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4.3 Modelagem Conceitual do Projeto de BDG

4.4.2 Representação cartográfica das classes geográficas

Não era objetivo desta pesquisa, definir representações cartográficas na escala cadastral. Até porque este é um assunto novo, com pouca literatura a respeito e tema para uma pesquisa específica,

como já vem ocorrendo no meio acadêmico.

Não há no Brasil uma norma nacional para representação da cartografia cadastral, assim como não existe normas que tratam de mapeamentos e produtos nesta escala. Por isso, cada instituição, empresa ou profissional pratica o que bem entende para os seus produtos cartográficos de escala grande.

Em virtude deste cenário, têm surgido pesquisas sobre este tema, especialmente de alunos vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina. Um trabalho de especial importância para o setor elétrico vem sendo desenvolvido sob a orientação do Prof. Dr. Francisco Henrique de Oliveira e consiste numa proposta de produtos cartográficos e de normas para a representação cartográfica cadastral de projetos de LT’s.

Apesar das limitações quanto ao assunto, não podia ser desconsiderada na pesquisa a representação dos dados geográficos, uma vez que, a pesquisa trata da gestão padronizada de dados cadastrais sob o foco multifinalitário. Além disso, durante a análise de requisitos para a modelagem conceitual constatou-se uma série de problemas com a representação cartográfica utilizada pela ELETROSUL, especialmente porque cada usuário segue a sua percepção, não havendo uma padronização.

Dentre os problemas constatados pode-se citar:

 O uso da cor azul para limites de parcelas (plantas georreferenciadas de imóveis), sendo que esta cor deve ser usada preferencialmente para corpos d’ água ou semelhantes;  Cor amarela para faixa de APP, quando o ideal é usar a cor

verde ou tonalidades próximas para facilitar o processo cognitivo;

 Cor verde para delimitar os polígonos de uso do solo associados a letras que identificam o tipo de uso existente na parcela. A forma de representar não é o maior problema, mas sim, a cor que num primeiro momento pode conduzir o leitor à uma interpretação errada (pode achar que se trata de polígonos de vegetação, por exemplo).

Devido aos problemas acima citados decidiu-se sugerir no dicionário de dados a representação cartográfica das classes modeladas. A sugestão foi baseada na análise de três trabalhos acadêmicos, três normas oficiais no nível nacional, uma norma oficial para o nível estadual, uma recomendação para o nível de agência reguladora e uma especificação de órgão responsável pela cartografia nacional, listadas a seguir:

 FERNANDES (2005) - propôs uma normatização da simbologia das cartas do mapeamento cadastral urbano a partir da análise de dez cartas cadastrais urbanas nacionais e duas internacionais, nas escalas de 1:500 a 1:2000;

 DAL SANTO (2007) – tratou de generalização cartográfica nas escalas 1:10.000 e 1:25.000 e apontou dimensões mínimas para símbolos, diâmetro mínimo de pontos, espessura mínima de linhas, distância mínima entre duas linhas paralelas, espessura mínima de linhas na cor preta, espessura mínima de linhas na cor azul e espessura mínima de linhas na cor marrom;

 MONTEIRO (2008) – propôs a classificação do uso e da cobertura da terra e sua representação cartográfica na escala 1:10.000;

 ABNT (NBR 13.133/1994) - convenções topográficas para levantamentos topográficos;

 DSG (2000) – convenções cartográficas nas escalas 1:25.000, 1:50.000, 1:100.000 e 1:250.000. Trata-se de convenções para pequenas escalas, mas que auxiliaram de alguma forma na análise;

 INCRA (2003) – propõem elementos cartográficos para elaboração de planta para imóveis georreferenciados;

 CTCG (1996) - normas para representação cartográfica nas escalas 1:2.000, 1:5.000 e 1:10.000, que vêm sendo utilizadas no Estado do Paraná por concessionárias de serviços públicos como a COPEL, Companhia de Saneamento do Paraná - SANEPAR e pelo Serviço Social Autônomo Paranacidade;  ANEEL (2008) - sugere no SIGEL, cores para representação

cartográfica das LT’s de acordo com a sua tensão elétrica;  IBGE (2007b) – especifica convenção de cores para

mapas/cartas de solo (sistema RGB) da 2ª edição do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006). Os elementos considerados para a representação das classes modeladas foram o sistema RGB (256 cores), o Estilo (forma do traço da linha) e a Espessura da Pena (espessura da linha em milímetros). O sistema RGB (Red, Blue e Green) consiste num modelo para apresentação de cores, baseado na combinação das três cores e normalmente presentes nos softwares de produção cartográfica, como SIG e sistemas CAD. Com relação ao Estilo foram considerados 6 formas de traço para linhas, conforme Figura 29.

Figura 29 - Estilo de linha

Não se definiu o tamanho de símbolos na representação cartográfica das classes modeladas, porque este depende da escala de visualização dos dados ou de plotagem do produto cartográfico. Somente se identificou as classes que podem ter múltiplas representações cartográficas, por exemplo a Classe Rio que pode ser representada por uma linha ou por um polígono, dependendo da escala de representação.

Questões relacionadas às múltiplas representações de objetos geográficos decorrentes de generalização cartográfica fazem parte da modelagem conceitual da estrutura dinâmica do BDG, etapa não contemplada nesta pesquisa. Outras informações a respeito estão no Capítulo 2 (diagramas de transformação e apresentação do modelo de dados OMT-G).

No Apêndice V deste trabalho são apresentadas as representações cartográficas sugeridas para as classes geográficas modeladas conceitualmente e que se encontram documentadas no dicionário de dados. Em alguns casos as subclasses (especializações das superclasses) herdaram as representações cartográficas das superclasses, como por exemplo, as subclasses das superclasses Parcela Cadastral, Testada, MargemTreCurAgua e DivisaoAdministrativa. Em outras situações, quando as especializações das classes foram modeladas sobretudo para fins de avaliação econômica, optou-se por diferenciar as representações cartográficas das subclasses. Como exemplo desta situação podemos citar as subclasses das superclasses MassaAgua, CursoAgua, Via, entre outras.

Em alguns casos de relacionamentos de agregação, a classe agregada recebeu a mesma sugestão de representação cartográfica da classe agregadora (ex: TrechoCursoAgua e CursoAgua, TrechoVia e

Via, TrechoLT e LinhaTransmissao, TrechoLD e LinhaDistribuicao). Em função da necessidade dos usuários do BDG modelado de representar os objetos de uma classe geográfica principalmente através de seus atributos, para algumas classes sugeriu-se a representação cartográfica somente para os seus atributos. Esta situação ocorreu para as seguintes classes: VerticeParcela, VerticeAPPVariavel, CurvaNivel, PontoReferencial e LinhaTransmissao.

Para as classes UsoCoberturaSolo, Solo e AptidaoAgricola modeladas como fenômenos geográficos do tipo campo geográfico, representados por polígonos adjacentes, sugeriu-se representação cartográfica para as categorias temáticas das classes.