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2.1 Títulos de dívida

2.1.5 Riscos dos títulos de dívida

Os investimentos em títulos de dívidas estão expostos a um ou mais dos seguintes riscos (Figura 2): a) risco de taxa de juros; b) risco de reinvestimento; c) risco de insolvência; d) risco de inflação; e) risco cambial e f) risco de liquidez. Descreve-se, a seguir, cada um desses riscos.

O risco de taxa de juros refere-se ao risco de que ocorra um declínio no valor do título em função de um aumento na taxa de juros. Conforme já mencionado, um aumento na taxa de juros acarreta num declínio no valor do título de dívida.

Ross et al (2000, p. 161) afirmam que o risco de taxa de juros depende de quão sensível é o preço do título às mudanças na taxa de juros. A sensibilidade depende do prazo até o vencimento e da taxa de cupom. Assim, mantidos todos os outros fatores constantes, quanto maior for o prazo até o vencimento, maior será o risco de taxa de juros e quanto menor for a taxa de cupom, maior será o risco de taxa de juros.

Figura 2 – Riscos dos títulos de dívida

A razão de prazos de vencimentos mais longos apresentarem maior risco de taxa de juros pode ser explicada pelo fato de que uma grande parcela do valor de um título de dívida ser composto do valor nominal, que é pago somente na data de vencimento. Assim, o valor presente desse montante é pouco afetado por mudanças nas taxas de juros se o prazo de pagamento for de um ano ou menos. Porém, mesmo uma pequena mudança na taxa de juros provocará alterações significativas no valor do título se o prazo de vencimento for de 30 anos.

Para que os investidores aceitem esse risco adicional, os títulos de dívida de prazo mais longo, normalmente, devem oferecer uma taxa de retorno mais alta do que os de curto prazo.

Com relação às taxas de cupom menores apresentarem maior risco, Ross

et al (2000, p. 162) esclarecem que títulos com taxa menor dependem,

proporcionalmente, mais do valor nominal a ser recebido no vencimento. Conseqüentemente, mantidos os outros fatores constantes, seu valor oscilará mais em função de mudanças nas taxas de juros. Em outras palavras, taxas de

juros maiores permitem a realização do fluxo de caixa mais cedo; portanto, o prazo de realização é menor e seu valor é menos sensível às variações na taxa de juros.

Para Fabozzi e Modigliani (2000, p. 7), o risco de taxa de juros é de longe o principal risco enfrentado por um investidor no mercado de títulos de dívida.

O risco de taxa de reinvestimento refere-se ao risco de que ocorra uma queda na renda devido a uma baixa na taxa de juros. Quando um título vence ou é resgatado de forma antecipada, os recursos devem ser reinvestidos e caso a taxa de juros de mercado seja inferior à taxa de cupom dos títulos resgatados, os investidores sofrerão redução em sua renda.

O risco de taxa de reinvestimento é alto nos títulos de dívida resgatáveis antecipadamente e nos títulos de curto prazo pois, quanto menor o período de vencimento de um título, menor serão os anos em que os antigos juros altos serão recebidos e mais cedo os recursos terão de ser reinvestidos à nova taxa baixa (BRIGHAM et al, 2001, p. 303).

O risco de insolvência refere-se ao risco de que o emissor não honre os pagamentos de juros ou de principal do título de dívida. Se o emissor do título tornar-se insolvente, os investidores, provavelmente, receberão menos do que o retorno esperado do título. Assim, a taxa de juros cotada de um título embute um prêmio por risco de insolvência. Portanto, quanto maior for o risco de insolvência do emissor do título, maior será a taxa de juros exigida pelos investidores.

Um importante aspecto do risco de insolvência são as classificações de qualidade (ratings) que refletem a probabilidade de insolvência dos emissores dos títulos. Os ratings são emitidos por agências, cujas principais são a Moody´s,

Standard & Poors (S&P) e Fitch Rating. As designações de classificação da Moody´s e da S&P são apresentadas no Quadro 5.

Quadro 5 – Classificações de títulos de dívida da S&P e Moody’s Nível aceitável como

investimento Alto risco ou junk bonds

S&P AAA AA A BBB BB B CCC D

Moody's Aaa Aa A Baa Ba B Caa C

Os títulos de dívida com triplo A e duplo A são extremamente seguros, apresentando pouca ou nenhuma probabilidade de insolvência. Os de único A ou BBB/Baa são considerados fortes o suficiente para serem classificados como nível aceitável de investimento. Os títulos classificados em BB/Ba e inferiores apresentam um risco de insolvência maior, sendo considerados como de alto risco, também conhecidos como junk bonds.

As classificações de títulos de dívida consideram diversos fatores, tanto quantitativos, quanto qualitativos. Por exemplo, são analisados os índices de endividamento, liquidez, rentabilidade; as garantias oferecidas ao título de dívida; o prazo de vencimento do título; a regulamentação à qual o emissor está exposto e a estabilidade das vendas e dos lucros do emissor. A classificação das agências de rating não se baseia numa fórmula matemática precisa, mas considera os fatores listados e outros, para obter o rating do título.

A classificação emitida pelas agências são importantes pois, por ser um indicador do risco de insolvência, influencia a taxa de juros de um título e o custo da dívida da empresa. Além disso, uma grande parte dos títulos de dívida é adquirida por investidores institucionais que em muitas situações têm restrições para investir em títulos de alto risco. Assim, se um título de dívida for classificado como de alto risco, o número de potenciais investidores ficará reduzido, podendo inviabilizar a emissão.

Segundo Fabozzi e Modigliani (2000, p. 10), o risco de inflação surge devido à variação dos fluxos de caixa de um título em face da inflação, medida em termos de poder de compra. Assim, se a taxa de inflação for maior do que a taxa de cupom, o poder de compra do fluxo de caixa na realidade diminuiu. Esse risco ocorre, principalmente, nos títulos com taxa prefixada, pois, nesses casos, os cupons são fixos.

O risco cambial acontece quando os títulos têm o valor expresso em outra moeda que não a do país do investidor. Nesse caso, o fluxo de caixa do título irá depender da taxa de câmbio no momento em que os pagamentos forem efetuados. Os movimentos de depreciação/valorização de uma moeda em relação a outra alteram os valores recebidos pelo investidor em sua moeda local.

O risco de liquidez está relacionado à existência de um mercado ativo para a negociação de um título. Assim, quanto mais ativo o mercado, tanto em termos de quantidade de negócios quanto em volume monetário, menor será o risco de liquidez do título. Para Fabozzi e Modigliani (2000, p. 10), a medida primária do risco de liquidez é o tamanho do spread entre o preço de compra e o preço de venda cotado por um corretor ou distribuidor. Quanto maior o spread, maior o risco de liquidez.