• Nenhum resultado encontrado

Amostra: Caracterização dos participantes

Esta seção apresenta as caraterísticas dos indivíduos que compõem a amostra, incluindo dados sociodemográficos e o seu nível prévio de envolvimento com a temática das alterações climáticas. Num primeiro momento, a análise de dados versou sobre a frequência de participação dos indivíduos por grupo. Em seguida, visando apresentar um panorama comparativo sobre as perceções e o nível de envolvimento de cada um dos perfis, mostra-se o cruzamento dos dados referentes à frequência de cada resposta fechada (variável dependente) e também as caraterísticas sociodemográficas dos indivíduos (variáveis independentes).

A amostra atingida pelo experimento constituiu-se, na sua grande maioria, por utilizadores portugueses e brasileiros da rede social Facebook. Com 92% da população portuguesa a usar a plataforma32, e com 130 milhões de brasileiros ativos nesta rede (mais

de 90% da população com acesso à internet33), estima-se que a rede possa ser um espaço

eficaz para analisar o comportamento destas nacionalidades, no que se refere ao framing das alterações climáticas.

Uma amostra de 304 pessoas participou do experimento, das quais 61% tinham nacionalidade portuguesa, 35%, brasileira e 4%, outras nacionalidades. No tratamento da amostra, optou-se pela exclusão dos participantes com idade inferior a 18 anos, indivíduos com nacionalidade outra que não a portuguesa ou brasileira, e aqueles cujas respostas abertas possibilitaram presumir que o vídeo não havia sido visualizado com atenção. Por fim, computaram-se 290 indivíduos para fins de análise.

32 https://observador.pt/2018/05/07/ha-seis-milhoes-de-portugueses-no-facebook-smartphones-dominam-acessos/ - acesso em:

19.08.2018

33 https://www.techtudo.com.br/noticias/2018/02/10-fatos-sobre-o-uso-de-redes-sociais-no-brasil-que-voce-precisa-saber.ghtml -

87 Apresentam-se abaixo os resultados descritivos do questionário, apoiando-se em gráficos e tabelas que possam contribuir para a compreensão dos dados coletados.

Dados Sociodemográficos: Faixa etária, Nacionalidade, Género e nível educacional

Os participantes encontravam-se distribuídos de forma relativamente equilibrada, no que diz respeito à faixa etária. A maior concentração neste âmbito evidenciou-se no grupo com idades entre 26 a 34 anos (25,5%), seguida das faixas 18-25 (21,7%), maiores de 55 anos (20,6%) e 46-55 (10%). 62,7% dos participantes eram brasileiros e 37,2% portugueses. Observou-se, entretanto, um elevado desequilíbrio de género entre os participantes, com 80,6% da amostra a ser composta por uma audiência feminina, conforme apresentado na tabela de distribuição sociodemográfica.

Os 290 participantes inquiridos, na sua grande maioria (85%), concluíram o ensino superior. No que se refere à área de estudo, constatou-se a seguinte distribuição pelas áreas científicas, respetivamente apresentadas de acordo com a sua representação: ciências humanas (47,6%), economia e gestão (15,2%), tecnologia e engenharia (13,8%), ciências da saúde (7,6%) e ciências da natureza (5,2%).

88 Figura 7: Dados Sociodemográficos

89

Envolvimento e perceções gerais dos inquiridos com a temática

O tratamento posterior dos dados teve como objetivo obter informações sobre o nível de aproximação da amostra com a temática das alterações climáticas, as suas perceções, atitudes e intenção de mudança comportamental. Analisámos nesta fase o nível de concordância dos indivíduos com as afirmações formuladas no inquérito em escala Likert, numa concordância de 1 a 7, correspondendo respetivamente a “discordo plenamente” e “concordo plenamente”. Os dados foram recodificados de modo a medir as frequências (1-2: alta discordância; 3: discordância moderada; 4: concordância média; 5: concordância moderada e 6 e 7: alta concordância).

A presença da temática na vida dos participantes foi estimada através da análise dos dados sobre a sua frequência em conversas e interações no quotidiano dos participantes, constatando-se neste quesito um grau de envolvimento mediano com a temática. 60% da amostra concordou que as ACs eram tema de conversas com familiares e amigos e 52.42% concordou que partilhava informações sobre o tema nas redes sociais.

