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As potencialidades da cartilha como ferramenta pedagógica

Tendo em vista a proposta desse trabalho de desenvolver e avaliar as potencialidades e limitações didático-pedagógicas da cartilha “Canga”, optou-se por um estudo de caso com abordagem qualitativa.

De acordo com Martinelli (1999), o objetivo nas pesquisas de abordagem qualitativa é revelar o que os participantes pensam a respeito do que está sendo pesquisado. Para a autora, todos os fatos e fenômenos são significativos e fundamentais, e devem ser trabalhados por meio das principais técnicas: entrevistas, observações, análise de conteúdo, estudo de caso e estudos etnográficos.

Sabendo-se que o estudo de caso é um dos métodos possíveis da pesquisa qualitativa, abordaremos o estudo de caso qualitativo ou naturalístico. No entanto, uma preocupação inerente ao desenvolvimento de um estudo de caso, é a compreensão de uma instância singular, ou seja, o objeto pesquisado é tratado como único, uma representação singular e situada do contexto no qual está inserido (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 21). Desta forma cria- se uma especificidade tão grande na geração e discussão dos resultados encontrados que a reprodutibilidade deste em outro contexto se torna dificultosa.

Com relação à análise documental, Ludke e André (1986) relatam que, embora pouco explorada na área da educação, pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja completando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.

Num primeiro momento, definimos como objeto de pesquisa canga. Para isso, realizamos um levantamento bibliográfico, seguido de posteriores leituras e fichamentos de livros sobre o tema pesquisado complementando com alguns textos de apoio que abordam o assunto. Assim identificamos a localização, importância, funções ecológicas entre outros assuntos relevantes sobre os campos rupestres ferruginosos.

45 Por se tratar de um ecossistema praticamente desconhecido pelos alunos e por falta de um material didático sobre a canga, foi desenvolvida uma cartilha para o ensino fundamental II, inovadora no assunto em questão, que permitiu ao aluno conhecer o contexto ecológico e a importância das áreas de canga, que atualmente sofrem forte intervenção predatória por parte da atividade mineradora na região de QF.

A cartilha contém 41 páginas, produzidas em colaboração com o Instituto Prístino, uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Um protagonista foi criado para introduzir e discutir os temas associados à canga e auxiliar no desenvolvimento das propostas, tornando-se um agente, mesmo que na forma de um signo, facilitador do processo de abordagem do conhecimento ou assunto relacionado (Figura 14)

Figura 14: Signo do cacto Arthrocereus glaziovii. Fonte: Leandro Márcio Moreira.

A sequência dos assuntos abordados é regida por uma lógica de aprofundamento e correlações temáticas. Após uma breve introdução sobre o personagem, seu estilo de vida e onde é encontrado, o mesmo interage com o leitor através de uma enquete para escolha de um nome popular. Nas páginas seguintes a cartilha foca a essência da palavra canga e seu significado enquanto ecossistema único.

46 Solo, água, flora e fauna são abordados com linguagem simples sem prejuízo de conteúdo, além de dicas que procuram destacar e explicar algum tema específico para que o leitor possa se manter atento ao texto. Em seguida, são apresentadas as principais ameaças às áreas de canga, a importância de unidades que promovam a conservação desse ecossistema e os conflitos relacionados ao Parque Nacional da Serra do Gandarela. Ao final a cartilha ainda conta com uma carteirinha que deve ser preenchida com os dados do leitor que cumpriu seu papel de agente ecológico ao estudar toda a cartilha. Assim, o cacto se despede e esclarece a importância de fazermos do nosso mundo um lugar melhor para se viver.

Uma cópia completa da cartilha apresenta-se disponível no ANEXO II desta dissertação.

Análise qualitativa do questionário preliminar

Os alunos foram deixados à vontade para escolherem onde queriam respondê-lo e decidiram que usaríamos a própria sala de aula, como o local para realizar a atividade proposta.

Num clima de descontração o questionário foi levado para a sala de aula e entregue a cada um dos trinta e sete alunos. Muitos dos quais se mostravam ansiosos para saber o conteúdo das questões. Ao recebê-lo, a maioria dos alunos não teve maiores dúvidas sobre como respondê-lo. Exceto para a questão nº 07 em que alguns perguntavam onde as cadeiras que eles estavam sentados eram produzidas. Foi pedido que refletissem e que a pesquisadora não poderia indicar ou intervir sobre qualquer questão ali expressa.

