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Para Giddens (2010), as mudanças climáticas se referem ao fato de que as emissões de gases geradores do efeito estufa são, em boa medida, provocadas pela indústria moderna que provoca o aquecimento no clima do planeta e que pode ocasionar consequências potencialmente devastadoras no mundo. A responsabilidade, a atitude e a consequente necessidade de fazer algo parece inevitável diante do tamanho dos riscos que rondam o nosso lugar de vivência. Mesmo que, por vezes, pareçam ser abstratos, os riscos nos remetem a ter um potencial devastador, embasado a seguidas catástrofes ambientais que causam danos de grande monta. Como seres humanos, vivemos nesse dilema da política da mudança climática. Visto que os perigos representados pelo aquecimento global não são palpáveis, imediatos ou visíveis no decorrer da vida cotidiana, por mais assustadores que se afigurem, muita gente continua sentada, sem fazer nada de concreto a seu respeito. No entanto, esperar que eles se tornem visíveis e agudos para só então tomarmos medidas sérias será, por definitivo, tarde demais. (GIDDENS, 2010, p. 20).

À medida que o sociólogo Giddens (2010) aponta para o paradoxo acerca das reações atuais das alterações do clima, inúmeras incógnitas surgem sobre o tema das mudanças climáticas. A população mundial e os dirigentes políticos conhecem os riscos, todos os seres humanos têm consciência deles; mas, ao mesmo tempo, eles parecem ser algo distante a ponto

de não causarem maiores preocupações. Uma metáfora que o autor usa representa um pouco o envolvimento das pessoas. Ele usa do princípio dos riscos acerca dos perigos que representa o cigarro, de modo especial aos jovens. Mesmo com todo conhecimento, se atenta a fazer a experiência e experimentar esse componente que pode causar danos a sua própria saúde.

A responsabilidade pessoal e coletiva parece ainda não fazer parte da consciência de grande parcela da população mundial. Talvez, alguns se indaguem, por que eu vou modificar o modo de vida se outros não mudam? Por outro lado, fazer opção por modos de vida simples, sem esbanjamentos, opções que primam pela sustentabilidade parece serem questões de alguém que é atrasado. “A ideia é preservar e, se possível, aprimorar um estilo de vida digno para os seres humanos que vivem na Terra.” (GIDDENS, 2010, p.25). Uma questão nesse ponto parece a falta de vontade política em possibilitar uma política de incentivo a questões alternativas da parte do Estado ou mesmo das pessoas que dirigem esse importante aparato institucional. As questões tecnológicas disponíveis no mercado estão restritas a uma parcela da população mundial que tem na sua base um potencial de compra, incluídos bens de consumo que podem reduzir as emissões de gases que prejudicam o efeito estufa.

O Estado como instituição de poder abarca uma multiplicidade de níveis dos governos locais, regionais e nacionais.

Numa era global, ele funciona no contexto do que os cientistas políticos chamam de governança em múltiplas camadas, a qual se estende à arena internacional, no sentido ascendente, e às regiões, cidades e localidades, no sentido descendente. Enfatizar a importância do Estado para a política da mudança climática não equivale a defender o retorno a um governo de cima para baixo. Ao contrário, é provável que as iniciativas mais drásticas brotem ações dos indivíduos de grande visão e da energia da sociedade civil. (GIDDENS, 2010, p. 24).

Os riscos e incertezas estão presentes na política das mudanças climáticas. Os conhecimentos adquiridos, por vezes, parecem acentuar as incertezas com relação ao clima mundial. Contudo, Giddens (2010) propõe o princípio da precaução, pelo qual o Estado seja o assegurador, agindo como um facilitador, viabilizador de iniciativas que ajudem a amenizar os impactos de emissões de carbono. Outros dois conceitos fundamentais para o autor são a convergência política e a convergência econômica. Ambos abordam a questão de possíveis mudanças nos modos de vida. Enquanto a convergência política trata do sentido da mudança para inovações no campo da produção energética perfazendo opções de investimentos em transportes coletivos, a convergência econômica trata das questões que evitam o aquecimento global. O dilema é que qualquer possível crescimento econômico implica em aumento de emissões de carbono, o que acaba prejudicando o sucesso nas mudanças climáticas que acabam ocasionando o aumento das desigualdades globais.

