O resultados principais desta seção baseiam-se nos artigos [9] e [17]. Antes, façamos algumas considerações:
1) Seja S um subgrupo nitamente gerado de G1 × . . . × Gn, cada Gi um grupo limite.
Considere pi : S −→ Gi a projeção de canônica. Então, S é subgrupo de p1(S) × . . . × pn(S).
Cada pi(S)é nitamente gerado. Logo, pela propriedade 6.2.2, cada pi(S)é um grupo limite.
2) Se S ∩Gi = 1, então o homomorsmo ϕi : S ⊆ G1× . . . × Gn−→ G1× . . . Gi−1× Gi+1×
. . . Gn dado por ϕi(s1, . . . , sn) = (s1, . . . , si−1, si+1, . . . , sn) é injetivo. Logo, S ∼= ϕi(S), que
é subgrupo de G1× . . . Gi−1× Gi+1× . . . Gn.
Dizemos que S é um produto subdireto de G1× . . . × Gnse pi(S) = Gi, ∀i = 1, . . . , n.
3) Seja Li = S ∩Gi 6= 1. Então Li/Gi. Antes de demonstrarmos isso, precisamos observar
que, na verdade, Li = S ∩ {1} × . . . × {1} × Gi× {1} × . . . × {1}. Portanto, vamos mostrar
que Li / {1} × . . . × {1} × Gi × {1} × . . . × {1}. De fato, seja (1, . . . , 1, li, 1, . . . , 1) ∈ Li.
Como pi(S) = Gi, temos que um elemento de {1} × . . . × {1} × Gi × {1} × . . . × {1}
é da forma (1, . . . , 1, si, 1, . . . , 1), em que si = pi(s1, . . . , si, . . . , sn). Portanto, vemos que
(1, . . . , 1, si, 1, . . . , 1)(1, . . . , 1, li, 1, . . . , 1)(1, . . . , 1, si, 1, . . . , 1)−1 = (1, . . . , 1, silis−1i , 1, . . . , 1) ∈
Li.
Lema 6.3.1. ([8], Teorema 3.1) Seja G um grupo limite e L um subgrupo normal não-trivial de G. Então, existe um subgrupo U de G de índice nito tal que U é uma extensão HNN de grupo base nitamente gerado e com subgrupos associados cíclicos e letra estável t ∈ L.
4) No caso do lema acima, vemos que U é nitamente gerado. Portanto, U é grupo li- mite. Dessa forma, podemos considerar extensões HNN Ui para cada Gi denidas pelo lema
acima. Temos que U1 × . . . × Un é subgrupo de índice nito de G1 × . . . × Gn. Ainda,
|S : S ∩ (U1× . . . × Un)| ≤ |G1× . . . × Gn: U1× . . . × Un|.
As considerações 1, 2 e 4 são casos de redução que serão aplicados nas demonstrações de alguns dos resultados do capítulo.
Primeiramente, vamos considerar algumas denotações. Vamos denotar Ki = kerpi e
Ni,j = pj(Ki). Vemos que, se cada pj é sobrejetora, então Ni,j / Gj: de fato, seja g ∈ Gj
e h ∈ Ni,j. Então, g = pj(m), m ∈ S e h = pj(k), k ∈ Ki. Temos que pi(mkm−1) =
pi(m)pi(m)−1 = 1 ⇒ mkm−1 ∈ Ki. Logo, pj(m)pj(k)pj(m)−1 = pj(mkm−1) ∈ Ni,j.
Lema 6.3.2.
[N1,j, N2,j, . . . , Nj−1,j, Nj+1,j, . . . , Nn,j] := [[. . . [[N1,j, N2,j] , N3,j] , . . . , ] , Nn,j] ⊆ Lj.
Demonstração. Fixemos um j e, para i 6= j, seja ∂i,j ∈ Ni,j. Então, existe σi ∈ S tal que
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites
pi([x, y]) = [pi(x), pi(y)]. Portanto, é fácil ver que pj(σ) = [∂1,j, . . . , ∂j−1,j, ∂j+1,j, . . . , ∂n,j] ∈
Gj. Basta mostrar que pj(σ) ∈ Lj. Se i 6= j, então pi(σ) = 1, pois pi(σi) = 1. Como a
projeção de σ em qualquer coordenada diferente de j é 1, temos então que σ ∈ S ∩ Gj = Lj.
Logo, pj(σ) = σ ∈ Lj.
Para o próximo lema, assumiremos o seguinte teorema (sua demonstração encontra-se em [9], Teorema 4.1, pág. 11):
Teorema 6.3.1. Sejam G um grupo limite não-abeliano, L um subgrupo não-trivial normal em G e A um subgrupo nitamente gerado de G tal que L é subgrupo de A. Então, |G : A| < ∞.
Lema 6.3.3. Sejam G1, . . . , Gn grupos limites não-abelianos. Suponha S um subgrupo nita-
mente gerado de G1× . . . × Gn tal que H2(S, Q) tem dimensão nita e S satisfaz as seguintes
condições: • n ≥ 2;
• cada projeção pi : S −→ Gi é sobrejetiva;
• cada interseção Li = S ∩ Gi é não-trivial;
• cada Gi é um grupo limite não-abeliano;
• cada Gi é uma extensão HNN com grupo base B1 nitamente gerado e subgrupos
associados cíclicos Ci e ˜Ci e letra estável ti ∈ Li.
