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Representação Temática e a Simbologia na Cartografia

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A IMPORTÂNCIA DO CADASTRO TÉCNICO PARA ESTRUTURAR O PLANEJAMENTO CONSCIENTE

2.1.3 Representação Temática e a Simbologia na Cartografia

A representação gráfica segundo Martinelli (2003) é uma linguagem de comunicação visual e sua especialidade reside no fato de estar vinculada às relações que podem se dar entre os significados dos signos. Quando queremos nos comunicar com alguém e descrever uma relação espacial, queremos que a nossa descrição evoque uma imagem semelhante na mente desse alguém. A melhor maneira de ter certeza que isto tenha chance de acontecer é providenciando uma representação visual dessa imagem (ROBINSON ET AL. 1995).

Para Nogueira (2008) os dados que descrevem um fenômeno de um determinado espaço geográfico podem ser mostrados com o uso de uma variedade de signos geográficos. Ainda para o mesmo autor, as características gráficas dos traços relacionados aos atributos dos dados, conduzem à idéia de signos, os quais são designados de símbolos. Os símbolos dotados de um significado geográfico, quando arranjados num plano formam o que se chama de mapa.

Em termos de comunicação cartográfica, símbolos cartográficos podem ser comparados com palavras em uma linguagem (FERNANDES, 2006). Para BOS, E.S. (1984) e CAMPBELL, J. (1991) consideram o projeto de símbolos um dos níveis mais importantes no processo de comunicação cartográfica, e concluem que tais símbolos devem ser selecionados e projetados a fim de serem compatíveis com a concepção do projeto global do mapa.

Uma série de fatores deve ser considerada na construção de um documento cartográfico eficaz: modo de implantação da informação espacial (pontual, linear, areal ou volumétrico), escala de mensuração (nominal, ordinal, intervalar ou razão) e distribuição espacial. (RAMOS, 2005)

A afirmação de Bos, (1963), apud Decanin,(2005):

Um mapa representa feições ou fenômenos através de símbolos, que são uma categoria particular dos signos. Toda representação humana, expressão e a comunicação são realizadas através do uso de signos. Com signos é possível referir, descrever e organizar conceitos. Desenvolvido e universalmente empregado, um sistema de signos é aquele cuja linguagem parece ser fundamental para todas as formas de expressão humana e comunicação. Signos que são usados graficamente em um espaço bidimensional organizado, operam de maneira diferente daquela usada na linguagem

verbal. Embora o termo "linguagem" seja freqüentemente usado para referir-se a qualquer sistema de signos, as diferenças entre descrição verbal e gráfica são mais importantes do que suas semelhanças.

Novamente Bos, (1984), apud Barbosa et al. (2005) a classificação dos símbolos cartográficos quanto a forma pode ser:

Alfanuméricos: são aqueles compostos de letras e números. Muitas vezes, abreviaturas são usadas para dar a identificação das feições específicas. Alguns destes podem ser encontrados em mapas topográficos e em plantas de cidades. Códigos de letras e números são freqüentemente usados nos mapas de recursos naturais, como por exemplo, em mapas de uso do solo, mapas geológicos, mapas de vegetação etc, para esclarecer símbolos de áreas complexas, ou ainda, dar informações adicionais. São amplamente utilizados em mapas turísticos ou de uso público.

Geométricos ou Abstratos: os símbolos geométricos possuem forma regular tal como um círculo, um quadrado, um triângulo, um hexágono etc. Quando se olha para esses símbolos fica evidente que nenhum sentido claro pode estar ligado a eles. Ao contrário dos símbolos pictóricos não há semelhança com a feição, um círculo pode representar uma cidade no mapa, em outros pode representar uma torre, uma parada de ônibus, a localização de uma indústria etc. Conseqüentemente, os símbolos geométricos, geralmente, têm que ser explicados na legenda do mapa. Por causa da sua forma geométrica é fácil para o usuário imaginar o ponto central e deste modo a sua localização. Diferentemente dos símbolos pictóricos, os símbolos geométricos, devido sua forma irregular e simples, não ocupam grande espaço no mapa e, portanto, não cobrem outros detalhes (depende da escala do mapa). Pictóricos ou Descritivos: os símbolos pictóricos são elementos que de um modo realista ou simplificado representam o que deve significar (autoexplicativos). Símbolos pictóricos são importantes para mapas turísticos de uso público. A partir de avaliações de símbolos cartográficos

para mapas turísticos, assim (BLOK , 1987) demonstra que símbolos pictóricos são mais claros que os abstratos. Quadro 1.

