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2. REVISÃO DE LITERATURA

4.2 Resultados das Questões Fechadas

Conforme abordado na seção “método”, os dados coletados através das questões

abertas do questionário foram submetidos à metodologia de análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), abaixo apresentados em formato de tabelas e por categorização e também o número de ocorrências.

Tabela 1- Temas transversais e formação (N = Ocorrências)

Categoria N

Estudou os temas transversais durante a formação Não estudou os temas transversais durante a formação Não respondeu

18 09 01

TOTAL 28

A partir da Tabela 1, é possível inferir que houve um número considerável de docentes que estudaram os temas transversais durante a formação. As respostas foram bem variadas: alguns disseram que foi a partir de leitura dos PCNs, outros disseram que foi durante a faculdade (formação inicial) e cursos de formação continuada. Vale destacar que apenas um dos docentes disse ter estudado durante o Horário de Trabalho Coletivo na rede estadual de ensino e outro docente destacou que os utilizou para fazer planejamento de aula.

Tabela 2 - Formação inicial e temas transversais - (N = Ocorrências)

Categoria N Satisfatória Não satisfatória Não respondeu 13 11 04 TOTAL 28

Quanto à Tabela 2 “Formação inicial e temas transversais”, observa-se que 13 (treze)

docentes consideraram satisfatórias as informações recebidas sobre os TTs durante a formação inicial, seguidos de um número considerável, 11 (onze) docentes, que não as considerou satisfatórias.

Vale destacar que normalmente os conteúdos envolvendo os TTs fazem parte do conteúdo programático das disciplinas de Metodologia de Ensino e Didática, por exemplo, no curso de Pedagogia, abordando a proposta através dos documentos PCNs. Nesse sentido, considerando os estudos sobre os TTs apreendidos durante a formação inicial, há convergência com que Tardif (2002) aborda sobre a importância dos saberes da formação profissional, saberes estes adquiridos a partir das ciências da educação, que devem ser incorporados à prática

docente “No plano institucional, a articulação entre essas ciências e a prática docente se

estabelece, concretamente, através da formação inicial ou contínua dos professores” (TARDIF,

p. 37, 2002).

Nóvoa (1999) destaca a importância da ação educativa. Segundo o autor, sempre houve uma imprevisibilidade e uma grande complexidade levando os professores a aplicarem materiais curriculares pré-elaborados e a uma saída possível partindo de inovação das práticas pedagógicas desenvolvidas por eles próprios, além disso, que essa prática promove uma reflexão sobre a experiência.

Tabela 3 - Concepções sobre os PCNs - (N = Ocorrências)

Categoria N Conhece Não conhece Conhece pouco Não respondeu 26 - 01 01 TOTAL 28

Em relação à Tabela 3 “Sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais” houve uma

unanimidade: praticamente todos os participantes responderam que os conhecem e apenas um respondeu que conhece pouco.

Tabela 4 - Temas transversais X PCN - (N = Ocorrências). Categoria N Sim Não Não respondeu 27 - 01 TOTAL 28

No que se refere à Tabela 4, praticamente todos os docentes responderam que sabem que os temas transversais estão contemplados nos PCNs, sendo este um aspecto positivo para a presente pesquisa. Vale destacar que nos cursos de licenciatura, como por exemplo, o de Pedagogia, os conteúdos referentes aos PCNs e temas transversais são trabalhados nas disciplinas de Didática e Metodologia de Ensino, para promover uma compreensão e reflexão entre os alunos sobre a proposta.

Tabela 5 - Tipos de temas transversais - (N = Ocorrências).

Categoria N

Sim Não

Conhece alguns temas Não lembra 20 04 03 01 TOTAL 28

Conhecer e compreender o conteúdo a ser ensinado é de extrema importância, mesmo que as propostas tenham sido criadas por especialistas autorizados pelo Estado e transformadas em diretrizes curriculares, sem a participação dos professores em sua organização, o seu conhecimento é imprescindível, pois estes servem de guia para planejar e avaliar (GAUTHIER et al. 2006).

Na Tabela 5, é possível observar que a maioria 20 (vinte) dos sujeitos respondeu que conhece os temas transversais, mas, apesar disso, não foram capazes de citá-los em sua totalidade (Ética, Saúde, Meio Ambiente, Orientação Sexual, Pluralidade Cultural, Trabalho e

Consumo). O tema transversal mais citado pela maioria foi “Meio Ambiente”, seguido na

mesma proporção por “Orientação Sexual” e “Pluralidade Cultural e Ética”. Alguns se

que 2 (dois) docentes responderam não se lembrarem quais são os temas transversais porque na

rede ensino não utilizam no currículo escolar, como mostra os depoimentos9 a seguir:

[...] a rede não utiliza mais os PCNs, ficou no esquecimento (Docente T) Não me recordo todos, pois PCN não é mais usado na rede [...] (Docente A)

É interessante notar a afirmação dos sujeitos 2 e 13 de que a rede não utiliza mais os PCNs, causando estranheza, pois trata-se dos parâmetros para a organização curricular em âmbito nacional. Tais afirmativas permitem a inferência de que falta formação continuada aos professores para que compreendam que existem princípios norteadores para organização curricular.

Tabela 6 - Prática pedagógica X Temas transversais - (N = Ocorrências).

Categoria N Sim Não Algumas vezes Não respondeu 24 02 01 01 TOTAL 28

De acordo com a Tabela 6, é possível observar que a maioria dos docentes tem trabalhado alguns dos temas transversais sob outras nomenclaturas. A partir das respostas, foi constatado que o tema transversal mais trabalhado pelos docentes foi Meio Ambiente, depois citaram que utilizam também os temas: Ética, Valores, Pluralidade Cultural, Saúde e Sexualidade.