Foi dado como prazo de resposta a estes questionamentos quarenta minutos. Após este período as folhas contendo as respostas foram entregues, pôde-se perceber que as perguntas criaram discussões posteriores entre eles acerca do assunto tratado. Justamente possibilitando a premissa pedagógica da participação do educando no processo de aprendizagem enquanto parte ativa deste.

Participaram do estudo 37 alunos de escola pública, de ambos os sexos, 22 do sexo feminino e 15 do sexo masculino, na faixa etária entre 14 a 16 anos. As respostas dos estudantes foram categorizadas, segundo a análise de conteúdo de Bardin (1977).

47 Na resposta sobre o questionamento “Quando você pensa em ambiente, o que lhe vem à mente?” a grande maioria respondeu natureza (plantas, animais, água, ar fresco, etc.), conforme se observa no Quadro 1.

Quadro 1: Quando você pensa em ambiente, o que lhe vem à mente?

Respostas Alunos Total (%)

Natureza 30 81%

Os jardins da escola 04 11,0%

Minha casa 03 8,0%

Nessa questão buscava-se saber se os alunos associavam a palavra ambiente ao lugar onde seres vivos têm seu ciclo natural, compondo o meio e dele subsistindo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs explicitam que, por ambiente, entende- se não apenas o entorno físico, mas também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos inter-relacionados (BRASIL, 2001, p.229). Evidenciou-se que a maioria dos alunos relaciona esta palavra à natureza, plantas, animais, ar e água, o que demonstra a carência de amplitude conceitual, aqui percebida pelo conceito restrito que ignora as relações sociais.

Na resposta sobre o questionamento “Imagine um jardim com terra, pedras, grama, flores, frutas, minhocas, abelhas e pássaros, e que este jardim é aguado todos os dias por você. Quem são os seres vivos (bióticos) deste jardim? E os abióticos?” a grande maioria respondeu que os bióticos são: grama, flores, frutas, minhocas, abelhas e pássaros e os abióticos, as terra e pedras (Quadro 2).

Quadro 2: Imagine um jardim com terra, pedras, grama, flores, frutas, minhocas, abelhas e

pássaros, e que este jardim é aguado todos os dias por você. Quem são os seres vivos (bióticos) deste jardim? E os abióticos?

Respostas Alunos Total (%)

Bióticos: grama, flores, frutas,

minhocas, abelhas e pássaros.

Abióticos: terra e pedras. 30 81,0%

Bióticos: animais e plantas.

Abióticos: terra e pedras. 04 11,0%

Bióticos: grama, flores, frutas,

minhocas, abelhas, pássaros e eu.

Abióticos: terra e pedras. 02 5,4%

Bióticos: grama, flores, frutas,

minhocas, abelhas e pássaros.

48 Diante destas respostas podemos perceber que dois elementos tão importantes foram pouco lembrados, o homem e a água. Apenas um aluno lembrou que ao aguar o jardim estaria usando água, e destacou-a como fator abiótico, um bem essencial a vida. Já outros dois alunos se incluíram naquele ecossistema, ou seja, faziam parte dos seres bióticos.

Na resposta sobre o questionamento “Os fatores bióticos e abióticos desse jardim constituem um ecossistema com diversas espécies. Você também faz parte dele e têm uma função bastante importante nesse ecossistema. Qual a sua função nesse ecossistema?” a grande maioria apontou que sua função seria a de cuidar e preservar esse ecossistema (Quadro 3).

Quadro 3: Os fatores bióticos e abióticos desse jardim constituem um ecossistema com

diversas espécies. Você também faz parte dele e têm uma função bastante importante nesse ecossistema. Qual a sua função nesse ecossistema?

Respostas Alunos Total (%)

Cuidar dele 31 83,7%

Preservar esse jardim 06 16,3%

Estas observações corroboram com as perspectivas do artigo I da Política Nacional de Educação Ambiental3 propostas pelo Ministério do Meio Ambiente, o que demonstram na prática a importância de nossas atividades na introdução de valores sociais, atitudes e competências: “entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Segundo Paulo Freire (1979 p.39) “O homem é consciente e, na medida em que conhece, tende a se comprometer com a própria realidade”. Se inserir no meio é primordial no entendimento do papel do ser humano enquanto parte e agente de conservação do ambiente no qual ele é parte.

