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Resultados e Discussão

No documento UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (páginas 66-74)

5. CAPÍTULO 3 – ÁCIDO ABSCÍSICO NA BAGA DA UVA ‘NIÁGARA ROSADA’ EM

5.3 Resultados e Discussão

Compostos fenólicos totais e antocianinas totais

As análises de compostos fenólicos totais e antocianinas totais foram realizadas na casca da uva.

A quantificação de compostos fenólicos foi baseada na metodologia de Antunes et al., (2019) e adaptada por Almeida (2021). Foram extraídos 50 mg de amostras liofilizadas por adição de 1 ml de metanol (75%) acidificado com 0,1% de ácido fórmico. Depois, o extrato foi sonicado durante 15 minutos para centrifugação subsequente a 9900 x g, durante 10 minutos a 25 °C. O sobrenadante foi recolhido e este processo de extração foi repetido. Os sobrenadantes foram combinados e, em seguida, filtrados através de um filtro de seringa PVDF (0,22 μM) e transferidos para frascos. Depois, 10 μL deste extrato foi injetado num sistema de cromatografia líquida de alto desempenho (UFLC; Shimadzu, Kyoto, Japão) acoplado a um espectrómetro de massa de alta resolução (quadrupole-flight time - Maxis Impact, Bruker Daltonics, Bremen, Alemanha) (UFLC - MS/MS). O conteúdo de compostos fenólicos totais foi expresso em ácido gálico (mg g -1 ácido gálico) através de curva padrão de ácido gálico.

As antocianinas foram quantificadas em espectrofotômetro (6705 UV / Vis;

Jenway®) a 520 nm, de acordo com o método adaptado de Lee e Francis (1972). Para a extração de antocianinas, 2 ml de metanol P.A e 10 mg de amostra foram usados, agitado em vórtice e centrifugado a 10.000 x g. O conteúdo total de antocianina foi expresso como equivalentes de malvidina (mg g-1 malvidina).

5.2.2.3 Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância através do teste F (p≤0,05).

Constatando-se significância estatística, os dados foram comparados pelo teste Tukey (p≤0,05).

significância estatística para os atributos avaliados na uva Niágara Rosada submetida a diferentes tratamentos com S-ABA (Tabela 5).

Tabela 5 – Características físicas dos cachos e das bagas da videira ‘Niágara Rosada’ submetida a diferentes tratamentos com S-ABA. Pelotas-RS, 2022.

Tratamentos

(Concentração em mg L-1)

Massa dos cachos (g)

Comprimento dos cachos

(cm)

Massa das bagas

(g)

Diâmetro das bagas

(cm)

Testemunha 243,28NS 13,6 NS 5,23 NS 1,89 NS

S-ABA 200 (veraison) 241,31 13,6 5,10 1,87

S-ABA 400 (veraison) 236,89 13,3 4,90 1,87

S-ABA 200 (veraison) + 200 (20DAPA) 242,54 13,3 5,05 1,90

S-ABA 400 (veraison) + 400 (20DAPA) 243,06 13,7 5,14 1,92

CV (%) 28,28 13,56 16,74 7,25

NS: não significativo pelo teste F (p≤0,05) da análise de variância. CV (%): coeficiente de variação. 20 DAPA = 20 Dias após primeira aplicação.

Tecchio et al. (2019) avaliando diferentes porta-enxertos no cultivo de ‘Niágara Rosada’ em Louveira-SP, verificaram valores massa de cachos entre 191 e 223 g, valores inferiores aos obtidos no presente estudo, independente dos tratamentos com S-ABA. Quanto ao comprimento, Frölech et al. (2020) informaram que o valor foi de 13,7 cm para cachos da videira ‘Niágara Rosada’ em estudo nas mesmas condições deste experimento.

Ambas as variáveis estão relacionadas com a lucratividade do produtor, tendo em vista que cachos maiores e mais pesados podem representar maior retorno financeiro, embora isso também dependa da produção e do nicho de mercado em que o produto será direcionado.