Seja Ai,j = pj(p−1i (Ci)). Então, para todo i, j, temos que
i) |Gj : Ai,j| < ∞;
ii) Ai,j/Ni,j é cíclico.
Demonstração. ii) Denotemos Cbi = p−1i (Ci). Considere a restrição pi|
c
Ci : bCi −→ Ci. Vemos que Cbi/Ki ∼= Ci ⇒ bCi/Ki é cíclico. Tome agora o homomorsmo sobrejetor de Cbi/Ki em Ai,j/Ni,j dado por cKi 7→ pj(c)Ni,j. Portanto, Ai,j/Ni,j é cíclico.
i) Sem perda de generalidade, podemos tomar i = 1. Por hipótese, G1 é uma extensão
HN N e p1 é sobrejetiva. Então, S é uma extensão HNN com grupo base p−11 (B1) = cB1 e
subgrupos associadoscC1 = p−11 (C1)e p−11 ( ˜C1)e letra estáveltb1 ∈ p−11 (t1). Como t1 ∈ L1 ⊂ G1,
podemos tomartb1 = (t1, 1, . . . , 1) ∈ S ⊆ G1×. . .×Gn. Além disso, sendo C1 subgrupo cíclico
de G1, C1 é livre de torção e, portanto, é isomorfo ao grupo trivial ou a Z. Assim, podemos
denir um homomorsmo α : C1 −→ cC1 tal que p1◦ α = idC1. Daí, considerando a inclusão de K1 em Cc1, temos que cC1 = K1 o α(C1). Se c1 é gerador de C1, então α(c1) = cb1 e α(C1) = hcb1i.
Como S é uma extensão HNN com grupo baseBc1e subgrupos associadosCc1e p−11 ( ˜C1), temos que S é o grupo fundamental de um grafo de grupos cujo grafo Γ é composto por um vértice e uma aresta e tais que o grupo de vértice é o grupo base de S eCc1 é o grupo de aresta. Pela
Capítulo 6. Grupos Limites
teoria de Bass-Serre, S age sobre uma árvore ˜Γ tal que S/˜Γ = Γ. Assim, E(˜Γ) é o conjunto das S-órbitas S[1, e] e S[1, e], da Segunda Construção que vimos anteriormente no Capítulo 3. O grupo de estabilizadores Se = {s ∈ S| s[1, e] = [1, e]} = cC1. Logo, ZS[1, e] ∼= Z[S/cC1].
Analogamente, ZV (˜Γ) ∼= Z[S/cB1]. Temos, então, uma sequência exata curta de S-módulos
0 −→ Z[S/cC1] θ
−→ Z[S/cB1] −→ Z −→ 0
em que θ(sCc1) = sbt1Bc1− scB1. Sendo ∗ ⊗ZQ um funtor exato, obtemos uma sequência exata curta de S-módulos
0 −→ Q[S/cC1] θ
−→ Q[S/cB1] −→ Q −→ 0
que, aplicando T orZS
i (Z, ∗), nos dá uma sequência exata longa em homologia
. . . −→ Hi+1(S, Q) −→ Hi(S, Q[S/cC1]) −→ Hi(S, Q[S/cB1]) −→
−→ Hi(S, Q) −→ Hi−1(S, Q[S/cC1]) −→ . . . .
Sendo Q[S/Bc1] ∼= QS ⊗
Q cB1 Q, vemos que, pelo lema 3.8.1 de Shapiro, Hi(S, Q[S/cB1]) ∼= Hi(cB1, Q). Analogamente, Hi(S, Q[S/cC1]) ∼= Hi(cC1, Q). Isso nos dá uma sequência longa
exata
. . . → Hi+1(S, Q) −→ Hi(cC1, Q) φ
−→ Hi(cB1, Q) −→ Hi(S, Q) −→ Hi−1(cC1, Q) → . . . , (6.1)
em que φ = i2∗− i1∗, sendo i1∗ induzido da inclusão cC1 ,→ cB1 e i2∗ induzido da conjugação
c 7→tb1 −1
ctb1, c ∈ cC1 (ver [10], pág. 180). Sendo S nitamente gerado, temos que H1(S, Q) =
S/[S, S] ⊗ZQ tem dimensão nita. Temos: K1/[K1, K1] ⊗ZQ µ −→ cC1/[cC1, cC1] ⊗ZQ | {z } H1( cC1,Q) φ −→ cB1/[cB1, cB1] ⊗ZQ | {z } H1( cB1,Q) , em que µ é indu- zido pela inclusão de K1 em Cc1. Mas sendo K1 ⊆ {1} × . . . × Gn etb1 = (t1, 1, . . . , 1), vemos
que [tb1, K1] = 1 ⇒tb1 age trivialmente sobre K1 por conjugação ⇒tb1 age trivialmente sobre
H1(K1, Q) por conjugação. Logo, φ(Imµ) = 0. Portanto, φ induz o homomorsmo
˜
φ : H1(cC1, Q)/Imµ −→ H1(cB1, Q).
Mas H1(cC1, Q)/Imµ = H1(hcb1i , Q) ∼= hcb1i ⊗ZQ. Como hcb1i é 1 ou Z, vemos que a dimensão de H1(hcb1i , Q) sobre Q é no máximo 1. O diagrama abaixo é comutativo:
H1(cC1, Q) proj. can. φ // H1(cB1, Q) H1(cC1, Q)/Imµ ˜ φ 66
Portanto, Imφ = Im˜φ ⇒ dimQImφ ≤ 1. Da sequência longa exata 6.1 temos a sequência
exata
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites
Como H2(S, Q) e Imφ têm dimensão nita sobre Q, então dimQH1(cC1, Q) < ∞.