Analisámos posteriormente o grau de interesse nas informações sobre as ACs, constatando-se neste ponto um elevado grau de envolvimento, com 77,5% da amostra a indicar concordância alta ou moderada com a afirmação. Em contrapartida, o nível de envolvimento reduziu-se quando a afirmação se tratava de uma busca ativa por informações. Neste caso, 51% afirmaram não ter procurado informações sobre o tema na internet, no último mês.

Os dados anteriores mostram-se alinhados com as informações obtidas nas afirmações referentes às perceções dos indivíduos sobre o fenómeno. Os participantes foram enfáticos e, na grande maioria (94%), discordaram que as alterações climáticas seriam uma farsa. Semelhantemente, a maioria dos participantes mostrou uma sensibilidade relativamente baixa em relação aos aspetos temporal e geograficamente distantes das ACs, que, conforme a revisão da bibliografia, foram apontados como elementos dificultadores na comunicação do fenómeno: 80% discordou em algum grau que os

90 impactos das ACs apenas serão sentidos pelas gerações futuras e 75%, por outro lado, demonstrou perceber as consequências do fenómeno no país onde vivem.

Observou-se ainda que mais de metade da amostra (57%) apresentava sentimentos de esperança e otimismo, ao concordar que seria possível reverter os impactos das alterações climáticas, atitudes que, segundo a bibliografia, podem ser significativas para promover a adoção de comportamentos. Por outro, vale a pena destacar a ocorrência de um número menor, porém significativo, de indivíduos que assumem os efeitos como inevitáveis, com 20% a discordar completamente ou moderadamente da possibilidade de solução para o quadro.

O elevado envolvimento dos participantes, traduzido nas perceções e no nível de interesse pela temática, foi consonante com o grau de disposição para a adoção de comportamentos pró-ambientais verificado nas respostas. 92% da amostra afirmou uma concordância elevada ou moderada com o desejo de adotar atitudes mais sustentáveis no seu quotidiano.

Por outro lado, constataram-se variações quanto às ações específicas selecionadas pelos participantes que estes estariam dispostos a fazer. Neste caso, as possibilidades foram colocadas pontualmente para que o participante selecionasse as opções mais condizentes com as suas intenções, sem limitação no número de afirmações. As iniciativas com maior nível de adesão foram, respetivamente: comprar lâmpadas economizadoras de energia (93%), reciclar o lixo doméstico (92%), reduzir o uso de automóvel (79%) e diminuir do consumo de carne vermelha (73%). Destaca-se que a predisposição para participar de uma campanha ambiental foi significativamente menor em comparação às outras ações, com apenas 54% da amostra a demonstrar algum grau de concordância. Em contraponto, a grande maioria dos indivíduos (93%) afirmou, com grau de concordância alto ou moderado, que estaria disposta a assinar uma petição de apoio a políticas de redução de gases de efeito estufa, evidenciando um ambiente favorável para o apoio a políticas públicas na área.

91 Os participantes mostraram-se ainda propensos a pagar mais por produtos que tenham menor impacto ambiental, com 75% da amostra a corroborar em algum grau esta pré- disposição.

Os dados referentes ao conjunto de ações selecionado foram posteriormente recodificados, no sentido de gerar uma variável que relacionasse o número total de ações pontuadas pelos indivíduos ao nível de envolvimento. Neste ponto, também foi possível inferir uma alta predisposição para a adoção de comportamentos, uma vez que mais de 92% da amostra se revelou disposta a adotar 3 ou mais atividades

Figura 8: Envolvimento (número total de ações que estaria disposto a adotar)

Por último, examinámos o nível de apreensão dos sujeitos quanto aos comportamentos dos “outros” face às ACs, verificando-se um nível de concordância alto ou moderado (87%) perante a afirmação correspondente à preocupação com a falta de ação da população diante da problemática. Este dado é considerando particularmente interessante na medida em que o nível de preocupação demonstrado não estaria condizente com a predisposição para a adoção de comportamentos verificada no mesmo inquérito, e igualmente elevado. Se, por um lado, verificou-se uma elevada intenção individual para a adoção de comportamentos pró-ambientais, por outro os indivíduos não demonstraram perceber que os “outros” estão a ter o mesmo envolvimento e predisposição para agirem sobre a questão. 1% 2% 6% 23% 33% 36% 0 20 40 60 80 100 120 .00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 E N V O L V I M E N T O ( N Ú M E R O T O T A L D E A Ç Õ E S Q U E E S T A R I A D I S P O S T O A A D O T A R )

92 Figura 9: Perceções das Alterações Climáticas

95

Nível de envolvimento por género, faixa etária e nacionalidade

(Os resultados são apresentados na tabela 4, disponível nos apêndices.)

