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O presente capítulo reflete o resultado final das principais aprendizagens tendo por base as atividades que decorreram ao longo do Estágio e vão de encontro às Competências Comuns do Enfermeiro Especialista (OE, 2010), das Competências Especificas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em Situação Critica OE, 2010) e das Competências do Mestrado em Enfermagem na área de Especialização Pessoa em Situação Critica e no qual obtive a menção de Muito Bom.

No EC1, o facto de ter estagiado 4 meses numa UQ de um CH de referência em Lisboa, foi fulcral para a consecução dos objetivos inicialmente propostos. Desenvolvi competências na prestação de Cuidados de Enfermagem à Pessoa Grande Queimada em situação emergente e na antecipação da instabilidade e risco de falência orgânica.

Desenvolvi ainda competências relacionadas com a especificidade da pessoa queimada no que à maximização da intervenção na prevenção e controlo da infeção dizem respeito. Pude também vivenciar as perturbações emocionais da Pessoa Grande Queimada e respetiva família desenvolvendo, assim, competências na prestação de Cuidados de Enfermagem à Pessoa Grande Queimada e família nas perturbações emocionais decorrentes da situação crítica de saúde/doença e/ou falência orgânica, nomeadamente ao nível da comunicação interpessoal.

Durante esse mesmo EC realizei três atividades, no Reino Unido: 1) curso MIMMS; 2) entrevistei a Enfermeira Jacky Edwards; 3) curso EMSB. Por outro lado realizei uma atividade em Sevilha: 1) entrevistas a peritos sobre o “Protocolo Unificado de assistência ao doente queimado”.

Ao realizar e completar com aproveitamento o curso MIMMS, adquiri qualificação que me permitiu desenvolver competências ao nível da dinamização da resposta a situações de catástrofe ou emergência multi-vítima ao nível da conceção e ação. Inclusive fui referenciado para formador pelo Advanced Life Support Group

(ALSG). Cimentei alguns conhecimentos que já havia adquirido na pós-graduação de Especialização em Medicina do Conflito e Catástrofes que realizei na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em 2011. Decerto potenciará a minha atuação enquanto elemento integrante do grupo dinamizador da catástrofe do SU do CH em Lisboa, onde exerço funções. Sinto que atingi plenamente o objetivo a que me propus aquando da realização do Curso MIMMS. Estou mais preparado e com total confiança caso, neste momento, tivesse de prestar cuidados de enfermagem especializados ao nível da dinamização da resposta a situações de catástrofe ou emergência multi-vítima ao nível da conceção e ação.

Ao entrevistar a Enfermeira Jacky Edwards, pude ter contacto com o que são as competências expectáveis do enfermeiro perito na UQ a este nível e de que forma a sua atuação específica promove a excelência do cuidar.

Ao nível da prestação de cuidados de enfermagem à Pessoa Grande Queimada em situação emergente, e na antecipação da instabilidade e risco de falência orgânica, destacam-se os cuidados complexos autónomos na avaliação das necessidades baseadas na evidência, através da utilização de protocolos pré- existentes de cálculo das necessidades de fluidos em função da área queimada.

Na realidade portuguesa não se encontra paralelo com estes protocolos, mas o confronto de realidades fez-me refletir e penso que a tomada de decisão do enfermeiro em emergência, tendo em conta o débito urinário, vincará a sua autonomia quanto à forma de administrar a fluidoterapia prescrita. Este aspeto vinca o raciocínio clínico do enfermeiro e a autonomia que o próprio tem na instituição de protocolos terapêuticos complexos (OE, 2010).

Por outro lado, é abordada a autonomia no manuseamento da prótese ventilatória quanto à definição de parâmetros ventilatórios. Mais uma vez não se encontra paralelo em Portugal. No entanto não perdi a oportunidade de aprofundar conhecimentos sobre ventilação mecânica invasiva assim como sobre os cuidados de enfermagem inerentes à mesma nas duas formações em serviço que se realizaram na UQ.

Tenho perfeita noção, como já referi anteriormente, que a realidade inglesa não pode ser, de todo, comparável à portuguesa nomeadamente em termos culturais. Contudo a experiência inglesa pode e deve ser exponenciada, por

exemplo, no que diz respeito à prevenção e controlo de infeção assim como nas estratégias de assegurar a continuidade de cuidados.

Também a realização de entrevistas a dois peritos, responsáveis pela implementação de um protocolo que unifica o atendimento à pessoa queimada em Sevilha, permitiu-me identificar aspetos de importância major para o assegurar da continuidade de cuidados. Estes levaram-me à consecução do objetivo de desenvolver uma folha de registo de Enfermagem unificada no CH onde exerço funções e que engloba os cuidados de Enfermagem à Pessoa Grande Queimada, desde o pré-hospitalar até à entrada na UQ. As competências que adquiri nos EC bem como as que já adquiri no SU e VMER vieram a tornar-se determinantes na elaboração deste documento de registo de enfermagem unificado que se pretende que assegure o continuum de cuidados.

Para este objetivo, contribuiu igualmente a realização do curso EMSB. O “background” que possuía previamente contribuiu grandemente para aumentar o impacto deste ao nível da aquisição de conhecimentos e competências.

Para além de fornecer competências técnico-científicas o curso visou também enfatizar os benefícios da partilha destes mesmos protocolos pelos profissionais de saúde no atendimento da Pessoa Grande Queimada em situação crítica. Verifiquei que esta abordagem sistematizada e uniformizada, facilita o atendimento primário e o encaminhamento adequado e concorre indubitavelmente para a excelência no Cuidar da Pessoa Grande Queimada em situação crítica, fornecendo-lhe a melhor chance de recuperação.

Em resumo, o curso EMSB proporcionou-me um aporte de conhecimento e competências práticas específicas na área que complementaram e cimentaram o “know-how” que já adquiri nos últimos 5 anos e 6 meses de VMER e quase 9 anos de SU. Este consolidar de conhecimento e desenvolvimento de competências aliados às reflexões e a atuação da equipa de enfermagem em geral, e a ambos os orientadores em particular, enquanto facilitadores na aprendizagem e desenvolvimento de competências, repercutiu-se na melhoria da prestação e gestão dos cuidados de Enfermagem à Pessoa Grande Queimada. Por outro lado, e baseado neste conhecimento, prestei o contributo de Enfermagem para a discussão pública das políticas de saúde a nível nacional.

De forma gradual, e durante os quatro meses e meio, comecei a compreender de forma intuitiva cada situação e a apreender diretamente o problema, sem me perder num largo leque de soluções e de diagnósticos estéreis (Benner, 2001).

Indo de encontro ao domínio do desenvolvimento das aprendizagens profissionais, assumi igualmente o papel de facilitador da mesma, em contexto de estágio, trazendo para a nossa realidade, a realidade inglesa dos cursos EMSB e MIMMS e a experiência da Enfermeira Jacky Edwards.

Pude ainda, e como resultado deste desenvolvimento pessoal nos diferentes níveis, dar o meu contributo para as normas 022/2012 e 023/2012 da DGS, em discussão na altura da realização deste trabalho.