Do homomorsmo sobrejetivo Cc1 −→ pj(cC1) = A1j temos a sobrejeção H1(cC1, Q) −→ H1(A1j, Q). Logo, dimQH1(A1j, Q) < ∞. Pela propriedade 6.2.3, A1j é nitamente gerado.
Finalmente, temos que
p1(S ∩ Gj) = 1 ∈ G1, j 6= 1 ⇒ S ∩ Gj ⊆ p−11 (C1) ⇒
⇒ Lj = S ∩ Gj = pj(S ∩ Gj) ⊆ pj(p−11 (C1)) = A1j.
Assim, pelo Teorema 6.3.1, 1 6= Lj ⊆ A1j ⊆ Gj, A1j nitamente gerado ⇒ |Gj : A1j| <
∞.
Antes de enunciar a próxima proposição, vamos enunciar o seguinte lema:
Lema 6.3.4. Seja A um grupo abeliano e D um grupo nitamente gerado tal que A é subgrupo normal de D e D/A é nitamente apresentável. Então, A é nitamente gerado como Z[D/A]- módulo.
Demonstração. Seja hX|Ri a apresentação de D, X nito. Seja Y um conjunto de geradores de A como D-módulo. Então, A = hY iD. Portanto, D/A tem apresentação hX|R ∪ Y i. Por
[12], Proposição 17, pág. 23, temos que existe um subconjunto nito S de R ∪Y tal que D/A tem apresentação nita hX|Si. Portanto, A = h(S ∩ Y )iD ⇔ Aé gerado como D-submódulo
por S ∩ Y . Mas a ação de D sobre A induz ação de D/A sobre A. Portanto, S ∩ Y é um conjunto nito que gera A como Z[D/A]-módulo.
Proposição 6.3.1. Seja G o grupo fundamental de um grafo de grupos composto por um vértice e uma aresta cujo grupo de vértice é o grupo nitamente gerado B e cujo grupo de aresta é o grupo cíclico innito C. Então, G é uma extensão HNN com grupo base B e subgrupos associados isomorfos a C e letra estável t. Suponha que G tenha subgrupos normais Le N tais que t ∈ L, C ∩N = {1} e G/N é cíclico innito. Suponha, também, que H1(N, Q)
tem dimensão innita. Seja ∆ ⊂ G o único subgrupo de G de índice 2 que contém B. Então, existe um elemento x ∈ L ∩ ∆ ∩ N tal que Rx ⊂ H1(N ∩ ∆; Q) é um R-módulo livre de posto
1, em que R = Q[∆/(N ∩ ∆)] e x é a classe de homologia determinada por x.
Demonstração. Sabemos que G age sobre a árvore de Bass-Serre T associada a G como extensão HNN. Denimos N2 = N ∩ ∆ (veja que N2/ G). Como N2 é subgrupo de G, então
N2 deve agir sobre T por restrição da ação de G. Mas, pela teoria de Bass-Serre, N2é o grupo
fundamental de um grafo de grupos com grafo X = T/N2. Agora, queremos mostrar que X é
um grafo nito. Por hipótese, |G : ∆| = 2. Logo, |N : N2| é 1 ou 2. Por hipótese, G/N ∼= Z.
Como qualquer subgrupo não-trivial de Z tem índice nito, temos que |G : NC| < ∞. Assim, |G : N2C| = |G : N C||N C : N2C| < ∞.
Pelo teorema 2.6.1, temos que
|V (X)| = | {N2gB| g ∈ G} | e |E(X)| = | {N2gC| g ∈ G} |.
Temos então que |E(X)| < ∞. Como C ⊆ B, então N2gC ⊆ N2gB. Logo,
Capítulo 6. Grupos Limites
Portanto, X é grafo nito. Pelo teorema 2.6.1, N2 é grupo fundamental de um grafo de grupos
cujo grafo é X e os grupos de vértice são N2∩ gBg−1, com g ∈ {N2hB| h ∈ G}e os grupos de
arestas são N2∩ gCg−1, com g ∈ {N2hC| h ∈ G}. Mas N2∩ gCg−1 = g(N2∩ C)g−1 = 1. Ou
seja, os grupos de arestas são triviais. Já vimos anteriormente no exemplo 2.4.1 que, nesse caso, N2 = ( ∗
v∈V (X)(N2)v) ∗ π1(X). Então, pelo lema 3.7.3,
H1(N2, Q) = |V (X)| M i=1 (H1(giBgi−1∩ N2, Q) ⊕ H1(π1(X), Q)) ∼= M |V (X)| (H1(B ∩ N2, Q)) ⊕ H1(π1(X), Q) = M |V (X)| B ∩ N2 [B ∩ N2, B ∩ N2] ⊗ZQ ⊕ π1(X) [π1(X), π1(X)] ⊗ZQ .
