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Neste capítulo apresenta-se a descrição e análise interpretativa dos resultados, procurando responder às questões de investigação do estudo e entender o seu significado global. Considerando o insucesso, a exclusão e o abandono escolar, o objectivo central deste estudo foi conhecer as concepções de escola inclusiva e as práticas de inclusão produzidas pelos diversos actores escolares, face às políticas educativas que regulamentam os Percursos Curriculares Alternativos. Tornou-se pertinente investigar como foram elaborados e estão a ser desenvolvidos os projectos de constituição de turmas de Percursos Curriculares Alternativos, na Escola Amarela, regulamentados pelo Despacho Normativo nº 1/2006, de 6 de Janeiro.

Especificamente, a análise dos resultados incidiu sobre as seguintes dimensões: a) conceptualizações diferenciais que os actores envolvidos no estudo atribuem à inclusão escolar; b) a forma como a escola promove a inclusão e a igualdade de oportunidades; c) a relevância da liderança e das políticas pedagógicas da escola na concretização das medidas de inclusão; d) os modos de prevenção do abandono escolar e incentivo ao sucesso através da adaptação curricular; e) as práticas desenvolvidas na escola ao nível do projecto da turma de Percursos Curriculares Alternativos.

Os resultados referentes aos professores e aos alunos são apresentados em separado. Da análise das entrevistas aos alunos surgiram temas que nos podem elucidar sobre os resultados obtidos, tais como: 1-Representações da escola; 2- O Abandono Escolar; 3- Interacções; 4- Representações dos professores; 5- Estudo e a aprendizagem; 6- Representações dos amigos; 7- Vivências na família; 8- O Percurso Curricular Alternativo; 9- Projectos de futuro.

Representações da Escola: A Perspectiva dos Alunos

A análise dos resultados deu evidência às seguintes categorias: Função da

escola; Vivências na escola; Organização da escola; Perspectivas negativas sobre a escola; Perspectivas positivas sobre a escola. Estas categorias por sua vez foram

divididas em subcategorias, que foram sistematizadas em grelhas, com as frequências referentes aos diversos assuntos abordados.

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Função da Escola

A análise dos resultados mostra que os alunos têm em comum gostarem de andar na escola embora não gostem muito de estudar. O Quadro 4 inclui as categorias relativas ao entendimento que os alunos têm da escola. É vista como espaço de aprendizagem em geral mas, essencialmente, como local onde se sentem bem, têm os seus amigos e onde aprendem conhecimentos que lhes podem vir a proporcionar uma vida, um emprego e um futuro melhor. Como Susana afirma, “Gosto, ando com os meus amigos, aprendo coisas diferentes que não imaginava que existiam” (EAS, p.1). Por seu lado, Madalena coloca ênfase na formação como pessoa e na preparação para o futuro, ao referir que a escola “serve para nos ensinarem para o futuro, …para nos ajudarem no futuro a sermos homens e mulheres melhores” (EAM, p.1). Para estas alunas, a escola não é só um espaço de aprendizagem; é também espaço de cidadania e de desenvolvimento pessoal, com se pode depreender das seguintes afirmações: “aprendemos muita coisa boa …e muita coisa sobre como sermos bons cidadãos e amigos uns dos outros” (EAS, p.6), “é preciso andar na escola e aprender o que nos ensinam para sermos alguém na vida” (EAS, p.14).

Quadro 4

Categorias Referentes à Relevância da Escola

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Função da Escola Espaço de Aprendizagem * * * * * Espaço de Cidadania * * Espaço importante * * Desenvolvimento pessoal * * Futuro melhor * * * * * * Trabalho melhor * * * * * * Trabalho importante * * * * Todos os participantes consideraram a escola importante e indispensável para o futuro. Reconhecem-lhe a função de proporcionar um futuro e emprego melhores, através dos conhecimentos que adquirem na escola. Mas apenas as raparigas dão importância ao desenvolvimento pessoal e às boas relações humanas, como ilustram os textos seguintes: “aprendemos também a ser bons uns para os outros” (EAM, p.7), “prepara-me para crescer mais” (EAM, p.12), ou, ainda, quando referem que “A escola serve para o nosso desenvolvimento” (EAS, p.1) e que “Tudo o que tenho aprendido na escola é importante e vai servir para eu ser alguém mais tarde (EAJM, p.2).