Na resposta sobre o questionamento, “Caso você decida em acabar com as abelhas desse jardim e retirar todas as pedras do solo, o que ocorrerá? Os outros seres que compõe

3

49 esse ecossistema serão afetados?” os termos mais usados foram, em primeiro lugar desequilíbrio ecológico, seguido de Prejuízo e destruição.

No quadro 4 observa-se a estratificação dos termos, onde os respondentes do termo “prejuízo”o relacionaram com a morte das espécies, plantas e solo. O termo “destruição” foi relacionado ao ecossistema no geral. A grande maioria que respondeu “desequilíbrio ecológico” relaciona mais na interdependência com o outro e principalmente nas abelhas e em como elas afetam o ecossistema. Percebeu-se a preocupação dos alunos conforme demonstram as seguintes frases: “a cadeia alimentar será afetada”, “ as abelhas serão afetadas, não haverá polinização e mel”, “as plantas dependem das pedras como solo e das

abelhas para a polinização” e “tudo está interligado, um depende do outro”.

Quadro 4: Caso você decida em acabar com as abelhas desse jardim e retirar todas as pedras

do solo, o que ocorrerá? Os outros seres que compõe esse ecossistema serão afetados?

Respostas Alunos Total (%)

Desequilíbrio ecológico 28 75,6%

Prejuízo 07 19,0%

Destruição desse ecossistema 02 5,4%

Nessa questão verificamos que os alunos percebem que, na natureza, nenhum ser vivo está isolado. Todos, direta ou indiretamente, são interdependentes. Com isso a extinção de determinada espécie ou população pode ocasionar um desequilíbrio ecológico seja pela alteração nas cadeias alimentares ou por falta de agentes polinizadores.

Na resposta sobre o questionamento, “Agora imagine que você descobriu uma porção de pedras preciosas debaixo da terra desse jardim, no entanto, sua alimentação e qualidade de vida dependem dele. Para retirar as pedras, e ganhar dinheiro com elas, você irá destruir todo o jardim ao mesmo tempo em que irá piorar sua qualidade de vida. O que você faria?” a maioria, 54%, respondeu que não retiraria as pedras preciosas, 27% retirariam as pedras preciosas de forma sustentável e 19% dos alunos retirariam as pedras preciosas e depois criariam outro jardim.

Na estratificação das respostas observada no quadro 5, os que responderam que não retirariam as pedras preciosas justificam a atitude pelo respeito à natureza e conservação da qualidade de vida. Os que retirariam as pedras preciosas de forma sustentável o fariam

50 tentando trazer o mínimo possível de prejuízo à natureza. Finalmente, os que retirariam e criariam outro jardim justificaram utilizando o dinheiro que ganhariam para fazer outro jardim.

Quadro 5: Agora imagine que você descobriu uma porção de pedras preciosas debaixo da terra desse jardim, no entanto, sua alimentação e qualidade de vida dependem dele. Para retirar as pedras, e ganhar dinheiro com elas, você irá destruir todo o jardim ao mesmo tempo em que irá piorar sua qualidade de vida. O que você faria?

Respostas Alunos Total (%)

Não retiraria 20 54,0%

Retiraria apenas as pedras suficientes 10 27,0%

Retiraria e criaria um novo jardim 07 19,0%

Aqui percebemos que sete alunos não se preocupariam com sua qualidade de vida, retirariam as pedras preciosas e depois criariam um novo jardim. Os mesmos não perceberam que, destruindo o jardim, ou seja, o ambiente do qual dependem, estariam destruindo a si mesmos.

Segundo Grün (2007), a natureza foi um mero objeto de manipulação à disposição da razão humana nestes últimos três séculos. Essa visão largamente empregada há tempos está aos poucos sendo modificada, pois temos que lembrar que somos parte do todo, ou seja, destruindo o meio ambiente, estaremos destruindo a nós mesmos.

A grande maioria entendeu que como dependiam do jardim deveriam conservá-lo. As pedras preciosas que foram retiradas de forma sustentável devem ser usadas em benefício de todos e não apenas de uma pequena parcela.

Na resposta sobre o questionamento “Qual a importância da água para você?”, a grande maioria a relaciona com “vida”(fonte da vida, essencial à vida), seguida por

sobrevivência” e a “base de tudo” (Quadro 6).

Quadro 6: Qual a importância da água para você.

