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Vou apresentar agora outro conto de fada europeu, de Grimm, porque gostaria de lhes mostrar como funciona o problema da sombra em nossa civilização. Gostaria que vocês não se esquecessem da quarta figura no conto "O leal e o desleal Ferdinando": a figura do cavalo branco que se transforma em príncipe é a chave do problema, pois sempre dá o conselho certo ao herói, sendo, mais tarde, ele próprio transformado. O conto de fada que se segue, parece mostrar esse tipo de figura sob uma nova luz: "O Fiel João".

Era uma vez um velho rei doente; achando que ia morrer, pediu para ver o seu mais querido servo, o Fiel João, assim chamado por causa de sua fidelidade. Quando este chegou, o rei disse que sentia a morte se aproximando, e se preocupava somente com seu filho que ainda estava numa idade em que nem sempre aceitava conselhos. Assim, gostaria que o Fiel João lhe prometesse que ensinaria ao príncipe tudo o que este devia saber e que seria um pai para ele, assim o rei poderia fechar seus olhos em paz.

O Fiel João prometeu não desamparar o menino, servindo-o fielmente mesmo com o risco de perder a própria vida. Assim o rei disse que poderia morrer confortado e em paz, mas depois acrescentou que após sua morte o Fiel João deveria mostrar o castelo inteirinho para o príncipe, todos os cómodos com seus tesouros, com exceção do úl-

timo quarto do longo corredor, pois nele estava es- condido o quadro da Princesa do Teto de Ouro. Se o príncipe visse esse quadro, ficaria logo loucamente apaixonado por ela, definharia e se veria ameaçado por um grande perigo. Quando o Fiel João deu a mão ao rei com a promessa de fazer o que este desejava, o rei deixou a cabeça cair no travesseiro e morreu.

Depois do enterro do velho rei, o Fiel João contou ao príncipe o que tinha prometido no leito de morte do rei, dizendo que manteria sua promessa e seria fiel ao príncipe como tinha sido ao velho rei, mesmo que isso lhe custasse a vida. Quando o luto terminou, o Fiel João disse ao príncipe: "Agora já é tempo de você ver o que herdou e vou lhe mostrar o castelo de seu pai". E mostrou-lhe tudo, de cima a baixo e de um lado a outro, deixando-o ver todas as riquezas e as maravilhosas salas, com exceção do quarto onde estava o perigoso quadro da princesa. Esse quadro estava de tal forma colocado que seria a primeira coisa a ser vista por quem abrisse a porta, e era tão bonito que a pessoa logo se apaixonaria achando que tinha vida — não existia nada mais belo e admirável no mundo inteiro.

O jovem rei percebeu que o Fiel João sempre evitava aquele quarto e lhe perguntou por quê. O Fiel João respondeu que nele existia algo que iria amedrontá-lo. Mas o rei respondeu que já tinha visto todo o castelo e que agora queria saber o que havia naquele quarto e tentou abrir a porta à força. O Fiel João segurou-o, contando a promessa que tinha feito ao velho rei de não mostrar o que o quarto continha, caso contrário uma grande infelicidade cairia sobre ambos. Mas o jovem rei insistiu, dizendo que não teria paz enquanto não visse com os próprios olhos o que havia dentro do quarto e que isso não iria prejudicá-lo. Recusou-se a sair de perto da porta até que esta fosse aberta.

O Fiel João, com o coração pesado e pressentindo uma desgraça, tirou a chave e a introduziu na fechadura. Aberta a porta, postou-se na frente para impedir que o rei visse o quadro, mas o rei ficou na ponta dos pés e espiou por cima do ombro do servo. Quando viu o retrato da princesa, reluzente de ouro e pedras preciosas, o jovem rei caiu no chão desmaiado. 0 Fiel João ergueu-o e o levou até sua cama, sabendo que a desgraça tinha chegado e imaginando o que iria acontecer depois. Deu um pouco de vinho ao rei e a primeira coisa que este perguntou foi de quem era aquele lindo retrato. Aquela é a Princesa do Teto de Ouro, respondeu o Fiel João. Então o rei disse que estava tão apaixonado, que mesmo que todas as folhas das árvores fossem línguas elas não seriam suficientes para con- tar do seu amor; que arriscaria a própria vida para possuí-la, e que o Fiel João deveria ajudá-lo.

