• Nenhum resultado encontrado

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.2 RESULTADOS OBTIDOS MEDIANTE O AUXÍLIO DA ANÁLISE

Mediante a análise das entrevistas, realizadas com os três professores envolvidos na elaboração dos PPPs das universidades de odontologia do RN, surgiram às categorias, subcategorias e UA. As categorias que deram suporte ao estudo em relação às entrevistas foram: categoria I Concepção do PPP do Curso; categoria II Construção e Estruturação Pedagógica; categoria III Ensino, Pesquisa e Extensão; categoria IV Conflito e categoria V Superação. O agrupamento das categorias, subcategorias e as codificações foram extraídas a partir dos discursos dos informantes chave transcritos na íntegra e apresentados abaixo. (Quadro I)

As descrições apresentadas das categorias definidas a posteriori à leitura das entrevistas

são: Concepção do PPP do Curso (concretização do projeto de implantação dos cursos);

Construção e Estruturação Pedagógica (a forma de apresentação e vivência da pedagogia); Ensino, Pesquisa e Extensão (tripé da estruturação do ensino superior); Conflitos (obstáculos presentes na elaboração dos PPPs) e Superação (transpor os desafios na elaboração dos PPPs e como agir diante deles). As subcategorias e a definição das UA também emergiram dos

CATEGORIAS

UFRN UERN UNP

SUBCATEGORIAS CODIFICAÇÃO UA SUBCATEGORIAS CODIFICAÇÃO UA SUBCATEGORIAS CODIFICAÇÃO UA

CONCEPÇÃO DO PPP DO CURSO

DIRETRIZES CURRICULARES

NACIONAIS CPPPCDCN

5 CONSULTORIAS CPPPCC 3 RESPOSTA A CONEXÃO COM

O MERCADO DE TRABALHO CPPPCRCMT 3

COMPETÊNCIA CPPPCC 2 COMPROMISSO POLÍTICO E A

REGIÃO DO SERIDÓ CPPPCCPRS 2 NACIONAIS DIRETRIZES CURRICULARES CPPPCDCN 3

ESTÁGIOS CPPPCE 2 HISTÓRIA RECENTE DE

CRIAÇÃO CPPPCHRC 2 INTEGRAÇÃO AO ENSINO- SERVIÇO CPPPCIES 1

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE CPPPCSUS 3 DIRETRIZES CURRICULARES