As necessidades energéticas dos países industrializados criaram a maioria das emissões que vêm causando o aquecimento global. O rápido crescimento econômico das nações em desenvolvimento, sobretudo na China, dado o imenso tamanho da população, vem impondo um ônus adicional às fontes energéticas disponíveis, além de aumentar o nível de gases do efeito estufa na atmosfera. A resposta às mudanças climáticas tem que se aliar de perto às questões da segurança energética. Tornou-se convencional fazer esta afirmação nos últimos tempos, mas fiquei impressionado ao ver como é frouxa a ligação entre elas, na verdade, na maioria dos textos atuais. (GIDDENS, 2010, p. 29).

As duas maiores fontes energéticas atualmente usadas, o petróleo e o gás (junto com o carvão), são as maiores fontes de poluição ambiental. Ambas têm suas reservas mundiais quase no limite do esgotamento, o que acaba provocando a necessidade de começar a pensar em alternativas a essas fontes. A questão crucial é que cerca de 90% das mercadorias vendidas envolvem algum uso de petróleo, o que para Giddens (2010, p. 29) remete urgentemente a pensar em suprir os riscos existentes, os quais parecem se tornar cada vez mais reais. “Mas risco é risco – o outro lado do perigo é sempre a oportunidade.” A dificuldade maior nesse contexto das mudanças climáticas é o de introduzir na vida das pessoas a centralidade desse tema que começa a se evidenciar cotidianamente.

Os riscos e perigos, ao serem cada vez mais reais e concretos, acabam por questionar: O que fazer para mudar a trajetória hoje constituída? Os riscos são mais acentuados e mais propensos a nos atingir em todas as dimensões da vida: doenças, criminalidade, entre outras. A trajetória de vida, que se refere ao consumir, organizar, enfim, viver do ser humano, interfere nas questões organizacionais do seu no habitat, isto é, onde reside. Estamos com um sentimento de vulnerabilidade, como afirma Giddens (2010), em relação ao futuro da nossa vivência no planeta.

Pensar os recursos naturais é colocar-se diante do seu possível esgotamento ou diminuição. Refletir acerca dessas possibilidades que se complementam é pensar no futuro e nos riscos que pairam sobre nossa vivência.

Petróleo, gás natural e carvão, são as três fontes de energia que predominam no mundo, são todos combustíveis fósseis, produtores em larga escala de gases causadores do efeito estufa. Reduzir nossa dependência deles, ou (sobretudo no caso do carvão) torná-los muito mais limpos em termos ambientais do que são hoje, é imperativo para mitigar as mudanças climáticas. As tecnologias necessárias para reduzir nossa vulnerabilidade à escassez de energia e diminuir as emissões de carbono são as mesmas: incluem as energias eólica, solar e das ondas, hidrelétricas e termelétrica. A modificação do estilo de vida tenderá a ser de importância fundamental nas duas esferas, particularmente quando orientada para cercear os hábitos de desperdício no uso de energia. (GIDDENS, 2010, p. 57).

A história da humanidade, com destaque às mudanças climáticas, nos mostra a importância dos recursos naturais e seu papel profundo em contribuir para a sobrevivência e organização da sociedade como hoje a conhecemos. Nesse aspecto, estão os grandes rios,

como grandes mananciais de água (água doce na maioria) e que auxiliam na organização, no moldar da sociedade, da cultura, da economia, enfim nas relações sociais.

A partir dessa situação concreta de ameaças e riscos que um grande empreendimento representa para todo um contexto local e global, temos a necessidade de buscar, por um aporte teórico, meios que possam auxiliar na reflexão de como estão interligadas as questões que podem afetar profundamente a história da humanidade. Conforme Beck (2011), contra as ameaças da natureza externa, aprendemos a construir cabanas e a acumular conhecimentos.