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Vivências na Escola

A escola surge no discurso dos participantes como um lugar de vivências afectivas, espaço especial para estar com os amigos, como ilustram as categorias constantes no Quadro 5. Quando interrogados sobre se pensavam mudar de escola, a maioria respondeu negativamente. Gostam da Escola Amarela porque, além de terem lá os amigos, como refere José Maria, “ já que tenho que andar na escola que seja nesta, que já conheço as pessoas e é perto de casa” (EAJM, p.1).

Quadro 5

Categorias Referentes às Vivências na Escola

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Vivências na Escola

Estar com os amigos * * * * * *

Divertimento *

Conhecimento de pessoas novas *

Convívio * * *

Ir para os computadores * *

Tempo de frequência * * * * * *

Estar na biblioteca * * * *

Actividades Extra Curriculares * * *

Jogar * * * *

Namorar * * *

Os rapazes entrevistados, pela idade, já deviam estar a frequentar o 10º ano. Todos eles já estão na Escola Amarela há pelo menos cinco anos. O tempo de escola parece contar em termos de experiências agradáveis. O Ramiro converge com os colegas quando refere sentir-se bem na Escola Amarela porque “já cá estou há 5 anos, este é o 6º, conheço toda a gente, e como sou dos mais velhos ninguém se mete comigo” (EAR, p.1). No entanto, também reconhece que tem andado a perder tempo com comportamentos pouco adequados e que só tem perdido com essa atitude. Como afirma, “tenho perdido muito tempo …já devia estar no 11ºano e ainda só estou no 7ºano, agora vejo isso” (EAR, p.1).

Alguns dos mais velhos, por já estarem na escola há muito tempo e pelas retenções repetidas, sentem-se um pouco saturados de estar sempre na mesma escola, desejando ir para a escola secundária onde já se encontram os colegas que fizeram um percurso normal. É o caso do Nuno: “gostava de acabar rápido o 9º ano e mudar para outra para conhecer novas coisas. Quero sair daqui depressa …já estou farto desta escola,” (EAN, p. 1). Todavia, apesar de alguns alunos, principalmente os rapazes,

90 ansiarem por sair da escola, pois os anos de repetição já são muitos, o Rodrigo reconhece que “a escola mudou para melhor com estes cursos profissionais” (EAR, p.1). Contudo, mesmo estes participantes com maior número de repetições, nem sempre expressaram uma visão negativa da escola. Susana afirma que “ a escola não é chata” (EAS, p.1), pelo contrário, a escola pode tornar-se um local de divertimento de convívio, e onde se conhecem pessoas novas. Já no que se refere ao tema do namoro, tão vulgar nestas idades, apenas Madalena, o Joaquim e o Rodrigo afirmaram que tinham namorado/as.

A frequência de locais, como a Biblioteca ou a sala de informática, também é importante no dia-a-dia na escola, nomeadamente para a Madalena e para o Rodrigo, que salientaram passar algum tempo nestes espaços, com diversas finalidades: “vou para os computadores” (EAM, p.2) e “gosto muito de ir para a Biblioteca” (EAM, p.2), afirma a Madalena; “Às vezes vou á biblioteca para os computadores” (EAR, p.2), diz o Rodrigo. Para este rapazes, a escola também é um espaço onde podem jogar futebol com os amigos, apreciando muito esta prática desportiva e tudo o que lhe está relacionado.

No que respeita a actividades extra curriculares só Madalena frequenta as aulas de Badmington. Susana já tinha participado nas aulas de trampolins, mas já não as frequentava devido a coincidências com as aulas de apoio, revelando a sua pena porque

“era uma maneira de me distrair, de descarregar a energia, de pertencer a um grupo equipa, praticar desporto o que faz bem á saúde” (EAS, p.2). O Nuno também frequentou Badmington e Basquetebol mas desistiu porque prefere ir “ para casa quando acabam as aulas” (EAN, p.2), navegar na internet ou jogar playstation . Todos os outros alunos não frequentam nem nunca frequentaram, preferem ir para casa depois das aulas terminarem, pois acham que já estão tempo de mais na escola como afirma o Joaquim “ Estou sempre à espera que as aulas acabem para ir embora e não fico cá a fazer mais nada, senão as aulas” (EAJF, P.2).

Organização da Escola

No que respeita à organização da escola (Quadro 6) todos os participantes

frisaram que a Escola Amarela está bem organizada e que tem bons horários; no entanto só o Rodrigo referiu que “as refeições são boas” (EAR, p.1).

