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RELEVÂNCIA DO DIREITO NA RESPONSABILIDADE

SOCIAL DAS EMPRESAS

Dos aportes jurídicos que fundamentam o DS e a RSE verifica-se que são, em grande medida, regras que orientam a promoção de um desenvolvimento econômico em equilíbrio com interesses sociais e proteção ambiental. Contudo, tais normas são caracterizadas pela ausência de coercibilidade, uma vez que são indicativas de condutas consideradas desejáveis, mas que carregam em si a voluntariedade. Ocorre que uma tal situação apresenta-se insustentável, dado o risco que acarreta à humanidade.

Assim sendo, nesse capítulo demonstrar-se-á a relevância do “direito regulatório” – proativo e impulsionador de ações que assegurem o desenvolvimento econômico em equilíbrio com os anseios da sociedade e preservação do meio ambiente.

Ressalte-se que essa modalidade normativa pretende impulsionar atuações ética e moralmente recomendáveis no exercício da atividade empresarial, através da difusão da “autorregulação” – instrumento normativo de maior abrangência que pretende corresponder às especificidades locais, regionais e nacionais. Trata-se de realçar a RSE enquanto instituto social que retira sua validade normativa do dever

ser que espelha a consciência axiológica da sociedade moderna.59

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59 O direito é emanação da cultura de um povo, ou até duma comunidade internacional, o que

Nesse sentido o Direito, enquanto instrumento que impõe condutas e comportamentos, vale-se desse viés proativo para exaltar que o agir em conformidade com aqueles preceitos considerados

desejáveis configura a atitude correta não por receio das implicações

jurídicas que podem ocorrer pelo seu descumprimento, mas unicamente pela certeza de que aquela é a maneira certa de agir.

3.1. Norma moral e norma jurídica

Grande parte dos doutrinadores distingue a norma moral da norma jurídica em razão do caráter coercitivo da segunda. Na lição de Maria Helena Diniz, tem-se que tal distinção não repousa no poder de coação, mas sim na natureza autorizativa da norma positivada em relação à norma moral, uma vez que faculta ao lesado o direito de exigir o cumprimento da norma ou, na impossibilidade, a reparação pelo seu descumprimento.

Nesse sentido, a autora ensina que.

“As normas jurídicas, postas pelo legislador …. podem ser criticadas, mas todos devem agir de conformidade com elas, obedecendo-as por mais iníquas que sejam. Daí serem heterônomas, pois são postas por terceiros, e, enquanto não forem revogadas ou não caírem em desuso, obrigam e se impõem contra a vontade dos obrigados. … Já a norma moral é anterior, compelindo o homem, se ele quiser, à objetivação do bem individual; logo, o sujeito é autolegislador. Só será válida a norma moral, se o próprio sujeito a aceita como obrigatória. Autonomia quer dizer autolegislação, reconhecimento espontâneo de um imperativo criado pela própria consciência”.60

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estatal – ainda que esta seja uma vontade democraticamente formada. MACHADO, J. Baptista.

Introdução ao Direito e ao discurso legitimador. Coimbra: Almedina, 1993, p. 53.

60 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito. Introdução à teoria

Geral do Direito, à Filosofia do Direito, à Sociologia Jurídica e à Lógica Jurídica. Norma

Tem-se assim, que é no caráter “autorizativo” de exigir o cumprimento da norma jurídica que reside seu fator distintivo da norma moral, que representa, por sua vez, um imperativo subjetivo que pode ou não ser adotado pelo indivíduo.

É, pois, no desejo que agir conforme as virtudes61 do grupo social em que está inserido, que o indivíduo é impelido a agir em conformidade com os preceitos de ordem moral comumente aceitos. Ele não pode ser coagido pelas forças do Estado a adotar normas morais, mas o faz por convicções pessoais e axiológicas universalmente praticadas naquele coletivo.62

Tem-se em Kant que não basta aderir a determinados valores morais “pois que aquilo que deve ser moralmente bom não basta que seja conforme à lei moral, mas tem também que cumprir-se por amor dessa mesma lei; caso contrário, aquela conformidade será apenas muito contingente e incerta.”63

Isso quer dizer que não basta a ação conforme as virtudes morais por obrigação ou convenção social, mas há que se adotá-las por convicções intrínsecas e pessoais de que essa é a atitude correta.64

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61 “Ver a virtude na sua verdadeira figura não é mais do que representar a moralidade despida

de toda a mescla de elementos sensíveis e de todos os falsos adornos da recompensa e do amor de si mesmo”. KANT,IMMANUEL. Fundamentação da metafísica dos costumes.