Respostas Alunos Total (%)

Vida 29 78,0%

Sobrevivência 04 11,0%

51 Essa questão tinha como objetivo identificar a amplitude de entendimento dos alunos acerca da importância da água. Observamos que essencialmente com referência à água, compreende-se que ela é fundamental para a sobrevivência da humanidade. É um bem que representa garantia para todas as formas de vida do planeta.

Na resposta sobre o questionamento, “Essa cadeira que você está sentado (a) onde foi feita? Do que ela é feita? De onde vêm os materiais?” a grande maioria tem a noção de que ela é feita numa fábrica e usa como matéria prima o ferro e a madeira, recursos esses que são retirados da natureza (Quadro 7).

Quadro 7: Essa cadeira que você está sentado (a) onde foi feita?

Do que ela é feita? De onde vêm os materiais?

Respostas Alunos Total (%)

Fábrica; ferro e madeira; natureza 32 86,4% Não sei; ferro e madeira; natureza 05 13,6%

E perguntado no quadro 8 “Caso ela quebre uma parte de seu assento você compraria outra ou tentaria consertar? Por quê?” os amostrados responderam que tentariam consertar para preservar a natureza.

Quadro 8: Caso ela quebre uma parte de seu assento você compraria outra ou tentaria

consertar? Por quê?

Respostas Alunos Total (%)

Tentaria consertar 35 94,8%

Consertaria 01 2,6%

Depende 01 2,6%

Com base nos dados do quadro 8, propomos uma reflexão sobre a origem da matéria prima para desenvolver os bens de consumo, fazendo um paralelo com o conceito do consumismo. A grande maioria optou por consertar e evitar que novamente fosse retirada mais matéria prima do ambiente, além de necessariamente aumentar o volume de lixo.

Sendo o consumo necessário à sobrevivência e o consumismo não, verifica-se que a intenção dos alunos está alinhada com esse conceito.

52 Ainda observamos respostas relacionadas de alguma forma com a sustentabilidade tais como: “ao mesmo tempo estaria economizando dinheiro e sendo sustentável”, “preservaria os

recursos naturais”, “preservar o ambiente, evitar o consumismo e economizar dinheiro”,

reduziria a quantidade de lixo na natureza” e “pois devemos reaproveitar, reciclar e

reutilizar”.

Loureiro (2012) diz que “só há sustentabilidade com dignidade de vida para todos, ou esta vira um discurso vazio visto que fundado na desigualdade e na destruição”.

Com este questionamento podemos confirmar a terceira hipótese desta pesquisa, pois os alunos têm a sustentabilidade como assunto presente no seu dia a dia.

Na resposta sobre “A mineração, que ajuda o homem na construção de uma porção de objetos para o seu bem-estar, pode ser ruim de alguma forma? Qual o possível malefício da mineração?” a grande maioria respondeu que a mineração tem como malefício a destruição do meio ambiente e da natureza (Quadro 9).

Quadro 9: A mineração, que ajuda o homem na construção de uma porção de objetos para o

seu bem estar, pode ser ruim de alguma forma? Qual o possível malefício da mineração?

Respostas Alunos Total (%)

Sim, destruição da natureza 35 94,8%

Sim, poluir 01 2,6%

Depende 01 2,6%

Já pelas respostas apresentadas nesse quadro, a maior parte dos alunos reconhece os danos causados pela mineração, demonstrado pelas seguintes repostas: “desequilíbrio

ecológico já se trata de recursos esgotáveis”, “ela produz muitos produtos poluentes”,

destruição do solo” e “extinção de espécies”.

Apesar de sua importância econômica, pois contribui de forma decisiva para o bem- estar e a melhoria da qualidade de vida, a atividade mineradora deve ser operada com responsabilidade social, estando sempre presentes os preceitos do desenvolvimento sustentável.

De acordo com Sachs (1995), “o desenvolvimento deve apresentar o social no comando, o ecológico como restrição assumida e o econômico recolocado em seu papel

53 estrutural”. Assim, alcançar o desenvolvimento sustentável requer modificação de estilo de vida.

Para Cavalcanti (2003), sustentabilidade significa ”a possibilidade de obter continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema”. Percebemos através das respostas que os alunos sabem os prejuízos causados pela mineração bem como o conceito de sustentabilidade.

Ao realizar a análise dessa questão, percebemos que a segunda hipótese desta pesquisa também se confirmou já que os alunos conhecem os problemas ambientais advindos da mineração.

