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Antes de mostrarmos o resultado da comparação, explicamos quais foram as questões relacionadas. Para facilitar a compreensão, dividimos a comparação em quatro grupos (os mesmos das perguntas).

Primeiro Grupo. No primeiro grupo de perguntas das entrevistas, nós

comparamos três questões com a revisão sistemática. Primeiro, procuramos entender se, tanto jornalistas que atuam no mercado quanto os teóricos, diferenciam jornalismo investigativo de jornalismo (questão 2). Logo após, buscamos saber se os jornalistas de mercado haviam percebido alguma mudança no modo de fazer jornalismo investigativo e se a maneira como se faz jornalismo investigativo hoje mudou com o surgimento das ferramentas leaks (questões 2 e 3). Para comparar essas duas questões com os materiais encontrados na literatura, buscamos documentos científicos que falassem sobre as mudanças que o jornalismo sofreu.

No que diz respeito a diferenças entre jornalismo e jornalismo investigativo, percebemos que os jornalistas que atuam no mercado pensam diferente dos jornalistas que estão na Academia. Os profissionais não acreditam na diferença, enquanto que os teóricos acreditam. Essa conclusão é semelhante a de Sequeira (2005) que defende que há diferença, mas relata que as redações brasileiras resistem a essa diferença. Aproveitamos para destacar aqui que nós adotamos, para o desenvolvimento desse trabalho, que existe diferença entre jornalismo e jornalismo investigativo. Concordamos com as definições dos teóricos.

Já em relação às mudanças que o jornalismo investigativo sofreu, pudemos concluir que tanto os jornalistas profissionais quanto os acadêmicos concordam que as transformações são resultados do avanço da tecnologia e do surgimento da Internet. E essas mudanças não foram no modo de fazer, e sim no

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modo de lidar com as fontes, como tratar a informação, transformando relações de profissionais de diferentes áreas do conhecimento.

Segundo Grupo. No segundo grupo de perguntas, nós utilizamos três

questões para fazer a comparação com a revisão sistemática (8, 9 e 12). Buscamos comparar a percepção de jornalistas de mercado e jornalistas acadêmicos sobre os grupos hacktivistas. Comparamos também opiniões a respeito do WikiLeaks e da sua influência sobre o jornalismo investigativo. Por fim, neste grupo, procuramos nos certificar se houve influência do Movimento Cypherpunk na “nova geração de jornalistas investigativos”.

Sobre os hacktivistas, a maioria dos profissionais não conhecem a fundo sobre as práticas hacktisvitas e existem poucos documentos na literatura (quando comparados sobre o WikiLeaks) que relacionam o Hacktivismo com o jornalismo investigativo. Desta maneira, nós podemos concluir que ambos não possuem um conhecimento aprofundado sobre o tema ou ainda é prematura a relação entre eles. Mesmo havendo pouco conhecimento sobre o assunto, nós também concluímos que jornalistas profissionais e acadêmicos concordam que a prática do Hacktivismo contribui para a construção de uma sociedade com acesso à informação e com liberdade de expressão. E, após a leitura e análise dos documentos científicos e das entrevistas, entendemos que há um interesse em comum entre as duas categorias, jornalistas e hacktivistas. Então, é importante que jornalistas tenham conhecimento desse termo e do trabalho desenvolvido pela outra classe, visto que ambos defendem a mesma causa, sendo importante destacar que os jornalistas têm sofrido muito, atualmente, com repressão. Conhecendo as práticas hacktivistas, os jornalistas poderão usufruir dos benefícios trazidos por elas e assim aprimorar suas técnicas.

Sobre as ferramentas leaks, profissionais e acadêmicos acreditam que elas são fundamentais para o trabalho dos jornalistas, mas não mudaram o modo de fazer jornalismo investigativo, elas são ferramentas de apoio.

Em relação ao WikiLeaks, jornalistas profissionais e acadêmicos acreditam que é uma fonte de informação e uma nova ferramenta que contribui para o trabalho de jornalistas investigativos. É também um marco para o jornalismo e um novo capítulo da sua história que precisa ser estudado pelas escolas de Jornalismo. Além disso, é um inaugurador de tendências e permitiu um surgimento

e destaque de novas formas de jornalismo, como o jornalismo independente e o jornalismo de banco de dados. Também foi um ponto em comum entre as duas partes o fato de que o WikiLeaks, apesar de trazer novidades, não é de fato inovador com relação a metodologia do jornalismo investigativo.

Em relação aos Cypherpunks, apenas um dos entrevistados conhecia o termo e soube falar a respeito. Outros três só ouviram falar a respeito. Essa falta de conhecimento relatada na entrevista também é percebida na revisão sistemática. Como foi dito anteriormente, nós encontramos um material que descreve sobre como a criptografia pode proteger a vida do usuário, direcionado para jornalistas (de modo geral). No entanto, nós não encontramos nenhum documento que relacionasse o jornalismo investigativo com o Movimento Cypherpunk ou cypherpunks. Assim como pudemos perceber nos resultados a repeito do hocktivismo, a relação entre jornalistas e cypherpunks também é prematura.

Terceiro Grupo. No terceiro grupo de perguntas, nós comparamos todas

as questões com os documentos científicos encontrados. Embora a maioria das perguntas tenha um caráter muito pessoal, foi fundamental, nesse grupo, entender o ponto de vista de cada um dos entrevistados para, então, mostrar o que a literatura fala a respeito de comunicação e relacionamento com fonte.

No que diz respeito ao relacionamento de jornalistas com suas fontes, concluímos que a segurança e o anonimato (quando preciso) da fonte são prioridade tanto para jornalistas profissionais quanto acadêmicos. Entendemos também que apesar da Informática/Computação dispor de muitos mecanismos e opções de ferramentas (Seção 2.6 que podem auxiliar os jornalistas em seu trabalho, os jornalistas que atuam nas redações não tem o conhecimento a respeito de ferramentas tecnológicas com uso de criptografia visto que a literatura direcionada para jornalista sobre esse tema é muito escassa.

Quarto Grupo. A última pergunta da entrevista teve o objetivo de saber o

que jornalistas pensavam a respeito do futuro do jornalismo investigativo agora com a existência e atuação dos hacktivistas. A maioria dos jornalistas desviaram a resposta para falar do futuro do jornalismo como um todo ou do jornalismo com a utilização de tecnologias digitais. No material que encontramos ao fazer a revisão

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sistemática, também encontramos opiniões a respeito do futuro do jornalismo como um todo.

Sobre o futuro do jornalismo, há uma consonância entre redações e autores, eles apostam em alternativas similares. Podemos concluir que o futuro do jornalismo pode estar relacionado ao jornalismo independente, ao jornalismo de banco de dados e ao conhecimento e uso de ferramentas digitais.

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