Queremos mostrar que dimQH1(N2, Q) = ∞. Por hipótese, dimQH1(N, Q) = ∞. A
inclusão N2 ,→ N induz um homomorsmo de grupos [NN2
2,N2]⊗ZQ −→
N
[N,N ]⊗ZQ. Como N2
é um subgrupo de índice 1 ou 2 em N, então
dimQ N
[N, N ]⊗ZQ ≤ ·dimQ
N2
[N2, N2]
⊗ZQ. Isso implica que
dimQ N2 [N2, N2]
⊗ZQ = dimQH1(N2, Q) = ∞.
Mas então dimQH1(B ∩ N2, Q) = ∞, já que dimQ
π1(X)
[π1(X),π1(X)]⊗ZQ < ∞, pois π1(X)é livre de posto nito.
Agora, temos que BN2
N2 ∼ = B∩NB 2 = B B∩N ∼= BN N ≤ G N. Como C ∩ N = {1} e C ⊆ B, temos que B * N ⇒ BN N ∼= Z. Portanto, B
B∩N2 possui um subgrupo Q ∼= Z de índice nito. Portanto, Q é gerado por um elemento que vamos chamar de τ. Sabemos que, como N2/BN2,
então BN2 age sobre N2 por conjugação. Isso implica que obtemos uma ação induzida de BNN22
em H1(N2, Q), já que N2 age trivialmente em H1(N2, Q). Portanto, Q age sobre H1(N2, Q).
Da mesma forma, como B age sobre B ∩ N2 por conjugação, obtemos uma ação induzida de B
B∩N2 em H1(B ∩ N2, Q). Portanto, Q age sobre H1(B ∩ N2, Q). Logo, H1(B ∩ N2, Q) é um QQ-submódulo de H1(N2, Q).
Do fato que B∩N2
[B∩N2,B∩N2]/
B
[B∩N2,B∩N2], pelo lema 6.3.4 temos que
B∩N2
[B∩N2,B∩N2] é nitamente gerado como um Z[ B
B∩N2]-módulo. Portanto, H1(B ∩ N2, Q) é nitamente gerado como um Q[B∩NB 2]-módulo. Ainda, como |
B
B∩N2 : Q| < ∞, temos que H1(B ∩ N2, Q) é nitamente gerado como um QQ-módulo.
Observamos que QQ = Q[τ, τ−1]. Sabemos que Q[τ] é um domínio euclidiano, por-
tanto um domínio de ideias principais. Tome Z = {τi| i ≥ 0}. Vemos que Z−1
Q[τ ] = d
z| d ∈ Q[τ ], z ∈ Z
= QQ. Portanto, QQ é também um domínio de ideias principais. Como H1(B ∩ N2, Q) é nitamente gerado como QQ-módulo, temos que H1(B ∩ N2, Q) é
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites
isomorfo à uma soma direta nita de QQ e módulos cíclicos da forma QQ
(f ), (f ) um ideal
principal. A dimensão de QQ sobre Q é innita, enquanto a dimensão de um módulo cíclico da forma QQ
(f ) sobre Q é nita. Como dimQH1(B ∩ N2, Q) = ∞, então QQ ,→ H1(B ∩ N2, Q).
Seja z ∈ B ∩ N2 e z a imagem de z em H1(B ∩ N2, Q) tal que QQz ∼= QQ. Temos que
QQz ⊆ H1(B ∩ N2, Q).
Considere, agora, Q0 = N ∩∆∆ . Observamos que Q0 ∼= Z. Novamente, QQ0 é domínio
de ideais principais tal que QQ0z ∼= QQ0 ⊆ H1(N2, Q). Se a letra estável t ∈ ∆, então
G = ht, Bi ⊆ ∆, absurdo. Logo, t /∈ ∆. Tome z1 = z e z2 = tzt−1. Dena
x = [z, t] = ztz−1t−1 = z1z2−1.
Vemos que z1 ∈ N2 ⊆ N e z2 = tz1t−1 ∈ tN t−1 = N. Logo, x ∈ N. Da mesma forma,
z1 ∈ B ⊂ ∆ e z2 ∈ t∆t−1 = ∆. Logo, x ∈ ∆. Por m,
x = (ztz−1)t−1 ∈ zLz−1L ⊆ L · L ⊆ L.
Então, x ∈ L ∩ N ∩ ∆ ⊆ N2. Seja x = z1− z2 a imagem de x em H1(N2, Q). Vemos que z1 e
z2 estão em somandos diferentes, pois se estivessem no mesmo, então t ∈ N2B ⊆ ∆, absurdo.
Então, QQ0z1 ∼= QQ0x ∼= QQ0.
Proposição 6.3.2. Sejam G1, . . . , Gn grupos limites não abelianos. Se S é um subgrupo
nitamente gerado de G1× . . . × Gn com H2(S1, Q) de dimensão nita para cada subgrupo S1
de índice nito de S e se S satisfaz as condições nos itens do Lema 6.3.3, então Ni,j ⊂ Gj
tem índice nito pra todo i, j.
Demonstração. Vamos provar para o caso (i, j) = (2, 1). Considere (p1× p2) : S −→ G1× G2
o homomorsmo (p1 × p2)(s) = (p1(s), p2(s)). Denotamos T = (p1 × p2)(S), a projeção
de S em G1 × G2. Denimos M1 = T ∩ (G1 × {1}) e M2 = T ∩ ({1} × G2). Vemos que
T ∩ (G1× {1}) = {(p1(s), 1)| s ∈ kerp2} ∼= p1(kerp2) = N2,1. Analogamente, M2 = N1,2.
