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Resposta às questões de investigação

Questão A. O designer deve utilizar as ferramentas CAD no

domínio de áreas de engenharia e produção, de modo a aperfei- çoar e optimizar o projecto numa fase precoce?

O designer é totalmente dependente da materialização das suas ideias, e como tal deve ter sempre presente o aspecto tec- nológico do projecto. Actualmente, o desenvolvimento do pro- duto processa-se geralmente de uma forma linear e alternada, com os intervenientes no processo de design a desenvolverem a sua parte do produto de uma forma estanque. Quem pensa não é quem faz. Mas as tecnologias CAD permitem um flu- xo de informação técnica rápida e eficaz, funcionando tanto a nível unidisciplinar como multidisciplinar. Permite tam- bém a disponibilização e selecção de uma grande quantidade de informação, podendo desse modo funcionar como um guia do designer acerca das restrições e possibilidades técnicas, o que numa época de um grande volume de informação se torna indispensável. Inclusivamente, as tecnologias digitais estão a permitir uma reaproximação entre o projecto e a produção, que no caso do produto se encontravam separados desde a Revo- lução Industrial. Se o CAD oferece todas estas possibilidades, é uma oportunidade única para os designers adoptarem uma maior consciencialização para os aspectos técnicos do produto

6 Conclusões e

numa fase embrionária. Deste modo, o tempo que os produtos demoram na adaptação à realidade produtiva pode vir a ser drasticamente reduzido, o que permite poupar custos, e a qua- lidade dos produtos pode vir a ser aumentada. O processo de design tornar-se-á dinâmico e interactivo.

Diagrama 7. Relação design/técnica: paradigma pré-industrial> paradigma pós-industrial> paradigma digital. Técnica

Design Design Técnica Design Técnica

Questão B. A que níveis o CAD está a modificar o modo como

se pensa e se faz o design de produto?

O CAD veio facilitar o existente e facultar o impossível. Na sua origem, o CAD servia para acelerar e aperfeiçoar aquilo que era realizável à mão. Pouco a pouco, foram sendo inventadas e aperfeiçoadas ferramentas digitais de visualização, de simula- ção, de concepção e de produção. Apesar de todos estes avanços tecnológicos, o CAD continua a ser para muitos apenas uma mera ferramenta auxiliar; certo é que todos reconhecem que hoje em dia se tornou uma tecnologia indispensável. Talvez in- conscientemente, o CAD tem vindo a adoptar lógicas próprias de projecto. Foram denotadas alterações no próprio processo de design, nomeadamente a eliminação do desenho 2D, bem como a alteração da forma dos produtos finais. Outra interessante questão é a dos intervenientes no projecto, com efeito, surgem alguns projectos com a interacção e colaboração dos utilizado- res. Será que no futuro o utilizador comum irá poder projectar e imprimir um objecto na sua própria casa? Outra ideia parti- lhada por muitos é a de o computador vir a desenvolver todo o projecto da ideia à materialização, através da implementação da tão divulgada ‘Inteligência Artificial’. Certo é que, apesar de 50 anos passados de existência comum, o CAD e o design ainda não se ‘sentaram’ para conversar sobre todas as implica- ções associadas a esta relação. O CAD está a tornar-se muito mais do que uma ferramenta auxiliar do desenho, para abran- ger todas as áreas do processo de design. Em vez de Desenho

Assistido por Computador talvez possamos em breve falar de Design Assistido por Computador, ou simplesmente de Design (associando directamente a assistência do computador).

Questão C. Que ferramentas o CAD fornece?

Através da revisão da literatura e das entrevistas, agrupámos as ferramentas CAD em sete categorias: representação e visu- alização, concepção, análise, produção, comunicação, informa- ção, e gestão e planeamento. Através desta análise pudemos igualmente descortinar tendências e perspectivas futuras para os sistemas CAD. As ferramentas de representação e visuali- zação evoluíram de uma plataforma 2D para uma 3D cada vez mais realista; no entanto apesar da perfeição das represen- tações o CAD ainda possui a barreira do ecrã, que poderá ser ultrapassada com a implementação de sistemas de realidade virtual. A concepção consiste no chamado design generativo, ou seja, a geração de milhares de soluções a partir de determi- nadas instruções que ‘transportam’ conhecimento. A análise ao modelo inclui a análise matemática, física (prototipagem rápida) e a digitalização 3D. A produção envolve os sistemas CAD/CAM, que permitem um novo método de produção – a personalização em massa. A comunicação permite o fenómeno do DABA (Design Anywhere/Build Anywhere) – que pressupõe o transporte de um produto imaterial – bem como da criação de produtos virtuais e de uma maior interacção do cliente. A ferramenta de informação congrega toda a informação relativa ao projecto e está mais desenvolvida na área da arquitectu- ra com a implementação do BIM. As ferramentas de gestão e planeamento permitem a integração de todas as fases do ciclo de vida de um produto (PLM) e a gestão de conhecimento, um assunto tão importante para numa época em que a informação é tanta e tão dispersa.

Questão D. Qual o nível de utilização das tecnologias CAD no

contexto da prática do design de produto em Portugal?

Conclui-se que os designers de produto que foram entrevis- tados ainda estão muito limitados no uso potencial do CAD, utilizando-o maioritariamente como meio de representação. Todos utilizam o CAD para comunicar, com o cliente e com os parceiros no processo; no entanto esta comunicação é feita de modo alternado e sequencial. Outras ferramentas utiliza- das são a análise, embora somente na área da validação di- mensional e da PR, e para produção. No entanto, os ficheiros que enviam para PR ou produção nunca são os finais. A nível da informação, usam-no para obter propriedades geométricas e físicas e no uso de bibliotecas de objectos. Embora se mos- trassem satisfeitos com a sua utilização do CAD, a maioria revelou grande interesse por outros campos e revelaram pos- suir perspectivas interessantes. Como tal, porque não usam os designers todas as potencialidades das ferramentas CAD? Porque não há conhecimento ou porque não há necessidade, mas a necessidade cria-se com o conhecimento. Por outro lado é dito que a necessidade aguça o engenho. Um dos motivos

Informação Gestão e planeamento Análise Concepção Representação e visualização Produção Comunicação

CAD

Diagrama 8. Ferramentas CAD.

para a falta de conhecimento é a formação, que de momento é feita essencialmente por auto-aprendizagem, o que é um fac- tor preocupante. Note-se que estas conclusões não se podem generalizar, dada a escassez de resultados.

Informação Gestão e planeamento Análise Concepção Representação e visualização Produção Comunicação

CAD

Diagrama 9. Níveis de uso das ferramentas CAD (es- quema não rigoroso).