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CAPÍTULO VI: ESTUDO 1 PARÂMETROS PSICOMÉTRICOS DO INVENTÁRIO

6.2 Resultados

Nesta seção, são apresentados os resultados referentes aos parâmetros psicométricos da escala administrada neste primeiro estudo. Inicialmente, será apresentado o poder discriminativo dos itens, em seguida, a análise fatorial exploratória e da consistência interna do Inventário de Práticas Maternas Alienantes. Por fim, será explanada uma discussão parcial acerca destes resultados preliminares para, só então, dar sequência ao Estudo 2.

6.1.1 Inventário de Práticas Maternas Alienantes (IPMA): Evidências psicométricas Nesta etapa, verificou-se a estrutura fatorial do instrumento Inventário de Práticas Maternas Alienantes (IPMA). Para tanto, deu-se início a análise do poder discriminativo dos itens.

6.1.1.1 Poder discriminativo dos itens do IPMA

Nesta etapa, partiu-se do critério da mediana. Foram criados grupos-critérios internos, superior e inferior, considerando as pontuações totais por componente (somatório da pontuação dos fatores esperados para a escala) abaixo e acima da mediana. Definidos os grupos, efetuaram-se testes t de Student para amostras independentes. Os são resultados apresentados na Tabela 9.

Tabela 9. Poder Discriminativo dos Itens do IPMA

Itens Grupo-Critério Contraste Inferior Superior M DP M DP T Gl P Item 01 1,16 0,50 1,68 1,13 -3,96 124 0,001* Item 02 1,02 0,15 1,73 1,22 -5,35 92 0,001* Item 03 1,06 0,23 1,78 1,10 -6,02 98 0,001* Item 04 1,03 0,32 1,59 1,17 -4,31 103 0,001* Item 05 1,26 0,73 2,01 1,38 -4,49 137 0,001* Item 06 1,10 0,34 2,23 1,42 -7,24 100 0,001* Item 07 1,01 0,10 2,11 1,52 -6,74 90 0,001* Item 08 1,01 0,10 1,74 1,32 -5,12 91 0,001* Item 09 1,43 1,05 3,54 1,47 -10,96 163 0,001* Item 10 1,03 0,18 2,34 1,52 -7,96 92 0,001* Item 11 1,34 0,81 2,01 1,41 -3,85 144 0,001* Item 12 4,45 1,01 4,59 0,88 -0,97 171 0,310 Item 13 1,22 0,71 2,22 1,48 -5,73 131 0,001*

Nota. * Itens que apresentaram poder discriminativo (p < 0,001).

Como é possível observar na Tabela 9, o resultado do teste t-Student comprova que a quase totalidade dos itens apresentou poder discriminativo satisfatório (p < 0,001), com exceção do item 12 (p = 0,310). Mesmo assim, é possível diferenciar os

participantes dos dois grupos critério (inferior e superior) na direção esperada. Este aspecto assegura a qualidade métrica dos itens deste instrumento, podendo, assim, diferenciar pessoas com pontuações próximas. Este aspecto assegura a qualidade métrica dos itens deste instrumento. Cumprida esta etapa, partiu-se para a verificação da estrutura fatorial da referida escala.

6.1.1.2. Análise fatorial exploratória e consistência interna do IPMA

Inicialmente, comprovou-se a fatorabilidade da matriz de correlações entre os itens da escala, empregando-se o índice Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o Teste de Esfericidade de Bartlett. O primeiro trabalha com as correlações parciais das variáveis, devendo ser aceitos valores do KMO iguais ou superiores a 0,60 (Tabachnick & Fidell, 2006). O segundo, por outro lado, comprova a hipótese de que a matriz de covariâncias é uma matriz identidade, isto é, apresenta 1 (um) na diagonal principal e 0 (zeros) no restante da matriz. Valores significativos indicam que esta hipótese é rejeitada, favorecendo realização de uma análise fatorial.

Os resultados apoiaram a adequação de se utilizar uma análise fatorial exploratória, tendo sido observados os seguintes valores: KMO = 0,83 e Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² (66) = 811,270; p < 0,001. Neste sentido, decidiu-se realizar uma análise fatorial exploratória com o método ACP (Análise de Componentes Principais), sem fixar tipo de rotação ou número de fatores a extrair. Isso permitiu identificar três fatores com valor próprio (eigenvalue) superior a 1 (Critério de Kaiser), explicando 57,75% da variância total. Os valores próprios encontrados foram: 4,83; 1,08 e 1,01; considerando o Critério de Cattell, pode-se verificar uma solução mais parcimoniosa composta por um único fator, conforme sua distribuição gráfica (scree plot), verificada na Figura 4.

