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Hospedar um megaevento implica em uma oportunidade única (ou pelo menos rara) no cenário político, nacional e internacional. As justificativas para o esforço à candidatura à cidade-sede dos Jogos Olímpicos normalmente incluem benefícios econômicos, adquiridos através dos investimentos públicos e privados, conquistas sociais como geração de emprego e inclusão social das camadas mais vulneráveis da população, entre outros impactos e legados105 que um megaevento esportivo pode proporcionar a uma localidade. A palavra legado é comumente utilizada para descrever o foco no impacto pós-evento. Muito embora, na visão de Crompton, em muitos casos, a projeção dos impactos de megaeventos esportivos tem sido usada para enganar deliberadamente o público em geral (e tomadores de decisões) e gerar suporte para candidaturas.106

Os Jogos Olímpicos são os eventos esportivos de maior prestígio que uma cidade pode realizar. Eles são o sonho e a realização de jovens atletas. Eles também representam um extraordinário legado esportivo, social, cultural e ambiental para a cidade-sede, sua região e país. O COI está dedicado e comprometido em assegurar que seu legado seja o melhor possível. (...) Atualmente, a realização dos Jogos Olímpicos pode agir como catalisador para o desenvolvimento urbano, permitindo que mudanças, que normalmente levariam décadas para ocorrer, serem concluídas dentro de um ciclo de sete anos.107

105

Os impactos se diferem dos legados pela temporalidade. Enquanto os impactos são registrados somente durante o período dos eventos, os legados podem surgir a partir de um impacto anterior.

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Crompton, Economic impact analysis of sports facilities and events: Eleven sources of

misapplication, 1995.

107 Traduzido do original: “The Olympic Games are the most prestigious sports event that a city

can organise. They are thedream and fulfilment of young athletes. They also represent an extraordinary sporting, social, cultural and environmental legacy for the host city, the region and the country. The IOC is dedicated and committed to ensuring that its legacy is the best possible

114 Neste contexto, a cidade anfitriã não só deseja, mas é convidada pelo COI a produzir um evento que celebre os mais elevados níveis de realizações que vão além das conquistas esportivas, incluindo benefícios sociais, culturais, políticos, econômicos e ambientais. Mas tais possíveis realizações devem ser contextualizadas. Recentemente, tem-se utilizado as Olimpíadas para atingir uma combinação de metas locais, como regeneração urbana e desenvolvimento econômico. Esta estratégia de regeneração urbana tem sido legitimada pela demanda decorrente de reestruturação econômica local e de mudanças de modelos de consumo, além de refletir as mudanças na economia internacional e, em particular, em setores como indústrias de mídia, telecomunicações, lazer, viagens e turismo. De modo a enaltecer sua imagem como uma metrópole adiantada, uma cidade globalizada e um centro internacional para comércio e negócios.

Notamos isso no caso de Barcelona 1992 buscou revitalizar sua cidade como centro de turismo internacional. Atlanta 1996 tornou-se um grande centro de negócios. Para a emergente China, Pequim 2008 estava em busca do reconhecimento internacional de seu crescimento econômico e industrial. Estas abordagens de regeneração envolvem novas formas de financiamento, aceleração de desenvolvimento e renovação urbana, enquanto combina elementos de mudança política e regeneração social com o objetivo de reduzir as tensões internas no âmago das cidades e seu potencial latente de inquietação social.108

A primeira vez que a palavra legado foi encontrada em documentos de candidatura remonta à Melbourne 1956. Embora a palavra legado não tenha aparecido até o meio do século passado, as primeiras referências ao 'legado' eram comumente tidas como benefícios ou motivações para sediar os jogos enfatizando o êxito da organização dos Jogos através da disponibilização de locais de competição necessários com a eventual inclusão

one. (...) Nowadays, hosting the Olympic Games can act as a catalyst for urban redevelopment, enabling changes, which might normally take several decades, to be completed over a seven- year cycle”. Retirado do prefácio de Jacques Rogge (presidente do COI) para o livro The Economics of staging the Olympics: a comparison of the Games 1972-2008 de Holger Preuss.

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115 da sua esperada utilização pós-Jogos.109 Segundo McIntosh, Antes do uso da palavra legado no processo de candidatura, os exemplos de benefícios propositais para a área local através da realização dos Jogos só pode ser descrito como:

vague and fleeting in their pattern of inclusion. Instead, the early potential candidate city hopefuls largely wrote of how suitable and capable they were, of what an “honor” it would be to serve the Olympic Movement in this capacity, or what of their promises would include in order to ensure that the celebration of the Games would be a success.110

Já o conceito de legado de megaeventos esportivos apareceu primeiramente durante a década de 1990, em meio a uma discussão sobre custos e benefícios da organização dos mesmos, não somente relativos aos aspectos econômicos, mas também sobre os aspectos social e ambiental. O Grupo de Trabalho Internacional de Esporte para o Desenvolvimento e Paz da ONU, afirma que a prioridade de um megaevento é o bom desenvolvimento e planejamento do evento, que permite não só um melhor controle das atividades, bem como torná-las inclusivas, tarefa complexa em se tratando de esportes de alto rendimento.111