91 Quadro 6

Categorias Referentes à Organização da Escola

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Organização da Escola Boa organização * * * * * * Bons horários * * * * * Boas refeições * Controle de atitudes * Vigilância * Segurança * * *

Actuação do Conselho Executivo * * Falta de actividades abertas à

comunidade

* * * * * *

No que respeita à segurança na escola, as opiniões dividem-se e são ambivalentes. Enquanto uns alunos dizem que a escola é segura e não há problemas, outros dizem exactamente o contrário. No caso da Susana, se, por um lado, refere “ Sinto-me bem na escola porque há segurança” (EAS, p.1), também afirma que “tem havido bastantes processos disciplinares” (EAS, p.2). Se o Nuno diz, “sinto-me seguro, não há problemas disciplinares, corre tudo bem” (EAN, p.2), também afirma que essa segurança existe porque “não me meto em confusões” (EAR, p.2).

Há ainda outros, como Madalena, que referem a existência de roubos. Nas suas palavras, “nesta escola já por quatro vezes que me roubam a carteira” (EAM, p.1), “roubam às vezes, há violência, às vezes quando os alunos se zangam andam todos à porrada” (EAM, p.1). Também Joaquim afirma: “nem sempre me sinto seguro, há muita confusão, porrada, violência e roubos às vezes. Dentro da escola nunca me roubaram, é mais seguro, mas fora nem por isso, já me tentaram roubar” (EAJF, p.2), tal como José Maria que se diz seguro apesar dos conflitos existentes, “Seguro sim, tem havido roubos e conflitos, mas não é nada comigo, as coisas passam-me ao lado por isso sinto-me seguro, o que há não me faz sentir inseguro” (EAJM, p.2). Todas estas afirmações mostram que o sentimento de segurança ou de insegurança depende muito das situações pessoais vividas e presenciadas pelos alunos, bem como do sentimento de ligação que tem à escola.

Salienta-se que o sentimento de segurança está de certa maneira ligado à percepção que os alunos têm do controle normativo da escola mas também das práticas de vigilância utilizadas. Ao afirmar que se sentem bem na escola porque há segurança e porque “não podemos fazer asneiras porque estão sempre com os olhos na gente (EAS, p.1), reforçam a ideia de que parece existir uma ligação mais próxima com a escola,

92 bem como uma preocupação da parte dos adultos com o bem-estar dos alunos, no sentido de manter a disciplina e a ordem. Como afirma Susana, “se fizermos alguma asneira somos repreendidos” (EAS, p.1), os professores, as funcionárias, e ralham-nos” (EAS, p.1), ou “não podemos pisar o risco, temos que nos portar bem” (EAS, p.1).

No que respeita à actuação da direcção da escola, apenas duas alunas fizeram referência ao Conselho Executivo. Mais uma vez, as opiniões divergem conforme as situações experienciadas. Enquanto Susana considera que “o Conselho Executivo está sempre em cima do acontecimento” (EAS, p.2) e tem uma intervenção positiva no controle das atitudes e dos comportamentos, já Madalena em contraste, não refere uma opinião tão favorável, considerando que as atitudes da Vice-presidente para controlar as situações são agressivas. No seu entender, “quando algum aluno faz alguma coisa, a stora começa logo a gritar…quando alguma pessoa faz alguma coisa começa logo aos berros que se ouvem lá fora” (EAM, p.2).

Uma das situações referenciadas pelos alunos, que reflecte uma apreciação negativa da organização da escola, respeita à ligação com a comunidade educativa, à abertura que seria favorável a um bom relacionamento e entreajuda entre a instituição escolar e a familiar. Essa ligação não deveria cingir-se a reuniões formais ou à resoluções de problemas circunstanciais, mas também a outras situações mais lúdicas, culturais ou desportivas e segundo todos os alunos essas situações nunca acontecem. As actividades organizadas pela escola não têm a participação dos pais ou encarregados de educação pois “a escola não organiza festas para os pais. As actividades que há na escola, são só para os alunos” (EAR, p.8).

Perspectivas 'egativas sobre a Escola

Algumas afirmações podem revelar bem o tipo de ligação que estes alunos dizem manter com a escola. Deste modo, os participantes revelaram alguma insatisfação em relação à escola e ao modo como a vivenciam. Como se pode notar no Quadro 7, são múltiplas e de natureza diversa os factores que contribuem para essa insatisfação. Com base no discurso deste alunos, pode concluir-se que a natureza da relação que mantêm com a escola depende das experiências que vivenciam ao longo seu percurso escolar, dos casos de violência que presenciaram ou foram vítimas, da falta de segurança que sentem, da confiança que sentem na organização bem como na relação positiva ou negativa que tem com os professores e os funcionários.

