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2.8 Balanço geral do Programa até janeiro de 2013

2.8.1 Resultados Quantitativos do P1MC

Após a concretização da proposta de construção de cisternas criada em 1999, encampada pela ANA em 2001, a parceria entre o Governo Federal e a ASA firmada em 2003 passa a ser conduzida pelo MDS, por meio de uma parceria com AP1MC. Com isso, a ação de construção de cisternas fica instituída enquanto alternativa para fornecimento de água potável à população como parte da política pública de segurança alimentar e nutricional.

A ASA em acordo com as instituições parceiras e com base na estimativa de demanda por cisternas estabeleceram uma meta e um cronograma de execução, que estão apresentados no quadro 1.

Quadro 1 – Metas do P1MC para cinco anos.

UF ANO TOTAL POR UF

2003 2004 2005 2006 2007 AL 1.100 6.000 9.700 9.700 13.400 39.900 BA 9.500 30.000 83.800 109.200 104.500 337.000 CE 6.600 18.000 53.000 53.000 44.400 175.000 ES 600 1.500 1.500 2.000 2.000 7.600 MG 1.200 3.000 6.000 6.700 5.300 22.200 PB 7.800 24.000 38.700 39.700 4.800 115.000 PE 6.700 24.000 38.700 39.700 36.900 146.000 PI 4.000 10.000 15.000 19.000 14.000 62.000 RN 6.400 16.000 24.000 15.400 12.000 73.800 SE 1.100 6.000 5.000 4.700 4.700 21.500 TOTAL POR ANO 45.000 138.500 275.400 299.100 242.000 1.000.000

Fonte ASA, 2003. Com adaptações

A análise do cumprimento das metas e do emprego dos recursos destinados ao programa foi realizada por meio de relatórios apresentados pelas instituições executoras e principalmente por auditorias feitas pelo TCU para, além de verificar a realização dos objetivos mensurem sua eficiência e eficácia no cumprimento dos seus propósitos. De acordo com o Relatório de Avaliação do P1MC realizado pelo TCU, o programa recebeu verba orçamentária específica, no valor de R$ 68.712.702, apenas na lei orçamentária de 2005. Nos anos anteriores, a construção das cisternas recebeu dotações financeiras que atingiram o montante de R$ 24,5 milhões em 2003; e R$ 63,6 milhões em 2004.

O P1MC tem apresentado execução orçamentária e financeira estáveis no patamar de R$ 60 milhões por ano entre 2005 e 2010. No quadro 2 nota-se que os valores liquidados, em comparação com os orçados, apresentam grandes oscilações, variando desde 50% até 99,8%.

Quadro 2 – Histórico orçamentário da Construção de Cisternas, de 2005 a 2010. Ano Créditos Consignados¹ R$ Execução Orçamentária² R$ Execução Financeira³ R$ % Execução Orçamentária4 R$ % Execução Financeira5 R$ 2005 68.712.702 64.259.916 63.258.790 93,50% 98,40% 2006 63.511.266 62.027.103 60.997.398 97,70% 98,30% 2007 65.996.734 65.847.176 55.522.102 99,80% 84,30% 2008 54.027.915 53.931.273 52.670.722 99,80% 97,70% 2009 114.825.093 57.367.814 54.572.728 50,00% 95,10% 2010 122.246.916 49.296.829 49.296.826 40,30% 100,00%

1 Créditos consignados = crédito inicial (LOA) +- créditos adicionais / remanejamentos / anulações

2 Os valores referem-se à Execução Orçamentária Efetiva = valor liquidado no exercício “X” - restos a pagar

cancelados no exercício “X+1”.

3 Execução financeira no exercício = valores pagos (no ano ou posteriormente) referentes às despesas liquidadas

do exercício.

4 ((Valor da coluna “execução orçamentária”) / (valor da coluna “créditos consignados”)) x 100 5 ((Valor da coluna “execução financeira”) / (valor da coluna “execução orçamentária”)) x 100

Fonte: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Secretaria de Fiscalização de Avaliação de Programas de Governo 2010.

Apesar dos valores liquidados e pagos ao longo dos cinco anos terem permanecido estáveis, o valor do orçamento da ação em 2009 e 2010 praticamente dobrou. Contudo, mesmo havendo maior previsão orçamentária no ano de 2009, ela não foi acompanhada de aumento nas execuções orçamentária e financeira. Portanto, o aumento na previsão orçamentária da ação não foi refletido em uma maior execução.

No quadro 3 seguem dados consolidados de 2003 a 2013 da ação de construção de cisternas para o armazenamento de água para consumo humano.