NACIONAIS CPPPCDCN 1 INTERDISCIPLINARIDADE CPPPCI 1

COMISSÃO AMPLIADA CPPPCCA 2 IMPLANTAÇÃO DO

CURRÍCULO CPPPCICTI 1 QUESTÕES DA SAÚDE COLETIVA CPPPCQSC 3 CONSTRUÇÃO E ESTRUTURAÇÃO PEDAGÓGICA

FORMA COLETIVA CEPFC 3 CONSULTORIA E PEQUENAS

EQUIPES CEPCPE 3 FORMA COLETIVA CEPFC 3

SISTEMAS DE COMISSÕES CEPSC 5 ELABORAÇÃO, DISCUSSÃO E

HOMOLOGAÇÃO CEPEDH 1 ENVOLVIMENTO DOS DOCENTES DAS ÁREAS

BÁSICA E ESPECIFICAS

CEPEDABE 1

SÉRIE DE REUNIÕES CEPSR 4 PPP BASEADO NA REALIDADE

DA POPULAÇÃO CEPPPPRP 1 INTERDISCIPLINARIDADE CEPI 1

CRESCIMENTO DA ÁREA DAS

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CEPCACHS

1 MODELO DE COMPLEXIDADES

CRESCENTES CEPMCC 1 INTEGRAÇÃO DO CURRÍCULO COM A POLÍTICA NACIONAL

DE SAÚDE BUCAL

CEPICPNSB 1

SAÚDE COLETIVA CEPSC 5 FORMAÇÃO GENERALISTA CEPFG 1 PAPEL SOCIAL E AS

NECESSIDADES DA POPULAÇÃO CEPPSNP 2 CLINICAS INTEGRADA DE CARÁTER DE COMPLEXIDADE CRESCENTE

CEPCICCC 3 FORMAÇÃO NAS POLÍTICAS

PÚBLICAS DE SAÚDE BUCAL CEPFPPSB 2 AS PRINCIPAIS DOENÇAS FOCO DO CURSO PARA COM BUCAIS

CEPFCPDB 1

OFICINAS DE AVALIAÇÃO CEPOA 3 MERCADO DE TRABALHO

AMPLIADO CEPMTA 2

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

CURSO CEPTCC

1 ESTÁGIOS E EXTENSÃO E

AÇÕES COMUNITÁRIAS CEPEEAC 3

ENSINO PESQUISA E

EXTENSÃO

POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE

BUCAL EPEPNSB

1 CURSO DIRECIONADO A

TODOS OS CICLOS EPECDTC 2 TERCEIRA IDADE NA DISCIPLINA DE

ODONTOLOGIA PARA PACIENTES COM

NECESSIDADES ESPECIAIS

EPETIDOPNE 3

TRABALHAR OS CICLOS DE

VIDA CONCEPÇÃO DE SUS EPECVCSUS

1 DISCIPLINA OPTATIVA LIGADA

AO IDOSO EPEDOI 2 ABORDAGEM A SAÚDE DO CLINICA INTEGRADA

IDOSO

EPECISI 3

TERCEIRA IDADE EPETI 4 PROJETOS DE PESQUISA E

EXTENSÃO EM ANDAMENTO EPEPPEA 2 COMUNITÁRIAS ESTÁGIOS, AÇÕES EPEEAC 3

CONHECIMENTO ESPECÍFICO EPECE 3 ATENÇÃO AO IDOSO ESTÁ

MULTIDISCIPLINAR ATENÇÃO A SAÚDE DO IDOSO CONHECIMENTO TRANSVERSAL EPECT 3 DISCIPLINA OPTATIVA GERONTOLOGIA EPEDOG 5 TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO EPETCC 1 ATIVIDADES DE PESQUISA E EXTENSÃO EPEAPE 4

