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2.3 Desvanecimento de Pequena Escala

2.3.1 Resposta ao Impulso

Sendo o canal r´adio-m´ovel entre o m´ovel e a ERB modelado como um sistema linear variante com o tempo, sua resposta ao impulso em banda-base ´e dada por:

h (τ, t) = Z

Θ

hθ(τ, θ, t) ∗ a (θ, τ ) dθ (2.6)

onde a (θ, τ ) ´e a resposta espa¸co-temporal da antena na ERB, hθ(τ, θ, t) representa

o canal f´ısico visto pela ERB, incluindo a resposta espa¸co-temporal da antena do m´ovel e a propaga¸c˜ao f´ısica do sinal, e Θ ´e o campo de vis˜ao da antena na ERB. Devido `a largura de banda usualmente utilizada nos sistemas celulares, a resposta em frequˆencia da antena pode ser considerada plana nas frequˆencias de interesse, condi¸c˜ao sobre a qual retornaremos mais adiante. A figura 2.2 mostra um exemplo da evolu¸c˜ao da resposta ao impulso h(τ, t) com o tempo.

Para simplificar a caracteriza¸c˜ao e o modelamento do canal r´adio-m´ovel, vamos su- por reflex˜oes descorrelacionadas (uncorrelated scattering), ou seja, os multipercursos relativos a diferentes atrasos s˜ao descorrelacionados. Essa suposi¸c˜ao ´e amplamente utilizada na literatura e leva a resultados coerentes com observa¸c˜oes pr´aticas.

Logo, como mostrado em [26], h (τ, t) ´e um processo estoc´astico na vari´avel t e pode ser considerado estacion´ario no sentindo amplo, sendo a sua fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao dada por:

Rh(τ, τ + ∆τ, t, t + ∆t) = E {h∗(τ, t)h(τ + ∆τ, t + ∆t)}

= φ(τ, ∆t)δ(∆τ ) (2.7)

A equa¸c˜ao acima mostra que as estat´ısticas de segunda ordem do canal s˜ao comple- tamente caracterizadas pelo termo φ(τ, ∆t) = E {h∗(τ, t)h(τ, t + ∆t)}. Na sequˆencia,

as principais propriedades do canal r´adio-m´ovel s˜ao destacadas a partir da an´alise desse termo.

2.3. Desvanecimento de Pequena Escala 15 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 x 10−3 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 −1.5 −1 −0.5 0 0.5 1 1.5 PSfrag replacements t (tempo) τ (atraso) h (τ ,t )

Figura 2.2: Exemplo da evolu¸c˜ao da resposta ao impulso h(τ, t) com o tempo

Desvanecimento Seletivo na Frequˆencia

Em particular, φ(τ, 0) representa a evolu¸c˜ao da potˆencia m´edia do canal em fun¸c˜ao do atraso τ . Essa evolu¸c˜ao ´e chamada de perfil de potˆencia do canal ou de perfil de multipercursos, ou seja, a potˆencia da resposta ao impulso do canal em fun¸c˜ao do atraso. Medi¸c˜oes pr´aticas revelaram que essa potˆencia s´o ´e significativa dentro de um intervalo de tempo finito, chamado de espalhamento do atraso do canal, denotado por τds. O espalhamento do atraso do canal ´e relacionado com a m´axima diferen¸ca

de tempo entre ecos significativos. A figura 2.3 mostra um exemplo de perfil de multipercursos.

A fim de analisar a influˆencia do espalhamento do atraso na resposta em frequˆencia do canal, introduz-se a resposta em frequˆencia instantˆanea do canal H(f, t), obtido atrav´es da transformada de Fourier de h(τ, t) em rela¸c˜ao a τ , e sua fun¸c˜ao de auto- correla¸c˜ao, dada por:

RH(f, f + ∆f, t, t + ∆t) = Φ(∆f, ∆t) (2.8)

PSfrag replacements

τ φ(τ, 0)

Figura 2.3: Exemplo de perfil de multipercursos

¸cada no tempo e ´e transformada de Fourier de φ(τ, ∆t) em rela¸c˜ao a τ . Essa fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao pode ser medida transmitindo-se dois tons separados por ∆f pelo canal e correlacionando-se, na recep¸c˜ao, esses dois tons atrasados de ∆t. A an´alise dessa fun¸c˜ao para ∆t = 0, ou seja Φ(∆f, 0), fornece uma indica¸c˜ao da coerˆencia do canal no dom´ınio da frequˆencia. Uma vez que φ(τ, 0) e Φ(∆f, 0) formam um par de transformadas de Fourier e φ(τ, 0) ´e “limitada” no tempo em τds, a sua contrapartida

no dom´ınio da frequˆencia Φ(∆f, 0) ´e “limitada” em frequˆencia em Bc ∼ 1/τds, sendo

Bc chamado de banda de coerˆencia.