Considere agora o homomorsmo
φ1 : G1 −→
T M1× M2
dado por φ1(p1(s)) = (p1(s), p2(s))M1×M2. Temos que φ1é sobrejetiva e kerφ1 = {p1(s)| s ∈ kerp2} =
M1. Denindo analogamente
φ2 : G2 −→
T M1× M2
vemos que kerφ2 = M2. Assim, temos os isomorsmos
G1 M1 ∼ = T M1× M2 ∼ = G2 M2 .
Suponhamos que esses grupos sejam innitos. Queremos obter uma contradição. Pelo Lema 6.3.3, G1
M1 é virtualmente cíclico ⇒
T
Capítulo 6. Grupos Limites
um subgrupo T0 em T de índice nito contendo M1 × M2 tal que M1T×M0 2 é cíclico innito.
Daí, p1(T0)é um subgrupo de p1(T ) = G1 de índice nito que contém M1, já que M1 ⊆ T0 ⇒
p1(M1) = M1 ⊆ p1(T0). Ainda, p1M(T10) é cíclico innito. Temos a mesma conclusão análoga
para p2(T0).
Denotaremos Pi = pi(T0), i = 1, 2. Como Pi é subgrupo de Gi, temos que Pi é uma extensão
HN Ncom grupo base Bi0e subgrupos associados Ci0e ˜Ci 0
e letra estável t0
i, em que Ci0 = Ci∩Pi
e t0
i é uma certa potência de ti. Note que pelo lema 6.3.3 Ci0∩ Mi = {1}.
Se considerarmos da proposição 6.3.1 que G = Pi, N = Mi, L = Li, t = t0i, B = B 0
i, C = C 0 i,
teremos um subgrupo ∆i em Pi de índice 2 que contém Bi e xi ∈ Li ∩ ∆i ∩ Mi tal que
Rxi é um R-módulo livre de posto 1 em H1(Mi ∩ ∆i, Q), em que xi é a imagem de xi em
H1(Li∩ ∆i∩ Mi, Q) e R = Q[M∆i∩∆i i].
Seja τ ∈ T0 tal que τ(M1× M2) gera M1T×M0 2. Denotemos τi = pi(τ ). Sabemos que Mi∆∩∆i i ∼= ∆iMi
Mi é subgrupo de índice nito 1 ou 2 de
Pi
Mi ∼
= Z. Portanto, ∆i
Mi∩∆i = hτii. Assim, Rxi é um Q[τi±1]-módulo livre de posto 1 em H1(Mi∩ ∆i, Q).
Dena agora M0
i = Mi ∩ ∆i. Pela fórmula de Künneth 3.7.2, temos que H2(M10 × M20, Q) é
naturalmente isomorfo a [H1(M10, Q) ⊗QH1(M 0 2, Q)] ⊕ [H2(M10, Q) ⊗QH0(M 0 2, Q)] ⊕ [H0(M10, Q) ⊗QH2(M 0 2, Q)] implicando que H1(M10, Q) ⊗QH1(M 0 2, Q) ,→ H2(M10 × M 0 2, Q) é um monomorsmo de Q[τ±1 1 , τ ±1
2 ]-módulos. Assim, x1⊗x2 gera um Q[τ1±1, τ ±1 2 ]-submódulo livre de H1(M10, Q) ⊗QH1(M 0 2, Q) ⊆ H2(M10 × M 0 2, Q).
Seja, agora, T1 = (M10× M20) o hτ i subgrupo de índice nito de T0 e S1 = (p1× p2)−1(T1) ⊆ S.
Temos uma sequência exata curta 1 −→ M0 1× M
0
2 −→ T1 −→ hτ i −→ 1. Pelo Teorema da
Sequência Espectral LHS 4.2.2, temos que Ep,q2 = Hp(hτ i , Hq(M10 × M 0 2, Q)) ⇒p Hp+q(T1, Q). Mas, ∀i ≥ 2, Hi(hτ i , Hj(M10 × M 0 2, Q)) = 0 ⇒ E k i,j = 0. Portanto, os homomorsmos dk
i,j : Ei,jk −→ Ei−k,j+k−1k são triviais, ∀i ≥ 2. Tome i = k e
j = 3 − k, k ≥ 2. Então, temos Ei,jk d k i,j −→ Ek 0,2 dk0,2 −→ Ek −k,k+1 = 0 ⇒ E0,2k+1 = kerdk0,2 Imdk i,j = E k 0,2 0 = E k 0,2. Portanto, E∞ 0,2 = E0,22 = H0(hτ i , H2(M10 × M 0
2, Q)). Logo, existe ltração de H2(T1, Q) com
quocientes E∞ i,j i+j=2. Assim, H0(hτ i , H2(M10 × M 0 2, Q)) = H2(M10 × M 0 2, Q) ⊗Qhτ iQ ,→ H2(T1, Q).
Aplicando o funtor ∗ ⊗Qhτ iQ à fórmula de Künneth anterior, teremos que
H1(M10, Q) ⊗QH1(M 0 2, Q) ⊗Qhτ iQ ,→ H2(M 0 1× M 0 2, Q) ⊗Qhτ iQ ,→ H2(T1, Q).
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites Para m, n ∈ Z, vemos que τm
1 x1τ1−m ∈ M 0 1 e τ2nx2τ2−n ∈ M 0 2. Pela proposição 6.3.1, as imagens de τm 1 x1τ1−m m∈Z e τ n 2x2τ2−n
n∈Z geram (como Q-módulo), respectivamente, um
Q hτ1i-submódulo livre de H1(M10, Q) e um Q hτ2i-submódulo livre H1(M20, Q).