Para a massa das bagas, os valores médios obtidos estão próximos a 5 g, que segundo Maia (2002), é o peso médio das bagas da cultivar Niágara Rosada. Porém, para o diâmetro das bagas, Frölech et al. (2020) verificaram 1,95 cm, valor médio superior aos verificados neste experimento. Em Botucatu-SP, para a massa das bagas, Silva et al. (2018) verificaram valores inferiores ao deste experimento para a cultivar ‘Niágara Rosada’.

Os resultados do presente trabalho com relação à influência do S-ABA estão de acordo com a literatura, onde as aplicações de S-ABA não alteram as características físicas das bagas de uva, resultado evidenciado por Neto et al. (2017b) na uva ‘Rubi’ e por Koyama et al. (2014b) e Yamamoto et al. (2018) na cultivar ‘Isabel’.

Neste sentido, se o destino dessas uvas é o mercado de mesa, tais variáveis físicas podem influenciar na aceitação do mercado consumidor. Em estudo sobre os critérios usados pelo consumidor na obtenção de frutos de pêssegos e nectarinas (Prunus persica Bastch L. var. vulgaris e Prunus persica Bastch L. var. nuscupersica), Penso et al. (2018) concluíram que o tamanho do fruto se destacou. Embora ambos sejam frutos avaliados por unidade no momento da compra e não por cacho, como no caso da uva, tal resultado é um indicativo de que este é um parâmetro que pode ser decisivo durante a seleção do produto no mercado.

Coloração da baga

No que diz respeito à coloração das bagas da uva ‘Niágara Rosada’ tratadas com S-ABA, observou-se significância estatísticas apenas para os valores de L* e C*

(Tabela 6).

Tabela 6 – Atributos de cor das bagas da videira ‘Niágara Rosada’ submetida a diferentes tratamentos com S-ABA. Pelotas-RS, 2022.

Tratamentos

(Concentração em mg L-1) L* C* ho CIRG

Testemunha 33,12 a1/ 4,90 a 27,20NS 4,01NS

S-ABA 200 (veraison) 33,39 a 4,52 ab 27,86 4,01

S-ABA 400 (veraison) 31,83 b 3,87 b 30,63 4,07

S-ABA 200 (veraison) + 200 (20DAPA) 32,68 ab 4,57 ab 29,85 4,02 S-ABA 400 (veraison) + 400 (20DAPA) 31,57 b 4,09 b 31,50 4,16

CV (%) 3,67 13,62 16,87 5,72

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p≤0,05). NS: não significativo pelo teste F (p≤0,05) da análise de variância. CV (%): coeficiente de variação. 20 DAPA = 20 Dias após a primeira aplicação.

Para a coordenada L*, verificou-se diferença estatística entre a testemunha e as uvas que receberam uma aplicação com 200 mg L-1 no veraison das que receberam 400 mg L-1 em uma ou duas aplicações (Tabela 6). Baixo valor de L* indica coloração mais escura (YAMAMOTO et al., 2018), podendo interferir na preferência no momento da aquisição da uva.

Quanto ao valor de C*, observou-se diferença estatística entre a testemunha e a concentração de 400 mg L-1, independente do número de aplicações (Tabela 6).

Resultados semelhantes foram relatados por Koyama et al. (2019) para a cultivar ‘BRS

Melodia’, onde o menor valor de C* foi obtido nos tratamentos com aplicação de S-ABA em comparação à testemunha, o que resultou em bagas com cor menos saturada em direção ao cinza, visto que C* estava mais próximo ao zero.

Valores de luminosidade variam de 0 (preto) a 100 (branco), enquanto o Croma indica a saturação da cor, isto é, a distância do cinza (acromático) a uma cor pura, (LANCASTER et al., 1997).

No que diz respeito ao ângulo ho, não foi observada significância estatística entre os tratamentos, assim como para o valor de CIRG (Tabela 6). Quanto ao CIRG, Neto et al. (2017b) verificaram diferença entre os tratamentos, onde a testemunha apresentou a menor média em comparação às uvas da cultivar ‘Rubi’ tratadas com S-ABA. Conforme Lancaster et al. (1997), Hue refere-se à roda de cor e é medida em ângulos, onde o verde, amarelo e vermelho correspondem a 1800, 900, e 00, respectivamente.