Textos Filosóficos. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1988, p. 65-66.

62 A moral tem uma forte carga social, mas apóia-se em uma série de valores que formam o

caráter moral do indivíduo, que são: o religioso, o familiar, o social, a cultura, a história, a natureza e outros. A composição desses valores forma, sem sombra de dúvidas, a personalidade moral do sujeito, capaz de discernir na prática do ato o certo e o errado, o justo e o injusto, de acordo com os valores absorvidos no meio em que vive. Assim, percebemos que moral também é algo adquirido pela herança e preservado ou não pelo sujeito.

63 KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Textos Filosóficos.

Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70 Ltda, 1988, p. 16.

64 “…pois o que constitui o valor particular de uma vontade absolutamente boa, valor superior a

todo o preço, é que o princípio da ação seja livre de todas as influências de motivos contingentes que só a experiência pode fornecer.” KANT, Immanuel. Fundamentação da

metafísica dos costumes. Textos Filosóficos. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições

Em Samuel P. Huntington tem-se que,

“Os seres humanos compartilham, em praticamente todas as sociedades, certos valores básicos, como que o ‘assassinato é errado’, e também certas instituições básicas, como alguma forma de família. A maioria das pessoas na maioria das sociedades tem um ‘sentido moral’ semelhante, uma ‘tênue’ moralidade mínima de conceitos básicos acerca do que é bom e do que é mal”.65

Desse modo, a proposta de Carlos S. Nino sobre a existência de duas dimensões de “moral” parecem adequadas:

“a moral pessoal ou ‘autorreferente’ que prescreve ou proíbe certas ações e planos de vida em razão dos efeitos que elas tem no caráter moral do próprio agente, segundo certos modelos de virtude; e a moral social ou ‘intersubjetiva’, que prescreve ou proíbe certas ações em razão dos efeitos que possam causar em outros indivíduos distintos do agente”.66 Essa duplicidade de enfoque moral justifica-se, segundo o autor, na delimitação do âmbito de atuação do Estado, que apenas poderia intervir nas situações que tivessem alguma repercussão no grupo a que pertence o sujeito, estando proibido de interferir naquelas situações de foro íntimo do indivíduo.

Corroborando o pensamento do autor, verifica-se que a própria sociedade toma medidas para coibir determinadas ações que contrariam os preceitos morais do grupo, seja através da reprovação coletiva manifestada, seja pelo fato de terem a faculdade de excluir o infrator do seio daquele coletivo, mesmo sem qualquer intervenção Estatal.

Assim, pode-se afirmar que as regras morais também possuem caráter obrigatório, pois apesar de não estarem sob a égide coatora do

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65 HUNTINGTON, Samuel P. El choque de civilizaciones y la reconfiguración del ordem

mundial. Barcelona: Paidós, 1997, p. 65.

66 NINO, Carlos Santiago. El concepto de derechos humanos. In: NINO, Carlos Santiago. Ética

y derechos humanos - un ensayo de fundamentación. Barcelona: Editora Ariel Derecho,

Estado, o próprio grupo se encarrega de punir aquele que age em desconformidade com as virtudes e valores do grupo.

Dessa forma, considerando-se que as normas morais pressupõem a adoção voluntária a determinados princípios de conduta consensualmente aceitos e praticados em certo grupo, não há que se lançar mão da autoridade coatora para impelir o indivíduo a agir em conformidade com aquilo que é aceite pelo grupo.

