que é passado de um operário para outro, sempre realizando determinada tarefa daquele modo, fazendo assim com que não se empregue a técnica correta.

Figura 17 - A dificuldade da mão-de-obra, em aprender novos métodos construtivos e o uso correto de materiais.

Fonte: Autoria própria (2020)

Através dos dados mostrados na Figura 18 relativos às dificuldades de cumprir ordens, observa-se que os profissionais que sempre executam obras com o mesmo mestre de obras e seus respectivos funcionários, não encontram dificuldades na relação entre o profissional técnico e a mão de obra, pois com o convívio já de obras anteriores, cria-se um ambiente de trabalho que facilita o diálogo e uma hierarquia dentro do canteiro. Porém, quando a obra é executada com operários desconhecidos pelo responsável técnico, nota-se que mais de 50% dos profissionais não ficam satisfeitos, pois acontece um atrito e uma resistência por parte da mão de obra em cumprir determinadas tarefas, desse modo atrapalhando o andamento da obra.

Figura 18. - Dificuldade de cumprir ordens.

Fonte: Autoria própria (2020)

Segundo os dados apresentados na Figura 19, relativos à operação incorreta ou inadequada de equipamentos, nota-se que 75% da mão de obra opera de forma errada ou equivocada os equipamentos, muitas vezes estes causados pela má aprendizagem ou falta de conhecimento técnico para a operação. Na maioria das vezes essa aprendizagem acontece de forma incorreta, quase sempre a forma de uso é passada de um operário para outro, sem ter a demonstração de um técnico capacitado e que entenda a funcionalidade do equipamento, assim ocorre uma série de erros em cascata, onde o primeiro operário que acredita ter o conhecimento, passa essa informação errada para um próximo, fazendo assim com que a maior parte da mão de obra cometa o mesmo erro.

Figura 19 - Operação incorreta ou inadequada de equipamentos.

Analisando a quantidade de acidentes de trabalho, sua frequência e gravidade, os dados apresentados na Figura 20 mostra um resultado, pois ocorrem com pouca frequência e quase escassos. Nota-se quase que uma unanimidade por parte dos profissionais, onde os mesmo dizem que, mesmo ocorrendo resistência no uso de EPI’s (Equipamentos de proteção individual), a mão de obra é cautelosa e tem grande cuidado na hora da execução das tarefas, dessa forma os únicos acidentes de trabalho apontados, são calos, pequenos cortes, farpas e muito raramente dores musculares. Todos os profissionais cobram cuidados e cautela da mão de obra, para evitar transtornos para todas as partes, operário, profissional técnico e cliente.

Figura 20 - Quantidade elevada de acidentes de trabalho. Acontecem com qual frequência? Qual a gravidade?

Fonte: Autoria própria (2020)

Através da Figura 21 em relação a produtividade, observa-se uma satisfação por parte de 60% dos profissionais, onde apontam que a produtividade acaba sendo baixa na etapa de acabamento, pois geralmente a mão de obra não é especializada, e o tempo da execução do serviço acaba sendo maior do que esperado. Ainda é abordado que, a produtividade decai quando o responsável não está no canteiro, ou ainda, quando é feito algo fora do usual, como escadas diferentes, por exemplo.

Figura 21 - Produtividade baixa. Verifica-se que em algum serviço, a produtividade é menor que nos demais?

Fonte: Autoria própria (2020)

Porém, em etapas mais tradicionais, como concretagem, assentamento de blocos, aplicação de chapisco, emboço, não se encontram quedas de produtividade, pois a mão de obra já conhece esses serviços. É difícil ocorrer contratempos ou erros nessas etapas mais básicas.

A resistência ao uso dos EPI’s ainda é algo a se preocupar na realidade estudada, observa-se através da Figura 22 que 75% da mão de obra ainda apresenta resistência ao aceitar o uso do equipamento de proteção. Nota-se que a mão de obra desconsidera, ou acredita que não é importante os benefícios que os mesmos podem trazer.

Figura 22 - Resistência ao uso de EPI’s.

Fonte: Autoria própria (2020)

Grande parte dos operários conhecem os benefícios, porém afirmam que não é necessário, e que o equipamento atrapalha o rendimento do seu trabalho. Se a mão de obra

utilizasse os EPI’s como são instruídos, os dados apresentados na Figura 20 poderiam ser quase nulos, já que os mesmos sempre se cuidam.