Quadro 1 - Classificação dos símbolos cartográficos quanto a forma adaptado.

Fonte: (BLOK , 1987).

De acordo com Lessa (1995), há três tendências de utilização de símbolos cartográficos:

- Verossimilhança: a seleção a mais fiel possível de tudo que é aparente em um objeto;

- Simplificação: aquilo que é mais essencial;

- Estilização: a seleção e alteração de traços particulares; Objetos geográficos são espacialmente representados tanto como dado vetorial ou como dado raster, conforme apresentado na Tabela 1. Os dados vetoriais consistem de primitivas geometrias de pontos, linhas e polígonos e a primitiva topologia de nós, faces e elos. Dados raster é baseado na divisão do mundo real em um pequeno universo uniforme de unidades (células/pixel).

Acerca das relações espaciais, estas podem ser agrupadas em três categorias segundo BERTINI (2003):

- Topológicas: descrevem conceitos de vizinhança, incidência, sobreposição, não variando com a escala ou com a rotação, como por exemplo, disjunto, adjacente, dentro de.

- Métricas: consideradas em termos de distancias (como perto, longe) e direções (descrevem a orientação no espaço, como por exemplo, norte, sul etc.)

- De ordem (total ou parcial): são descritas por preposições do tipo em frente a, acima de, abaixo de etc.

De forma simplificada podemos definir as seguintes propriedades:

Alfanuméricos =>

E – (escola) E.F. – (Estação Ferroviária)

65m – (altitude)

Geométricos ou Abstratos =>

- Geométricas - representada pelas feições geométricas primitivas (ponto, linha, polígono), para as quais se estabelecem relacionamentos métricos em relação a um sistema de coordenadas.

- Topológicas: propriedades não-métricas, baseadas na posição relativa dos objetos no espaço, como conectividade, orientação, adjacência e contenção.

Tabela 1 - Ponto, linha, área (adaptado de Bernhardsen, 2002). Informação

Geométrica Representação Descrição Formato

Ponto Objeto sem dimensão espacial que especifica a localização geométrica através de par ordenado de coordenadas

Vetorial Segmento de

Linha Objeto unidimensional que representa a união topológica entre dois pontos Vetorial Linha Seqüência de Segmentos de Linha Vetorial Área /

Poligonal Objeto bidimensional delimitado por pelo menos três segmentos de reta Vetorial Célula Raster

/ Pixel

Objeto bidimensional (não delimitado) que representa um elemento arranjado em forma regular da superfície.

Matricial

Holmberg (1994) citando Baudouin e Anker (1984) coloca que visualização gráfica da informação só pode ser bem sucedida se as variáveis indicadas tiverem o mesmo fim mútuo, similaridade, e magnitudes como as variáveis ilustradas.

Para uma cartografia bem sucedida é importante considerar fatores como a aplicação final ao uso do mapa. Outro fator fundamental que abarca a função da cartografia é quanto a capacidade de interpretação das informações incisas no mapa pelo usuário final.

Um mapa com cor de fundo muito escuro em relação às outras informações presentes na carta é um erro comum de representação cartográfica, assim como informações excessivas em temas desiguais apresentados no mesmo mapa.

Taura (2007) retrata que a visibilidade e a legibilidade de símbolos estão envolvidas na comunicação das informações de uma carta. Pela restrição de espaço para a representação das informações,

deve haver uma preocupação em representar as informações de forma visível e legível. Ainda para a mesma autora, os símbolos utilizados para representar as feições numa carta impressa são especificados de forma que as feições importantes sejam legíveis e não somente visíveis, e as diferenças nas formas das feições sejam claramente distinguíveis. Para atender a essas características, essas feições devem ser representadas com um tamanho mínimo perceptível para um usuário.