A grande dificuldade reside em tentar estabelecer valores morais que sejam fruto de consenso nessa sociedade moderna e multicultural, que não se orienta por uma única tradição consagrada. Essa afirmação encontra guarida na lição de Samuel Huntington67, quando evidencia o que ele denomina de “manifestações de decadência moral”, tais como:

1. o aumento da conduta anti-social, como crimes, drogas, e violencia em geral;

2. a decadencia familiar, que inclui maiores taxas de divórcio, ilegitimidade, gravidez na adolescencia e famílias monoparentais;

3. ao menos nos Estados Unidos, a diminuição do ‘capital social’, isto é, do número de membros de associações de voluntários e da confiança interpessoal associada com tais coletivos;

4. a debilidade das relações ‘éticas’ no trabalho e o auge de um culto de tolerancia pessoal;

5. o interesse cada vez menor pelo estudos e pela atividade intelectual, manifestado nos Estados Unidos nos níveis inferiores de rendimento escolar.

Em verdade, não há como negar que a era moderna está caracterizada pelo individualismo que provoca rupturas nas relações sociais, sendo que tais fatores culminam na subversão dos valores que deveriam nortear e orientar suas ações. Não basta um excesso de regulamentação, pois a abundância normativa termina por criar

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67 HUNTINGTON, Samuel P. El choque de civilizaciones y la reconfiguración del ordem

inconsistência e aumentar as incompatibilidades e antinomias do sistema jurídico.

Tampouco se pode deixar de insistir na proteção daqueles primados que assegurem a consecução do “bom e do justo”. Carlos S. Nino propõe que “o conceito de direito moral requer que a situação que constitui seu conteúdo se suponha genericamente benéfica para os titulares de tal direito, comportem elas ou não tal suposição.”68

Assim, infere-se como “moral” o conjunto de virtudes e inclinações favoráveis ao bem comum e que sejam, ao mesmo tempo, adotados e praticados voluntariamente.

Para a presente pesquisa, essa distinção se torna relevante considerando-se a divergência doutrinária acerca da universalidade dos direitos humanos, quer dizer, se têm caráter vinculativo ou se seriam tão somente parâmetros que poderiam ou não ser adotados, enfim, se pertencem ao âmbito das normas morais ou das normas jurídicas.

Cabe ressaltar que os dispositivos normativos que regulam

direitos humanos, como já dito, foram promulgados na forma de

Declarações, Pactos, Convenções, Diretrizes, Livro Verde, Livro Branco etc., tendo sido incorporados na legislação interna da maioria dos países. Desse modo, poder-se-ia afirmar que tais direitos foram

constitucionalizados, adquirindo o status de “fundamentais” no âmbito

dos ordenamentos internos.

Nessas situações, o cumprimento desses direitos fundamentais pode ser imputado pela força coactiva jurisdicional interna. O problema reside quando o descumprimento ocorre por parte da autoridade Estatal, o que deixa o sujeito de tais direitos impossibilitado de valer-se da tutela jurisdicional competente.

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68 NINO, Carlos Santiago. El concepto de derechos humanos. In: NINO, Carlos Santiago. Ética

y derechos humanos - un ensayo de fundamentación. Barcelona: Editora Ariel Derecho,

A questão que se coloca é se seria moralmente aceitável algum país recusar-se a admitir as diretrizes instituídas na Declaração Universal dos Direitos do Homem69, na Convenção Européia para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e na Declaração Internacional de Direito ao Desenvolvimento.

Considerando-se que tais documentos pretendem ter alcance universal, mas que foram elaborados por povos de cultura ocidental, muitos dos preceitos contidos em tais documentos acabam por confrontar determinados valores de culturas não-ocidentais e terminam por ser rejeitados e até mesmo combatidos por tais povos.

Esse confronto não elimina a necessidade do estabelecimento de regras comuns que sirvam de parâmetro na orientação das ações que envolvem interesses da humanidade.

