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Serão apresentados, a seguir os resultados da segunda entrevista, realizada logo após um primeiro contato com cada sujeito, quando da seleção dos mesmos para sua participação ou não no grupo.

8.4.1 Sujeito 1, Bárbara

Idade: 29 anos.

Formação: terceiro grau completo. Curso de Turismo e Hotelaria. Atualmente, trabalha numa empresa na função de auxiliar administrativa.

Estado civil: separada. Respostas ao questionário:

1. “Depois do nascimento do meu filho. Passei por muita tensão, já era ansiosa, mas hoje deito e já estou preparada para algo que vai acontecer que eu não sei o que é, e aí não consigo dormir. No começo acordava pela rotina do bebê e depois quando na Austrália tive que sair de casa por causa das ameaças do meu ex-marido. Ele às vezes chegava e eu estava dormindo e começava a fazer ameaças e quebrar tudo. Foi difícil.”

2. “A primeira vez foi lá na Austrália. Eles me medicaram. Quando voltei ao Brasil, fui no Instituto do Sono por conta desse trabalho. Foi a primeira vez. Antes, procurava tomar chá. Pensava que era uma fase, mas não foi.”

3. “Como te falei, tomei lá na Austrália e lá não precisava de receita. Só sei que não era natural. Era de tarja preta. Atualmente, eu não tomo nenhum medicamento, só uma fórmula homeopática que é para diminuir a tensão.”

4. “Desperto duas a três vezes. Não durmo com facilidade. Tenho que fazer alguma coisa para ficar muito cansada e dormir.”

5. “Em média, durmo por volta das 23h30min, 24h00min, e desperto às 6h00min. Para mim, dormir é perda de tempo, queria que o dia tivesse 48 horas. [Bárbara dá risada.]”

6. “Não, eu não sinto sono durante o dia. Se eu deitar para dormir durante o dia, não consigo, e sinto muito cansaço.”

7. “Costumo tomar café de manhã com leite, meio fraco. Às vezes também tomo à noite.” 8. “Bom, à noite eu como sempre um lanche, normalmente um pão com manteiga, um

iogurte e uma fruta.”

9. “Bem, eu tenho TV no quarto. Se tiver uma pessoa falando, isso já é o bastante para eu não dormir. Onde eu moro é bem movimentado, principalmente no final de semana, porque é no primeiro andar. Não tenho conhecimento das regras de higiene do sono.” 10. “Foi tranquilo, a única coisa que eu não gostei é aquele negócio que parece um pregador

que fica no dedo. Aquilo incomodou bastante, mas elas disseram que eu não podia tirar de jeito nenhum. Até coloquei nos questionários o que eles fazem lá antes e depois do exame.

11. “Sim, às vezes. Às vezes tenho uma sensação de dia que eu sonhei alguma coisa e lembro alguma coisa. Mas, a maior parte das noites, eu me lembro que sonhei, mas vou lembrar só de manhã e, às vezes, no meio da manhã.”

12. “Acho que sonhos não têm nada a ver com nada. Às vezes você sonha com coisas que nem estava pensando e parece mesmo sem pé nem cabeça.”

13. “Não, eu não vejo sentido. É como te falei, a maioria é sem pé nem cabeça. Teria sentido se tivesse a ver com as coisas do dia-a-dia, que não é o que acontece. Tenho sempre pesadelos que são muito intensos. São sonhos longos e parecem reais. Só termino de sonhar quando acordo. Quando acordo à noite e volto a dormir, volto a sonhar.”

14. “Acho que eu sonho porque o cérebro não para, até quando dormimos. Acho que o sonho tem a ver com energia, com coisas de infância e algumas recomendações do futuro. É como se tivesse uma memória de tudo o que acontece e uma antecipação de coisas futuras, é como se fosse um arquivo do cérebro.”

15. [Bárbara dá risada] Porque todos dormem e é de noite. Porque se ninguém dormisse, eu não dormia. Gosto da noite, trabalhei muito com eventos à noite, acho, como te falei, que dormir uma perda de tempo.”

16. “Eu gostaria que fosse uma coisa prazerosa. Escutei falar que o Miguel Falabella dorme quatro horas e ele é feliz assim. Se eu pudesse, gostaria de dormir mais. Tenho olheiras de não dormir e acho que isso afeta minha memória direto.”

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17. “Quero que seja uma coisa relaxada, tranquila. Quero me conhecer e ver se com isso consigo relaxar o cérebro quando eu dormir. Desligar a mente, sabe? É isso.”

8.4.2 Sujeito 2, Yone

Idade: 52 anos.

Formação: psicóloga clínica. Estado civil: divorciada. Respostas ao questionário:

1. “Desde que comecei a cuidar da minha mãe. Em um ano, eu perdi seis pessoas da família, a maioria de câncer. Minha mãe começou com um AVC, e aí tive que tomar conta dela duas vezes por semana e ficava acordada toda a noite. Isso aconteceu várias vezes, até que tive síndrome do pânico. Quando meu pai faleceu, eu deixei minha casa e fui morar com minha mãe, e aí vivi em conflito com minha irmã até a morte da minha mãe. De todas as perdas, a mais triste foi a de perder o vínculo com a minha irmã. Me distanciar dos meus sobrinhos que eu criei como filhos. Hoje, vivo com dor de cabeça. Tudo que passei me desequilibrou muito financeiramente.”

2. “Procurei de imediato, pois os primeiros sinais foram insônia, ansiedade e depois pressão alta. Estou com acompanhamento psiquiátrico desde 2003. Começou depois que a mamãe morreu. Tive desmaio, pressão alta, formigamento e depois entrou o pânico. Fui para o neurologista e ele disse que eu estava no 4º. grau de crise de enxaqueca. Tinha formigamento e sentia a língua amortecida. Tomo medicamento até hoje.”

