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O Romance no Brasil – a dupla tarefa de Alencar.

2.4 Alencar e a literatura nacional – a eleição do romance.

2.4.1 O Romance no Brasil – a dupla tarefa de Alencar.

As Histórias Literárias atuais introduzem o romance como gênero praticado no Brasil somente a partir do Romantismo, em 1843, com a publicação de O Filho do Pescador, de Teixeira e Sousa, ou em 1844, com A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo. A leitura desses textos leva a crer que o gênero romanesco era desconhecido do público brasileiro, o qual teria acolhido as obras dos primeiros prosadores nacionais como uma grande novidade. Entretanto, pesquisas recentes, como a da Profa. Dra. Márcia Abreu em sua Livre-Docência223, atestam o

grande equívoco em que consiste semelhante consideração. A pesquisa mostrou que a prosa de ficção era antiga conhecida dos brasileiros, os quais a vinham lendo há aproximadamente um século antes da década de 1840. Os dados mostram que, dentre os títulos de Belas Letras solicitados em requisições submetidas à censura portuguesa, os romances destacam-se: de 1769 a 1807, por exemplo, dentre os 18 títulos mais pedidos, 11 são romances e a obra mais solicitada de todas é As Aventuras de Telêmaco, romance de Fénelon224. No início do XIX, esse

quadro não sofreu alterações no que se refere à preponderância do romance entre os títulos mais pedidos: de 1808 a 1826, dentre os 13 livros mais pedidos, 7 são romances e o de Fénelon continuou sendo o mais solicitado225.

Na década seguinte, entra em cena o folhetim. Surgido na França em 1836, essa forma de publicação de romance rapidamente chegou ao Brasil, onde teve grande aceitação por parte do público. Segundo a pesquisa de Malyse Meyer, em 31 de outubro de 1838, uma nota de rodapé no Jornal do Comércio anuncia aos leitores o início da publicação de O Capitão Paulo, de Alexandre Dumas, traduzida por J. C. Muzzi, primeiro folhetim publicado no país226. A autora

ressalta a rápida penetração do folhetim francês no Brasil, a qual se deveu grandemente ao fato de que se encontrou um público já habituado à leitura de romances.227

223 ABREU, Márcia. O Caminho dos Livros. Tese apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como parte da exigência para obtenção do título de Livre docente. Campinas: 2002.

224 ABREU, Márcia. Idem, “Tabela 1: Títulos de Belas Letras mais solicitados em requisições submetidas à Real Mesa Censória entre 1769 e 1807 com destino ao Rio de Janeiro.”, pp. 127/128.

225 ABREU, Márcia. Idem, “Tabela 2: Títulos de Belas Letras mais solicitados em requisições submetidas à Real Mesa Censória entre 1808 e 1826 com destino ao Rio de Janeiro.”, p. 138.

226 MEYER, Marlyse. Folhetim: uma história. São Paulo: Companhia da Letras, 1996, p. 32.

227 Segundo ela, “pode-se imaginar que o romance folhetim penetrou pela cunha já largamente aberta por essas agora antigas ‘moderníssimas novelas’ [...] de que Oscar e Amanda e Sinclair são paradigmas.” (MEYER, Marlyse.

A pesquisa de Sandra Vasconcelos, que atesta a forte presença da ficção inglesa no Brasil oitocentista, traz dados igualmente reveladores. Segundo a autora, as listas dos títulos disponíveis na livraria de Paulo Martin, filho, publicadas na Gazeta do Rio de Janeiro de setembro de 1808 a junho de 1822, indicam a circulação de traduções de prosa ficcional estrangeira no país:

Ao mesmo tempo que comprovam a oferta regular de obras estrangeiras ao público leitor do Rio de Janeiro, esses avisos anunciavam inúmeras “moderníssimas novellas” de autoria anônima, velhos conhecidos como Diabo Coxo, de Lesage, Paulo e Virgínia e A Choupana Índia, de Bernardim de Saint-Pierre, Mil e Huma (sic) Noites, o Atala, ou Amores de Dois Selvagens, de Chateaubriand, o Belizario, de Marmontel, e, que é o que nos interessa aqui, ficção inglesa:

