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Resultado obtido na área de afloramento do Aquífero Guaran

De acordo com estudos realizados na área de afloramento do Aquífero

Guarani5 (Pessoa et al., 2001), a área escolhida como exemplo explora intensa ati-

vidade de monocultivo de cana-de-açúcar, por isso exige constantes aplicações de agrotóxicos (herbicidas). Assim, foram realizadas simulações por um período de 4 anos, com o objetivo de analisar a movimentação vertical dos herbicidas atrazina, diuron e tebuthiuron e a consequente tendência futura a risco de conta- minação da água subterrânea local, uma vez que se trata de áreas de afloramento e de confinamento do Aquífero Guarani. Esse aquífero é um megarreservatório de água subterrânea do Cone Sul e apresenta dimensões intercontinentais, compre- endendo o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai.

Em termos de geologia, a área é constituída de basaltos e arenitos sobre- postos (Jurássico-Cretáceo) e parte de arenitos do Triássico-Jurássico.

5 Também conhecido como Aquífero Botucatu, seu nome foi alterado para Aquífero Guarani, porque sua abrangência geográfica inclui a maior parte das áreas ocupadas pelo povo indígena guarani (ROCHA, 1996).

Foram simulados cenários para cada herbicida, nas respectivas doses má- ximas aplicadas na região (pior caso), em solos do tipo latossolo roxo, latosso- lo vermelho-escuro e areia quartzosa. Os dados obtidos pelas simulações foram posteriormente cruzados por computador com aqueles de uso das terras, níveis de profundidade dos lençóis subterrâneos e solos, previamente digitalizados em Sistema de Informações Georreferenciadas (SIG).

O cruzamento das informações possibilitou a geração de um mapa do alto risco de contaminação da água subterrânea da área de afloramento do Aquífero Guarani sob atividade agrícola. Analisando-se os mapas, constatou-se que aproxi- madamente 5,6% da água subterrânea da área de estudo será atingida por atrazina (Figura 2), 3,9% por diuron (Figura 3) e 13,1% por tebuthiuron (Figura 4). Entretanto, nenhuma das concentrações finais (quantidades) de produtos simulados oferece risco de contaminação do aquífero no que diz respeito ao consumo, pois permane- cem de acordo com padrões de portabilidade reconhecidos mundialmente.

Figura 2. Área de risco de contaminação por atrazina da água subterrânea do afloramento

do Aquífero Guarani.

Figura 3. Área de risco de contaminação por diuron da água subterrânea do afloramento do

Aquífero Guarani.

Fonte: Pessoa et al. (2001)

Figura 4. Área de risco de contaminação por tebuthiuron da água subterrânea do

afloramento do Aquífero Guarani.

Referências

CETESB. Relatório de qualidade das águas interiores do Estado de São Paulo − 2000. São Paulo: Cetesb, 2001. 138 p.

CHAIM, A.; PESSOA, M. C. P. Y.; SILVA, A. de S. Monitores ambientais − Módulo 1: aplicação de agrotóxicos e meio ambiente. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 2000. (Projeto Ecoágua − Convênio SRII/MMA/Embrapa/Bird nº 475/98).

CONAMA. Resolução nº 1 de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre procedimentos relativos a Estudo de Impacto Ambiental. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 fev. 1986. Seção 1, p. 2548-2549.

PESSOA, M. C. P. Y.; NEVES, M. C.; GOMES, M. A. F.; CERDEIRA, A. L.; SOUZA, M. D. de. Identificação de áreas de alto risco de contaminação de águas subterrâneas pelos herbicidas atrazina, diuron e tebuthiuron no Brasil − Técnicas de simulação de sistemas e de geoprocessamento. Pesquisa

Agropecuária Brasileira, Brasília, DF, v. 36, n. 12, p. 86, 2001.

ROCHA, G. A. Megarreservatório de água subterrânea do Cone Sul: bases para uma política de desenvolvimento e gestão. Curitiba: Ed. da UFPR/IDRC, 1996. 25 p.

WARE, G. Reviews of environmental contamination and toxicology. New York: Spring-Verlang, 1992. 164 p.

Literatura recomendada

EMBRAPA MEIO AMBIENTE. Impacto ambiental a aplicações socioeconômicas da agricultura

intensiva em água subterrânea. Jaguariúna: Embrapa Meio Ambiente, 1998. (Projeto Ribeirão

Preto; Projeto SER 11.0.94.221)

EMBRAPA MEIO AMBIENTE. Monitoramento da qualidade das águas para o desenvolvimento

do semi-árido brasileiro: ecoágua. Jaguariúna: Embrapa-CNPMA, 1999. (Projeto SEP. 11.1999.240).

EMBRAPA MEIO AMBIENTE. Qualidade ambiental em fruticultura irrigada no Nordeste

brasileiro: ecofrutas. Jaguariúna: Embrapa-CNPMA, 1999. (Projeto SEP. 11.1999.239).

PESSOA, M. C. R Y.; LUCHIARI JÚNIOR, A.; FERNANDES, E. N.; LIMA, M. de. Principais modelos

e simuladores utilizados para análise de impactos ambientais das atividades agrícolas.

Originalmente, encontra-se num ambiente natural o solo recortado pe- los rios, contornado pelas formações geomorfológicas de montanhas e vales e coberto por uma vegetação determinada pelo clima e uma fauna característica daquele espaço geográfico. Algumas das paisagens mais admiradas são produ- tos do desgaste ocasionado pela própria natureza. No entanto, conforme Dubos (1981), não há dúvida de que o homem faz parte da natureza, mas exagerou no processo de ocupação dos espaços, prejudicou o regime das águas e empobre- ceu a terra ao destruir a mata.

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