Diante das ameaças, porém, da segunda natureza, absorvida no sistema industrial, vêmo-nos praticamente indefesos. Os perigos vêm a reboque do consumo cotidiano. A oposição entre natureza e sociedade é uma construção do século XIX, que serve ao duplo propósito de controlar e ignorar a natureza. A natureza foi subjugada e explorada no final do século XX e, assim transformada de fenômeno externo em interno, de fenômeno predeterminado em fabricado. Ao longo de sua transformação tecnológico-industrial e de sua comercialização global, a natureza foi absorvida pelo sistema industrial. Dependência do consumo e do mercado agora também significam um novo tipo de dependência da ‘natureza’, e essa dependência imanente da natureza em relação ao sistema mercantil se converte, no e com o sistema mercantil, em lei do modo de vida na civilização industrial. (BECK, 2011, p. 9).

Os riscos e as consequências diretas apontam para os sujeitos à margem, que foram e continuam sendo invizibilizados, ou seja, não reconhecidos na sua luta específica de resistir às grandes barragens. A análise e o legado do pensamento de Jonas (2006), no âmbito da ética, chama atenção ao problema do futuro da humanidade, da violação do ser humano e da natureza, para autodestruição da vida no planeta, causado pela aposta incondicional no ideal moderno de progresso, enquanto exploração da natureza por meio da técnica.

Com a responsabilidade com o grande tema, Hans Jonas discute o princípio da vida no sentido de que expõe e ampara a discussão mostrando a gravidade da expansão do poder técnico, o qual põe em risco a existência humana do futuro. A compreensão da vida surgida na era moderna fez com que o conhecimento deixasse de ser realizado pela via da contemplação e passasse a ser formulado como utilidade, no campo das modernas ciências da vida que visavam, na verdade, a um uso prático objetivado pela necessidade do domínio da natureza. (SANTOS; OLIVEIRA; ZANCANARO, 2011).

Se o mundo antigo celebrava o ser e o saber como fins em si mesmos, o mundo moderno transformou o conhecimento do ser em uma estratégia utilitarista cuja finalidade é dominar a natureza pela via da exploração de suas fontes de energia. A nova face do conhecimento, assim, tenta capacitar o homem para melhorar as condições de vida no planeta à custa do rebaixamento da natureza a um mero meio. O homem separa-se da natureza e transforma-se em seu algoz por meio da imposição de seu novo poder técnico. (SANTOS; OLIVEIRA; ZANCANARO, 2011, p. 10).

Os aprendizados e os conhecimentos que a tecnociência acrescentou, a partir da modernidade, de modo especial, auxiliou na tomada de consciência em constituir as identidades. O processo de construção da identidade individual, contudo coletiva, de maneira especial nesse contexto de invizibilização dos sujeitos atingidos/as pelo processo das barragens, é interessante do ponto de vista de Castells (2003). Para ele as identidades se constroem como legitimadoras, de resistência, de projeto.

Identidade legitimadora é introduzida pelas instituições dominantes da sociedade no intuito de expandir e racionalizar a sua dominação sobre os actores sociais [...]; a identidade de resistência é criada por actores que se encontram em posições/condições desvalorizadas e/ou estigmatizadas pela lógica da dominação, construindo, assim, trincheiras de resistência e sobrevivência com base em princípios diferentes dos que permeiam as instituições da sociedade, ou mesmo em opostos a este últimos [...]; identidade de projeto quando os actores sociais, servindo-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir a sua posição na sociedade e de provocar a transformação de toda a estrutura social. (CASTELLS, 2003, p. 4-5).

O constituir identidades (individuais e coletivas), frente ao contexto de luta por direitos, se coloca como um grande desafio. Como os movimentos sociais conseguem mover os atingidos numa constante busca do aglutinar de forças a ponto deles se mobilizarem e defender assiduamente seus direitos? A busca por legitimidade dos movimentos de resistência acontece à medida que o simbólico auxilia na concretude de elementos, por vezes, pouco visíveis, de esperança, alertando a sociedade de que somos todos atingidos por barragens, frente a um grande projeto de barragens duma região historicamente desassistida do ponto de vista educacional e de políticas públicas de interesse da população local.