Luiza, ou O cazal (sic) no bosque, de Mrs. Helme (21 de setembro de 1816), Viagens de Guliver, de

Jonathan Swift (15 de março de 1817), Vida e Aventuras admiráveis de Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (9 de abril de 1817), Tom Jones, ou O Engeitado (sic), de Henry Fielding (10 de maio de 1817), Vida de Arnaldo Zulig, de autor anônimo (4 de julho de 1818) e o complemento da

Historia da infeliz Clarissa Harlowe em 8 volumes, de Samuel Richardson (8 de março de

1820).228

Assim, podemos afirmar que os escritores que se aventuraram no terreno da criação da prosa de ficção nacional encontraram um público com um gosto já formado pela leitura de obras estrangeiras. Esse fato, de certa forma, facilitou o desempenho da tarefa patriótica desses autores, que não encontraram dificuldades para iniciar a produção de obras num gênero que vinha ao encontro das necessidades expressivas daquele momento. A prosa de ficção brasileira surgiu num período em que, como vimos, os autores viam-se diante da missão de criar uma literatura nacional na qual estivessem impressos aspectos peculiares à jovem nação. O romance, nesse sentido, mostrou-se um gênero bastante promissor, já que entre as suas características, na matriz européia, estava o olhar atento e analítico do escritor para a realidade que o cercava.

Essa característica está vinculada às discussões que emergiram no momento em que se deu a disseminação do romance moderno na Europa. A ascensão do romance na Inglaterra setecentista ocorreu paralelamente ao surgimento de discussões acerca do gênero, as quais tiveram berço nos prefácios e posteriormente ganharam espaço em periódicos, revistas literárias e na correspondência de leitores229. Conforme observa Márcia Abreu,

228 VASCONCELOS, Sandra Guardini T. “A Formação do Romance Brasileiro: 1808-1860 (Vertentes Inglesas)”. In: Projeto Memória de Leitura, Seção Ensaios. www.unicamp.br/iel/memoria. Consultado em 11/12/2002.

229 VASCONCELOS, Sandra G. T. A Formação do Romance Inglês: ensaios teóricos, Tese de Livre-docência apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo: 2000, p. 98.

Proliferaram, nos séculos XVIII e XIX, textos teóricos e críticos, os quais se dividiam em duas posições extremas: identificar os defeitos estruturais dos romances e condenar os perigos que sua leitura representaria ou exaltar a “nova forma” e glorificar as virtudes que dela adviriam. [...]

A leitura de romances traz à baila discussões de natureza ética, religiosa e intelectual, tanto mais acaloradas quanto mais se percebe a disseminação do gênero e sua influência sobre os leitores.230

Resumidamente, argumentou-se que o romance não era um gênero nobre, corrompia o gosto artístico e aviltava a moral:

Eu os vejo como um divertimento inocente, desde que se lhes dedique apenas algumas horas quando se deseja relaxar. Mas serão horas verdadeiramente perdidas aquelas que lhes forem dedicadas em detrimento dos estudos mais sólidos. A perda de tempo nem sempre é o maior perigo oriundo dos maus Romances. Neles, estragamos o gosto, criamos falsas idéias de virtude, encontramos imagens obscenas, sujeitamo-nos sem perceber; e nos deixamos amolecer pela linguagem sedutora das paixões, sobretudo quando o autor soube emprestar- lhes as cores as mais graciosas.231

A opinião de que o romance era um “divertimento inocente”, aparentemente favorável a ele, traz fortes restrições: não é uma “literatura séria” e a “inocência” pode desaparecer caso se dedique muitas horas à sua leitura. O fragmento é bastante ilustrativo, trazendo vários dos argumentos utilizados na época com vistas a vetar a leitura de romances: a questão da utilidade (a leitura de romances seria uma perda de tempo), a questão estética (a leitura dessas obras estragaria o gosto) e a questão ética (os romances atentariam contra a virtude das pessoas, pervertendo a moral e os bons costumes).