Mas (Q hτ1i ⊗QQ hτ2i) ⊗Qhτ iQ∼= Q[τ1, τ2, τ1−1, τ −1 2 ] (τ1τ2− 1) ∼= Q[τ 1, τ1−1],
cuja dimensão em Q é innita. Isto implica que dimQH2(M10 × M
0
2, Q) ⊗Qhτ iQ = ∞.
Agora, temos que L1× L2 ⊆ T1 induz um homomorsmo H2(L1× L2, Q) −→ H2(T1, Q)
cuja imagem tem dimensão innita. Mas dessa inclusão e do homomorsmo sobrejetivo S1 = (p1 × p2)−1(T1) −→ T1, S1 com índice nito em S, podemos construir o diagrama
comutativo abaixo. H2(S1, Q) //H2(T1, Q) H2(L1× L2, Q) 66
Mas a imagem de H2(L1 × L2, Q) em H2(T1, Q) tem dimensão innita, e isso é uma
contradição, pois H2(S1, Q) tem dimensão nita.
Lema 6.3.5. Todo grupo limite G tem característica de Euler χ(G) ≤ 0. Além disso, χ(G) = 0 se, e somente se, G é abeliano.
Demonstração. Primeiramente, vamos provar para G abeliano. Como G é nitamente gerado abeliano livre de torção, temos que G ∼= Zn. Assim, G = hg1, . . . , gni. Tome V = Ze1⊕ . . . ⊕
Zen e dena ΛiV = M k1<...<ki Z(ek1 ∧ . . . ∧ eki), kj ∈ {1, . . . , n} , 1 ≤ i ≤ n. Também dena ∂i : ZG ⊗ZΛ i V −→ ZG ⊗ZΛ i−1 V por ∂i(ek1 ∧ . . . ∧ eki) = i X r=1 (−1)r−1(gkr − 1)ek1 ∧ . . . ∧ ˆekr ∧ . . . ∧ eki. Temos então o complexo de Koszul
0 −→ ZG ⊗ZΛ n V −→ . . .∂n ∂3 −→ ZG ⊗ZΛ 2 V −→ ZG ⊗∂2 ZV −→ ZG −→ Z −→ 0. Aplicando agora Q ⊗ZG∗, obtemos o complexo
0 −→ ΛnW −→ . . .0 −→ Λ0 2W −→ W0 −→ Q0 idQ
Capítulo 6. Grupos Limites em que W = Q ⊗ZV. Daí, χ(G) =X i (−1)idimQ(Q ⊗ZHi(G, Z)) =X i (−1)idimQ(ΛiW ) =X i≥0 (−1)in i = (1 − 1)n= 0.
Considere, agora, G o grupo descrito pela lema 6.1.1. Queremos mostrar que χ(G) ≤ 0. Então, G é grupo fundamental de um grafo bipartido nito de grupos Γ cujos grupos de arestas Ge são cíclicos e os grupos de vértice Gv são livres ou livres abelianos de posto nito
e grupos limites com altura ≤ h − 1. Por [10], Proposição 7.3(e), pág. 250 e considerando uma versão análoga para extensão HNN, temos que
χ(G) = X v∈V (Γ) χ(Gv) − X e∈E(Γ) χ(Ge) ≤ X v∈V (Γ) χ(Gv).
Mas Gv é livre ou livre abeliano de posto nito ou tem altura ≤ h(G) − 1. Por indução sobre
a altura dos grupos,
χ(G) ≤ X v∈V (Γ) χ(Gv) ≤ X v∈V (Γ) 0 ≤ 0.
Seja G um grupo limite decomposto como um produto livre de subgrupos H1∗ H2 com
apresentação hX ∪ Y |R ∪ Si. Então, G nitamente gerado ⇒ H1 e H2 nitamente gerados
⇒ H1 e H2 são grupos limites. Por indução sobre a altura dos grupos, χ(Hi) ≤ 0, i = 1, 2.
Assim,
χ(G) = χ(Hi) + χ(H2) − 1 ≤ 0 + 0 − 1 = −1.
Se G tem altura 0, então G é o produto livre de número nito de grupos livres abelianos de posto nito e grupos de superfícies com característica de Euler menor que −1. Portanto, χ(G) ≤ 0.
Se G não possui decomposição como produto livre, consideremos G não abeliano descrito pela lema 6.1.2. Então, G é o grupo fundamental de um grafo nito de grupos Γ cujos grupos de arestas Ge são cíclicos innitos e possui pelo menos um grupos de vértice Gv0 que é limite e não abeliano e cuja altura é menor ou igual a h(G) − 1. Por indução na altura dos grupos, χ(Gv0) < 0. Se Gv são os grupos de vértice de Γ, então
χ(G) = X v∈V (Γ) χ(Gv) − X e∈E(Γ) χ(Ge) = X v∈V (Γ) χ(Gv) = X v∈V (Γ), v6=v0 χ(Gv) + χ(Gv0) ≤ X v∈V (Γ), v6=v0 0 + χ(Gv0) = χ(Gv0) < 0.
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites
Provamos que se G é grupo limite não-abeliano, χ(G) < 0. Portanto, se G é um grupo limite tal que χ(G) = 0, então G é abeliano.