Assim, propõe Patrícia Jerônimo,

“Pelas evidentes marcas de ocidentalidade que apresentam – na sua fundamentação e na sua tradução normativa – os Direitos Humanos não constituem matéria para uma ética mundial. Isso não significa, no entanto, que devamos prescindir da definição de valores e regras que sejam comuns a todos os homens. Um tal quadro de referentes afigura-se de extrema importância para a sobrevivência da comunidade das nações e das civilizações. O progresso científico e tecnológico não uniformizou o mundo, como muitos pretendem, mas possibilitou tantos e tão poderosos meios de comunicação que não podemos mais alhear-nos dos outros e das suas diferenças. Somos forçados a dialogar com eles e este diálogo – como qualquer diálogo – precisa de referentes comuns. Importante é que estes referentes não sejam tomados como absolutos pré- definidos – retirados de uma misteriosa natureza universal -, mas que resultem de um genuíno acordo, conseguido no termo ___________________

69 […]embora seja o principal instrumento e certamente o mais conhecido dos documentos de

direitos humanos produzidos na esfera das Nações Unidas, (a Declaração Universal dos Direitos do Homem) não é um tratado internacional, mas uma simples declaração.... Não sendo um tratado, não pôde ser ratificado e, portanto, não tinha originalmente a pretensão de obrigar os Estados juridicamente, mas sim de servir como paradigma moral. VIEIRA, Oscar Vilhena. A gramática dos direitos humanos. Revista nº 17 - Direitos Humanos - Textos Reunidos. São Paulo: ILANUD/ Brasil, 2001, p. 39.

de um diálogo pautado pelo reconhecimento e respeito mútuo”.70

Essa conciliação de interesses requer, como dito acima, o constante diálogo entre as nações, mas, sobretudo, que se empreenda um esforço conjunto no sentido de implementar aqueles princípios que assegurem a vida humana digna e que sejam fruto de consenso, sem contudo violar ou contrariar as peculiaridades culturais de cada povo. Tanto os valores ocidentais quanto os não-ocidentais precisam estar assegurados nesse processo de harmonização de interesses humanitários.

É, portanto, essa a grande tarefa: como extrair os valores morais que sejam fruto de consenso na universalidade de culturas existentes e como determinar o formato normativo que lhes seja compatível em âmbito internacional, de forma a torná-los vinculatórios da ação dos Estados. É de se imaginar se seria factível a imposição de normas gerais já que não há um tribunal soberano com poder punitivo sobre os Estados que não atuam sob a égide dessas normas.

De outro lado, as normas morais podem adquirir caráter obrigatório se houver o estabelecimento de sanções de ordem econômica e política àqueles que não as cumprirem, i.e., os países recusam-se a manter relações econômicas com aqueles que não aderirem às condutas erigidas como desejáveis.

Há que se considerar esse novo paradigma para que os organismos internacionais se debrucem em torno de interesses

comuns71, e possam encontrar soluções para a dinâmica da

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70 JERÓNIMO, Patrícia. Os direitos do homem à escala das civilizações- proposta de

análise a partir do confronto dos modelos ocidental e islâmico. Coimbra: Almedina, 2001,

p. 254 -265.

71 [...] norma para a paz no mundo multicivilizatório é a ‘norma dos atributos comuns’: os povos

de todas as civilizações devem buscar e intentar ampliar os valores, instituições e práticas que tenham em comum com os povos de outras civilizações[…]. ‘Cabe pensar que a modernização

modernidade, que carece de soluções inéditas para as novas situações que ora são postas. Transformar “Direitos Humanos” em algo imperativo, dinâmico, abrangente e vinculante requer um posicionamento imparcial e respeitoso para com as particularidades e especificidades de cada país, sem olvidar da eficácia que tal empreendimento merece.

Na prática, verifica-se que a formulação de coordenadas uniformes para o Desenvolvimento Sustentável representa um instrumento que pode se mostrar eficiente, desde que esteja associado à conscientização das implicações que a modernização sem regras pode acarretar. No âmbito da Responsabilidade Social das Empresas, deve-se evidenciar, simultaneamente, as vantagens das práticas “socialmente e moralmente” recomendáveis, e as desvantagens que o crescimento desordenado pode acarretar para a segurança do planeta.

Há que se reconhecer, finalmente, que esse é o momento de olhar o Direito em sua função promocional e, enquanto tal, consolidar seu caráter essencial na regulação de condutas em conjunto com sua dimensão sociológica, ou seja, o direito reage aos novos paradigmas e talvez tenha alcançado uma nova dimensão, dessa vez mais regulatória do que positiva.