Nem todos, entretanto, viam com maus olhos o novo gênero, já que várias vozes levantaram-se para defendê-lo. Muitos dos entusiastas do romance partiram da consideração de que o gênero promovia a identificação do leitor com as personagens, apontada pelos detratores como problema, vendo nessa particularidade uma forma de evitar que os leitores cometessem os mesmos erros na vida real232. Uma das vozes eloqüentes na defesa do romance foi a do

polêmico Marquês de Sade que, ao defender o gênero, fala da sua utilidade e das características intrínsecas que poderiam beneficiar imensamente seus leitores:

230 ABREU, Op. Cit., pp. 254/255.

231 BRUZEN DE LA MARTINIÈRE. Introduction generale à l’étude des Sciences et des Belles Lettres, en faveur des personnes

Qui ne saven que le François. La Haye: chez Isaac Beauregard, 1731, pp. 189-190. Apud ABREU, Márcia. Op. Cit., p.

Sendo o romance, se é possível exprimir-se assim, o quadro dos costumes seculares, para o filósofo que quer conhecer o homem, ele é tão essencial quanto a história, pois o cinzel da história só grava o que o homem deixa ver, e, então, já não se trata mais dele. A ambição, o orgulho, cobrem sua fronte com uma máscara que nos representa apenas essas duas paixões, não o homem. O pincel do romance, ao contrário, capta-o no interior... pega-o quando ele retira sua máscara, e o esboço bem mais interessante, é também mais verdadeiro: eis a utilidade dos romances.233

Percebe-se a concepção de que o romance tinha a característica peculiar de tematizar o homem em toda sua plenitude, possibilitando sua melhor compreensão porque captava seu interior, nem por isso deixando de ser verdadeiro. Diderot, leitor apaixonado de romances e admirador de Richardson, utilizou-se de uma linha argumentativa semelhante para defender o gênero, cuja abundância de detalhes propiciaria ao leitor a intimidade com as personagens e a possibilidade de sentir o impacto das experiências narradas234. Para ambos, a leitura de

romances consistia numa experiência que, de certa forma, superava o contato com a realidade. O apelo para o caráter real das narrativas também era uma forma de defender o gênero da acusação de ser mero produto da fantasia e de distanciá-lo do romance romanesco235. Os

elementos que permitiram diferenciar romance moderno e romance romanesco possivelmente foram fixados em 1785, por Clara Reeves, com a publicação de The Progress of Romance:

Clara Reeves elaborou uma definição para o romance moderno que se repetirá com exaustão: uma narrativa, centrada na vida real, próxima do leitor no tempo e no espaço, que trata de coisas que podem acontecer a qualquer um em sua vida cotidiana, escrita em linguagem comum, elaborada de forma a convencer o leitor de que a história relatada realmente aconteceu e de modo a provocar reações de identificação, fazendo aquele que lê colocar-se no lugar do personagem e com ele sofrer ou se alegrar.236

A definição de romance moderno baseada no postulado de que ele tem uma relação mais íntima com a realidade não ficou restrita aos séculos XVIII e XIX, chegando aos nossos dias. Ian Watt, no clássico estudo acerca do romance, dedicou parte de suas reflexões ao estabelecimento de relações entre realismo e forma romanesca. A seu ver, o romance moderno 232 ABREU, Márcia. Op. Cit., p. 287.

233 SADE, Donatien Alphonse François. “Nota Sobre Romances ou A Arte de Escrever ao Gosto do Público”.

In: Os Crimes do Amor. Trad. Magnólia Costa Santos. Porto Alegre: L&PM, 2002, p. 46.