93 Todos os participantes referiram que a escola está degradada, a necessitar de algumas melhorias, nomeadamente no que respeita às salas de aulas e ao equipamento. A insegurança é um desses factores a acusar forte descontentamento. Madalena revelou mesmo não gostar muito de andar na Escola Amarela. O sentimento de insegurança é vivenciado por quatros dos entrevistados, apesar de ser apenas Madalena quem se mostrou mais insatisfeita com a escola no que concerne à segurança pois, segundo ela, “há roubos, eu já fui roubada quatro vezes” (EAM, p.1)“e ninguém fazer nada” (EAM, p.2), “nem a DT nem o Conselho Executivo fez nada” (EAM, p.2). Esta aluna também se mostrou a mais insatisfeita com o seu relacionamento com alguns colegas, nomeadamente com os rapazes pois, segundo ela, “há rapazes …que quando vêem uma miúda começam logo a apalpar” (EAM, p.2).

Por outro lado, o José Maria não gosta de andar na escola por outras razões. Para este aluno “andar na escola é uma chatice…tudo é uma chatice” (EAJM, p. 1). Susana refere que “a escola não é chata” (EAS, p.1), enquanto o Joaquim diz que “dentro da escola todos me tratam bem” (EAJF, p.1). Alguns rapazes referenciaram a falta de condições dos campos de jogos, como é o caso do Rodrigo e do Nuno, dizendo que, “se pudesse, arranjava o campo de jogos, comprava mais equipamento para Educação Física” (EAR, p.1), ou ainda que a escola devia de ter “um campo de futebol melhor” (EAN, p.1).

A falta de equipamento informático também é salientada por Nuno ao dizer que “Há falta de computadores, só há na biblioteca e são bocados lentos assim como a internet” (EAN, p.2) e ainda que a escola seria melhor “ se tivesse novas tecnologias” (EAN, p.2).

Quadro 7

Perspectivas 'egativas sobre a Escola

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Perspectivas egativas sobre a

Escola

Salas pouco alegres * * * *

Escola degradada * * * * * *

Falta de meios económicos *

Falta de equipamento * * * Falta de campos de jogos * *

Insegurança * * * *

Falta de actuação dos órgãos directivos

*

Pedagogias desadequadas *

94 Quadro 7 (continuação)

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Perspectivas egativas sobre a

Escola

Falta de material informático * Relações de conflito entre pares *

Sala de estudo * *

Aulas de substituição/recuperação * * * * Poucas horas livre * *

Aulas teóricas e muito longas *

Professores chatos *

Desejo de terminar os estudos * * * *

Nuno parece ser o único a dar importância às novas tecnologias e à falta que elas fazem no ensino, pois todos os outros, apesar de também acharem que não há na escola boas condições de trabalho em termos das novas tecnologias, também não consideram importante a sua utilização. Por exemplo, é este o caso da Madalena a dizer que “os computadores e a internet …não são importantes para as aulas…Os alunos não deviam usar o computador na escola porque por vezes os alunos vão a sites que não interessam” (EAM, p.7). Como todos os alunos têm computador em casa, consideram dispensável a sua utilização na escola. Importa salientar que só o Nuno afirmou que as pedagogias estão desadequadas, que as aulas são “chatas” e que os professores deviam mudar a forma de leccionar. Mudar a escola, “Só se fosse para ser diferente a maneira de dar aulas…dar mais interesse aos alunos, apresentar novos trabalhos com coisas que eles gostam…também não é preciso estar sempre com as mesmas coisas, com as matérias, sempre a mesma forma de explicar …devia ser de um maneira mais prática, não tão chata” (EAN, p.2).

Ainda se pode depreender que a maioria destes alunos não está satisfeita com as novas alterações educativas no que concerne às aulas de substituição ou de recuperação e à frequência da sala de estudo. Como salienta o Rodrigo, “infelizmente, quando algum professor falta, tenho aulas de substituição que é uma chatice” (EAR, p.2). A alteração do tempo das aula também não é do agrado de alguns alunos, ao afirmarem que “Mudava o tempo das aulas, punha menos tempo, meia hora chegava, meia hora cada aula era mais que suficiente, assim saía mais cedo e ia para casa, acho que passo muito tempo na escola, muito tempo dentro das salas. Aulas de 90 minutos e de 45 minutos é muito tempo” (EAJM, p.1). Os alunos preferiam ter mais horas livres para estar com os amigos. Como afirma Susana, “gostava de ter mais furos para poder estar com os meus amigos mais tempo” (EAS, p.1) e menos aulas teóricas porque para alguns alunos estas

95 aulas “são uma seca, uma grande chatice”. Alguns professores também são referenciados como “chatos”, rigorosos e pouco inovadores nos métodos de ensino como afirmam o José e o Nuno, “mudava alguns professores para não serem tão rigorosos” (EAJM, p.1). Além disso, “os professores são chatos, às vezes falam, falam, até falam às vezes demais. Gostava que eles falassem menos e que nós trabalhássemos mais nas aulas, assim não era preciso estudar ou trabalhar em casa” (EAN, p.2).