Figura 4. Representação Gráfica dos Valores Próprios do IPMA

Na busca por dirimir as dúvidas acerca do número de componentes a serem retidos, fez-se uso de um método mais robusto, a análise paralela (PA; Critério de Horn). Neste caso, adotaram-se os mesmos parâmetros do banco original de dados, isto é, 200 participantes e 12 itens, realizando mil simulações. O segundo valor próprio gerado pela análise paralela (percentil 95%) foi de 1,30, sendo superior ao segundo valor próprio observado na ACP (1,08), sugerindo que se deve adotar uma estrutura unifatorial.

Assim, tendo em vista a superioridade da PA de retenção dos itens nos fatores em relação aos demais, realizou-se uma nova análise ACP, fixando-se em um único fator. Essa estrutura pode ser observada na Tabela 10.

Tabela 10. Estrutura Unifatorial do Inventário de Práticas Maternas Alienantes (IPMA)

Nota. Fator: I – Inventário de Práticas Maternas Alienantes. * Saturação considerada para definir o item como pertencente ao fator respectivo, |0,30|.

Observa-se, na Tabela 10, que a escala unifatorial explica 35,52% da variância total, com itens apresentando cargas fatoriais iguais ou superiores a |0,30|. Isto posto, analisando o conteúdo semântico dos itens, verificou-se que os mesmos discorrem acerca de práticas de alienação, tais como: limitação do contato dos filhos com o pai; campanha denegritória realizada pela mãe. Assim, o fator da presente escala reuniu doze itens, com saturações que variaram de 0,71 [Item 07. Faço o possível para manter meu(minha) filho(a) ocupado(a) e longe do pai.] a 0,30 [Item 05. Recompenso (com presentes, agrados, elogios) meu(minha) filho(a) quando ele(a) me defende na frente do pai.]. Seu valor próprio foi de 4,83. Apresentou consistência interna (alfa de Cronbach)

Itens

Fator I 07. Faço o possível para manter meu(minha) filho(a) ocupado(a) e longe do

pai. 0,86*

0,74 06. Convenço meu(minha) filho(a) a fazer atividades comigo ao invés de sair

com o pai. 0,71* 0,50

08. Escondo fotos do pai do(a) meu(minha) filho(a) para ele(a) esquecê-lo. 0,70* 0,50 09. Falo para meu(minha) filho(a) que devo ser mais importante na vida

dele(a). 0,61* 0,38

10. Limito o contato do(a) meu(minha) filho(a) com o pai. 0,60* 0,36 01. Programo passeios com meu(minha) filho(a) exatamente no horário de

visitas do pai 0,58*

0,34 02. Para evitar o contato do(a) meu(minha) filho(a) com o pai, invento

histórias negativas sobre o pai dele(a). 0,58*

0,34 13. Convenço meu(minha) filho(a) a não querer passar muito tempo com o

pai. 0,56* 0,31

04. Incentivo meu(minha) filho(a) a acreditar que gostar do pai é algo errado. 0,52* 0,27 03. Evito que meu(minha) filho(a) se aproxime do pai. 0,49* 0,13 11. Omito do pai informações médicas de meu(minha) filho(a). 0,38* 0,24 05. Recompenso (com presentes, agrados, elogios) meu(minha) filho(a)

quando ele(a) me defende na frente do pai. 0,30*

0,09 Números de itens 12 Valor próprio 4,83 % Variância Explicada Alfa de Cronbach 35,52 0,83

de 0,83. Assim, o único fator encontrado pode ser denominado Práticas maternas alienantes.

Após verificar parâmetros satisfatórios do Inventário de Práticas Maternas Alienantes em sua versão experimental, indica-se que esta estrutura final será submetida à Análise Fatorial Confirmatória (AFC) em um estudo posterior, Estudo 2, com o objetivo de comprovar sua validade por meio de modelagem de equações estruturais, constituindo-se como uma alternativa mais robusta.