Segundo Bourdieu (2007), a violência simbólica praticada contra os movimentos sociais no processo de resistência é o reconhecimento e a incorporação do discurso dominante como legítimo por parte dos dominados sem que estes se percebam na condição de vítimas. Por meio de tal tipo de violência, impõem-se valores, hábitos e comportamentos, sem necessariamente utilizar a agressão física. Segundo Benincá (2011), para justificar a construção das barragens, persuadir os atingidos e desarticular a resistência popular, as empresas fazem promessas de boa indenização, utilizam linguagem técnica de difícil compreensão, realizam intensa propaganda sobre os benefícios de empreendimento, disseminam informações imprecisas ou desencontradas impostas por um grupo econômico interessado na construção das barragens e que representa o capital financeiro.

Assim como reflete Fromm (2011), será que não estamos tratando a vida do ser humano como uma mera melhora do sistema, de modo especial econômico?

A evolução desse sistema econômico não era mais determinado pela questão: o que é bom para o Homem? Mas pela questão que é bom para a melhoria do sistema? Tentou-se ocultar a agudez do conflito fazendo-se crer que o que era bom para a melhoria do sistema era também bom para o povo. [...]. O capitalismo do século XVIII sofreu uma mudança radical: o comportamento econômico separou-se da ética e dos valores humanos. De fato, admitia-se que a máquina econômica fosse uma entidade autônoma, independente das necessidades humanas e da vontade humana. Tratava-se de um sistema que seguia por si mesmo e de acordo com suas próprias leis. O sofrimento dos trabalhadores bem como a destruição de um número cada vez maior de pequenas empresas em benefício do crescimento de companhias sempre maiores era necessidade econômica que ninguém podia lamentar, mas que tinha que aceitar como consequência de uma lei natural. (FROMM, 2011, p. 28). Santos (2007) aborda a temática na “Sociologia das Ausências”, apontando para uma compreensão de que o hegemônico no mundo nem sempre dá conta de explicar as diferentes alternativas que são produzidas. Para isso, Santos (2007) aponta para cinco modos de produção das ausências em nossa racionalidade ocidental que criam essa razão metonímica, preguiçosa, indolente: “o ignorante, o residual, o inferior, o local ou particular, e o improdutivo.” (SANTOS, 2007, p. 32). Uma vez que há uma descredibilização das experiências sociais, de maneira especial os países do sul, urge a necessidade de transformar os objetos, as temáticas com seus reais interesses em objetos visibilizados e discutidos.

A maneira pela qual procede a Sociologia das Ausências é substituir as monoculturas pelas ecologias, e o que lhes proponho são cinco ecologias, em que podemos inverter essa situação e criar a possibilidade de que essas experiências ausentes se tornem presentes. As cinco ecologias são as seguintes. Ecologia dos saberes, ou seja, a possibilidades de que a ciência entre não como uma monocultura, mas como parte de uma ecologia mais ampla dos saberes, em que o saber científico possa dialogar com ao saber laico, como a saber popular, com o saber dos indígenas, como o saber das populações urbanas marginais, com o saber camponês. (SANTOS, 2007, p. 32).

As outras ecologias propostas são a das temporalidades, do reconhecimento, da transescala e das produtividades, valorizando as iniciativas alternativas de organização e produção que existem em meio à vastidão da ortodoxia produtivista que o sistema capitalista ocultou ou mesmo desacreditou. A partir da proposta das diferentes ecologias, aponta-se para a tradução como um processo que pode contribuir na integração diferentes experiências existentes e dos invizibilizados. “É traduzir saberes em outros saberes, traduzir práticas e sujeitos de uns aos outros, é buscar sem inteligibilidade sem ‘canibalização’, sem homogeneização” (SANTOS, 2007, p. 39). Ou seja, a proposta é perceber o que há de comum nos diferentes grupos sociais atuantes e possivelmente integrados por causas populares comuns na busca por uma emancipação social.