3.2. Costume como fonte de Direito

A adoção de práticas reiteradas e consagradas no seio de determinada comunidade como forma de regular a convivência coletiva é assente desde que o ser humano passou a viver em grupo. Baseadas no costume e na tradição empregadas de forma usual e comumente aceitas,

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e a evolução moral humana, produzidas por uma maior educação, consciência e compreeensão da sociedade humana e de seu entorno natural, produzem um movimento sustentado até níveis cada vez mais altos de civilização. HUNTINGTON, Samuel P. El choque

o direito consuetudinário é das mais antigas fontes do Direito72, pois era nele que os indivíduos se baseavam para adotar ou reprimir determinadas condutas. Esse formato perdurou até o advento da lei escrita e foi uma das manifestações primevas do direito.

Na atualidade, o costume perdura enquanto fonte supletiva da norma posta, isto é, dada a dinâmica da vida moderna, o Direito, enquanto conjunto de normas expedidas pelo órgão legislativo competente, não alcança, na mesma velocidade em que surge, uma infinidade de situações possíveis que requerem proteção jurídica.

Nesse sentido, Maria Helena Diniz ensina que,

“a lei, por mais extensa que seja em suas generalizações, por mais que se desdobre em artigos, parágrafos e incisos, nunca poderá conter toda a infinidade de relações emergentes da vida social que necessitam de uma garantia jurídica, devido à grande exuberância da realidade, tão variável de lugar para lugar, de povo para povo. Por isso, ante a insuficiência legal, é mister manter a seu lado, quando for omissa e quando impossível sua extensão analógica, as fontes subsidiárias do direito que revelem o jurídico”.73

O que define, portanto, uma prática reiterada como fonte normativa é sua regularidade e constante repetição, bem como o consenso em torno de sua aceitação, ou seja, deve haver a convicção de que determinado comportamento é obrigatório.

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72 O Código Civil Português exclui o costume como fonte imediata de direito. Contudo, no

Direito Internacional Público, por força do art. 8, I, da Constituição portuguesa, o costume internacional continua a ser importante fonte do direito, vigorando na ordem jurídica interna portuguesa pelos simples facto de vigorar na ordem internacional (recepção automática). MACHADO, J. Baptista. Introdução ao estudo do direito e ao discurso legitimador. Coimbra: Almedina, 1993, p. 161-162.

73 DINIZ, Maria Helena. Compêndio de introdução à ciência do Direito.Introdução à teoria

Geral do Direito, à Filosofia do Direito, à Sociologia Jurídica e à Lógica Jurídica. Norma

Maria Helena Diniz preconiza ainda que o costume,

“é, portanto, uma norma que deriva da longa prática uniforme ou da geral e constante repetição de dado comportamento sob a convicção de que corresponde a uma necessidade jurídica.’ E conclui que a ‘fonte jurídica formal é, então, a prática consuetudinária, sendo o costume ou a norma costumeira uma forma de expressão jurídica; deveras o costume não gera o direito, é apenas um modo pelo qual ele se expressa, daí sua exigibilidade”.74

Castanheira Neves relaciona o costume ao pensamento jurídico sociológico, que busca na realidade social o fundamento da prática consuetudinária. Pondera que as sociedades modernas e organizadas concorrem cada vez mais para excluir o costume de suas ordens jurídicas nacionais e, por outro lado, as comunidades jurídicas internacionais potencializam seu relevo em razão da precária organização institucional dessa comunidade.75 Mas até nas sociedades com estruturas políticas fortemente estabelecidas, a dinâmica das relações de nossa época se dá com enorme velocidade.

Considerando-se a celeridade com que as demandas são postas em razão dos novos tempos e frutos da rapidez em que novos e inéditos conflitos ocorrem, as alterações na ordem normativa só terão efeitos à medida que alcancem essa mesma dinâmica inconstante.

Nessa era da tecnologia da informação, as relações se tornam mais complexas à medida que o progresso reduz as fronteiras favorecendo a circulação dos produtos e serviços em escala mundial, o que cria novas instabilidades que carecem de soluções normativas.

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