De acordo com Carreño et al. (1995), valores do índice CIRG próximos de zero correspondem às bagas de coloração verde, enquanto valores próximos de cinco, àquelas de coloração vermelha. Os valores obtidos neste trabalho para este índice ficaram entre 4,01 e 4,16, indicando que as bagas apresentavam cascas de coloração vermelha (Figura 20) e tais resultados são superiores aos publicados por Tecchio et al. (2017), que verificaram 3,42 e 3,81 para a mesma cultivar em região de clima tropical.

Figura 20. Cachos da uva ‘Niágara Rosada’ tratados com S-ABA, sendo: Testemunha (A); S-ABA 200 mg L-1 no veraison (B); S-ABA 400 mg L-1 no veraison (C); S-ABA 200 mg L-1 no veraison + 200 mg L-1 aos 20 dias após a primeira aplicação (D); S-ABA 400 mg L-1 no veraison + 400 mg L-1 aos 20 dias após a primeira aplicação (E). Fotos: Dianini Brum Frölech, Pelotas-RS.

A cor é um parâmetro de suma importância na comercialização e pode ser determinante na escolha do consumidor. Porém, segundo Tecchio et al. (2017), vários fatores podem interferir nos resultados das variáveis relacionadas à coloração da

A B C

\

D E

\

baga, como a maturação da uva, a cultivar, as práticas culturais, além de Koyama et al. (2018) terem descrito que os resíduos químicos e o revestimento de cera nas bagas no momento da leitura pelo colorímetro também podem influenciar.

pH, sólidos solúveis, acidez titulável e razão SS/AT

Quanto ao pH, os valores médios ficaram entre 3,60 e 3,65, não havendo significância estatística entre os tratamentos (Tabela 7).

Tabela 7 – Características químicas das bagas da videira ‘Niágara Rosada’ submetida a diferentes tratamentos com S-ABA. Pelotas-RS, 2022.

Tratamentos

(Concentração em mg L-1) pH SS a/

(°Brix)

AT b/

(% ácido tartárico)

SS/AT

Testemunha 3,65 NS 15,7 b1/ 0,88 a 18,82 b

S-ABA 200 (veraison) 3,60 16,2 ab 0,71 ab 22,79 ab

S-ABA 400 (veraison) 3,60 16,9 a 0,67 b 23,83 ab

S-ABA 200 (veraison) + 200 (20DAPA) 3,62 17,1 a 0,71 ab 25,22 ab S-ABA 400 (veraison) + 400 (20DAPA) 3,65 16,9 a 0,63 b 26,55 a

CV (%) 2,18 0,92 9,03 21,94

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p≤0,05). NS: não significativo pelo teste F (p≤0,05) da análise de variância. CV (%): coeficiente de variação. a/: Sólidos Solúveis. b/: Acidez Titulável. 20DAPA = 20 Dias após a primeira aplicação.

Frölech et al. (2019) registraram no momento da colheita 3,58 para o pH da mesma cultivar no mesmo município. Testando o S-ABA na uva ‘Rubi’, Neto et al.

(2017b) verificaram resultados semelhantes aos deste trabalho para essa variável, pois independente das concentrações e número de aplicações, o S-ABA não interferiu nos resultados.

O pH é um parâmetro crítico na conservação de frutos (SANTOS et al., 2018), pois quanto menor, mais estável será a conservação microbiológica. Além disso, este parâmetro pode influenciar na coloração, pois quanto mais baixo o pH, mais vermelha e brilhante será a casca (GIOVANINNI, 2009).

Com relação aos sólidos solúveis (SS), houve diferença estatística entre as uvas que não receberam a aplicação do produto (testemunha) e os tratamentos com o uso de 400 mg L-1 de S-ABA no veraison e aqueles em que foram feitas duas aplicações desse regulador (Tabela 7). Apesar disso, em todos os tratamentos os teores ficaram acima de 14 °Brix, que é o valor mínimo para a comercialização de

uvas rústicas para mesa, determinado pela Instrução Normativa n° 1, de 1° de fevereiro de 2002 (Brasil, 2002).

