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RESULTADOS E DISCUSSÕES

No documento ISSN: VOLUME:2 NÚMERO:4 jan-jul 2013 (páginas 105-115)

Reginaldo José da Silva

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O objeto de pesquisa trata-se de uma micro-empresa, do setor varejista, optante pelo regime de tributação simples nacional, especializada na comercialização de produtos de iluminação de ambientes. Constituída por três sócios-diretores, sendo que apenas um deles responde pela administração da empresa.

tendo menos de dois anos de inicio de suas operações. Está situada em Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. Este município,tendo com referência ao ano de 2008, responde por uma população de mais de 173 mil habitantes e uma economia fortemente voltada à agropecuária, segundo o IBGE.

Em relação aos questionamentos sobre a existência de alguma definição de metas a serem cumpridas, sete dos entrevistados (70%), responderam que sim, e que de alguma maneira eram cobrados por metas a serem cumpridas, destaca-se ainda que os outros três entrevistados que responderam de forma negativa, ressaltaram que não existiu nenhuma forma de cobrança de meta qualitativa ou quantitativa.

É importante destacar que dos 70% que responderam positivamente cinco entrevistados, ou seja, mais de 50% do total de entrevistados, são do setor de vendas respondendo direta ou indiretamente pelo faturamento da empresa. Porém quando questionados, aos sete entrevistados que responderam positivamente sobre o critério de cria- ção destas metas, quatro desses entrevistados, ou seja, mais de 57% deste, afirmaram não ter conhecimento dos critérios de criação destas metas de venda. Os outros 43% afirmaram calcular de maneira linear, ou seja, aumen- tando ou reduzindo proporcionalmente de 5% a 10%, mês a mês, dependendo do desempenho do mês anterior. Quando questionados sobre o diferencial que é ter uma meta definida ou não, sem objetivo definidos. 100% dos entrevistados afirmaram que seria muito mais eficaz, na realização de suas tarefas, ou no alcance de seus objetivos, visto que conseguiriam visualizar melhor o que realmente precisariam fazer e como poderiam realmen- te contribuir para que a empresa alcance seu objetivo

De todos os entrevistados 04 (40%), ainda destacaram que fica mais difícil para alcançar sua meta, quando está não é bem definida.

Partindo para a coleta de dados em fontes secundárias, levantou-se que a Empresa de Iluminação tem sua demanda formada pelas vendas realizadas no município de Dourados/MS e nos trinta e sete municípios cir- cunvizinhos, porém com maior ênfase a cinco municípios próximos, aos quais atende, e que são eles: Itaporã, Maracajú, Caarapó, Nova Andradina e Naviraí.

A representatividade da regionalização de suas vendas é descritas pelo Gráfico 1:

Gráfico 1: Regionalização das Vendas no ano de 2008 Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Considerando o Gráfico 1, é possível observar que a região de Dourados, ao qual a empresa está situada responde por mais de 60% de suas vendas anuais, seguido por Naviraí com 19%, Itaporã (9%), Maracajú (8%) e seguidos por Caarapó e Nova Andradina, com 1% de todo seu faturamento anual.

Cruzando os dados gráficos com as respostas dos entrevistados, conclui-se que informalmente os vendedores são norteando por um Orçamento de Vendas. Servindo assim de base dados para as estratégias do Orçamento Empresarial, como foi ressaltado por Padoveze (2007), quando afirma que a regionalização e os possíveis mer- cados consumidores são partes indispensáveis na elaboração de um Orçamento Vendas.

Porém não possui critério de elaboração desse Orçamento de Vendas, o que pode justificar as sazonalidades de vendas já que não existe um estudo mercadológico ou regional para a implantação dessas metas como afirmado, existe sim um critério linear, que pode de certa forma prejudicar o real potencial de faturamento da empresa.

Somando-se todos os meses abaixo analisados, a empresa conta um volume total de venda, no ano de 2008 de aproximadamente R$ 908.000,00, com períodos de sazonalidade de baixa, com declives de venda na casa dos R$ 37.000,00/mês e com sazonalidades de alta, com picos de até R$ 150.000,00 por mês, conforme de- monstra o gráfico 2, abaixo.

Gráfico 2: Volume das Vendas no ano de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Analisando o Gráfico 2, onde se demonstra o Volume das vendas da Empresa e percebe-se que para cada um dos períodos de baixa sazonal das vendas, existem, posteriormente, pequenos aumentos destas vendas. Intercalando-se assim, declives de baixas com pequenos aumentos, conforme visto no mês de abril, quando o faturamento alcançou a marca de R$ 43.432,00, e logo no mês seguinte em maio, aumentou, numa proporção de 70% de variação a maior, atingindo o valor de R$ 74.105,00 e posteriormente caindo novamente para a casa dos R$ 37.000,00. Defendendo a teoria de Kenski (1987), onde afirma a importância da verificação da sazo- nalidade de venda para a elaboração do orçamento de compra de produtos, a fim de resguardar a integridade