O fiel servidor pensou por muito tempo no que deveria fazer para ajudar o jovem rei, até que achou um jeito. Disse ao rei que a princesa estava rodeada por objetos de ouro — mesas, cadeiras, tijelas, taças, vasos e todos os objetos de casa — e como o rei possuía cinco toneladas de ouro em seu castelo, os ourives deveriam usá-lo para fabricar todos os tipos de pratos, talheres, pássaros, animais selvagens e maravilhosos, pois isso tudo agradaria à princesa. Deveriam colocar tudo dentro de um navio e tentar a sorte. O rei então ordenou que isso tudo fosse feito e os ourives tiveram que trabalhar noite e dia para aprontar os lindos objetos. Quando tudo estava a bordo, o rei e o Fiel João vestiram--se de mercador para não serem reconhecidos. Foi uma longa viagem através dos mares, até chegarem ao lugar onde morava a princesa.

Uma vez ali, o Fiel João deixou o rei no navio esperando, dizendo que talvez na volta trouxesse consigo a princesa e que tudo deveria estar na mais perfeita ordem, com os objetos de ouro à vis-

ta e o navio bem limpo. Aí, escolheu algumas peças de ouro que colocou no embornal e dirigiu-se ao castelo real. No pátio encontrava-se uma linda jovem segurando dois baldes de ouro, com os quais tirava água de um poço; vendo o Fiel João, perguntou-lhe quem ele era. Este respondeu que era um mercador e abrindo seu bornal mostrou o que trazia consigo. A jovem pôs os baldes no chão e olhou todas aquelas belezas, dizendo que a princesa adorava objetos de ouro e que deveria vê-los, pois provavelmente compraria todos. Conduziu-o então até a princesa que, encantada, disse que compraria tudo. Mas o Fiel João contou-lhe que era apenas servo de um rico mercador, que o que tinha trazido não era nada em comparação com o que havia no navio: os mais belos e artísticos objetos jamais feitos em ouro. A princesa queria que lhe trouxessem tudo mas o Fiel João disse que os objetos eram tantos que levaria muitos dias para trazê-los, que ocupariam tantos quartos que não haveria lugar para tudo. Isto aumentou a tal ponto a curiosidade e o desejo da princesa que ela resolveu ir pessoalmente ver a mercadoria.

O Fiel João ficou muito feliz e conduziu-a até o navio; quando o rei viu que ela era ainda mais bela que o retrato, achou que seu coração ia parar. Quando ela entrou no navio o rei levou-a para baixo, mas o Fiel João permaneceu no tombadilho e pôs o navio em movimento, com as velas soltas para que voasse como um pássaro. O rei levou horas mostrando os lindos objetos e em seu deleite a princesa não percebeu que o navio se movimentava. Depois de ter visto tudo, agradeceu ao mercador e desejou retornar — mas, então, percebeu que estava longe da terra. Daí ela começou a chorar, dizendo que tinha sido enganada e que agora se encontrava em poder de um mercador, mas o rei segurou-lhe a mão explicando que não era um mercador mas sim um rei, tão bem nascido quanto ela, e que a tinha

capturado por estar perdidamente apaixonado. Contou-lhe que tinha desmaiado ao ver seu retrato pela primeira vez. Dessa forma a princesa se conformou e consentiu em se casar com o rei.