Desvanecimento Seletivo no Tempo

Ap´os analisar o efeito de τ em φ(τ, ∆t), pode-se analisar o efeito de ∆t, ou seja, qu˜ao invariante (ou de forma complementar, qu˜ao variante) no tempo ´e a resposta ao impulso do canal. Intuitivamente, uma vez definida uma banda de coerˆencia para o canal, espera-se tamb´em poder definir um tempo de coerˆencia Tc durante o

qual as estat´ısticas da resposta ao impulso do canal n˜ao se modificam. Em outras palavras, para ∆t < Tc, espera-se que φ(τ, ∆t) ≈ φ(τ, 0), isto ´e, o canal n˜ao varia

significativamente no intervalo ∆t.

Note que as varia¸c˜oes na resposta do canal devido ao movimento do m´ovel e ao movimento nas cercanias do m´ovel resultam num espalhamento e num deslocamento na frequˆencia do espectro do sinal transmitido, devido ao efeito Doppler. Considere a transformada de Fourier de Φ(∆f, ∆t) em rela¸c˜ao a ∆t, Ψ(∆f, ∆fD). A fun¸c˜ao

Ψ(0, ∆fD) ´e chamada de espectro Doppler do canal. Um canal invariante no tempo

2.3. Desvanecimento de Pequena Escala 17 PSfrag replacements Φ(∆f, ∆t) Ψ(∆f, ∆fD) ψ(τ, ∆fD) φ(τ, ∆t) F {∆t} F {∆t} F { τ } F { τ }

Figura 2.4: Rela¸c˜ao entre as transformadas de Fourier de φ(τ, ∆t)

o transmissor estiverem est´aticos. Por outro lado, caso haja uma velocidade relativa constante v entre receptor e transmissor, o espectro Doppler estar´a concentrado na frequˆencia correspondente ao desvio Doppler fD = fc(v/c), onde fc ´e a frequˆencia da

portadora e c ´e a velocidade da luz.

Nos canais r´adio-m´ovel, devido `a presen¸ca da multipropaga¸c˜ao, observa-se um espalhamento no espectro Doppler do canal. Usualmente, Ψ(0, ∆fD) s´o ´e significa-

tiva em ∆fD num pequeno intervalo chamado de espalhamento Doppler BD, dado

por fc(v/c). De forma an´aloga ao desvanecimento seletivo na frequˆencia, ´e valida

a seguinte rela¸c˜ao entre o espalhamento Doppler e o tempo de coerˆencia do canal: BD ∼ 1/Tc.

Pode-se ainda definir a transformada de Fourier ψ(τ, ∆fD), que ´e ao mesmo tempo

transformada de φ(τ, ∆t) em ∆t e transformada inversa de Ψ(f, ∆fD) em f . A rela¸c˜ao

entre todas as transformadas de Fourier de φ(τ, ∆t) ´e mostrada na Figura 2.4. Desvanecimento Seletivo no Espa¸co

A seletividade espacial do canal ´e um conceito um pouco diferente do que seleti- vidade temporal e seletividade na frequˆencia. A fim de se definir um espalhamento angular do canal faz-se necess´ario considerar o espalhamento dos ˆangulos de che- gada/partida dos multipercursos na antena da ERB. Para tanto, agora o foco da an´alise deve ser o canal f´ısico visto pela antena da ERB hθ(τ, θ, t) no lugar de h(τ, t).

Logo, introduz-se a seguinte fun¸c˜ao de autocorrela¸c˜ao:

Rhθ(τ, τ + ∆τ, θ, θ + ∆θ, t, t + ∆t) = φhθ(τ, θ, ∆t)δ(∆θ)δ(∆τ ) (2.9) onde a fun¸c˜ao φhθ(τ, θ, ∆t) representa a distribui¸c˜ao de densidade de potˆencia con- junta ˆangulo-atraso do canal.

Na pr´atica, o espalhamento angular do canal σθ pode ser definido de maneira

an´aloga ao espalhamento do atraso τds, uma vez que φhθ(τ, θ, 0) s´o ´e significativa num intervalo finito de valores em θ. O espalhamento angular provoca, como esperado, um desvanecimento seletivo no espa¸co. Logo, pode-se definir uma distˆancia de coerˆencia relativa a um certo espalhamento angular. Para isso, considere a correla¸c˜ao cruzada da envolt´oria do sinal entre duas antenas espa¸cadas de ∆r, dada por [26]:

Φ(τ, ∆r, ∆t) = Z

Θ

φ(τ, θ, ∆t) e−j2πλ∆r sin θdθ (2.10) onde λ ´e o comprimento de onda e Φ(τ, ∆r, ∆t) representa a transformada de Fourier- Bessel de φ(τ, θ, ∆t). Pode-se notar que Φ(τ, ∆r, 0) fornece uma indica¸c˜ao da coerˆen- cia espacial do canal para um dado valor de atraso τ . Logo, a distˆancia de coerˆencia do canal Lc ´e definida como a distˆancia na qual Φ(τ, ∆r, 0) ≈ Φ(τ, 0, 0) ∀τ .

Mais uma vez, como o espalhamento angular e a distˆancia de coerˆencia s˜ao dados por fun¸c˜oes que formam um par de transformadas de Fourier-Bessel, tem-se que quanto maior o espalhamento angular, menor a distˆancia de coerˆencia, Lc ∼ 1/σθ.

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