A análise mais detalhada dos dados permitiu cruzar as variáveis referentes às atitudes, envolvimento, perceção e intenção de adotar comportamentos que favoreçam o cenário das ACs, de acordo com a segmentação dos grupos.

Verificaram-se diferenças notáveis no que diz respeito à variável independente género, observando-se um maior envolvimento com a temática em quase todos os aspetos investigados. Com significância estatística (p<=0,036), observou-se que as mulheres partilham mais informações sobre as ACs nas redes sociais, com 53% destas corroborando a afirmação referente nalgum grau. Percentualmente, a temática também se mostrou mais presente nas interações sociais das mulheres do que nas dos homens, com mais de 61% da amostra feminina a afirmar que o fenómeno é tema de conversa com amigos e familiares, comparado aos 48% de homens que corroboraram esta afirmação.

Na análise da intenção de adotar comportamentos positivos para o cenário das ACs, o público feminino também demonstrou maior envolvimento (p<=0,008), com as participantes a afirmarem uma intenção de adotar um número mais elevado de ações, comparativamente aos participantes do género masculino.

Ressaltam-se ainda distinções ao nível de intenção comportamental relacionada com cada ação em particular Quando as iniciativas foram respondidas de forma pontual, as mulheres (76,9%) estão substancialmente (p<=0,001) mais propensas a reduzirem o consumo de carne em comparação com os homens (55,45%).

As variações de género também foram observadas no nível de intenção de participarem numa campanha ambiental (p<=0,052). 57,3% das mulheres afirmaram que adotariam esta ação em comparação com 42,9% dos homens.

Por último, vale ressaltar que, em 10 dos 11 quesitos investigados pelas perguntas abertas, o género feminino apresentou respostas mais alinhadas com as intenções, perceções ou atitudes que podem levar à adoção de ações mais sustentáveis segundo a literatura revista.

96 Mesmo que nem todos estes resultados possam ter sido comprovados com significância estatística, acredita-se que, ao serem analisados em conjunto, os dados permitem demonstrar uma tendência maior entre o público feminino para adoção de comportamentos favoráveis ao cenário das ACs.

Faixa etária

Também foram encontradas variações significativas entre as diferentes faixas etárias, o que, em certa medida, possibilitou inferir que, entre a amostra investigada, os grupos mais velhos possuem maior envolvimento com a questão.

Verificou-se que a intenção de participar em campanhas ambientais alterava-se de acordo com a idade dos indivíduos da amostra (p<=0,012), e que os participantes mais jovens teriam menor pré-disposição para se envolverem nesta iniciativa. O maior nível de intenção de adesão à participação em campanhas ambientais concentrou-se nos grupos de participantes com mais de 35 anos, destacando-se a faixa de 35 a 45 anos (71,7%), que apresentou o maior nível de intenção de efetuar esta iniciativa.

Indicações de envolvimento mais altas também foram verificadas na disseminação de informações nas redes sociais, que se mostrou superior entre os participantes acima de 35 anos (p<=0,001). A diferença mais significativa foi constatada entre os sujeitos pertencentes aos grupos com idades entre 26 e 34 anos (24,3% concordavam plenamente e 13,5% moderadamente) e idades entre 46 e 55 anos (55,2% concordavam plenamente; 20,7% moderadamente).

No que diz respeito à busca por informações sobre as alterações climáticas na internet, as faixas de 26-34 anos e maiores de 55 anos foram as que menos demonstraram este comportamento, apresentando reduzidos níveis de concordância com uma busca ativa por informações (respetivamente 29,7% e 21,9%) A faixa etária da amostra que mais busca informações sobre as ACs refere-se aos participantes com idades entre 18 e 25 anos, com 42,9% a afirmar que praticaram a ação nalgum grau. (p<=0,032)

