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3.3 GERENCIAMENTO DE RISCOS

3.3.4 Reserva de contingência

Por fim, foram analisadas as reservas de contingência. Esse aspecto foi

levantado com base no BDI – Bonificações e Despesas Indiretas, que é uma porcentagem

obrigatória a ser inserida nos orçamentos das obras públicas, sendo composta por algumas

taxas de impostos, seguros, garantias, riscos e o lucro esperado pela empresa contratada,

com base no Acórdão 2622/2013 – TCU (BRASIL, 2013).

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa documental realizada auferiu os dados relativos ao histórico dos

convênios e contratos de repasse de obras e serviços de engenharia que estão atualmente

vigentes, isto porque a Prefeitura Municipal de Mossoró, devido às mudanças de gestão

que ocorrem a cada novo processo eleitoral, não possui total controle e arquivamento

sobre as transferências que já foram concluídas.

A partir do levantamento de dados, foi constatado que durante o período de

realização da pesquisa a Prefeitura Municipal de Mossoró possuía através da SEIMURB

um montante de dez transferências firmadas com o Governo Federal, sendo todas estas

através de contratos de repasse onde um agente financeiro (banco) é o intermediário entre

os entes públicos e é também o órgão fiscalizador do cumprimento dos contratos.

A pesquisa permitiu observar que os contratos se subdividem em quatro

categorias, conforme o Gráfico 1, sendo: quatro para pavimentação, três para saneamento

básico, um para equipamentos públicos e por fim, dois para urbanização, sendo estes

últimos constituídos por várias metas de infraestrutura.

Gráfico 1 – Quantidade de contratos por categoria

Fonte: Autoria Própria (2018).

Os contratos de repasse classificados como urbanização são aqueles que têm

como objeto a melhoria nas condições de infraestrutura de assentamentos, favelas e

comunidades pobres do município, nesse sentido, podem abranger várias obras e serviços

de engenharia em seu plano de trabalho, sendo estes chamados de metas, dentre as quais

podemos ter obras de pavimentação, saneamento, equipamentos públicos e habitação,

conforme o Quadro 3.

Quadro 3 – Contratos de urbanização e suas metas

CONTRATOS DE URB ANIZAÇÃO METAS

Parceria de Investimento para Intervenções em Favelas 01

Construção de Equipamento de Assistência Social Pavimentação poliédrica Drenage m de águas pluviais

Esgotamento Sanitário

Parceria de Investimento para Intervenções em Favelas 02

Construção de Equipamento de Assistência Social Área de La ze r (praça ) Pavimentação Poliédrica Fonte: Autoria Própria (2018).

Nesse sentido, entende-se que mesmo havendo dez contratos de repasse

celebrados com a união, existem quinze obras e serviços de engenharia contemplados

pelos contratos. É importante salientar que as transferências dos Ministérios da Saúde e da

Educação são geridas pelas respectivas Secretarias de Saúde e de Educação, estando estas

incumbidas de todo o trâmite necessário para que sejam realizadas.

Com relação aos valores contratuais, conforme o Gráfico 2, é possível

observar que 60% dos contratos estão abaixo de um milhão de reais, no entanto uma

quantidade significativa destes consegue atingir e/ou ultrapassar essa ordem de grandeza,

fato que revela que esses objetos são dos mais variados, incluindo obras de grande porte,

assim como obras de menor dimensão.

Gráfico 2 – Valores dos contratos de repasse

Foi possível somar os valores de todos os repasses da união totalizando um

montante de R$ 90.734.985,12 (noventa milhões, setecentos e trinta e quatro mil,

novecentos e oitenta e cinco reais e doze centavos), desse valor 45,31% já foi executado e

o restante está ainda a executar. O Gráfico 3 demonstra os percentuais executados de cada

contrato.

Gráfico 3 – Percentual executado de cada contrato de repasse

Fonte: Autoria Própria (2018).

De todos os contratos firmados, existe um total de quatro que não tiveram

nenhuma execução físico- financeira. Em contrapartida alguns já se encontram perto de sua

conclusão, como é o caso do Esgotamento Sanitário 01, que já se encontra 83,35%

concluído e o Equipamento Público, com o percentual de 71,82% executado.

Com relação à origem desses recursos financeiros, foi possível observar

durante a fase de coleta de dados que a dotação orçamentária dos objetos de CR aqui

elencados é proveniente de programas do Governo Federal, através de seus ministérios.

Podendo ser advinda de emendas parlamentares ou não, conforme a classificação feita no

Quadro 4.

Quadro 4 – Dotação orçamentária dos contratos de repasse

TRANSFER ÊNCIA PROGRAMA MINIS TÉRIO EMENDA

Pavimentação poliédrica Progra ma de Planeja mento Urbano Cidades Sim Pavimentação asfáltica 01 Progra ma de Planeja mento Urbano Cidades Sim Pavimentação asfáltica 02 Progra ma de Planeja mento Urbano Cidades Sim Pavimentação asfáltica 03 Progra ma de Planeja mento Urbano Cidades Sim Implantação de Siste ma de

Esgotamento Sanitário 01

Progra ma Serviços Urbanos de Água e Esgoto – Imp lantação e Amp liação

do Esgotamento Sanitário

Cidades Não

Implantação do Sistema de

Esgotamento Sanitário 02 Progra ma Saneamento Básico Cidades Não

Implantação do Sistema de

Esgotamento Sanitário 03 Progra ma Saneamento Básico Cidades Não

Equipa mento Público 01

Apoio a Projetos de Infraestrutura

Turística Turis mo Sim

Urbanização 01 Projetos Prioritá rios de Investimento – PPI Favelas Cidades Não

Urbanização 02 Projetos Prioritá rios de

Investimento – PPI Favelas Cidades Não

Fonte: Autoria Própria (2018).