Segundo Paludo (2001), as políticas e práticas educativas são mediadas por sujeitos políticos e recursos que se articulam em campos de forças políticas e culturais, numa relação que extrapola os envolvidos na relação pedagógica e anuncia organicidade a perspectivas de

determinados direcionamentos de projetos ao processo de desenvolvimento e de sociedade no seu conjunto. Dessa forma, podemos vislumbrar possibilidades de resistência dos invizibilizados e excluídos do processo como um todo em diferentes espaços e práticas educativas. As práticas educativas por serem um espaço de formação humana continuam sendo espaços de disputa hegemônica e por isso se colocam como concepções e práticas antagônicas de mundo, de sociedade, de homem e de relações sociais. Nesse processo, vislumbra-se a possibilidade de novos ressignificados políticos e pedagógicos de educação popular percebendo que a educação é fortemente valorizada como viabilizadora da mediação entre subjetividades desejosas e práticas sociais realizadoras de processos transformadores.

O constituir condições para os sujeitos se apropriarem das diferentes instâncias e dos processos de resistência se coloca como uma condição primordial. O processo de empoderamento, através do qual o sujeito se coloca como ator da sua história, com destaque à educação popular como condição elementar do fortalecimento das muitas possibilidades de emancipação no sentido de não ficar preso unicamente ao lugar que o absorveu e deteve ao longo da sua vida. A busca em ter uma disposição de escuta com os sujeitos históricos, sociais, culturais, se coloca como condição básica de diálogo no contexto com abordagens acerca de ver como os ameaçados foram e continuam se constituindo como atores do processo de resistência.

É no contexto de apropriação dos recursos naturais que o tema da água e dos grandes barramentos de rios está inserido. Hidrelétricas para produção de energia, privatizações, atingidos/afetados, enfim, questões socioambientais como um todo, as quais requerem pensar nos riscos determinantes. Diversos teóricos atentam para a questão dos riscos que podem ser pessoais como coletivos, de modo que eles podem ser uma riqueza, oportunidade, mas podem ser uma ameaça nas mais diferentes ópticas. O decorrer das transformações da sociedade desenvolveu-se de forma que algumas civilizações e espécies foram extintas, de modo que isso mostra o desiquilíbrio que forma a existência no planeta. Em base a Diamond (2005) essas extinções e refletindo a sociedade industrial que hoje rege em boa medida nosso ser, procuramos refletir as percepções e dimensões dos riscos.

O MAB (e o pesquisador presenciou essa cena várias vezes), ao longo da história de mobilizações e articulações, sempre quando dialogado com pessoas residentes ou próximas a grandes rios ameaçados, se deparou constantemente com a falta de informações que pouco ou nada chegam até eles, que pela proximidade seriam os maiores interessados. Vivendo em contextos, por vezes, meio isolados, distante dos centros de tomadas de decisão, percebemos

que são os segmentos sociais, de modo especial o movimento social, que acaba sendo uma fonte de informação importante para contribuir na formação de consciência.

Olhando para a problemática das grandes obras e seus profundos impactos socioambientais, verificamos o protagonismo do movimento social. Com uma inserção acentuada ao longo das duas últimas décadas, temos no Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB uma inserção para com os atingidos por barragens ou mesmo com a problemática de impactos de grandes obras que acabam afetando todo o contexto maior. O movimento social com toda sua pluralidade fortalece a consciência ambiental, mas também social, acerca dos recursos naturais explorados ao máximo pelo capital. Dentre o destaque dos recursos, destaca-se a água que, para muitos cientistas/pesquisadores (destaque a BENINCÁ, 2011; MAGRO et al 2015), já é tida como “ouro azul” e possível motivação de grandes conflitos mundiais. Nesse sentido, o esforço do movimento e outras organizações é de tratar do tema da água como bem comum e não como mercadoria a qual ela está exposta e vem sendo abordada dessa maneira. Aliás, por ter essa prioridade é que o MAB adota, há alguns anos, o lema “Águas para a vida e não para a morte”. O processo de socialização e de envolvimento vem sendo desempenhado com perspicácia no sentido de que o movimento