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Roberto: Constante interação professor/Aluno (Uma das maiores experiências de vida que

4.5 Professores da Escola Estadual “Professora Alaíde Lisboa de Oliveira”

4.5.4 Roberto: Constante interação professor/Aluno (Uma das maiores experiências de vida que

Conversar com Roberto, jovem professor na casa dos 30 anos, com experiência de menos de cinco anos na docência, foi para mim um presente. Na tarde do dia 1º de setembro, dia de meu aniversário de nascimento, nem precisei esperar. Chegando à EE “Alaíde Lisboa”, na hora combinada, já me esperava, de bolsa a tiracolo e capacete na mão. Apresentamo-nos e Júnia sugeriu que conversássemos em sua sala, no andar superior. Teríamos mais silêncio.

Roberto é formado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Viçosa e registrou que foi bolsista do PIBID. Trabalha somente em uma escola estadual, no turno da manhã e não pertence mais ao quadro de professores da “Alaíde Lisboa”.

Continua como professor designado, atuando como professor de Física. Tem uma fala corrida, acelerada, mas coerente, coesa. Um jeito muito objetivo e concentrado. Em muitos momentos do pouco tempo de nosso contato, esteve completamente envolvido no assunto que nos aproximou.

Veio para esse encontro, no meu perceber, de “coração aberto”. Foram flagrantes as vezes em que teve que buscar na memória os fatos, as informações, demonstrando que nada tinha sido preparado, pensado, de antemão.

Roberto atuou na área de Tecnologia da Informação – TI, a convite da Direção da escola, afinal, ele tem formação técnica em Informática Industrial, que fez em Ipatinga, numa escola particular. Ele já tinha sido designado para lecionar Física. A proposta para atuar no REM surgiu em função da desistência de uma das professoras. Foi orientado a participar de uma chamada para designação na área e, não havendo mais ninguém, passou a ter os dois cargos na mesma escola: Física e TI, no ano de 2013.

No ano seguinte, continuou atuando como professor, com novo contrato também na área de TI.

Curiosamente, o professor relata sua própria experiência como estudante de nível médio para ilustrar a importância de uma orientação pedagógica para a escolha do percurso formativo do estudante, justificando a proposta do REM com o novo desenho curricular:

A ideia é maravilhosa! A ideia é muito boa, a ideia é muito boa que eu falo que aconteceu algo comigo que se eu tivesse tido a oportunidade de frequentar uma sala de TI, de Turismo não teria... Que eu falo o seguinte: quando eu fiz o primeiro ano, assim que eu fiz o primeiro ano, eu fui fazer um curso técnico, simplesmente fui fazer Informática, não tinha conhecimento da área, posteriormente que eu entrei na área, comecei a fazer o curso técnico... já até falei com você que eu desanimei com a área, falei assim, não é isso que eu quero, não quero trabalhar nessa área, mas eu vou formar e acabei formando. Tanto que depois optei na minha graduação, optei por uma área completamente diferente. (Depoimento de Roberto, 2015). Observa, não obstante, que muitos professores não apresentavam conhecimentos mínimos para o trabalho proposto pelo REM, que no seu entendimento: “A ideia era o menino ter noção sobre aquilo, só que não a noção mais aprofundada do conteúdo. E consequentemente descobrir: ‘é um campo, é uma área que eu gosto? É uma área que eu pego, acabando o 1º, 2º, o 3º ano? Eu vou fazer uma graduação, uma Tecnologia da Informação?’ Ou poderia, dentro, no meio do curso falar assim: ‘não gosto, a informática não é minha área’”. (Depoimento de Roberto, 2015).

Notou, no entanto, que sua formação técnica ajudou a ministrar as a ulas na área de Tecnologia da Informação, deixando claro que não seria preciso uma formação específica para isso. Mas reconhece que ter conhecimento da área em que está lecionando é um fato importante. Relata ter compartilhado suas experiências com professores que sequer eram usuários de ferramentas tecnológicas:

[...] o que eu notei principalmente nos encontros que nós tivemos, que muita coisa, muitos professores pegaram essas disciplinas meio de gaiatos, a coisa caiu no colo deles. E muitos não sabiam. Eu lembro até a história isso é fato mesmo, num encontro no Tauá, no segundo encontro nosso, foi relativo ao ano passado. Que uma professora falando que ela mal, mal sabia ligar o computador e dava aula de TI. Dava aula de TI! (Depoimento de Roberto, 2015).

Perguntado sobre a formação em serviço, o professor reportou um encontro presencial promovido pela Magistra no Hotel Tauá. Sobre esse encontro, afirmou ter se tratado de um momento para compartilhamento de experiências nas diversas escolas. Esse encontro contemplou dois momentos: um primeiro mais geral e um segundo com agrupamentos por área.

Sobre os encontros virtuais através da Plataforma da Magistra, confirmou seu acesso, mas entendeu como um momento também para compartilhamento das experiências, não havendo um “link” para resolução de problemas ou para orientações pedagógicas.

Numa comparação com as escolas da área piloto, que vivenciaram o REM em 2012, Roberto sugere que as dificuldades que ele viveu tenham sido até menores já que pôde contar com um plano orientador que “era bem básico, foi uma noção, porque CBC é bem mais detalhado. Eu acompanho. Eu dou aula de Física, dou aulas de Biologia, Química. Você tem o CBC todo detalhado, as temáticas, todos os eixos que você deve trabalhar com os alunos...”. (Depoimento de Roberto, 2015).

Outra observação do professor foi quanto à função do NAPEM – Núcleo de Apoio Pedagógico ao Ensino Médio, entendida por ele não como uma orientação pedagógica, mas burocrática.

Uma característica do professor, reconhecida por ele, diz respeito à sua própria subjetividade, ao modo como sente o trabalho e os desafios deve advindos. Comenta sobre sua “teimosia” e seu autodidatismo que o levaram a pesquisar antecipadamente sobre os conteúdos de que não tivesse domínio:

Eu até brincava com a minha supervisora, Júnia, que a gente era mais próximo, ela era coordenadora dentro do Reinventando. Eu até brincava que me dava muita preguiça, os fóruns, muita coisa assim, inútil para mim, na minha opinião. Tinha atividades lá que eles passavam, parecendo coisa para menino de 4º ano, 4ª série. Então, eu pensava comigo: você vai dar uma atividade pra um menino desses aqui. Um menino de 1º ano, qual era a ideia? Sempre falavam pra gente, nos encontros: é você tentar aproximar o menino, chamar a atenção do menino de alguma maneira... tá? (Depoimento de Roberto, 2015).