234 DIDEROT, Denis. “Elogio de Richardson”. Apud: ABREU, Márcia. Op. Cit., pp. 275 a 278.

235 “A artilharia pesada dirigida contra a ficção se devia, segundo May, aos preconceitos estéticos e morais com que uma parte considerável da crítica encarava os romances romanescos, isto é, aqueles romances que, escritos ainda no século XVII, eram ridicularizados por aquilo que era interpretado como irrealismo e transgressão às regras do bom gosto e do bom senso. Durante praticamente toda a primeira metade do século XVIII, o romance, herdeiro dessa verdadeira cicatriz de origem, teria de se haver com seus opositores e críticos.” (VASCONCELOS, Sandra G. T. A Formação do Romance Inglês..., Op. Cit., p. 136).

é caracterizado pela presença de um tipo de realismo que não consiste numa correspondência exata com a realidade, mas num conjunto de técnicas narrativas que permitem ao romancista efetuar “a elaboração do que pretende ser um relato autêntico das verdadeiras experiências individuais”237.

Segundo o autor, os primeiros romancistas introduziram várias inovações na tradição ficcional que os precedia, as quais lhes propiciaram incorporar em seus textos uma “visão circunstancial da vida”. Dentre essas inovações, destaca-se a maior atenção dispensada à particularização das personagens, que passaram a ser nomeadas de maneira a sugerir que fossem vistas como indivíduos contemporâneos dos leitores e a serem situadas num contexto com tempo e local particularizados. Por isso, o papel do tempo e do espaço no romance diferenciou-se em relação aos demais gêneros: o enredo incluiu o processo temporal e a causalidade, situando os fatos num esquema temporal cheio de detalhes e utilizando a experiência passada como causa da ação presente; o espaço passou a ser trabalhado de maneira que possibilitasse que a narrativa fosse visualizada como se estivesse se desenrolando num ambiente físico real. O modo de utilizar a linguagem também tornou-se peculiar, já que no romance ela é mais referencial que em outras formas literárias. Para Watt, essas modificações fizeram carreira na prosa ficcional e constituem um método narrativo inerente ao gênero romanesco e que, de certa forma, o define: o “realismo formal”238.

Tomando por base essa peculiaridade do romance, podemos pensar que ele satisfazia plenamente as necessidades dos românticos brasileiros. Como vimos, a solução encontrada pela maioria desses escritores para o problema da nacionalidade literária foi a temática: uma obra genuinamente brasileira deveria abordar o país e incluir, via descrição, a realidade nacional. Nesse sentido, o romance era como uma tela pronta para receber a “cor local” brasileira, configurando-se como uma excelente oportunidade de os escritores cumprirem a missão patriótica que se atribuíram. Essa oportunidade foi aproveitada pelos prosadores do

237 WATT, Ian. A Ascensão do Romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 27.

238 “O método narrativo pelo qual o romance incorpora essa visão circunstancial da vida pode ser chamado seu realismo formal; formal porque aqui o termo ‘realismo’ não se refere a nenhuma doutrina ou propósito literário específico, mas apenas a um conjunto de procedimentos narrativos que se encontram tão comumente no romance e tão raramente em outros gêneros literários que podem ser considerados típicos dessa forma. Na verdade o realismo formal é a expressão narrativa de uma premissa que Defoe e Richardson aceitaram ao pé da letra, mas que está implícita no gênero romance de modo geral: a premissa, ou convenção básica, de que o romance constitui um relato completo e autêntico da experiência humana e, portanto, tem a obrigação de fornecer ao leitor detalhes da história como a individualidade dos agentes envolvidos, os particulares das épocas e locais de suas ações – detalhes que são apresentados através de um emprego da linguagem muito mais referencial do que é comum em outras formas literárias.” (WATT, Ian. Op. Cit., p. 31.)

período, já que, como observa Candido, os romances da época elaboraram a realidade sob o ponto de vista do nacionalismo literário, daí as descrições de lugares, cenas, fatos e costumes nacionais. Para esse autor, “o eixo do romance oitocentista é pois o respeito inicial pela realidade, manifesto principalmente na verossimilhança que procura imprimir à narrativa.”239