97 Evidenciou-se ainda, com significância estatística, variações de interesse por notícias que abordam a temática ambiental (p<=0,022) de acordo com as idades dos participantes, destacando-se um maior interesse por notícias sobre a temática por parte dos sujeitos com mais de 35 anos (35-45: 65% CP e 16,7% CM; 46-55: 72% CP, 13,8% CM; >55: 70,3%CP, 10,9% CM) frente aos participantes mais jovens (18-25: 58,7% CP; 15,9% CM; 26-34: 48,6% CP, 21,6% CM)34

Por último vale a pena ainda salientar a existência de variações percentuais significativas quanto à perceção de solubilidade da problemática, apesar de estes dados não terem sido comprovados com significância estatística (p<=0,066). Os resultados referentes à população mais jovem demonstraram que os participantes com idades entre 18 e 45 anos percebem as alterações climáticas como um problema sem solução quando comparados aos inqueridos com idades superiores (>45 anos).

Nacionalidade

Quanto ao quesito nacionalidade, as diferenças constatadas versaram primordialmente para as atitudes de busca e interesse por informações sobre a problemática das ACs e a predisposição para a adoção de comportamentos. Ainda que os resultados apresentados em seguida devam ser ponderados com outras caraterísticas sociodemográficas da amostra, na tentativa de obter maior rigor científico, considera-se que a distribuição foi equilibrada estre estes dados e a nacionalidade dos indivíduos, permitindo algumas observações sobre as distinções de perceções, atitudes e comportamentos face às alterações climáticas entre as nacionalidades.

Os dados demonstraram que os portugueses procuram mais informações sobre as alterações climáticas na internet do que os brasileiros (p<=0,011), com 43,9% da amostra a indicar algum grau de concordância sobre ter procurado informações na internet no último mês. A mesma ação entre os brasileiros apresentou uma concordância de apenas 22,3%.

98 Pôde-se inferir ainda que o tema das alterações climáticas é mais presente em conversas com os familiares e amigos entre os portugueses inqueridos, que concordam em algum grau com a afirmação (67%), face a 46.1% dos brasileiros. (p<= 0,004)

Percentualmente os brasileiros apresentaram maior predisposição para a adoção de comportamentos sustentáveis, afirmando que teriam intenção de adotar um maior número das ações pró-ambientais sugeridas pelo indivíduo (p<=0,054). Vale a pena destacar que os brasileiros estão mais propensos a reduzir o uso de automóveis (p<=0,036), participar em campanhas ambientais (p<=0,047) e a diminuir o consumo de carne (p<=0,047).

Conclui-se que, apesar de o tema das ACs estar mais presentes entre os portugueses, tanto a nível de interações quanto informativo, os brasileiros possuem mais predisposição para a adoção de comportamentos favoráveis ao cenário.

Efeitos persuasivos do Framing da Saúde

Aspectos gerais

Num primeiro momento, procedemos à análise sobre os efeitos persuasivos do framing da saúde como um todo, sem particularizar o tratamento dos dados por grupos sociodemográficos dos participantes.

Mesmo que, em termos quantitativos, o número comportamentos/ações que os indivíduos revelaram estar inclinados a adotar não demonstrasse variações significativas, foram observadas variações de intenção comportamental no que diz respeito a comportamentos específicos de acordo com o framing do vídeo ao qual os participantes estiveram expostos.

Com significância estatística, o framing da saúde mostrou-se mais eficaz no que diz respeito aos efeitos sobre a predisposição dos participantes para a reciclagem do lixo (p<=0,004), com 97,1% dos sujeitos que assistiram ao vídeo com framing ambiental a afirmarem que esta é uma atitude que adotariam. Por sua vez, face ao framing ambiental, o percentual de respostas positivas reduziu-se para 88,2%.

99 O framing da saúde mostrou-se mais eficaz no que refere à predisposição para pagar um valor superior por produtos com menor impacto no meio ambiente (p<= 0,035). 58% dos indivíduos que assistiram ao framing da saúde concordaram plenamente com esta afirmação, face a 46% de reações semelhantes no grupo do framing ambiental.

No que refere à participação numa campanha ambiental, os inqueridos expostos ao framing da saúde mostraram um percentual mais elevado de intenção de adoção, com 59,4% a afirmarem que esta é uma atitude que estariam dispostos a adotar, frente aos 50% no grupo exposto ao framing ambiental.