Além disso, outros temas ou assuntos estão sendo trabalhados a partir dos conteúdos pedagógicos em sala de aula, conforme apresentado na Figura 13, como por exemplo, cidadania, respeito, bullying, reciclagem de lixo, alimentação e trabalho/consumo.

Figura 13: Temas Trabalhados

Fonte: Elaborado pela pesquisadora.

Como se observa, os temas trabalhados são bem variados, alguns se destacando, porém os documentos dos PCNs (1998) orientam que cada tema transversal deve ter a mesma relevância, pois todos têm por objetivos orientar e informar os alunos e prepará-los para a vida em sociedade, ajudando-os a resolver eventuais problemas que venham enfrentar.

Tabela 7- Formação para a transversalidade - (N = Ocorrências)

Categoria N

Sente preparado Não sente preparado Não respondeu

14 13 01

TOTAL 28

Quanto à questão da preparação para trabalhar com os temas transversais na escola, observa-se na Tabela 7 que, 14 (quatorze) professores responderam sim, 13 (treze) que não e 1 (um) não respondeu. Esses dados podem ser cotejados com os dados da Tabela 6, em que 24 professores afirmam ter trabalhado os TTs. Entretanto, 13 docentes (Tabela 7) afirmam que não sentem preparados para trabalhar. Diante disso, surge o seguinte questionamento: se não sentem preparados, então, de que forma os docentes trabalham os conteúdos envolvendo os temas transversais? 1 2 1 10 1 5 4 8 6 4 1 11 4 Temas Trabalhados Dengue Cidadania Trabalho/consumo Meio Ambiente Alimentação Pluralidade Cultural Sexualidade Ética Valores

Tabela 8 - A falta de preparado para trabalhar com os T.Ts – (N = Ocorrências)

Categoria N

Falta de conhecimento

Falta de material didático adequado Falta de interesse de quem o projetou Demanda de conteúdos

Falta de preparo para desenvolver atividades relacionadas

09 08 01 01 01 TOTAL 20

Na Tabela 8 os professores indicam as causas da falta de preparo para trabalhar com os TTs. A falta de conhecimento foi apontada como o maior empecilho para 9 (nove) docentes, enquanto que 8 (oito) identificaram a falta de material didático adequado. Outros motivos também foram identificados, como o descaso por quem projetou a proposta e também a demanda de conteúdo a ser trabalhado em sala de aula.

Esses resultados estão em consonância com que Tardif (2002) destaca: a importância do conhecimento voltado aos saberes provenientes da formação profissional para o magistério, como também dos saberes provenientes dos programas e livros didáticos.

Tabela 9 - Dificuldade para trabalhar com os TTs - (N = Ocorrências).

Categoria N Sim Não Não respondeu 14 11 03 TOTAL 28

A Tabela 9, revela que a metade dos docentes, ou seja, 14 (quatorze) deles afirmaram que encontra dificuldades para trabalhar com os temas transversais na escola e que 11 (onze) deles responderam que não sentem dificuldades.

Tabela 10 - Os motivos da dificuldade para trabalhar com os TTs - (N = Ocorrências).

Categoria N

Falta de capacitação específica Falta de material didático adequado Falta de espaço para incentivo Não respondeu 06 09 01 01 TOTAL 16

Dos 28 (vinte e oito) docentes, 16 (dezesseis) responderam que sentem dificuldades

para trabalhar com os temas transversais na escola. Os motivos apontados referem-se

principalmente à falta de material didático adequado e também a falta de capacitação específica. Motivos esses similares com os resultados da Tabela 8, no que se refere à falta de preparo para trabalhar com os temas transversais na prática pedagógica.

Vale ressaltar que alguns docentes admitiram não dispor de conhecimentos suficientes para utilizarem os temas transversais, conforme depoimentos a seguir:

Confesso que me sinto envergonhada e ao mesmo tempo injustiçada por um governo que nos joga um rico projeto e não nos dá o suporte necessário para trabalharmos não somente enriquecermos, como ajudar os tão carentes alunos. (Docente I)

Falta planejamento e estudo prévio sobre os temas transversais com organização de projetos na escola de forma coletiva. (Docente E)

[...] qualquer atividade que uma pessoa vá desenvolver é necessário que ela seja preparada e muito bem preparada, para que não haja frustrações por não ter atingido seu objetivo, e tem mais, o professor precisa estar “seguro” do que está fazendo. Para abordar um determinado assunto você precisa estar preparada e carregada de conhecimento. (Docente T)

Entretanto, os docentes responsabilizaram o poder público por essas dificuldades em trabalhar com os temas transversais, neste caso, a Secretaria Municipal de Educação, por não oferecer condições necessárias aos professores de utilizarem em suas práticas tal proposta. Citam também a falta de planejamento e estudo coletivo dos temas transversais e a necessidade de preparo como forma de proporcionar a confiança necessária para trabalhar os temas.

Nesse sentido, é importante destacar que já se passaram 15 (quinze) anos da implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, porém os depoimentos evidenciam que não há uma formação voltada para sua aplicação. Além disso, não podemos esquecer que os

problemas sociais estão presentes na escola e merecem ser trabalhados de forma transversal, não ocupando o lugar das disciplinas, mas a escola deve, sem perder sua função epistêmica, utilizar das disciplinas para abordar os problemas da realidade com os quais as crianças e jovens se deparam.

Até o momento, foram apresentados os resultados quantitativos da pesquisa, no próximo tópico serão apresentados os dados qualitativos, destacando-se as representações dos sujeitos pesquisados.