Na resposta sobre o questionamento, “Como você vê a relação do homem e a natureza? Um é parte do outro ou um depende do outro?” a grande maioria respondeu que essa relação é mediana 24 (64.8%), seguido de ruim 11 (29.8%) e boa 02 (5.4%).

Na estratificação das respostas, observa-se no quadro 10, que percebem como mediana a relação de dependência do homem com a natureza.

Quadro 10: Como você vê a relação do homem e a natureza?

Um é parte do outro ou um depende do outro?

Respostas Alunos Total (%)

Mediana: um depende do outro 22 59,4%

Ruim: um depende do outro 09 24,4%

Boa: um é parte do outro 02 5,4%

Mediana: um é parte do outro 02 5,4%

Ruim: um é parte do outro 02 5,4%

Homem e meio ambiente são duas palavras que não podem estar separadas. As respostas indicam que a maioria dos alunos vêem essa relação de forma mediana. Em 29,8% das respostas podemos observar que essa relação é desarmônica, pois ocorrem benefícios apenas para o homem. O que corrobora para promover ações que melhorem essas perspectivas. O homem não pode ver a natureza como um recurso e sim como parte ativa.

Segundo Branco (1997, p. 22)

o homem quer queira quer não, depende da existência de uma natureza rica, complexa e equilibrada em torno de si. Ainda que ele se mantenha isolado em prédios de apartamentos, os ecossistemas naturais continuam constituindo o seu

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meio ambiente. A morte desses ecossistemas representará a morte do planeta. (BRANCO, 1997, p. 22).

Desenvolvimento da cartilha

A cartilha foi desenvolvida para alunos do ensino fundamental II. É apresentada em 41 páginas impressas nas dimensões 21 cm por 15 cm. O personagem “Ecocereus” convida-o a entrar no ecossistema de canga e descobrir sua importância.

Para analisar o conteúdo textual da cartilha usamos alguns critérios estabelecidos por Trajber e Manzochi (1996), os quais nortearam o desenvolvimento da apostila objetivando elaborar um material que pudesse apresentar não apenas um conhecimento novo, mas a sua correlação com questões sócio-ambientais. São eles:

Definir os conceitos básicos, pois quando eles aparecem no texto precisam ser explicados para integrar o leitor no discurso;

Nas páginas 2, 3, 11, 12, 15, 16, 18, 19, 24 e 30 foram disponibilizadas dicas com alguns conceitos biológicos, informações e curiosidades sobre o contexto abordado.

Página 3:

Dica: Ecossistema é o nome dado ao conjunto de seres vivos (meio biótico) e o local

onde eles vivem (meio abiótico).

Usar uma linguagem acessível, cuidando para que isso não resulte em simplificação ou noções errôneas dos conceitos;

Página 3:

Ecocereus – Juntos vamos viajar pelo ecossistema de canga e descobrir as belezas e riquezas naturais dessa região praticamente desconhecida pela maioria da população.

Dar mais espaço às dimensões de valores, habilidades e atitudes que, quando comparadas ao espaço dedicado à dimensão informativa, são mais abrangentes;

Pagina 14:

55 Valorizar o lúdico e o estético, pois eles facilitam a ampliação do diálogo, da participação, da integração e da criatividade;

Página 4:

Enquete - Que nome você daria a esse cacto tão simpático?

Realizar uma contextualização histórica, social e política das questões ambientais, evitando uma visão parcial e fragmentada da realidade;

Página 30:

Ecocereus – A principal ameaça à conservação das regiões de canga é a mineração. No QF essa atividade em larga escala, iniciou-se por volta de 1930 e possibilitou ao homem grande avanço tecnológico através da produção de bens que têm como matéria prima o minério de ferro. No entanto, espécies assim como eu correm o sério risco de sumir do planeta por ação descontrolada desse tipo de atividade.

Trabalhar mais os temas ligados às medidas de preservação e aos problemas de degradação ambiental, pois parece haver uma maior ênfase nos conceitos biológicos e ecológicos, o que pode ser chamado de abordagem naturalística em Educação Ambiental;

Página 30:

Atividade – observe a foto a seguir e escreva abaixo o que mais lhe chamou a atenção ao vê-la.

Se você tivesse o poder de criar uma lei ambiental para prevenir paisagens como essa,

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