• Nenhum resultado encontrado

As entrevistas finais foram agendadas logo após o término do grupo, pois as polissonografias estavam marcadas em data posterior ao que planejávamos, devido aos prazos de exames e questões burocráticas dos convênios.

Foram reaplicadas as perguntas que foram feitas na segunda entrevista, antes de os sujeitos começarem o trabalho. Houve apenas uma modificação na última questão, conforme já previsto no método da pesquisa. Não foi permitido aos sujeitos ter acesso ao resultado da última polissonografia. Porém, marcamos de nos reunir assim que o material da dissertação estivesse pronto, para que elas tivessem acesso ao que seria redigido e pudessem ter a liberdade de opinar sobre suas colocações ou não, no sentido de não se sentirem expostas, conforme questões éticas que foram acordadas no início da pesquisa. Nessa reunião as participantes poderiam ter acesso aos seus exames, os quais seriam devolvidos pela pesquisadora.

8.5.1 Sujeito 1, Bárbara

98

1. (A pergunta não foi reaplicada.) 2. (A pergunta não foi reaplicada.)

3. “Não, não tomei em nenhum momento durante o grupo. Só ‘passiflora’, às vezes.”

4. “Não tenho despertado tanto quanto antes. Agora, só desperto quando meu filho chora. Coloco a chupeta nele e volto a dormir. Não acordo mais para tomar água, andar pela casa e nem fazer xixi, como antes.”

5. “Por volta das 11h00min, 11h30min da noite, e acordo às 6h40min.” 6. “Não.”

7. “Não, normalmente não.” 8. “Às vezes.”

9. (Lembro a ela de alguns aspectos da higiene do sono.) “Algumas coisas sim, outras não.” 10. (A pergunta não foi reaplicada.)

11. “Agora sim, presto mais atenção. Eu sabia que eu sonhava, mas eu não lembrava. Mas, agora, eu tenho lembrado bastante.”

12. “O sonho ajuda a termos uma visão interna, um autoconhecimento de nós mesmos. Eu acho que o próprio inconsciente tem as respostas para a nossa vida. Ele fala do que aconteceu no passado e do que está acontecendo agora na nossa vida.”

13. “Acho que meus sonhos são como minha vida. São muito rápidos. Não é uma coisa muito detalhista, sabe? [Ela ri muito.] São rápidos, mas têm muito sentido. Acho que aqui, nos encontros, eu percebi que um pouquinho do sonho tem um significado muito grande.” 14. “Eu acho que nosso ser interior tenta entrar em contato com nosso ser exterior. É como se

esse ser interior falasse com a gente através dos sonhos.”

15. “Bom, na verdade... [Ela ri.] Na realidade, eu durmo porque eu tenho que dormir. Porque eu acho que tenho uma gana para a vida. Se eu pudesse, não dormia, mas hoje sei que dormir faz parte da vida, a gente tem que dormir para repor as energias.”

16. “Hoje, dormir na minha vida, eu acho que é um entrar em contato com você mesmo, relaxar.”

17. “As minhas expectativas... Eu não sabia o que seria e me ajudou mais do que eu imaginava. Eu me sinto muito mais calma, muito mais centrada. Eu não acordo mais no meio da noite. Eu não estou mais tensa e isso já faz um tempo, desde que começamos os encontros; não estou mais lutando contra o sono. Eu estou bem mais relaxada. Eu sinto

como se tivesse colocado muitas coisas nos seus lugares e isso me deu uma paz interior. E isso se reflete não só no sono, mas no dia-a-dia. Até na forma de eu ver minha vida, fazer as coisas, meu jeito de falar, mudou muito. Eu estou muito mais calma. E eu tive outro sonho em que eu fazia xixi. [Ela ri muito].”

Ao término da entrevista, percebo que, de fato, Bárbara parece muito bem. Sua expressão não carrega mais a tensão e o medo que havia em nosso primeiro encontro. Ela ri mais e está mais solta, além de parecer mais bonita e estar mais tranquila, falando mais pausadamente, indicando diminuição da ansiedade que apresentou no primeiro encontro.

8.5.2 Sujeito 2, Yone

Respostas ao questionário:

1. (A pergunta não foi reaplicada.) 2. (A pergunta não foi reaplicada.) 3. “Não tomo mais nada.”

4. “Nenhuma vez.”

5. “Com duas filhas adolescentes, o horário de dormir é variável. Mas tenho dormido melhor. Antes não dormia à noite e acabava dormindo mais de dia. Agora não, voltei à normalidade.”

6. “Diminuiu muito, não sinto mais.”

7. “Só café não consegui, mas à noite não tomo.” 8. “Não.”

9. “Tenho conseguido seguir mais ou menos. Apesar de ter TV no quarto, eu não assisto.” 10. (A pergunta não foi reaplicada.)

11. “Agora tem rareado bem a lembrança de sonhos. Conforme o conteúdo, breca mais ainda. Eu sinto que é uma resistência.”

