Os resultados coletivos foram obtidos a partir da discussão dos problemas apresentados individualmente durante o Processo de Identificação de Problemas Ocupacionais (PIPO), realizado uma semana após a divulgação a liderança dos resultados individuais.
Durante o PIPO procurou-se verificar os pontos em comuns e estudou-se em conjunto (operadores, lideranças, técnicos e o SESMT) se esses problemas estavam relacionados a variabilidade das características psicofisiológicas dos operadores. Dessa forma, futuras adequações permitiriam caracterizar as atividades como adequadas a um maior percentil da população de trabalhadores.
Segue na Tabela 3 abaixo a descrição dos resultados coletivos encontrados nas atividades de operação de perfiladoras na Linha 47.
Tabela 3 – Resultado Coletivo da Operação de Perfiladoras na Linha 47
ÁREA CLASSE ASPECTO ÍNDICE FONTE
OPERADOR DE PERFILADORAS
Desperdício do
Próprio Processo Ajuste dos sensores 1
Subir sobre a máquina para ajustar os sensores. OPERADOR DE
PERFILADORAS
Desperdício do
Próprio Processo Ajuste dos sensores 1
Riscos de quedas por escorregões na superfície das estruturas. OPERADOR DE PERFILADORAS Desperdício de Trabalho Desnecessário Colocação base na ferramenta 2 Dificuldade de colocação na Perfiladora 1 pela distância de entrada OPERADOR DE PERFILADORAS Desperdício do Próprio Processo Manutenção e limpeza perfiladora 2 Equipamento apresenta dificuldade de limpeza (muita graxa)
OPERADOR DE PERFILADORAS
Desperdício de
Produtos Defeituosos Remover rebarbas 2
As ferramentas deveriam ser melhor afiadas.
OPERADOR DE PERFILADORAS
SOBRECARGA DE
TRABALHO CARGA COGNITIVA 2
Alguns itens causam sobrecarga por apresentar dificuldade de encaixe e retirada da perfiladora. PERFILADORAS
LINHA 47 Exigência Física Posturas 2
Ajuste do sensor, e altura espaços colocação ferramentas talhas PERFILADORAS
LINHA 47 Exigência Física
Carregamentos /
Levantamento 2
Dificuldade na colocação das ferramentas de perfilhamento no equipamento PERFILADORAS LINHA 47 Organização do trabalho Kaizen 2
Falta repassar (permitir acesso) as melhorias da área.
PERFILADORAS LINHA 47
Organização do
trabalho Tempo Takt 2
Não é padrão. Além disso, deveria ficar inalterado mesmo com alterações no Heijunka
PERFILADORAS LINHA 47 Organização do trabalho Tempo de ciclos efetivos 2 Falta entendimento (conhecimento) se os tempos de ciclos efetivos atuais são similares em épocas de maior produção.
PERFILADORAS LINHA 47
Organização do
trabalho Heijunka 2
Muitas alterações sem planejamento e repasse das informações aos operadores PERFILADORAS
LINHA 47
Organização do
trabalho GBO 1
Ausência de GBO definido. Balanceamento de operações realizado sem a participação dos funcionários
PERFILADORAS
LINHA 47 Dispositivos Técnicos Andon 1
Não se utiliza Andon para sinalizar problemas de produção
PERFILADORAS
LINHA 47 Dispositivos Técnicos Jidoka 2
Falta de participação dos funcionários na definição das situações que necessitam de maior controle dos
operadores no processo PERFILADORAS
LINHA 47
Desenvolvimento
Trabalho Cadeia de Ajuda 2
Cadeia de Ajuda ocupada com outras tarefas, demora para a atender quando solicitada.
PERFILADORAS LINHA 47
Desenvolvimento
Trabalho Job rotation 2
Limitado as células que realizam as atividades de perfilhamento. Deveria englobar a estampagem e inspeções. PERFILADORAS LINHA 47 RELATÓRIO DE PRODUTIVIDADE QUALIDADE 2
O produto sai com defeitos de geometria e riscos em virtude das peças terem dificuldade de sair da ferramenta
Fonte: Autor, 2015
As lideranças e os operadores puderam verificar inúmeras situações de mal emprego das ferramentas do Sistema Lean de Produção.
Para combinação das informações e determinação dos índices coletivos, foram utilizadas informações de ao menos dois funcionários.