Tecchio et al. (2019) apresentaram valores inferiores aos obtidos neste experimento para a mesma cultivar no município de Louveira-SP. Resultados semelhantes aos deste trabalho foram observados por Koyama et al. (2014b) em estudo com ‘Isabel’ em Londrina-PR, onde uma aplicação de 400 mg L-1 de S-ABA no veraison ou duas aplicações de S-ABA (independente da concentração), diferiram da testemunha.

No que diz respeito à acidez titulável, houve significância estatística entre os tratamentos, a testemunha apresentou maior teor, diferindo da aplicação de 400 mg L-1 S-ABA, independentemente de ter sido realizada uma ou duas aplicações (Tabela 7). Em Botucatu-SP, Silva et al. (2018) verificaram teores superiores aos verificados neste experimento para a AT da cultivar ‘Niágara Rosada’. Em contrapartida, de acordo com o trabalho de Tecchio et al. (2019), percebe-se que os valores foram inferiores aos obtidos neste experimento para a mesma cultivar em Louveira-SP.

Com relação ao efeito da aplicação de S-ABA no teor de sólidos solúveis e na acidez titulável de cultivares de uva, vários autores diagnosticaram que houve pouco (SHAHAB et al., 2020; NETO et al., 2017b) ou nenhum efeito (KOYAMA et al., 2019;

RAMIREZ et al., 2019). Neste sentido, o acompanhamento dos teores de sólidos solúveis e da acidez titulável nas uvas é de extrema importância, pois são indicadores da maturação dos frutos, influenciando diretamente na sua qualidade e, consequentemente, no seu sabor.

A relação SS/AT é um dos parâmetros usados para determinar a maturação da uva (MARIANI e NAVA, 2018), e no momento da colheita é desejável que os valores dessa relação sejam iguais ou maiores a 20 (ALBUQUERQUE, 1996; CHOUDHURY, 2001). Assim, podemos verificar que apenas na testemunha a relação ficou abaixo desse valor; porém, diferiu estatisticamente apenas do tratamento com duas aplicações de 400 mg L-1 de S-ABA (Tabela 7).

Manfroi et al. (2004) afirmaram que esta relação é umas das variáveis que podem caracterizar as cultivares em uma determinada região, mas este parâmetro deve ser utilizado com cautela, pois o aumento na concentração de açúcar nem sempre corresponde à igual redução da acidez titulável.

Compostos Fenólicos Totais e Antocianinas Totais

Com relação aos compostos fenólicos totais, observou-se significância estatística, onde a testemunha apresentou maior teor, diferindo da aplicação de 400 mg L-1 S-ABA no veraison e dos tratamentos com duas aplicações de S-ABA. Por outro lado, a aplicação de 200 mg L-1 de S-ABA no veraison não diferiu da testemunha, tampouco dos demais tratamentos (Tabela 8).

Tabela 8 – Compostos fenólicos e antocianinas totais da casca das bagas da videira ‘Niágara Rosada’

submetida a diferentes tratamentos com S-ABA. Pelotas-RS, 2022.

Tratamentos (Concentração em mg L-1) Composto fenólicos totais (mg g-1 ácido gálico)

Antocianinas totais (mg g-1 malvidina)

Testemunha 4,30 a1/ 0,59 b

S-ABA 200 (veraison) 3,91 ab 0,65 ab

S-ABA 400 (veraison) 3,65 b 0,68 ab

S-ABA 200 (veraison) + 200 (20DAPA) 3,63 b 0,68 ab

S-ABA 400 (veraison) + 400 (20DAPA) 3,63 b 0,69 a

CV (%) 4,92 4,57

1/Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste Tukey (p≤0,05). CV (%):

coeficiente de variação. 20 DAPA = 20 Dias após primeira aplicação.

Diferentemente de outros experimentos cujo uso de S-ABA em cultivares de uva resultou em aumento no teor de compostos fenólicos (RAMIREZ et al., 2019;

NETO et al., 2017b), no presente estudo esse teor foi menor com uma aplicação de 400 mg L-1 de S-ABA, assim como naquelas bagas que receberam uma ou duas aplicações, independente da concentração adotada (Tabela 8). Todavia, com a utilização desse mesmo produto na uva ‘Isabel’, Yamamoto et al. (2018) não verificaram significância estatística entre os tratamentos, mesmo resultado obtido por Tecchio et al. (2017), na cultivar Niágara Rosada.