De acordo com os profissionais técnicos, o cronograma da obra sempre é elaborado, pois é através dele que se estipula o período necessário para realizar determinadas tarefas, assim como estipular, quando deve ser necessária a chegada de determinado material no canteiro. Buscando dessa forma diminuir a chance de paradas. Segundo a Figura 23, 50% dos profissionais que trabalham com a mesma mão de obra, não encontram falhas no canteiro, pois com o passar do tempo já se criou um vínculo de trabalho bem definido, onde o profissional conhece a mão de obra e como a mesma trabalha.

Figura 23 - Falha de sincronismo nas etapas no canteiro. É elaborado cronograma? Se sim, o mesmo consegue ser acompanhado?

Fonte: Autoria própria (2020)

Pequenas falhas são comuns de acontecer, porém estas ocorrem devido a impontualidade da mão de obra, fatores climáticos ou pelo atraso da chegada de um material específico. Ocorre uma preocupação com lotes pequenos, onde não se consegue executar várias tarefas ao mesmo tempo, fazendo assim com que ocorra uma falha de sincronismo.

Através da Figura 24, entende-se que ocorrem paradas consideráveis no canteiro, contudo estas têm causas diferentes, nota-se que mais de 60% acham que acontece mais do que o ideal, fazendo com que atrase o cronograma da obra. Estes atrasos podem ser por vários motivos, mas os mais corriqueiros são: por culpa da mão de obra (pontualidade ou ineficiência), devido ao atraso da chegada de material e ainda, na época de inverno devido ao

clima. Isso também ocorre quando um serviço que é dependente para outro se encontra atrasado, o que acaba gerando atrasos em sequência.

Figura 24 - Excesso de paradas e esperas. Estas paradas acontecem devido à que: espera de material, deslocamento de mão de obra, busca de equipamentos?

Fonte: Autoria própria (2020)

Mais de 60% dos profissionais apontam que há pouco retrabalho conforme a Figura 25, os demais alegam que quase sempre acontece retrabalho, os quais podem ser por parte da mão de obra: paredes desalinhadas, vãos de aberturas incorretos e aplicação errada de revestimentos ou outro tipo de acabamento. Porém, a maior parte dos retrabalhos, é devida à vontade do cliente/proprietário o qual, começa a fazer mudanças na execução, que são diferentes do projeto inicial.

Figura 25 - Muito retrabalho. Com quais serviços mais acontece isso?

De acordo com a Figura 26, o desperdício de material acontece de forma bem variada, sempre quando a equipe de construção já conhece ou já trabalha com o responsável técnico a tempo, esse desperdício é menor, pois é cobrado mais frequentemente para evitar desperdícios. Porém quando a mão de obra não é conhecida do responsável técnico ou ainda é desqualificada, essas perdas podem ser grandes, e na maioria das vezes essa perda acontece com materiais mais “básicos” tais como: cimento, tijolos, agregado fino e graúdo, cerâmicas. Um dos profissionais que trabalha com a mesma equipe desde o começo, apontou que consegue reaproveitar até 80% do material que seria desperdiçado, em outro serviço.

Figura 26 - Desperdício de material. Quais são os mais desperdiçados?

Fonte: Autoria própria (2020)

Tendo em vista os dados apresentados com enfoque no canteiro/mão de obra, observa- se que parcialmente ainda há dificuldades em aprender novos métodos, sendo esses geralmente da fase de acabamento. Ainda, nota-se que há dificuldade em cumprir ordens, sendo que está é maior quando a mão de obra é nova para o responsável técnico.

Também é mostrado que grande parte da mão de obra opera de forma equivocada ou incorreta os equipamentos, o qual pode decair a qualidade em geral da obra. Os acidentes de trabalho são raros e quando ocorrem, geralmente não são graves, ainda observa-se que cerca de 75% da mão de obra ainda mostra resistência ao uso do EPI. A produção in loco corre de acordo com o esperado, porém sempre que o responsável não se encontra no canteiro a mesma decai, isso também ocorre com as fases de acabamento.

Atrasos sempre ocorrem, sendo essas por vários motivos, mas geralmente é devido ao atraso da chegada de material ou ineficiência da mão de obra, ainda advém outros tipos de atrasos, os quais são os retrabalhos, sendo esses quase sempre para atender os requisitos do cliente. Esses retrabalhos podem gerar desperdícios maiores de material, porém o desperdício costuma ser menor, quando o responsável já conhece e atua com a mão de obra.

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