Apesar desses atributos, o romance foi pouco abordado pela crítica oitocentista. Os textos românticos relativos à literatura nacional anteriormente analisados são quase silenciosos quanto a ele, remetendo-se sobretudo à poesia. A crítica, iniciada logo após a Independência e exercida basicamente em periódicos, teve um número reduzido de textos que abordaram a prosa brasileira. Tal situação repetiu-se nas tentativas de sistematização da literatura nacional, como os Florilégios e as Antologias, os quais excluíam os romances240. Exemplo significativo

também é o fato de que, em 1888, Silvio Romero, autor da considerada primeira história literária brasileira, ter excluído o romance, lacuna de que, anos depois, em 1907, queixou-se José Veríssimo na segunda grande história literária nacional.241 A primeira crítica de romance

nacional de que tivemos conhecimento foi publicada em 1844 e aborda o livro de estréia de Joaquim Manuel de Macedo, A Moreninha, publicado naquele mesmo ano.242

Dentro desse contexto, José de Alencar pode ser tomado como autor decisivo no que se refere à definição do romance brasileiro, já que esteve entre os primeiros a refletir sobre o gênero e a elegê-lo como forma literária através da qual concretizaria suas idéias de literatura nacional. Nesse sentido, ele se encontrou diante de uma dupla tarefa: colaborar para a criação da literatura genuinamente brasileira e, ao mesmo tempo, encontrar uma maneira eficiente de

239 CANDIDO, Antonio. Formação..., Op. Cit., p. 98.

240 Valéria Augusti, sob orientação da Profa. Dra. Márcia Abreu, está realizando uma pesquisa em nível de doutorado a respeito de como se deu a canonização do romance na historiografia e na crítica literária brasileiras. 241 “É de 1888 a publicação dos dois primeiros volumes da História da Literatura Brasileira do Sr. Sylvio Romero. Vinha essa história desde o século do descobrimento até 1870. Não obstante ser, ainda antes de acabado, o livro mais completo sobre nossa história literária, e apezar de suas dimensões, havia nelle lacunas sensíveis, como o silencio sobre o romance e o theatro, que justamente antes dessa última epoca aqui nasceram e mais floresceram. Essa falta á grave, não só do ponto de vista chronológico, mas ainda do ponto de vista lógico.

Certamente o autor emendaria, sem aliás poder mais sanar o que me parece erro de méthodo, nos seus subsequentes volumes, mas a obra, infelizmente, parou no segundo.” (VERÍSSIMO, José. “História da Literatura Brasileira”. In: Estudos de Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Garnier, 1907, pp. 1 e 2.)

242 MELLO, Dutra e. “A Moreninha”. Minerva Brasiliense – Jornal de Sciencias, Letras e Artes, publicado por huma associação de literatos. Rio de Janeiro: vol. II, no. 24, pp. 746-751, outubro de 1844. Apud. AUGUSTI, Valéria. O Romance como Guia de Conduta – A Moreninha e Os Dois Amores. Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Teoria Literária do IEL, UNICAMP, 1998. Na década seguinte, em 1855, houve a publicação de uma crítica a respeito de Vicentina, romance também de Macedo. (Crítica anônima ao romance

Vicentina, publicada na revista Guanabara em 1855. Apud AUGUSTI, Op. Cit.) Em 1866, Machado de Assis aborda

outro romance macediano: O Culto do Dever. (ASSIS, Machado de. “O Culto do Dever”, Crítica Literária, Obras

Completas de Machado de Assis. Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre: W. M. Jackson Editores, 1953, p. 63. Crítica

vazar em prosa a fórmula da brasilidade literária, consolidando, assim, o romance nacional. Seu projeto literário, difuso nos paratextos das obras, em textos teóricos e críticos, em sua correspondência e até mesmo em alguns textos políticos, deixa transparecer que ele se via como um iniciador da prosa nacional.