Antes de enunciarmos os próximos resultados, recordemos algumas denições:
• Uma série central descendente de um grupo G é denida por γ1(G) = G e γi(G) =
[γi−1(G), G]. Se G é abeliano, γ2(G) = 1.
G é nilpotente se existe n tal que γn(G) = 1. Se G é nitamente gerado, denimos o
comprimento de Hirsch de G como a soma Pn−1
i=1 dimQ( γi
γi+1 ⊗ZQ).
• Um anel R é Noetheriano à esquerda (direita) se todo ideal à esquerda (direita) em R é nitamente gerado.
• Um R-módulo M é Noetheriano se todo R-submódulo de M é nitamente gerado. • Um ideal I de um anel comutativo R é primo se, e somente se, I 6= R e R
I é um
domínio. A dimensão de Krull de R é o supremo dos comprimentos das cadeias de ideais primos de R. A dimensão de Krull de Z, por exemplo, é 1, já que qualquer cadeia de ideais primos é da forma 0 ⊂ pZ, p primo.
Lema 6.3.6. Sejam Q1, . . . , Qngrupos nilpotentes nitamente gerados e Vi um Q[Qi]-módulo
nitamente gerado tal que Vi contém um Q[Qi]-submódulo cíclico livre não trivial Wi, i =
1, . . . , n. Suponha que ˜Q é um subgrupo de Q = Q1× . . . × Qn tal que V = V1⊗Q. . . ⊗QVn
é nitamente gerado como um Q[ ˜Q]-módulo. Então, ˜Q tem índice nito em Q. Demonstração. Primeiramente, vemos que
Q[Q] = Q[Q1 × . . . × Qn] = Q[Q1] ⊗Q. . . ⊗QQ[Qn].
Vamos denir
W = W1⊗Q. . . ⊗QWn.
Vemos que W é um Q[Q]-submódulo de V . Por consequência, W é também um Q[ ˜Q]- submódulo de V . Como Q[ ˜Q] é noetheriano à direita e V é nitamente gerado como Q[ ˜Q]- módulo, temos que W ∼= Q[Q] é nitamente gerado sobre Q[ ˜Q], o que implica que
dimKrullQ[Q] ≤ dimKrullQ[Q].˜
Pelo artigo [22], temos que dimKrullQ[Q]˜ é o comprimento de Hirsch de ˜Q. Então, Q e ˜Q
têm o mesmo comprimento. Logo, |Q : ˜Q| < ∞.
Proposição 6.3.3. Seja G um grupo com χ(G) < 0 tal que o Q[G]-módulo trivial Q tem uma resolução livre de módulos nitamente gerados e comprimento nito. Então, para qualquer subgrupo normal M de G tal que Q = G
M é nilpotente livre de torção e M é livre, o Q[Q]-
módulo V = M
[M,M ] ⊗Z Q tem um Q[Q]-submódulo livre não trivial. Temos que Q age em M
Capítulo 6. Grupos Limites Demonstração. Seja
P : 0 −→ Q[G]αk −→ . . . −→ Q[G]α0
−→ Q −→ 0
a resolução livre de módulos nitamente gerados de Q como Q[G]-módulo trivial. Aplicando ∗ ⊗Q[M ]Q, temos a sequência R = P ⊗Q[M ]Q : 0 −→ Q[G]αk ⊗ Q[M ]Q −→ . . . −→ Q[G] α0 ⊗ Q[M ]Q −→ Q ⊗Q[M ]Q −→ 0. Mas Q[G]αi⊗Q[M ]Q∼= (Q[G] ⊗Q[M ]Q) αi ∼ = Q[Q]αi, i = 0, . . . , k. Portanto, R : 0 −→ Q[Q]αk −→ . . . −→ Q[Q]α0 −→ Q −→ 0. Assim, Hi(R) = T orQ[M ]i (Q, Q) = Hi(M, Q).
Como M é livre, temos que Hi(M, Q) = 0, ∀i ≥ 2. Ainda, H1(R) = [M,M ]M ⊗Z Q. Como
Q é um grupo nilpotente livre de torção, temos que Q[Q] é um anel noetheriano à direita e à esquerda sem divisores de zero. Então, Q[Q] é um anel de Ore e, pelo teorema de Ore, Q[Q] ,→ K, em que K é um anel clássico de quocientes. Assim, K é plano como Q[Q]-módulo, o que implica que ∗ ⊗Q[Q]K é um funtor exato. Logo,
R ⊗Q[Q] K : 0 −→ Kαk −→ . . . −→ Kα0 −→ 0 −→ 0 e Hi(R ⊗Q[Q]K) ∼= Hi(R) ⊗Q[Q]K = 0 se i 6= 1 Ka se i = 1. a ≥ 0. Então, χ(G) = X i (−1)iαi =X i (−1)idimKHi(R ⊗Q[Q]K) =X i (−1)idimK(Hi(R) ⊗Q[Q]K) = −dimKKa= −a ≤ 0. Logo, V ⊗Q[Q]K ∼= K χ(G).
Como χ(G) 6= 0, temos que V possui um submódulo isomorfo a Q[Q]. De fato, se ∀v ∈ V existe λ ∈ Q[Q] − {0} tal que vλ = 0, então
vλ = 0 ⇒ v ⊗ 1K = vλ ⊗ λ−11k= 0 ⊗ λ−11K = 0.