Também foi possível observar variações, em termos percentuais, na perceção da distância temporal, com um maior número de participantes expostos ao framing da saúde (84,1%) a discordar de que os efeitos das ACs só seriam sentidos pelas próximas gerações, comparado aos 77% dos participantes que discordavam da afirmação entre os inqueridos expostos ao framing ambiental. (p = 0.066)

Mesmo que esta variação não tenha alcançado significância estatística (p<=0,062), vale destacar que o framing ambiental, por sua vez, revelou uma tendência de eficácia no estímulo à redução do uso de automóveis, com 82% da amostra a demonstrar intenção de adotar este comportamento quando expostos a este framing, frente aos 73% que assistiram ao framing da saúde.

100 Infografia 7: Efeitos do framing sobre a amostra

101

Efeitos persuasivos do framing por variável sociodemográfica

Variação de atitudes e comportamentos de acordo com o cruzamento da variável framing e dados demográficos

Nacionalidade x Framing

Os framings não apresentaram variações com significância estatística em relação ao número total de ações que os indivíduos dos distintos grupos tinham intenção de adotar. Entretanto, observou-se uma tendência em termos percentuais para algumas atitudes

102 distintas entre os participantes, no que diz respeito ao envolvimento com a mensagem, dependendo do framing ao qual foram expostos.

Conforme ilustrado na infografia 8, a abordagem das ACs enquanto uma questão de saúde implicou diferenças percentuais entre as respostas dos grupos nacionalidade. No que diz respeito aos resultados referentes ao número de adoções indicadas pelos participantes como passíveis de serem adotadas, os indivíduos portugueses indicaram uma predisposição à adoção de comportamento mais elevada quando expostos ao framing ambiental, enquanto os brasileiros pareceram ser mais sensíveis ao framing da saúde.

Portugueses (p<= 0,083) / Brasileiros (p<=0,160)

Por outro lado, observaram-se significativas variações quanto a adoção das ações em específico, de acordo com o framing ao qual o indivíduo foi exposto. Conforme os dados apresentados no infográfico abaixo, os portugueses que visualizaram o vídeo com o framing ambiental foram mais propensos a reduzir o uso de automóvel (p<=0,002). Por outro lado, os brasileiros, em termos percentuais, apresentaram maior disposição para adotar o mesmo comportamento uma vez terem sido expostos ao framing da saúde. O que, entretanto, não pôde ser validado com significância estatística (p >0,005).

Adicionalmente, foi possível verificar mudanças no nível da intenção de reciclar o lixo, de acordo com o cruzamento das variáveis referentes à nacionalidade e framing. Observou-se que os portugueses estiveram mais inclinados a adotar este comportamento no quadro ambiental, enquanto que, com os brasileiros, o framing da saúde mostrou-se mais eficaz.

Foi verificada ainda uma tendência de significância entre os participantes portugueses no que diz respeito à disposição para pagar mais por produtos ambientalmente responsáveis, uma vez expostos ao framing ambiental (p<=0,068). Em termos percentuais o público brasileiro, por sua vez, apresenta um comportamento inverso, mostrando-se neste aspeto mais sensível ao framing da saúde (p>0,05).

Por último, as variações entre estes grupos abrangeram ainda a perceção de distância temporal do fenómeno, verificando-se índices de discordância mais altos quanto a

103 afirmação que localizava os efeitos das alterações climáticas no futuro, depois de terem assistido ao vídeo com a perspetiva da saúde (p<=0,02). Os brasileiros revelaram-se mais suscetíveis neste ponto, uma vez expostos ao framing da saúde, em contraponto com os portugueses, que foram mais sensíveis ao framing ambiental.

Os dados apresentados podem ser melhor compreendidos na infografia abaixo:

Infografia 8: Efeitos do framing sobre as nacionalidades

106

Framing x Género

O framing da saúde mostrou-se particularmente eficaz no grupo das mulheres, para o qual foram verificadas as variações mais significativas no tratamento dos dados cruzados entre o enquadramento e as caraterísticas sociodemográficas.

Nas respostas recolhidas através de escala Likert, posteriormente recodificadas para medir o nível de concordância com as afirmações e envolvimento com os diferentes framings, também foram constatadas variações substantivas em relação a algumas das condicionantes investigadas, que não puderam ser comprovadas com significância estatística no tratamento da totalidade dos dados apresentados na seção anterior.

No que diz respeito às perceções sobre as ACs, as mulheres apresentaram novamente

Documentos relacionados