3. “Para dormir tomo um antidepressivo, para enxaqueca tomo outro, e também um para pressão alta.”

4. “Com a medicação, diminuiu; e não consigo perceber, apesar de ter aparecido na polissonografia.”

5. “Durmo à meia-noite, 1h00min, e desperto às 7h00min.”

6. “Sinto, principalmente depois do almoço, mas à noite produzo bem.” 7. “Só café. De quatro a cinco por dia, mas à noite nunca.”

8. “Não janto, mas belisco bem à noite, porém nada pesado.”

9. “Não tive orientação quanto a higiene do sono. Antes de menstruar também tenho insônia, varo a noite, mesmo tomando medicamento.”

10. “O contato foi ótimo. Achei o local agradável, mas achei que entra um pouco de ruído, poderia ser num lugar mais silencioso. Não, já era esperado o resultado. Achei que ia ser mais desagradável, mas não foi. Não é superagradável porque tem algo que fica prendendo o dedo e foi a única coisa que me incomodou.”

11. “Muito, pelo menos uns dois por noite. E se durmo à tarde, sonho.”

12. “Eles são significativos. Eu percebo que eles têm uma energia forte na minha vida.” 13. “Leves. Muita gente, muita alegria. Coloridos, descontraídos. Em alguns, eu consigo

ver sentido, em outros não. E outros, a gente não quer ver.”

14. “Dentro da fase que eu estou vivendo, para extravasar o que eu estou contendo. O que eu não estou conseguindo resolver, vivenciar, eu estou fazendo no sonho. Principalmente o feminino, não estou vivendo e olhando como devo e tem aparecido muito nos meus sonhos.”

15. “Infelizmente, atualmente é para não pensar nos ‘pepinos’ que tenho para resolver. Penso que é uma delícia quando chega a hora de dormir, quando consigo dormir.” 16. “H á até bem pouco tempo, eu achava que era perda de tempo. Agora, acho gostoso.

Só que, ultimamente, tem sido uma acomodação. Estou fazendo um mau uso do sonho.”

17. “Uma expectativa legal. Aguça minha curiosidade pessoal e profissional. Conhecer cada um, receber a experiência de cada um. Acho que vai ajudar que eu tenha uma melhor escuta dos sonhos. Ficar mais afiada para entender melhor os meus sonhos e os de meus pacientes.”

8.4.3 Sujeito 3, Zélia

Idade: 57 anos.

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Estado civil: casada. Respostas ao questionário:

1. “Um dia antes de completar 47 anos, em novembro. Em agosto, já no segundo semestre desse ano, eu já sentia sintomas da menopausa.”

2. “Nessa ocasião, depois de passar de dois a três dias sem dormir, eu já não aguentava mais, estava nervosa, descontrolada.”

3. “Como falei antes, tomei vários, que duravam um tempo, mas, depois, vinha dor de cabeça. Agora estou com Rivotril e um indutor. E ainda assim tenho a sensação de estar com os olhos abertos e não desligar.”

4. “Duas ou mais vezes. Quando acordo mais vezes, tenho dor de cabeça, fico nervosa, irritada. Às vezes, leio um livro ‘light’ ou vejo televisão. Não quero fazer reposição hormonal. Eu adoro a noite. Se eu pudesse, eu ficava a noite acordada. Eu gosto; sinto-me bem à noite. Para mim, a noite é a melhor coisa.”

5. “Durmo meia-noite e meia e acordo às 6h30min, 7h00min no máximo. Eu preciso dormir umas seis horas, antes dormia oito horas.”

6. “Não, só quando deito um pouquinho para relaxar. Fico lendo jornal, mas agora com as atividades que eu tenho, nem está dando para deitar.”

7. “Tomo café. Até as 7h00min tomo café. Algumas vezes, à tarde e depois da janta.” 8. “Não como muito. Não me faz bem. Mas, como adoro passear à noite, de sexta-feira,

às vezes, vamos tomar um chope, e aí como uma porção, mas percebo que perco o sono. Aí procuro fazer coisas para me ocupar e fico lendo, vendo filme. Não gosto de rotina, gosto de cada vez fazer coisas diferentes. Por exemplo, de quita-feira à tarde, vou ao cinema ou ao balé.”

9. “Eu tento, mas não sou radical. Se meu marido me chama para sair, comer uma picanha, eu não falo não, nunca.”

10. “Gostei muito, fui muito bem atendida. Não me surpreendi com o resultado. Mas o exame em si foi desconfortável, pois não tinha muita posição para dormir, demorei para pegar no sono e me mexi muito na cama.”

11. “Sim, se ao acordar relembrar algumas passagens, lembro até durante o dia.”

12. “Acho muito estranhos. Às vezes, parecem reflexos dos assuntos acontecidos durante o dia ou não têm nada a ver.”

13. “Às vezes são alegres, outras são tristes. Muitas vezes, lembram de coisas que já vivi, mas não são de terror. Muitas vezes, também se apresentam tão reais que parece que estou de fato vivendo aquilo. Não percebo sentido neles, são muito desencontrados.” 14. “Não sei, ainda não descobri, mas espero descobrir aqui.”

15. “Para descansar o corpo e a mente e, quem sabe, encontrar no sonho sua verdadeira realidade, suas vontades e desejos mais íntimos.”

16. “Não muito bom. Hoje, melhor com o medicamento, mas ainda não é o que eu quero.” 17. “Como eu disse, eu sempre busco coisas. E aqui é mais uma tentativa de me ajudar na

minha insônia.”

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