EDITAIS INTEGRADOS EPEEI 2

CONFLITOS

CARÁTER OPERACIONAL CCO 2 NA CONSTRUÇÃO CC 2 IMPLEMENTAÇÃO DAS

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS

CIDCN 1

REGULAMENTO DA

GRADUAÇÃO CRG 1 QUESTÃO POLÍTICA, BUROCRÁTICA CQPB 2 DOCENTES COM FORMAÇÃO TRADICIONAL CDFT 1

APROPRIAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS

CADCN 7 ESTADO POBRE CEP 1

DEFINIÇÃO DE UM PERFIL DE

FORMAÇÃO CDPF 2 UNIVERSIDADE PÚBLICA CUP 2

ESTRUTURA FÍSICA CEF 3 OPERACIONAL EM RELAÇÃO

AOS OBJETIVOS CONTIDOS NO PRÓPRIO PPP

COOPPP 1

ARTICULAÇÃO COM AS

DISCIPLINAS DO BÁSICO CADB 4

SUPERAÇÃO

EXECUÇÃO DE ANÁLISE DE

DIAGNÓSTICO SEAD 3 DOCENTE COM PROJETOS DE PESQUISA- CNPQ SDPPCNPQ 1 TRABALHAR INTEGRAÇÃO ENSINO- SERVIÇO E A

INTERDISCIPLINARIDADE

STIESI 1

APOIO INSTITUCIONAL SAI 2 CONVÊNIOS COM

PREFEITURAS SCP 1 PEDAGÓGICAS PARA OS CAPACITAÇÕES

PROFESSORES EM RELAÇÃO METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO APRENDIZAGEM

SCPPMAEA 1

PRESSÃO LEGAL PELAS DCN SPLDCN 2 EVENTOS COM PARCERIAS

COM A SECRETARIA DE SAÚDE DO MUNICÍPIO

SEPSSM 1

EXIGÊNCIA DE UM NOVO

PERFIL PROFISSIONAL SENPP 1

INTEGRAÇÃO HORIZONTAL E

a) CATEGORIA I CONCEPÇÃO

A elaboração dos PPPs engloba desafios constantes, assim como, o redirecionamento de suas bases curriculares. Esses desafios tomam como subsídios as dimensões políticas, econômicas e sociais inerentes a valorização dos conteúdos formadores e intrínsecos presentes em cada instituição de ensino. No âmbito profissional deve-se ter implícito quais as características do indivíduo a ser formado, fruto da elaboração do projeto de cada curso. Por sua vez, é importante compreender que o conhecimento está em permanente construção e que sua concepção deve ser um ato dinâmico, perpassando pelas DCNs, mas não deve ser esgotado nos seus parâmetros, mas discutido e ampliado, a partir destes; respeitando o contexto atual, local, regional e federal, em que se insira, engajando os agentes educacionais e sociais como parte dessa elaboração de maneira plena.

[...] começamos a discutir a reforma curricular na UFRN, há tempos, quando eu estava na coordenação e mesmo antes de eu entrar na coordenação quando eu entrei como professor. A pressão do Ministério da Saúde (MS), desde a partir das DCNs a obrigação em 2001 e a versão final de 2002. Em 2002 aí não teve jeito foi quando eu entrei na coordenação, ai na reitoria havia uma pressão para que quase todos os cursos reformassem seus currículos, já dentro da lógica das DCNs, trabalhando as competências, os vinte por cento para estágios e inclusão da discussão sobre o SUS incluso nas estruturas curriculares. Passamos a trabalhar em uma comissão mais ampliada, uma comissão maior com várias reuniões em cima do que já tinha. Tinha muita coisa, só que de forma confusa. Uma discussão em reformar a estrutura de grades curriculares, queria a discussão de um PPP mesmo pautado nas DCNs essa coisa durou uns quatro, cinco anos na verdade no começo de 2003. (E. 1);

[...] Bom, o curso de odontologia da UERN fui convidado pelo reitor Milton para elaborar o PPP, pois ele tinha o conhecimento que eu já havia montado os cursos de odontologia da Universidade de Brasília(UNB) e da UNP. E na realidade eu fui convidado apenas para a elaboração do PPP, assessorar o PPP durante três anos da estruturação do curso e na construção da estrutura física. O curso de odontologia da UERN tem uma história curta porque foi criado em 2006 e numa universidade também nova que tinha quarenta anos em um campo avançado fora do campus central, em Caicó/RN, um campus que foi formado apenas com três cursos: enfermagem, filosofia e odontologia e estamos ainda com a primeira turma a concluir.(E.2)

[...] O curso de odontologia da UNP foi implantado no ano de 1997, em resposta a demanda no RN, região nordeste e norte, pois só existia o curso de odontologia da UFRN. Então a UNP verificou essa necessidade e implantou o curso de odontologia. Em 1997 foi implantado o curso e passou por mudanças curriculares para atender as DCNs, a primeira em 2002, em relação ao MEC e em 2004 nova reforma curricular, 2006 e 2010 no sentido dessas mudanças se aproximarem mais em resposta as DCNs, em relação à integração ao ensino e serviço e a interdisciplinaridade no próprio curso e aos demais cursos da saúde e agora em 2010 estamos implantando o currículo totalmente integrado. (E. 3)

Segundo Nóbrega-Therrien45 o PPP surge como principal instrumento político e

técnico de balizamento para o fazer universitário, que deve ser elaborado de forma coletiva no âmbito das instituições. Essa elaboração participativa proporciona a particularidade de orientação para cada universidade como um todo, e para cada um de seus cursos de graduação. Para concretização dos saberes, o caminho se encontra na formação e nesse sentido, expresso também no texto do PPP.

