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O Resultado das Transações Correntes como (Des) Poupança Externa

No documento Prof. Francisco Mariotti 1 (páginas 32-37)

A ocorrência de Déficit ou Superávit no Balanço de Pagamentos em Transações Correntes tem resultados diretos sobre as Identidades

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Macroeconômicas. Considerando que o saldo das Transações Correntes é responsável pela medição das transações com o exterior, caso ocorra déficit, ou seja, o país mais compre do que venda bens, serviços e rendas (primárias e secundárias) do exterior, ocorrerá um aumento da Poupança Externa, também entendida como um Superávit do Resto do Mundo. Diferentemente, caso o país mais venda bens e serviços do que compre, teremos um Déficit do Resto do Mundo, também chamado de Despoupança Externa.

Pode-se traduzir o resultado da poupança ou despoupança externa por meio das equações abaixo, em que “X” representa o somatório, em dinheiro, de bens (exportações) e serviços não fatores; “RRE” são as rendas primárias recebidas do exterior e “TUrec” as rendas secundárias (transferências unilaterais) de entrada. De forma contrária, “M” representa o total de bens e serviços não fatores; “REE” são as rendas primárias enviadas ao exterior e “TUenv” as rendas secundárias (transferências unilaterais) enviadas ao exterior. Dessa forma temos:

 Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) > 0, teremos Superávit com o exterior, também chamado de Despoupança Externa ou mesmo de Superávit em Transações Correntes; e

 Se (X + RRE + TUrec – M – REE - TUenv) < 0, teremos Déficit com o exterior, chamada de Poupança Externa ou mesmo Déficit em Transações Correntes.

Vale mencionar que em questões de concursos o examinador utiliza o conceito da poupança externa e suas derivações em diversas formas. Vejamos algumas características:

Quando o examinador falar em “Exportações de bens e

serviços não fatores”, ele está fazendo a soma de todas as Exportações de bens e de serviços não fatores de produção, ou seja, serviços que não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade o examinador está apartando as Rendas Primárias

Recebidas do Exterior, que representam a

remuneração dos fatores de produção presentes no exterior;

Quando o examinador falar de “Importações de bens e

serviços não fatores” ele está fazendo a soma de todas as Importações de bens e de serviços não fatores, ou seja, de serviços que também não sejam rendas provenientes dos fatores de produção. Na verdade, o examinador está apartando as Rendas Primárias Enviadas ao Exterior.

Vamos agora a mais uma questão antiga, mas bastante útil e que aborda a metodologia descrita acima:

(APO/MPOG – ESAF/2003) Considere os seguintes dados para uma economia hipotética: exportações de bens e serviços não-fatores = 100; importações de bens e serviços não fatores = 50; déficit no balanço de pagamentos em transações correntes = 10. Com base nas identidades macroeconômicas básicas para uma economia aberta e com governo, podemos afirmar que essa economia apresentou:

a) renda líquida enviada ao exterior igual a 60. b) renda líquida recebida do exterior igual a 60. c) renda líquida enviada ao exterior igual a 40. d) renda líquida recebida do exterior igual a 40.

www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti e) renda líquida enviada ao exterior igual a 50.

Perceba que desde o início o examinador já fala em exportações de bens e serviços não-fatores, ou seja, se são não-fatores, deve-se excluir todo o tipo de renda proveniente dos fatores de produção. Segunda coisa, o examinador fala em exportações de bens e serviços, incluindo não só o balanço comercial, mas também o balanço de serviços.

Feita estas considerações passemos a calcular o resultado.

A questão fala do balanço de pagamentos em transações correntes, que é composto pelo balanço comercial, pelo balanço de serviços e rendas e pelas transferências unilaterais. Dessa forma, tem-se:

 balanço de transações correntes é deficitário em 10;

 exportações de bens e serviços não-fatores = 100;

 importações de bens e serviços não fatores = 50

 transferências unilaterais (não se fala, logo consideramos = 0) Lembrando que fórmula do balanço de transações correntes =

(X – M) – RLEE + TU

-10 = (100 – 50) – RLEE + 0 - RLEE = - 60

RLEE = 60

Como a Renda é LIQUIDA enviada ao exterior, concluímos que está ocorrendo maior saída de renda proveniente dos fatores de produção do que entrada.

Obs.: Vale lembrar que caso exista valor para as transferências unilaterais, deve-se aplicar o sinal de acordo com o seu resultado.

Para fins de entendimento e consolidação, será mantida a expressão do saldo do balanço de Pagamentos em Transações Correntes na forma já expressa, ou seja, TC = (M – X), não esquecendo de aplicar, é claro, a fórmula pertinente para cada tipo de questão!

Para fixação, tem-se mais uma simples questão a respeito do Balanço de Pagamentos:

(ECONOMISTA/EMATER – FUNDATEC/2008) Observando-se o saldo da conta de transações correntes do balanço de pagamento de um país podemos observar que o país está incorrendo em déficit em relação ao resto do mundo. Tal déficit poderá resultar, em um determinado ano, de:

I – Poupança externa nula.

II – Pagamento de juros da dívida externa superior ao superávit comercial.

III – Importações maiores que as exportações, estando o restante da conta corrente em equilíbrio.

Marque:

a) se apenas a I estiver correta. b) se apenas a II estiverem corretas. c) se apenas a I e a II estiverem corretas. d) se apenas a II, a III estiverem corretas. e) se a I, a II, a III estiverem corretas.

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Comentários:

Conforme descrito na análise do resultado do balanço de pagamentos em transações correntes, toda vez que ocorrer um déficit nesta conta, gera-se, por consequência, uma poupança externa positiva. Sendo assim pode-se

concluir que a alternativa “I” está incorreta.

Analisando a alternativa “II”, verifica-se que quando o pagamento de juros ao exterior é superior ao superávit comercial, existe um grande indicativo de que ocorrerá um déficit das transações correntes e uma consequente geração de poupança externa, já que as transferências unilaterais, mesmo sendo superavitária com o exterior, não será superior ao resultado negativo proveniente do pagamento de juros da dívida externa. De acordo com este

entendimento conclui-se que a assertiva “II” está correta.

Quando os demais itens das transações correntes (balanço de serviços, de rendas e transferências unilaterais) estão em equilíbrio, na ocorrência das importações maiores do que as exportações, o resultado será um déficit nas transações correntes. Com essa conclusão pode-se então afirmar que a

assertiva “III” também está correta.

Gabarito: letra “d”.

3.8 As Transações com Exterior e a sua inclusão na Demanda

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