• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II ENQUADRAMENTO PEDAGÓGICO DA PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONAD

2.3. Área 3 – Formação e Investigação Educacional

2.3.2. Revisão da Literatura

Escola/Professor

A evolução que a nossa sociedade vem sofrendo no decorrer do tempo, tem um peso crucial no que diz respeito à profissão de Docente, ou seja, as transformações verificadas e observadas estão diretamente interligadas com o meio escolar (Cunha, 2008). Sendo assim o professor está constantemente sob uma determinada pressão derivada das evoluções permanentes da sociedade, onde esta faz com que o professor tenha de reajustar-se às diversas transforações que a comunidade vem sofrendo. Além de o professor ter de acompanhar as diversas alterações da comunidade para ser um bom profissional, por outro lado é fundamental que o mesmo seja um elemento incentivador à transformação, levando assim os alunos a tomarem iniciativas para melhorarem algo que possa ser aperfeiçoado.

“A escola tem, portanto, que se inovar e mudar constantemente ao nível curricular, interventivo, de atitudes, do seu projeto educativo, sob pena de não ser capaz de formar os cidadãos críticos, reflexivos, na lógica transformacional e humanizada” (Camilo Cunha, 2008 p.77).

Por outro lado, segundo Postic (1984), as mudanças ocorridas na sociedade, as evoluções observadas a nível social, teve repercussões no mundo da educação, diminuindo o papel educativo, atribuindo assim novos deveres aos professores, resultado das alterações observadas a nível social em geral e a da família a nível particular. O professor aqui deixa de ser a única fonte de conhecimento, deixa de ser o único agente central de transmissão de informação.

Assim, segundo Ruivo (1997), o professor da atualidade, deverá ser um agente altamente qualificado, com um vasto e diversificado conhecimento pelas várias áreas existentes e não um entendedor numa só e determinada matéria de ensino.

Por sua vez, Camilo Cunha (2008), afirma também que as tarefas dos professores de hoje em dia são mais complexas e diversificadas, não ficando estes restritos e direcionados à transmissão de conhecimentos de uma só determinada matéria, tendo como fim a promoção do desenvolvimento pessoal dos alunos, proporcionando assim oportunidades, em detrimento da vivência social, “de desenvolvimento de pensamento crítico, criativo, refletivo e autónomo”.

36

O professor do tempo de hoje, para projetar um ensino eficaz, terá de possuir uma notória capacidade de se manter sempre atualizado relativamente às melhores estratégias de transmissão do conhecimento, mas também possuir uma excelente competência para proporcionar e desenvolver práticas pedagógicas mais eficientes (Nóvoa, 1992).

Bom Professor

O professor relativamente ao processo de ensino é aquele que tem a capacidade de decidir sobre todo o processo de ensino e como tal existe uma necessidade em encontrar o retrato do “professor ideal”, apesar de segundo Mialaret (1981), essa constituição do retrato do bom professor ser praticamente difícil.

De acordo com Loureiro (1986), o bom professor tem de possuir uma capacidade de conseguir promover uma autonomia nos alunos na medida em que difunda nos mesmos uma “aptidão para ser tudo o que se pode ser”.

Catarino (2004) afirma também, que o professor tem de possuir capacidade para promover autonomia nos alunos, bem como estimular a participação dos mesmos no processo de ensino- aprendizagem e não só basear-se na transmissão de informação.

Sendo assim, Pitta (1999), afirma que o professor deverá seguir uma linha de orientação na prática de ensino de acordo com quatro dimensões: a motivadora, promovendo nos alunos motivação para aprender; a dimensão relacional, proporcionando um ambiente adequado à aprendizagem; a dimensão ética, difundindo valores aceitáveis para a inclusão social; e por fim a dimensão construtiva, onde destaca a maneira como o professor consegue ser admirado pelos alunos através das suas capacidades de ensino.

Assim sendo, as caraterísticas que se evidenciam mais no professor relativamente aos olhos dos alunos, são de ordem humana do que propriamente dito às qualidades ligadas às técnicas de ensino (Postic, 1984). Observa-se assim que as qualidades intrínsecas do ser humano, neste caso do professor, são meramente relevantes no processo de ensino, colocando de parte a ideia de que o bom professor é aquele que adquire um ótimo conhecimento relativamente a uma determinada área.

Por outro lado, a capacidade e qualidade, que o professor tem de possuir no processo pedagógico, não aperfeiçoa segundo o tempo de ensino, ou seja, “a competência não é

37

necessariamente proporcional aos anos de prática, nem o melhoramento do ensino se processa de forma automática” (Camilo Cunha, 2008, pag.99).