O projeto deve expressar uma tentativa de comunicação, de interação dos aspectos subjetivos e objetivos, de reflexividade e de criatividade, cujo desencadeamento depende da iniciativa e envolvimento dos sujeitos implicados coletivamente nesse processo. Nos três cursos estudados o PPP representa o processo educativo de odontologia na elaboração dos saberes, exige participação de vários atores, de preferência norteada pelas premissas das DCNs no sentido de assegurar uma formação adequada.

b) CATEGORIA II CONSTRUÇÃO E ESTRUTURAÇÃO PEDAGÓGICA

A forma de definição e a vivência pedagógica dos PPPs devem ser pautadas por ações de natureza coletiva em que a realidade de cada ator envolvido seja representativa no processo de construção e estruturação pedagógica articulando-se entre si. Tais atores devem buscar estratégias que reflitam o saber político, social e pedagógico, como dinâmicos, em processo de construção constante e com desenvolvimento e avaliações da estruturação sempre compartilhada na busca de uma pauta comum, que reflita o engajamento pleno entre a universidade e a sociedade.

[...] na UFRN ocorreu de forma coletiva com a formação de sistemas de comissões com uma série de reuniões assim como ocorreu a importância do crescimento da área das ciências humanas e sociais da Saúde Coletiva e a estruturação a partir das clinicas integradas de caráter

de complexidade crescente. Foram estabelecidas oficinas de avaliação e ocorreu a presença do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). (E. 1)

[...] na UERN ocorreu através de consultoria e pequenas equipes com a elaboração, discussão e homologação do PPP baseado na realidade da população. Seguindo o modelo de clinicas de complexidades crescentes, formando profissionais com formação generalista e com formação nas políticas públicas de saúde bucal. (E. 2)

[...] na UNP ocorreu de forma coletiva com envolvimento dos docentes das áreas básicas e especificas, com a presença de interdisciplinaridade, integração do currículo com a PNSB e com o papel social da saúde bucal e a preocupação com as necessidades da população, foco do curso para com as principais doenças bucais e o mercado de trabalho ampliado, estágios, extensão e ações comunitárias.

Para Nóbrega-Therrien45 na construção do PPP é evidenciado a importância do

trabalho em grupo, principalmente quando se objetiva que o fruto seja reflexo da interação da coletividade. O PPP aponta um rumo, um sentido, uma direção explícita para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto, ao se construir em participação de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando pessoal e racionalizado da

burocracia e permitindo as relações horizontais.

Percebe-se, de acordo com os entrevistados que a construção de PPPs dos cursos estudados ocorreu a partir da criação de comissões, conselhos, consultorias e da realização de várias reuniões. Entretanto, verifica-se que apesar do relato coletivo de construção, o envolvimento individual de cada docente nesse processo é importante, principalmente quando explicita seus interesses nas disputas das relações de poder, na valorização de determinadas disciplinas da estrutura curricular, dentre outras. Dessa forma, todos esses aspectos presentes na organização e estruturação pedagógicas dos cursos são fortemente influenciadas pela política funcional e burocrática das universidades.

c) A CATEGORIA III ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO.

A formação superior deve pautar a conjunção de seus PPPs atentos às demandas da realidade social, no tempo aonde irão se inserir, assim como, expressa mecanismos que contemplam a integração dos indivíduos formados em seu meio social passível de constantes mudanças nos seus ciclos populacionais. A articulação indissociável entre ensino, pesquisa e

extensão, possibilita que os egressos atuem criticamente na sociedade. Os PPPs, quando elaborados, devem levar em questão a necessidade de ações que legitimem estruturações curriculares construídas coletivamente que sigam as DCNs e a melhoria na qualidade do ensino. De modo que o fazer e o saber, traçados nas universidades contemplem a aspiração participativa entre o tripé: ensino, pesquisa e extensão, como modo de pensar a formação integrada aos aspectos humanos, científicos e técnicos, que se convertam para a obtenção de competências e habilidades profissionais de qualidade.