Quadro 3 - Cobertura do P1MC UF Quantidade de Cisternas Quantidade de Pessoas % AL 26.925 124.005 4,78% BA 134.122 547.811 23,79% CE 131.829 546.226 23,39% ES 386 1.818 0,07% MG 23.719 103.069 4,21% PB 61.978 230.222 11,00% PE 78.403 314.654 13,91% PI 46.070 177.426 8,17% RN 46.837 183.922 8,31% SE 13.409 49.976 2,38% TOTAL 563.678 2.279.129 100,00% Quadro 3: Cobertura do P1MC 2003 - 2013 Fonte: MDS, 2013. Elaboração própria

As metas ainda estão distantes de serem atingidas, até dezembro de 2013 foram construídas 563.678 cisternas, beneficiando aproximadamente 2.279.129 pessoas nos 10 estados que o programa abrange, isso significa que o programa alcançou em 2013, 55,96% de sua meta, prevista para ser atingida em 2008.

No gráfico 1 pode-se verificar o percentual de cisternas instaladas por Estado. Entre os estados mais beneficiados estão a Bahia com 23.79% do total de cisternas construídas, beneficiando 547.811 pessoas, o Ceará com 23,39% do total de cisternas construídas, beneficiando 546.226 pessoas e em seguida vem o estado de Pernambuco com 13,91% do total de cisternas construídas, beneficiando 314.654 pessoas.

Gráfico 1 – Percentual de Cisternas por Unidade da Federação

Fonte: MDS – SIG CISTERNAS, 2014. Elaboração propria.

Segundo a PNAD de 2002, 34% da população rural do Nordeste tinha o abastecimento de água precário (abastecimento por outras fontes de água). A Bahia, o Ceará e Pernambuco, estados que foram mais beneficiados pelo P1MC, eram os estados com abastecimento de água mais precário do Nordeste, eles tinham respectivamente 34,5%, 37,5% e 43,3% da população rural abastecida por outras fontes de água, tais como, cacimbões, barreiros, açudes, córregos, poços, etc.

Outro ponto importante a se destacar é a seleção das famílias beneficiárias do programa. São observadas quatro variáveis para a definição do público prioritário, quais sejam: ser domiciliado em município do semiárido; ser domiciliado na zona rural do município; não possuir acesso à rede pública de abastecimento de água e ter o perfil de elegibilidade ao Programa Bolsa Família (PBF), ou seja, pessoas que não disponham de fonte de água ou meio suficientemente adequado de armazená-la para o suprimento das suas necessidades. De acordo com o MDS, eram consideradas elegíveis ao PBF as famílias com renda per capita inferior a R$ 60,00 e aquelas com renda per capita entre R$ 60,01 e R$ 120,00 com filhos entre 0 e 16 anos incompletos. Atualmente, os referidos limites estão em R$ 70,00 e R$ 140,00.

Segundo o Relatório de Avaliação da Execução de Programas do Governo divulgado pela CGU, com base em inferências realizadas com intervalo de confiança de 95%, não menos que 81,5% e não mais que 93,9% das famílias beneficiárias atendem aos critérios de

AL; 4,78% BA; 23,79% CE; 23,39% ES; 0,07% MG; 4,21% PB; 11,00% PE; 13,91% PI; 8,17% RN; 8,31% SE; 2,38%

elegibilidade do Programa, com padrão de renda e perfil compatíveis com o público-alvo da Ação.

Dessa forma, pode-se concluir que as Unidades Executoras estão observando os critérios de seleção do público-alvo, elegendo como beneficiárias famílias que se enquadram no perfil traçado, fazendo com que a Ação alcance os objetivos a que se propôs.

Os resultados alcançados pelo P1MC demostram as dificuldades para o cumprimento da meta de construir um milhão de cisternas. A meta inicial do programa era de beneficiar cerca de cinco milhões de pessoas em toda região semiárida, com água potável para beber e cozinhar. Juntas, as cisternas formariam uma infraestrutura descentralizada de abastecimento com capacidade para 16 bilhões de litros de água. Até dezembro de 2013, o sistema de captação de água descentralizado soma pouco mais de 9 bilhões de litros de água, isso representa pouco mais de 56% de sua meta que é de 16 bilhões de litros de água.

De acordo com a ASA (2013) a meta inicial não foi alcançada pois a construção das cisternas em uma região extensa e com baixa infraestrutura como o semiárido do Nordeste do Brasil é uma tarefa complexa. Outra razão para o não cumprimento da meta inicial são os frequentes atrasos de repasses do governo federal, parceiro fundamental do programa.

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