Ora, acontece que enquanto sentava no tomba- dilho o Fiel João avistou três corvos; parou de tocar sua música e começou a escutar o que conversavam. Um deles disse que o rei estava levando a Princesa do Teto de Ouro para casa, mas o segundo retrucou que isso não queria dizer que ele já a possuísse. 0 terceiro comentou que o rei a possuía, visto que ela estava no navio com ele. Aí o primeiro disse que isto não adiantava, pois quando chegas- sem à terra um cavalo vermelho correria em sua direção, e quando o rei tentasse montá-lo, o cavalo fugiria com ele pelos ares, de modo que nunca mais tornaria a ver a jovem. O segundo corvo perguntou se nada poderia ser feito para salvá-lo; o outro respondeu que se alguém pulasse na sela, tirasse a pistola do coldre e atirasse no cavalo, o jovem rei seria salvo. Mas quem sabia disso? E se alguém viesse a saber, viraria pedra, dos pés até os joelhos. Daí a segunda ave disse que mesmo que o cavalo fosse morto, o rei não teria sua noiva, pois quando chegasse ao castelo a camisa nupcial estaria numa bacia e pareceria tecida de ouro e prata, mas na verdade era feita de enxofre e piche, e quando fosse vesti-la, o rei queimaria até os ossos. Novamente a terceira ave perguntou se nada poderia ser feito; a segunda respondeu que se alguém com luvas pegasse a camisa e a atirasse ao fogo, o jovem rei seria salvo, mas isso pouco adiantava, pois aquele que soubesse disso, e contasse ao rei, viraria pedra dos joelhos até o coração. Então a terceira ave comentou que sabia de mais coisas ainda e que mesmo que a camisa fosse queimada, o rei não teria a princesa, pois ao dançar depois do casamento ela empalideceria subitamente e cairia como morta, e se alguém não a erguesse e não ti-

rasse três gotas de sangue de seu seio direito, ela morreria. Mas se alguém soubesse disso, viraria pedra da cabeça aos pés.

Então os corvos bateram asas e a partir desse momento o Fiel João ficou triste e silencioso, pois se não contasse tudo ao seu senhor, seria um infeliz, mas se contasse, teria de pagar com a própria vida. Finalmente decidiu-se a salvar seu rei, mesmo que tivesse que morrer.

Quando alcançaram a terra, um cavalo verme-lhe apareceu exatamente como tinham dito os corvos; o rei queria levá-lo ao castelo e foi montá-lo, mas o Fiel João foi mais rápido e atirou no animal. Os outros servos disseram que era horrível matar um cavalo tão bonito, mas o rei apoiou o Fiel João. Quando chegaram ao castelo, a camisa nupcial estava numa bacia e parecia feita de ouro e prata. O rei quis vesti-la, mas o Fiel João empurrou-o e, com as mãos enluvadas, jogou-a ao fogo. Mais uma vez os servos condenaram tal façanha e novamente o rei defendeu o Fiel João.

Quando chegou a hora do baile, o Fiel João ficou observando a princesa o tempo todo. De repente ela ficou branca e caiu no chão. Ele correu até ela, carregou-a para o quarto, deitou-a na cama e ajoelhando-se ao seu lado, chupou três gotas de sangue de seu seio direito e as cuspiu fora. A princesa recobrou os sentidos mas o rei, que tinha presenciado a cena, não entendeu porque o Fiel João tinha feito isso, ficou furioso e ordenou que o jogassem na prisão. Na manhã seguinte, o Fiel João foi condenado e levado à forca, e quando estava para ser enforcado reclamou o direito de falar. O rei consentiu e o Fiel João disse que estava sendo condenado injustamente, que sempre tinha permanecido fiel ao rei, contando então o que ouvira das aves e como seu senhor poderia ser salvo. O rei chorou pelo seu servo mais fiel, pediu-lhe perdão e orde- nou que fosse libertado. Mas ao dizer sua última

palavra o Fiel João caiu morto, transformando-se numa pedra.