[...] na UFRN segue-se a política nacional de saúde bucal e se trabalha os ciclos de vida com concepção do SUS e contempla a terceira idade. Trabalha os conhecimentos específicos e o conhecimento transversal. Apresenta a disciplina optativa gerontologia. Apresenta o TCC e contempla as atividades de pesquisa e extensão, assim como, segue os novos conceitos dos editais integrados. (E. 1)

[...] na UERN o curso é direcionado a todos os ciclos, apresenta uma disciplina optativa ligada ao idoso. Os projetos de pesquisa e extensão estão em andamento e a atenção ao Idoso está inclusa.(E.2)

[...] na UNP a terceira idade encontra-se presente na disciplina de odontologia para pacientes com necessidades especiais, clinica integrada com abordagem a saúde do idoso, com estágios, ações comunitárias. A reforma curricular (2010)-com Programa de Extensão Multidisciplinar- Atenção a Saúde do Idoso. (E. 3)

Nessa categoria verifica-se a presença da temática do idoso nas três cursos, segundo os colaboradores na elaboração dos PPPs. São ações localizadas em disciplinas e projetos incipientes que tentam ser representativas do contexto social em que a temática terceira idade se encontra inserida.

Segundo Zilbovicius61 com o objetivo de contribuir para a capilarização das DCNs e

fomentar a mudança nos cursos de odontologia, a Associação Brasileira de Ensino odontológico (ABENO), por meio de uma parceria entre MS e OPAS, percorreu a partir de 2005 os diversos cursos e realizou sessenta oficinas, que contaram com 2.200 participantes, provocando uma reflexão no meio acadêmico sobre os limites do perfil de egresso e oficializando o discurso da necessidade de mudança junto às instituições de ensino superior.

Para Casotti21 a incipiência e, ao mesmo tempo, o crescimento da produção de

conhecimento na área da educação em odontologia podem ser entendidos tanto como resultado do movimento que se estabeleceu no âmbito da educação e da saúde, de forma mais organizada e intensa na década de 2000, como também, uma resposta do campo científico

para alimentar essa discussão socialmente necessária, que é a da formação dos profissionais de saúde perante os desafios da realidade brasileira.

d) CATEGORIA IV CONFLITO

Na elaboração dos PPPs o surgimento de questionamentos é parte inerente ao processo de sua construção e elaboração. São fontes geradoras de conflitos, em relação a esses documentos direcionadores do saber acadêmico. Neste sentido, sua construção de forma coletiva, traz a tona as mudanças estruturais necessárias e os conflitos de interesses individuais. Contudo, as alterações político pedagógicas na presença de conflitos explícitos nos grupos de trabalho, são necessárias e devem ser feitas, de forma crítica respeitando o interesse de todos os envolvidos nesse processo.

[...] na UFRN o PPP apresentou conflitos na sua implantação referentes ao caráter operacional, dificuldades diante do regulamento da graduação, diante da apropriação das DCNs, assim como, na definição de um perfil de formação, dificuldade diante da estrutura física e da articulação com as disciplinas do básico. (E.1)

[...] na UERN o PPP apresentou conflito na construção em relação à questão política e burocrática, assim como, por o estado ser pobre e a universidade pública. Dificuldade operacional em relação aos objetivos contidos no próprio PPP. (E.2)

[...] na UNP o PPP apresentou dificuldades na implementação das DCNs e diante dos docentes com formação tradicional. (E.3)

Os PPPs dos cursos de odontologia do RN, passaram pelos mesmos problemas de operacionalização para a sua elaboração, pelos embargos burocráticos, conhecimentos das questões que regulamentam as DCNs, assim como pelos desafios diante das condutas dos atores envolvidos nos processos de elaboração. Essa elaboração, mesmo coletiva, expõe contrastes e conflitos de interesses individuais frente à necessidade do todo. Em relação aos docentes, surgem diferenças advindas de processos formativos distintos e diante das novas nuances metodológicas de ensino aprendizagem, das novas condutas de flexibilização curricular, frente a um currículo mínimo já tradicional, e da existência de disciplinas compartimentalizadas, cujos docentes atuam como se estivessem em pequenos feudos, em propriedades separadas do contexto geral do curso e da instituição.