Alguns fatores como a cultivar, região de cultivo e práticas culturais adotadas podem influenciar a concentração de compostos fenólicos na uva (SILVA et al., 2019a;

YAMAMOTO et al., 2018), bem como as condições climáticas da região e até o estágio de maturação da uva no momento da colheita (SILVA et al., 2019a).

A maturação fenólica das uvas, que se refere à quantidade de fenóis presentes na casca, polpa e sementes também pode ter relação com os resultados. Uma uva madura é caracterizada por cascas ricas em antocianinas e taninos complexos e

inativos; por outro lado, uvas imaturas possuem baixas concentrações de antocianinas nas cascas e taninos relativamente simples que não perderam sua reatividade (RIBÉREAU-GAYON et al., 2006), podendo este último ter influenciado nos resultados. Além disso, a análise de compostos fenólicos foi realizada apenas na casca da uva, o que pode ter diferenciado os resultados daqueles descritos por outros autores, pois esses compostos são encontrados em diferentes partes das bagas, mas a casca contém a maior quantidade (JÚNIOR et al. 2021; SUSIN 2020).

Quanto às antocianinas, houve diferença estatística apenas entre a testemunha e o tratamento com duas aplicações de 400 mg L-1 de S-ABA, enquanto os demais tratamentos não diferiram entre si (Tabela 8). O aumento no teor de antocianinas nas cascas foi percebido em outras cultivares de uva que receberam a aplicação de S-ABA, a exemplo da ‘Benitaka’ (SHAHAB et al., 2020; SHAHAB et al., 2019), ‘Shiraz’

(RAMIREZ et al., 2019), dentre outras.

A aplicação de S-ABA desencadeia o metabolismo secundário das uvas, especificamente a biossíntese de antocianinas, que é o pigmento que confere uma cor rosa/roxa em frutas, flores e vegetais (TECCHIO et al., 2017). No entanto, assim como observado por Koyama et al. (2014a), o aumento na concentração de antocianinas não está linearmente correlacionado com a cor dos frutos, o que explica os resultados observados neste trabalho com relação à coloração das bagas (Tabela 6 e Figura 20).

Além dos resultados do presente estudo, analisando o trabalho de vários autores verifica-se que o uso de S-ABA é uma alternativa promissora na viticultura, uma vez que possibilita incrementar o valor comercial da uva ao obter uma maior uniformidade de cor, pois uvas mais coloridas e uniformes atraem os consumidores e são mais aceitáveis no mercado de uvas de mesa (NETO et al. 2017a;NETO et al., 2017b; TECCHIO et al., 2017).

Em suma, nas condições em que o presente estudo foi realizado, de modo geral, foi possível constatar que a aplicação de S-ABA não altera as características físicas da uva ‘Niágara Rosada’; entretanto, houve um incremento no teor de sólidos solúveis, na relação SS/AT e nas antocianinas totais na uva, independente da concentração e da quantidade de aplicações.

Como o custo de produção é um aspecto muito relevante, analisando os resultados desse experimento verifica-se que o uso de 200 mg L-1 de S-ABA aplicado

uma vez é o suficiente para o cultivo de ‘Niágara Rosada’ em Pelotas-RS. No entanto, mais estudos de viabilidade econômica da aplicação de S-ABA para uniformizar a coloração das uvas, como o de Neto et al. (2021) com a uva ‘Rubi’, devem ser realizados, a fim de verificar o ônus da aplicação em relação ao preço da uva, com o intuito de aumentar os lucros do produtor.

Outro quesito imprescindível é o cuidado necessário na aplicação do produto, visto que grandes áreas de cultivo e condições climáticas desfavoráveis, tais como períodos de chuvas prolongados, tornam difícil a aplicação nas plantas em determinados períodos, como o veraison, onde tem-se pouco tempo para realizar a operação em área total, pois é morosa e apenas os cachos são sujeitos à aplicação (SHAHAB et al., 2019).

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