O mesmo autor, afirma também a necessidade de o professor se manter atualizado relativamente aos seus métodos de ensino, realizar posteriormente ao ato de ensinar uma auto- avaliação de todo o procedimento, realizar formações continuas e especializadas de modo a garantir um processo de ensino eficaz.

Deste modo, as competências do professor devem centrarem-se não só nas cientificas, mas basearem-se também em aptidões pedagógicas e em características a nível intrínseco relativamente ao professor, constatando que a evolução profissional não se foca apenas nos conhecimentos adquiridos, mas sim em atos realizados pelo professor, promovendo assim bom ambiente em sala de aula, boas relações interpessoais, estimular assim nos alunos motivação para a aprendizagem (Silva, 2000).

Caraterísticas do Bom Professor de Educação Física

Segundo Camilo Cunha (2008), “a representação do “bom” professor de EF está condicionada igualmente por diversos fatores; uns de natureza externa … outras de natureza interna …”. Verifica-se que cada professor se representa em concordância com as suas circunstâncias derivado tanto de uma como de outra natureza referida anteriormente.

Weistein (1983) Lepper (1983), afirmam a existência de um elo de ligação proporcional entre a motivação e o querer atingir o êxito por parte dos alunos, em concordância com determinadas atitudes que o professor possui em contexto escolar como o “elogio, amizade, comunicação e organização”.

Por outro lado, Silva (1992), através de vários estudos realizados por diversos autores (Guarnieri, 1990; Kramer & André, 1986; Lellis, 1989; Libâneo,1984; Mello, 1982), separou e agrupou as caraterísticas encontradas, relativamente à caraterização do “bom” professor de EF, em três grupos caraterísticos não descartando a interligação entre elas: técnicos, afetivos e sociopolíticos.

Caraterísticas técnicas, o professor eficaz:

 Conhece os seus alunos e adapta o ensino às suas necessidades, incorporando a experiência do aluno ao conteúdo e incentivando a sua participação.

38

 Domina o conteúdo e metodologia para ensiná-lo.  Aproveita o tempo útil, tem poucas faltas e interrupções.

 Aceita responsabilidades sobre as exigências dos alunos e seu trabalho.

 Usa eficientemente o material didático, dedicando mais tempo às práticas que enriquecem o conteúdo.

 Fornece feedback constante e apropriado.

 Fundamenta o conteúdo na unidade teórico-prática.

 Comunica aos alunos o que espera deles e porque (apresenta objetivos claros).  Ensina estratégias metacognitivas aos alunos tanto de alto quanto de baixo nível.  Integra o seu ensino com o de outras áreas.

Características afetivas, o professor eficaz:

 Demonstra interesse, entusiasmo, vibração, motivação e/ou satisfação com o ensino e o trabalho, valorizando o seu papel.

 Desenvolve fortes laços afetivos com os alunos.

 Mantém um clima agradável, respeitoso e amigo com os alunos.  É afetivamente maduro (não, “bonzinho”).

Características Sociopolíticas:

 Conhece a experiência social concreta dos alunos.

 Possui uma visão crítica da escola e dos seus determinantes sociais.  Possui uma visão crítica dos conteúdos escolares;

Num estudo de caso efetuado por Macário e Beltrão (2000), relativamente às opiniões de alunos, constata-se que as caraterísticas que os alunos mais evidenciam no “bom” professor de EF, descritos por ordem decrescente são:

 “comunicação e linguagem”;  “conhecimento específico”;  Motivação;

 Relacionamento;  Valores pessoais;

Em contrapartida as características que menos se evidenciaram foram os “Recursos didáticos”; “Avaliação da aprendizagem”; “cultura geral” e o “nível de exigência”.

39

Numa investigação levado a cabo por Krug e Krug (2008), relativamente às caraterísticas pessoais do bom professor na perspetiva de alunos provenientes da Licenciatura em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), é aquele que evidência como principais características no seu processo de ensino uma “boa didática”, um “domínio do conteúdo”, ser “respeitador”, “criativo” e “gostar do que faz”.

Deste modo, segundo Piéron (1985 a,b) e Carreiro da Costa (1984) o bom professor de EF, o mais eficaz é aquele que proporciona mais tempo de empenho motor, mas também dá enfase a um bom clima favorável de aula e fornece informação pertinente sobre a prestação dos alunos. Constata-se então, que a além da componente motora, é igualmente importante para um ensino eficiente o professor evidenciar componentes cognitivas e afetivas.

40

Documentos relacionados