Para Feuerwerker29, ao analisar problemas e desafios da educação dos profissionais de

saúde em face das DCNs, afirma que “é indispensável que produção de conhecimento,

formação profissional e prestação de serviços sejam tomadas como elementos indissociáveis

de uma nova prática”, condição que exigirá mudanças de concepções e de prática, mas

também de relações de poder no cotidiano de cada instituição.

e) CATEGORIA V SUPERAÇÃO

Diante do ato de elaboração dos PPPs na presença dos conflitos, surge o questionar, que faz parte do mudar. Por um lado, os problemas aparecem como desafios a serem transpostos e se são gerados pelo pensar coletivo, necessitam passar por processo de superação compartilhada. Isso também se faz presente na academia para suscitar o nascimento de um PPP dinâmico.

A tendência é que nesse caminhar político, apareçam contínuos entraves e é indispensável que sejam superados do ponto de vista individual e coletivo; definindo a importância do caráter do individuo que se quer formar para essa sociedade mutante em seu processo de organização e avaliação. Esses significados individuais e coletivos do saber, estão em interação na sociedade, compartilhando permanentemente os conhecimentos sociais, políticos e econômicos, também presentes nas instituições de ensino superior.

Portanto, superar o conflito na elaboração desses documentos se faz necessário, para que se obtenha o real alcance do papel da universidade na formação dos profissionais. É importante para sua eficiência e visibilidade diante do caráter eminente dos modos de organizar a sociedade e seus interesses. Dessa forma concretiza-se sua opção pela efetivação do caráter coletivo do saber científico.

[...] na UFRN os conflitos diante do PPP foram superados a partir da execução de análise de

diagnóstico, apoio institucional e apoio dado pela pressão legal pelas DCNs,assim como, pela

exigência de um novo perfil profissional e a integração horizontal e vertical dos conteúdos.

(E.1)

[...] na UERN os conflitos diante do PPP foram superados a partir da iniciativa dos docentes de participar de Projetos de Pesquisa- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e do estabelecimento de convênios com Prefeituras. (E. 2)

[...] na UNP os conflitos diante do PPP foram superados a partir do proposto de trabalhar integração ensino e serviço e a interdisciplinaridade, através de capacitações pedagógicas para

os professores em relação metodologias ativas de ensino aprendizagem e eventos com parcerias com a secretaria de saúde do município. (E.3)

A superação em relação aos conflitos surgidos na elaboração dos PPPs dos cursos de odontologia do RN surgiram do estabelecimento dos apoios dentro das próprias instituições, do empoderamento das propostas das DCNs, das articulações com os serviços de saúde, através do incentivo às pesquisas, além dos procedimentos relacionados a capacitação permanente dos professores, no que concerne a busca por conhecimento construído de maneira sistemática.

Para Casotti21 os processos de mudança não são construções histórico-lineares, o que

está permanentemente em jogo é a disputa pela legitimação de discursos e práticas, não restando dúvida de que esse momento representa um ponto de tensão, ao menos no que se refere à produção teórica, da concepção de como se ensina e se pratica a odontologia no Brasil, argumento que pode ser corroborado com o aumento do número de publicações nessa área.

Segundo, Haddad et al.34 em estudo que avaliou a adesão dos cursos de odontologia

às DCNs, envolvendo 97 projetos pedagógicos depositados no sistema Inep de 2002 a 2006, concluiu que ainda predominam cursos com grades curriculares muito tradicionais, disciplinas isoladas divididas em ciclos básico, pré-clínico e clínico e com nenhuma aproximação com a rede de serviços. Chama a atenção, entretanto, para a divergência entre a manutenção dessa forma de organização prática e a visível mudança discursiva dos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC), que incorporaram, no período, as orientações de mudanças contidas nas DCNs. Essa situação reflete tanto a dificuldade de operar mudanças num sistema educacional, que ficou quase três décadas refém das definições de currículo mínimo, com detalhamentos excessivos de conteúdos e cargas horárias, assim como a resistência ideológica em aderir às propostas que antagonizam a racionalidade hegemônica, qual seja, a da doença e da produção de procedimentos em contraste com produção do cuidado na acepção mais ampla do conceito

Documentos relacionados