O rei e a rainha estavam infelizes. O rei re- conheceu que tinha retribuído uma grande fidelidade com o mal, e levou a pedra para o quarto, colocando-a ao lado da cama. Todas as vezes que via a pedra começava a chorar, dizendo que se ao menos seu servo pudesse viver outra vez... O tempo foi passando e a rainha deu à luz gémeos que cresciam e eram a alegria do casal. Um dia, quando a rainha estava na igreja e as crianças brincavam perto do pai, este novamente olhou para a pedra, desejando fazê-la viver. Então a pedra começou a falar e disse que voltaria à vida se o rei sacrificasse o que tinha de mais caro. O rei disse que daria o que quer que fosse. A pedra respondeu que se o rei cortasse a cabeça dos filhos com as próprias mãos e a untasse com sangue, ela retornaria à vida. O rei ficou horrorizado ao ouvir que teria que matar com as próprias mãos seus filhos queridos, mas pensando na imensa fidelidade do servo, que tinha morrido para salvá-lo, desembainhou a espada e cortou a cabeça das crianças. Depois de ter coberto a pedra com o sangue das crianças, o Fiel João voltou à vida e disse que a boa fé do rei seria recompensada. Pegou as cabeças das crianças, ajeitou-as sobre os respectivos pescoços, untou a ferida com sangue e imediatamente os meninos voltaram à vida e continuaram brincando normalmente, como se nada tivesse acontecido. O rei estava exultante e ao ver que a rainha estava voltando, escondeu o Fiel João e as crianças num armário, perguntando-lhe se tinha rezado na igreja. Ela respondeu que sim, mas que durante todo o tempo tinha pensado no Fiel João, o quanto fora infeliz por causa dele. O rei replicou: "Querida esposa, nós poderíamos fazer o Fiel João viver outra vez, mas isso custaria a vida de nossos dois filhos que deveriam ser sacrificados". A rainha em-

palideceu aterrorizada, mas disse que estavam em débito com o Fiel João por sua fidelidade. O rei ficou feliz ao ver que ela pensava como ele e, abrindo o armário, fez sair as crianças e o Fiel João. Disse que deveriam agradecer a Deus por ter libertado o Fiel João e por terem os dois filhos de volta. Contou à rainha o que tinha acontecido e eles viveram felizes pelo resto de suas vidas.

Tudo aconteceu como tinha sido previsto e o jovem rei, de início, não entende por que o Fiel João faz coisas horríveis, como, por exemplo, matar o cavalo e jogar no fogo a camisa nupcial. Mas quando o servo chupa as três gotas de sangue do seio direito da noiva, o rei fica com ciúmes e ao invés de apoiá-lo contra os outros servos, como antes, manda prendê-lo. Só depois de condenado e levado à forca é que o Fiel João pede permissão para falar, uma vez que morreria de qualquer jeito. Daí então explica a razão de ter agido daquela forma, dizendo que tinha ouvido o que as aves conversavam. O rei pede perdão, mas ao dizer a última palavra o Fiel João é petrificado. Nesse momento o rei e a rainha percebem o quanto o servo tinha feito por eles e quão pouco tinham confiado nele. O rei leva a estátua para o quarto e a deposita ao lado da cama.

Agora vemos que a palavra "sombra" tem um sentido muito relativo e funcional nos contos de fada. Desta vez podemos dizer que o herói e a sombra são ambos: João e o príncipe — cada um é a sombra do outro, como o alfaiate e o sapateiro que também representavam tal contraste arquetípico.

Na primeira estória a cegonha é a portadora do novo rei. Na estória do "Leal e Desleal Ferdinando", o mendigo influencia um personagem (o Leal Ferdinando), que assim se torna o rei, enquanto o outro (o Desleal Ferdinando), sai de cena. Na estória do Fiel João a situação progrediu: como o velho rei não precisa ser de-Posto (pois já está morrendo), a estória representaria um

um passo à frente e o rei morre naturalmente. O jovem rei, o príncipe, está presente, e o Fiel João desempenharia um papel paralelo ao da cegonha; João é o formador do jovem rei, e a figura do sapateiro é evocada de um modo estranho, isto é, através das projeções do rei sobre João, erroneamente considerado pelo rei como um agente do mal. De certa forma, o veneno na estória pode ser considerado como as projeções do rei, mas é também o sangue venenoso da noiva, o cavalo vermelho e a camisa nupcial. O elemento venenoso, personificado no sapateiro em outras estórias, é desta vez um elemento que se encontra dentro da noiva e do qual ela tem de ser purificada, até tornar-se a imagem da anima. Seu veneno é a causa de todos os mal-entendidos, especialmente o que afeta o fiel servo.