Mas V ⊗Q[Q]K é K-módulo à direita com
(v ⊗ k1)k2 = v ⊗ (k1k1), ∀v ∈ V, ∀k1, k2 ∈ K.
Logo, como K-módulo, V ⊗Q[Q] K tem geradores {v ⊗ 1K}v∈V. Portanto, V ⊗Q[Q] K = 0,
contradição, pois V ⊗Q[Q]K ∼= K
χ(G) 6= 0. Assim, existe v
0 ∈ V tal que, ∀λ ∈ Q[Q] − {0},
6.3. Resultados envolvendo Grupos Limites
Corolário 6.3.1. Seja G um grupo limite não abeliano. Então, para qualquer subgrupo normal M de G tal que Q = G
M é nilpotente livre de torção e M é livre, o Q[Q]-módulo M
[M,M ]⊗ZQ tem um Q[Q]-submódulo livre não trivial.
Demonstração. [17], Corolário 8, pág. 6.
Para o próximo teorema, usaremos o seguinte resultado:
Corolário 6.3.2. Todo grupo limite é livre por nilpotente livre de torção. Demonstração. [17], pág. 4, Corolário 3.
Teorema 6.3.2. Sejam G1, . . . , Gn grupos limites não abelianos e S um produto subdireto
nitamente gerado de G = G1× . . . × Gn. Suponha S ∩ Gi não trivial para cada i = 1, . . . , n
e S de tipo F Ps sobre Q para algum s ∈ {2, . . . , n}. Então, para cada projeção canônica
pj1,...,js : G −→ Gj1 × . . . × Gjs, o grupo pj1,...,js(S) tem índice nito em Gj1 × . . . × Gjs. Demonstração. Pela Proposição 6.3.2 e pelo Lema 6.3.2, temos que, xando j, T
i6=j
Ni,j tem
índice nito em Gj e γn−1(T i6=j
Ni,j) ⊆ Lj, para cada j = 1, . . . , n. Substituindo cada Gj por
T
i6=j
Ni,j e S por S ∩ G1× . . . × Gn, temos que γn−1(G1) × . . . × γn−1(Gn) é subgrupo de S.
Pelo Corolário 6.3.2, existe j0 ≥ n − 1 tal que Mi = γj0(Gi) é livre, ∀i ≤ n, e Qi =
Gi
Mi é um grupo nilpotente nitamente gerado. Mas Qi possui um subgrupo de índice nito livre de
torção. Mais um vez, podemos reduzir Gi e S por subgrupos de índice nito. Daí, temos MGii
nilpotente livre de torção. Considerando M = M1 × . . . × Mn, pela Fórmula de Künneth e
pelo fato de que Hk(Mi, Q) = 0, ∀k ≥ 2 e H0(Mi, Q) ∼= Q, temos que
Hi(M, Q) =
M
1≤j1<...<ji≤n
H1(Mj1, Q) ⊗Q. . . ⊗QH1(Mji, Q), i ≤ n.
Considere agora Q = S
M um subgrupo nitamente gerado, nilpotente e livre de torção de
Q1× . . . × Qn. Cada Qjk age em H1(Mjk, Q) ∼=
Mjk
[Mjk,Mjk]⊗ZQ via conjugação.
Seja
hj1,...,ji : Q1× . . . × Qn−→ Qj1 × . . . × Qji
o homomorsmo canônico. Temos que Q age em H1(Mj1, Q) ⊗Q. . . ⊗Q H1(Mji, Q) através de hj1,...,ji. Pelo Corolário 6.3.1, temos que H1(Mjk, Q) é um Q[Qjk]-módulo que possui um Q[Qjk]-submódulo livre não trivial. Queremos mostrar que H1(Mj1, Q) ⊗Q. . . ⊗QH1(Mji, Q) é nitamente gerado como Q[Q]-módulo para i ≤ s. Para isso, vamos mostrar que Hi(M, Q)
é nitamente gerado como Q[Q]-módulo para i ≤ s. Como S é de tipo F Ps sobre Q, tome
F : . . . −→ Fi −→ Fi−1−→ F0 −→ Q −→ 0
uma resolução projetiva do Q[S]-módulo trivial Q com Fi nitamente gerado para i ≤ s.
Então,
Hi(M, Q) = T orZ[M ]i (Z, Q) ∼= T or Q[M ]
Capítulo 6. Grupos Limites
Para i ≤ s, vemos que Fi ⊗Q[M ] Q é um Q[Q]-módulo nitamente gerado. Como Q[Q]
é noetheriano à direita, temos que cada subquociente de Fi ⊗Q[M ]Q como Q[Q]-módulo é
nitamente gerado para i ≤ s. Logo, Hi(M, Q) é nitamente gerado como Q[Q]-módulo para
i ≤ s. Portanto, pelo Lema 6.3.6 e pelo Corolário 6.3.1 segue que hj1,...,js(Q)tem índice nito em Qj1 × . . . × Qjs.
Corolário 6.3.3. Sejam G1, . . . , Gn grupos limites não-abelianos e S um produto subdireto
de G = G1 × . . . × Gn tal que S ∩ Gi é não-trivial, i = 1, . . . , n. Se S é de tipo F Pn, então
S tem índice nito em G.
Demonstração. Basta aplicar o Teorema 6.3.2 no caso s = n. Vemos que, nesse caso, pj1,...,js = idG.
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