Após a apresentação dos resultados coletivos os funcionários apresentaram satisfação com os índices finais em relação aos problemas apresentados.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Seguem numeradas as conclusões sobre os resultados individuais encontrados:
1) Verificou-se que muitas das indicações de problemas encontrados nos resultados individuais não se traduziram em problemas de todos os operadores de perfiladoras na Linha 47.
A metodologia de regulação auxiliou a identificar que a possível utilização de apenas o colaborador mais experiente para definir os pontos de melhoria nos processos é falha, e que ela poderia levar a não atender as características psicofisiológicas dos funcionários.
2) Verificou-se que muitos das possíveis fontes que originam problemas de saúde estão relacionados a situações individuais desconexas com a relação de trabalho. A metodologia de regulação ajudou a desmistificar a busca intensa do Sistema Lean de Produção pela criação de indicadores internos para sinalizar todas as causas raízes de problemas. Ela auxiliou a desenvolver o acompanhamento dos indivíduos, entendendo que variações no estado instantâneo (por exemplo) podem ser fontes de redução da produtividade e/ou problemas de saúde.
3) Ficou evidente a discrepância de algumas características individuais em relação às exigências da atividade ou do posto de trabalho.
A metodologia de regulação auxiliou a verificar o atendimento dos indivíduos as solicitações das atividades e/ou postos de trabalho.
4) O tempo destinado a realização das entrevistas não se apresentou como impedimento por parte da liderança da produção, haja visto que apenas um funcionário era deslocado, permitindo que a cadeia de ajuda instalada suprisse sua ausência.
O tempo de participação dos funcionários não se apresentou como despesa ao processo, mas sim como investimento no desenvolvimento das condições e da organização do trabalho.
5) Os PIPO’s individuais se mostraram eficazes pelas lideranças em virtude do aumento de engajamento relatado pelos funcionários após o processo.
6) Os PIPO’s individuais permitiram desenvolver planos de adequações correlacionados com os princípios da NR-17, haja vista que os colaboradores possuem diferentes características psicofisiológicas a serem contempladas.
7) Os PIPO’s individuais permitiram visualizar que algumas das ferramentas do Sistema Lean de Produção não estavam totalmente implementadas ou não estavam em uso pelos operadores.
A metodologia de regulação pode elucidar que situações de funcionários com pouca habilidade ou falta de capacitação/treinamentos são fontes de problemas para a boa aplicação das ferramentas do Sistema Lean de Produção.
8) Constatou-se que os PIPO’s individuais possibilitaram o desenvolvimento de medidas administrativas com baixo (ou sem) custos e de rápida implementação.
Seguem numeradas as conclusões sobre os resultados coletivos encontrados:
9) Verificou-se que o PIPO coletivo permitiu o aumento do engajamento e ampliação do entrosamento da equipe de trabalho após a discussão dos problemas.
10) A participação de equipes multifuncionais no PIPO coletivo permitiu que a área técnica tivesse maior facilidade de entendimento dos problemas dos funcionários.
11) O PIPO coletivo permitiu definir em conjunto com clareza a liderança as prioridades dos Kaizen’s que devem ser priorizados no Estado Futuro da Linha 47 (após a revisão do Mapa de Fluxo de Valor).
12) O PIPO coletivo permitiu verificar o porquê das ferramentas do Sistema Lean de Produção não estarem sendo efetivas (se era problemas individuais, ausência ou problemas no treinamento, ou falhas na introdução ou aplicação diária).
13) O PIPO coletivo permitiu desenvolver a sistemática de revisão das ferramentas do Sistema Lean de Produção que estavam mal implementadas.
14) O PIPO coletivo permitiu aos colaboradores visualizarem a importância do bom uso das ferramentas do Sistema Lean de Produção para a ampliação da qualidade de vida no trabalho.
A metodologia de regulação de atividades elucidou aos operadores a importância em estar engajado na melhor implantação do Sistema Lean de Produção. Os operadores em uníssono concordaram que as ferramentas do Lean propiciam a redução da exposição de fatores de riscos ergonômicos. Ademais, foi apresentado que o aumento da produtividade é possível sem sobrecarga do trabalho (sobrecargas físicas, cognitivas ou psíquicas).
15) O PIPO coletivo permitiu o conhecimento de lições aprendidas para a revisão, alteração e/ou concepção de postos de trabalho.
A metodologia de regulação de atividades possibilitou a construção/revisão dinâmica dos percentiles de adequação da população trabalhadora em relação a modificação dos diferentes fatores produtivos e/ou individuais.