O nome João é revelador, pois provém da lenda medieval judaica do rabi Johannan, que ajudou o rei Salomão. Nessa estória também existe uma esposa-ânima venenosa. Se assim for, o nome indica que João, o formador do novo rei, é um tipo de personalidade de sacer-dote-feiticeiro.

Esta é uma estória muito interessante. Se eu fosse fazer uma palestra a respeito da anima em contos de fada, teria aqui amplificações muito típicas. Ela é a Princesa do Teto de Ouro e aparentemente está possuída pela magia do mal, que destrói todo aquele que dela se aproxima, e isto precisa ser exorcizado para que o rei possa se casar com ela e permanecer ileso. O tema é ar- quetípico e a ideia de que uma jovem bonita, de alguma forma enfeitiçada, ou com um corpo venenoso que mata quem quer que dela se aproxime, a menos que saiba exorcizá-la, parece ser um elemento comum nas lendas orientais. Nos países da Europa setentrional, o veneno da noiva aparece frequentemente no fato de que a noiva tem um caso secreto com um demónio pagão da floresta, razão pela qual ela se torna uma destruidora de homens; e enquanto não for capaz de cortar essa ligação ou de matar o demónio, ou espírito do mal que está por trás da anima, o rei não conseguirá possuí-la

Se tentarmos interpretar psicologicamente este tema, podemos dizer que a anima tem uma influência que definimos como uma ligação com os níveis mais profundos do inconsciente. Ela representa um modo de abordar o inconsciente coletivo; isto é, se um homem tentar tornar conscientes e meditar nos estados de espírito e fantasias que o apanham pelas costas, então poderá penetrar nos níveis mais profundos do inconsciente. A pergunta que o indivíduo deve se fazer é: "Por que me aborreço tanto a respeito disto ou daquilo?" Se fizer essa pergunta um homem encontrará o que está por trás de sua anima e ficará sabendo que ela é a noiva do demónio. Psicologicamente podemos dizer que ela está contaminada por impulsos inconscientes que querem se tornar conscientes e que, como isso não ocorre, afetam o lado emocional do homem e influenciam seu humor, de modo que ele tem que cruzar a ponte de suas emoções para descobrir o que são os poderes demoníacos. Em geral, trata-se principalmente de ideias religiosas e imagens de divindades que caíram no inconsciente e que devem se tornar conscientes. Podemos dizer que são ligações religiosas que permaneceram inconscientes, pois o que não está integrado cai no domínio da anima; con- seqiientemente exorcizar a anima geralmente significa uma re- discussão de problemas religiosos. A anima, como uma típica mulher, pega no ar as necessidades de uma nova era, pois sendo menos rígida e preconcei-tuosa que a consciência masculina, capta as possibilidades do novo Zeitgeist e, impaciente, traz os fatos até a consciência.

Certa vez conheci um cientista que a meu ver tinha uma

Weltanschauung científica um tanto rígida que terminou por ficar

preso nos mecanismos do Zeitgeist. Ele ignorava em boa medida as descobertas da física moderna, e continuava seguindo mecânica e conscienciosa-mente suas velhas ideias. Durante algumas discussões eu lhe falei a respeito das descobertas psicológicas e o convenci das descobertas da física moderna que mudaram a imagem que tínhamos da matéria. Mas ele sempre ti-

nha uma reação emocional e um dia me disse que se essas coisas se comprovassem, teria que se matar. Isso me pareceu uma loucura e eu lhe perguntei por que não encarava tais coisas objetivamente para ver se eram ou não verdade. Por que ficar tão emocionado com isso? É uma reação imprópria e feminina: as mulheres é que julgam dessa forma. 0 mundo não se modifica se as ideias mudarem. Mas o cientista disse que tinha que sustentar o que ensinara a gerações de jovens estudantes, que era responsável pelo ensino de tais ideias, e que se descobrisse que elas não

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