Quadro 8

Categorias Descritivas das Perspectivas Positivas sobre a Escola

Categorias Subcategorias Susana Madalena uno Joaquim Rodrigo José

Perspectivas Positivas sobre a Escola Espaço agradável * * Sentimento de segurança * * * Condições de trabalho *

Gostar das aulas *

Gostar dos professores * *

Estar com os amigos * * * * * * Importância dos Cursos Alternativos * * * * * *

Jogos *

Aulas práticas * * * * * *

Perspectivas Positivas sobre a Escola

Os aspectos positivos apresentam um carácter abrangente, desde a organização do currículo, as condições de trabalho, o relacionamento com os professores, as oportunidades conviviais, entre outros. Todos os alunos entrevistados demonstraram ter, agora, perspectivas positivas em relação à escola como se pode verificar no Quadro 8. Estes alunos foram unânimes em afirmar que gostam da escola para estar com os amigos. Por outro lado, salientam que os Cursos Alternativos que frequentaram e ainda frequentam foram bastante positivos para a melhoria do seu rendimento escolar, e para poderem ter uma visão mais favorável da escola. Para isso também contribuíram muito as aulas práticas que estes cursos têm e que é do agrado de todos, como se depreende das seguintes afirmações:

O que eu mais gosto sem qualquer dúvida é estar com os meus amigos. (EAJF, p.1)

havia de haver mais cursos como o da hortofloricultura. (EAM, p.1)

as aulas práticas cá fora, as de jardinagem. (EAN, p.1)

se calhar devia mudar para ter mais cursos como o CEF. (EAR, p.2)

96 Para além dos aspectos apresentados, os alunos também referiram outros aspectos de agrado na escola, mas de uma forma mais individual. Susana, por exemplo, gosta das aulas e sublinha as boas condições de trabalho existentes, enquanto o Joaquim e o Rodrigo afirmam que alguns professores são “fixes” e simpáticos, o que torna a vivência da escola mais fácil.

O Abandono Escolar

No que se refere ao tema abandono escolar, a análise dos resultados deu evidência às seguintes categorias: Razões para continuar na escola; faltar à escola;

Razões para abandonar a escola; Consequências do Abandono Escolar. À semelhança

do procedimento anterior, estas categorias especificam-se em subcategorias, como se sintetiza no Quadro 9.

Razões para Continuar na Escola

O abandono escolar é um tema que os alunos abordaram de uma forma natural. Não gostam de estudar, mas também não pensam em deixar a escola sem concluir a escolaridade obrigatória, como é o caso de Rodrigo que considera ser “importante a gente ter pelo menos o 12º ano” (EAR, p.2), e que “abandonar a escola sem pelo menos o 9ºano é uma estupidez” (EAR, p.2). Mostraram ainda que, apesar do percurso conturbado que já percorreram, e das retenções anteriores nunca pensaram deixar a escola. Por exemplo, Madalena afirma que gosta da escola e que a escola faz falta para poderem ter um futuro melhor, o mesmo afirmando Susana e Joaquim: “nunca pensei em abandonar a escola porque acho importante andar na escola” (EAS, p.3), “ A escola faz falta, faz bastante falta” (EAS, p. 3); “quem anda na escola arranja empregos melhores e tem uma vida melhor” (EAJF, p.2). Joaquim vai mais longe no seu discurso e afirma que “Abandonar a escola nunca” (EAJF, p.2), pois “ Hoje, em quase todos os empregos, querem pessoas com o 12º ano, no mínimo com o 9º ano, por isso quem não acaba o 9º ano só arranja empregos nas obras” (EAJF, p.2). Como se pode ainda verificar no Quadro 9, três dos alunos entrevistados referiram que andam na escola também por imposição da família e porque são ainda muito novos para trabalhar, como é o caso da Madalena e da Susana.

97 Quadro 9

Categorias Referentes às Razões para Continuar a ir à Escola

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