Observando o Quadro 4, pode-se dizer que existem diversos programas nos

quais cada contrato pôde se enquadrar, porém todos advém do Ministério das Cidades,

com a exceção de apenas um do Ministério do Turismo, fato justificado pela área de

atuação de cada um. Além disso, pode-se se afirmar que com relação ao fato de ser

emenda parlamentar ou não, os convênios ficaram bem divididos, sendo metade de

emenda parlamentar.

Seguindo o roteiro de coleta de dados, foi possível verificar a situação de cada

um dos objetos de contrato e comparar com o que foi previsto inicialmente para cada um

deles no momento em que o contrato foi firmado, observando se cada um se encontrava de

acordo com a proposta inicialmente submetida, dessa maneira obteve-se o Gráfico 4.

É possível perceber que um problema para a grande maioria dos contratos é

relacionado ao cumprimento do cronograma proposto, tendo em vista que apenas 30%

estão de acordo e para os outros aspectos analisados, a maioria se encontra dentro do

previsto, fato este que não se verifica no cumprimento dos prazos.

Gráfico 4 – Situação atual dos objetos contratados

Fonte: Autoria Própria (2018).

Após a obtenção desses dados, foi analisado como o processo se dava e

verificou-se que desde sua concepção até o seu encerramento ele subdivide-se em quatro

fases, as quais são: fase inicial, fase de licitação, fase de execução e fase final. Na fase

inicial, os principais agentes envolvidos são o ministério ao qual pertence o programa e a

Prefeitura Municipal de Mossoró. É neste momento que a proposta da obra é concebida,

incluindo seu projeto, orçamento e cronograma de execução. Inclui a documentação inicial

ainda algumas certidões e declarações burocráticas em cumprimento à legislação, as quais

podem ser impeditivas para a contratação. A Figura 4 ilustra a fase inicial do processo.

Figura 4 – Fluxograma da fase inicial do processo

Fonte: Autoria Própria (2018).

Dessa maneira, caso a documentação submetida apresente falhas, equívocos,

descumprimento de algum normativo técnico ou destoe do que as portarias que regem esse

procedimento prevêem, o órgão público tem a oportunidade de retificá- la antes da

contratação, conforme a Figura 4.

Após a aprovação da proposta, a documentação de referência é encaminhada

ao agente financeiro que fiscalizará a transferência, dessa maneira, o agente elabora o

contrato de repasse e procede com a assinatura das partes, as quais: a Prefeitura Municipal

de Mossoró e o banco fiscalizador (agente financeiro).

Em todos os contratos de repasse analisados, a execução se dá/dará forma

indireta, isto significa que é necessária a realização de um processo licitatório. É nesta fase

de licitação que as empresas privadas são avisadas sobre o empreendimento pretendido,

em atendimento ao principio da publicidade da administração pública. Aqui, as empresas

enviam suas propostas com base na documentação de referência da PMM e de acordo com

a modalidade da licitação, é escolhido quem irá executar a obra. A Figura 5 ilustra o

processo de licitação.

Figura 5 – Fluxograma da fase de licitação

Fonte: Autoria Própria (2018).

Após a contratação da empresa e homologação da licitação, todo o processo

licitatório é encaminhado ao agente financeiro para sua analise, uma vez ele seja aprovado,

é emitida a AIO – Autorização de Início de Objeto por este. Caso haja discrepância entre o

requerido pelo agente e o que foi realizado no processo, a PMM terá de retificar as

pendências ou até mesmo, em ultimo caso, fazer novo processo licitatório.

Uma vez emitida a AIO, a PMM dá a ordem de e xecução de serviços à

empresa contratada, e nesse momento a obra é efetivamente iniciada. De acordo com o

cronograma físico- financeiro aprovado na fase inicial, a empresa irá periodicamente

elaborar suas medições de serviços executados e encaminhará para análise e posterior

autorização de saque do agente financeiro. Este procedimento se dará até a conclusão da

obra. Caso existam inconformidades nos boletins de medição apresentados, a PMM será

chamada a retificar essas pendências para somente depois receber a autorização de saque,

conforme a Figura 6.

Figura 6 – Fluxograma da fase de execução

Fonte: Autoria Própria (2018).

Quando da conclusão da obra, ainda deverão ser realizados os procedimentos

de encerramento do contrato, ilustrado na Figura 7, que incluem a prestação de contas

final a ser aprovada pelo agente financeiro e a emissão do ateste de funcionalidade,

emitida pelo mesmo agente.

Figura 7 – Fluxograma da fase final do processo

Fonte: Autoria Própria (2018).

Durante a pesquisa documental foram analisadas quais fases apresentaram

mais problemas ao longo da execução do convênio, que ocasionassem eventuais atrasos no

cronograma, necessidade de reprogramação financeira ou alteração de projeto. A partir

desse levantamento foi obtida a Tabela 3.

Tabela 3 – Fase que apresenta mais problemas

Fase Convênios que apresentaram

proble mas nessa fase (%)

Fase de Execução 60%

Fase de Licitação 40%

Fase Inicial 0%

Fase Final 0%

De acordo com a Tabela 3, mais da metade dos contratos de repasse

apresentaram problemas na fase de execução, e uma quantidade considerável destes

apresentou problemas na fase de licitação. Fato este que pode ser devido à complexidade

desses processos.

Dessa maneira, é possível afirmar que as fases mais críticas do processo são as

fases de execução e licitação e assim aplicar o gerenciamento de riscos nas mesmas, o que

trará melhorias, evitando problemas que atualmente ocorrem.

4.1 GERENCIAMENTO DE RISCOS

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