12. “Penso que sonhar é uma função psíquica e, na medida em que antes eu não tinha tanta retaguarda, eu agora consigo fazer uma leitura e perceber o significado dos meus sonhos.

100

Eu estou mais voltada para eles. A cabeça precisa de um tempo para absorver tudo o que vivemos aqui.”

13. “Eles mudaram o jeito, antes eles eram mais leves, depois do grupo trouxeram conteúdos mais densos. Daí acho que a minha resistência em lembrar.”

14. “Pelo que eu acabei de falar.”

15. “Ainda sinto vontade de recompor o sono. Ainda tem a conotação de esquecer. Antigamente eu ficava tão ansiosa que eu não dormia. Agora, já melhorou bem.”

16. “Atualmente, está tendo mais o sentido de descanso suficiente. Antigamente, estava muito mais como fuga. Já não tem aquele contexto de acordar e ‘começar tudo de novo’. E ainda melhorou mais sem aquela ressaca dos remédios.”

17. “Eu realmente me surpreendi com o grupo. Essa relação do grupo foi muito gostosa. A integração... tudo! O grupo foi continente e eu pude me soltar e trabalhar coisas bem profundas. E foi minha primeira experiência com um grupo terapêutico. O processo acelera porque, além dos meus conteúdos, tinham os das pessoas, e também gostei muito da forma como você conduziu. A qualidade de sono melhorou muito. A insônia acabou.”

8.5.3 Sujeito 3, Zélia

Respostas ao questionário:

1. (A pergunta não foi reaplicada.) 2. (A pergunta não foi reaplicada.)

3. “Continuo tomando os mesmos medicamentos que já tomava. Mas, durante a pesquisa, não mexi em nenhum medicamento.”

4. “É o que falei logo no início. Como tomo remédio, às vezes desperto, mas apenas meu marido e meu filho veem. Eu não me lembro que acordei. Só lembro que acordei se tenho dor na coluna.”

5. “Durmo 11h30min, meia-noite, fora algumas exceções nos finais de semana. E acordo entre 7h00min e 8h00min.”

7. “No café-da-manhã; e à tarde o médico pediu para eu não tomar mais.”

8. “Eu melhorei muito nisso enquanto fazíamos o grupo, agora voltei a beliscar, às vezes.” 9. “Faço as orientações, mas nada radical. Às vezes, saio à noite.”

10. (A pergunta não foi reaplicada.)

11. “Eu, por incrível que pareça, depois que te devolvi o diário de sonhos, não tenho lembrado, mas pretendo continuar anotando.”

12. “Eu não dava tanta importância, mas hoje acho que ele traz significados, coisas tão importantes que a gente não tem ideia. Coisas inconscientes que são importantes. Eu achava que os sonhos tinham a ver com as coisas externas e não com as minhas coisas.” 13. “Hoje estão mais leves. Apesar que eu só revelei aquilo [refere-se ao abuso], no final.

Mas, de alguma forma, tinha que sair. Mas foi pesado. Só consegui falar porque eu estava mais tranquila, com um pouco mais de clareza. E tem muito mais coisas. Eu achei terrível por ser um parente meu. Tanto que eu falei tudo, com detalhes. Tive muitos problemas por todas essas situações, influenciou muito minha vida, minha conduta. Por ser filha de mãe separada, não podia ousar nada. Era muito travada sexualmente e só com o tempo fui me soltando.”

14. “Aquilo que te falei, um trabalho com o inconsciente, para a gente falar, cuidar disso.” 15. “Porque eu estou cansada. Eu estou tentando entender ainda. Segundo o doutor Pacheco, a

gente precisa dormir para repor o que foi gasto durante o dia. É como beber água. Mas eu não sei, se eu pudesse, não dormia. Mas, como a gente não aguenta... Gosto de fazer as coisas à noite, para mim é relaxante. Tudo o que eu preciso resolver, gosto que seja à noite e sozinha. Eu quero estar só. Fazer o que eu quero. A noite é para mim. Faço dela o que eu quiser.”

16. “É só um ato voluntário do corpo que precisa dormir. Eu preciso ficar só. É como aquele sonho. Eu em cima do monte sozinha. Eu não tenho nada, mas nada me falta. A noite tem essa magia que durante o dia não tem.”

17. “Foi uma novidade, porque eu nunca tinha feito. Uma confiança mútua. Se expor, se abrir. Coisas que eu não abri nem com meu marido e acho que nem abriria com um padre. Senti uma confiança no grupo, apoio, companheirismo, muito carinho. No início, fiquei com receio, mas foi acima das minhas expectativas, me conheci melhor. Foi mesmo um autoconhecimento. Acho que me ajudou a trabalhar algumas coisas difíceis que estavam

102

inconscientes. E isso refletiu na minha vida. A insônia ainda continua. Talvez, o que você falou de não desconectar tenha sentido. Esse desligar não existe para mim.”

Documentos relacionados