Tratando-se de uma empresa de pequeno porte, possui um conjunto de despesas operacionais muito reduzi- das, porém com grandes variações periódicas, durante o ano. Dividiu-se as despesas com a operacionalização da empresa em Despesas Administrativas e Despesas com Vendas, conforme demonstra as Tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Demonstrações 1° Semestre de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Tabela 2: Demonstração do 2° Semestre de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Considerando as Tabelas 1 a 8 (de 03 a 08 em anexo), percebe-se disparidade de valores das despesas administrativas e despesas com vendas. Estas, durante os períodos analisados não possuem uma proporciona- lidade em seus aumentos e suas reduções, não seguindo assim nenhum padrão em suas variações. São assim, significativas já que não seguem um mesmo índice de variação, podendo em determinado período sobrepor as receitas, prejudicando assim todo o resultado da empresa.

Demonstrando a importância da ótica de Warrem, Reeve, Fess (2001), ao defender o Orçamento de Despe- sas Administrativas e de Vendas, devido a sua complexidade e importância junto ao Orçamento Empresarial. E principalmente a importância em utilizar o Orçamento de Vendas, como base para a sua elaboração.

Pode-se ressaltar ainda mais esse posicionamento quando cruzamos graficamente as despesas administrati- vas e de vendas, realizadas no período, com a composição anual das vendas, conforme o gráfico 3, logo abaixo;

Gráfico 3: Comparação Vendas x Despesas

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

O Gráfico 3, demonstra, as diferenças de variações entre as vendas, o custo e deduções, o lucro bruto e as despesas administrativas e as despesas com vendas, com relação aos períodos de operacionalização da Empre- sa de Iluminação. O que afirma ainda mais o posicionamento de Warrem, Reeve, Fess (2001), ao considerar que o Orçamento de Despesas Administrativas e de Vendas deve ter por base o Orçamento de Vendas. E prin- cipalmente seu prisma com relação ao Orçamento de Caixa. Pois devido ao grau de variação e a alto índice de sazonalidade entre o lucro bruto e as despesas administrativas e despesas com vendas, a probabilidade de ocorrer problemas financeiros, por conta das entradas e saídas de caixa é muito maior. Como pode ser melhor visualizado nos meses de Abril e Junho de 2008, quando o lucro bruto, ficou abaixo das despesas administrati- vas, também em Julho e Agosto, quando se aproximou das despesas.

Essa variação seria descoberta antecipadamente e a necessidade ou não da captação de recursos de tercei- ros também seria prevista, se a empresa utilizasse o Orçamento de Caixa, antecipando suas decisões financeiras e assim poderia rever seu Orçamento Empresarial, caso necessário.

Considerando ainda as colocações dos entrevistados onde 40% dizem que é mais difícil contribuir para o ob- jetivo da empresa, sem ter uma meta clara e bem definida, pode-se afirmar que esse posicionamento da organi- zação demonstra ainda mais sua fragilidade para com seu Orçamento Empresarial, visto que seus colaboradores podem estar gastando mais que o necessário e vendendo menos, pelo simples fato da organização não elaborar e desenvolver um Orçamento Empresarial claro e bem definido, além de integrado com seus sub-orçamentos para o melhor desenvolvimento econômico financeiro de empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando a eficácia do Orçamento Empresarial e de seus sub-orçamentos no processo de gestão empre- sarial, a aplicabilidade desta ferramenta e os resultados propostos, a análise do uso de Orçamento Empresarial em uma empresa de pequeno porte, tendo como estudo de caso uma empresa de Iluminação, ficou demonstra- do que a aplicação é viável e de extrema importância para um controle aprimorado e organizado da empresa.

Mesmo tratando-se de uma empresa de pequeno porte, necessita de controles eficazes em seu gerencia- mento orçamentário, para que possa trazer resultados satisfatórios em todos seus processos de gerenciamento, visto que empresas de pequeno porte necessitam ainda mais de processos firmes e precisos, quando tratados do ângulo econômico-financeiro. Pois como destacado por Welsch (1989, p.44) “se admitirmos que os objetivos ou padrões planejados são atingíveis e representam um desempenho eficiente em relação à situação real, uma avaliação significativa e válida do desempenho efetivo será possível”.

Podendo assim, com o uso dessa ferramenta, colher melhores frutos de seus resultados. Sendo estes mais satisfatórios e eficazes a todos os stakeholders (pessoas interessadas no sucesso da organização).

Verificou-se, que a empresa analisada utiliza, porém, de maneira informal as técnicas do Orçamento Empre- sarial, principalmente, com relação ao planejamento e ao controle de seus resultados, pois não desenvolve o acompanhamento do previsto e do realizado, em todas as fragmentações do Orçamento, podendo indiretamen- te afetar seus resultados.

ANEXO

Tabela 3: Despesas detalhadas de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Tabela 5: Despesas detalhadas de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

Tabela 6: Despesas detalhadas de 2008

Tabela 7: Despesas detalhadas de 2008

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos dados da pesquisa

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GESTÃO DE PESSOAS E SEU CONTEXTO NA

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