Baseado no relatório da Comissão de Estudos dos Jogos Olímpicos em 2002, durante uma sessão do COI no México, tornou-se obrigatória a previsão dos legados positivos que beneficiem a qualidade de vida dos países já durante o processo de candidatura aos Jogos Olímpicos. Enquanto a noção de desenvolvimento sustentável era previamente limitada em considerações ambientais, foi acrescentada referência à ideia de legado Olímpico:

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Leopkey, B. The Historical Evolution of Olympic Games Legacy, 2009, p. 8

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McIntosh apud Leopkey, The Historical Evolution of Olympic Games Legacy, 2009, p. 8 - “Vaga e fugaz em seu padrão de inclusão. Em vez disso, as primeiras potenciais cidades candidatas escreveram, em grande parte, de como adequado e capaz que eles eram, que seria uma "honra" servir ao Movimento Olímpico nesta capacidade, ou que entre suas promessas incluiria a garantia de que a celebração dos Jogos seria um sucesso”. (tradução nossa)

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(The IOC) takes measures to promote a positive legacy from the Olympic Games to the host city and the host country, including a reasonable control of the size and cost of the Olympic Games, and encourages the Organizing Committees of the Olympic Games (OCOGs), public authorities in the host country and the persons or organizations belonging to the Olympic Movement to act accordingly.112

Neste documento, o COI se compromete a assegurar que a cidade anfitriã e seus residentes terminem os Jogos com melhores infraestruturas, expertise e experiência. O interesse do COI em tentar maximizar as oportunidades e diminuir suas consequências negativas se dá porque legados positivos fundamentam a teoria de que os JO são bons para a cidade anfitriã, além de justificar o uso de recursos públicos na construção da infraestrutura necessária para a realização do evento.

Não existe uma definição clara de legado, do que ele representa e porque sua preservação é tão desejável, e essas são questões de debate e controvérsia. Legado é uma palavra que se refere a uma ampla variedade de questões pós-Jogos, políticas e práticas. Cada cidade olímpica tem algum tipo de legado: prédios, monumentos, arte pública, exposições, museus, repositórios, arquivos, selos, lembranças, recordações, placas e nomes de ruas. Para o COI, ‘legado’ cobre questões práticas, tais como "os restos dos Jogos" e o destino de instalações olímpicas. Inclui também o “resíduo emocional" de uma Olimpíada – como as memórias orais, histórias e recordações de Jogos que são valorizadas por cidadãos individuais, a depressão pós-Jogos e até mesmo o sentimento de luto pela perda dos Jogos. Há cerimônias para comemorar os aniversários dos Jogos que são, em parte, uma tentativa de marcar as Olimpíadas na história de uma cidade.113

112 Carta Olímpica, Regra 2.13 – “O COI toma medidas para promover um legado positivo dos

Jogos Olímpicos para a cidade anfitriã e para o país anfitrião, incluindo um controle razoável do tamanho e custo dos Jogos Olímpicos, e encoraja os Comitês Organizadores dos Jogos Olímpicos, autoridades públicas no país anfitrião e as pessoas ou organizações pertencentes ao Movimento Olímpico a agir de acordo”. (tradução nossa)

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117 Legado inclui ainda resultados imprevistos e não planejados – como fardos, que podem ser dívidas, o custo contínuo do uso de instalações caras e sub-utilizadas, que se tornam elefantes brancos e ainda ex- sedes olímpicas e infraestrutura degradadas. Estas são lembranças visíveis de falta de visão Olímpica ou uma falha em se planejar adequadamente para o período pós-olímpico.

Há também uma variedade de intervenientes pós-Jogos em cidades olímpicas que inspecionam o legado, direta ou indiretamente: o Comitê Olímpico Nacional, os administradores dos antigos locais olímpicos, vários níveis de governo, líderes empresariais e turísticos e Centros de Estudos Olímpicos. Cidades muitas vezes se preparam bem para o seu legado pós- Jogos.

Referências ao legado não aparecem com frequência em documentos oficiais do COI, não há menção na Carta Olímpica e a idéia não apareceu em documentos de candidatura até recentemente. A organização dos Jogos Olímpicos contemporâneos é uma tarefa tão grande e desafiadora que o foco total é em vencer o processo de escolha da cidade e, em seguida, realizar Jogos bem sucedidos dentro do prazo estipulado.

Nos últimos tempos tiveram início as políticas legados do COI, como o Serviço de Conhecimento dos Jogos Olímpicos, que envolve a transferência de conhecimento a partir de uma Olimpíada para outra. O processo de candidatura para os Jogos Olímpicos de 2008, que teve Pequim como cidade escolhida, foi o primeiro contrato a especificar um legado de arquivo. O caso contra legado repousa sobre as dimensões problemáticas da palavra. Como o legado possui múltiplos significados, existe o perigo de se tornar uma palavra elástica que se estende para incluir tudo. Como legado é um conceito em evidência atualmente e é geralmente considerado algo positivo – os benefícios do legado são considerados auto-evidentes – dificilmente tem uma definição completa, sendo ajustado para casa caso em questão.114

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118 No documento final de um simpósio realizado em Barcelona em 2002 sobre os legados dos Jogos Olímpicos realizados entre os anos de 1984 e 2000, após longos debates a respeito de legado e suas dimensões, chegou-se à seguinte conclusão:

After hearing papers talking about different experiences from games and cities, the idea emerged that the effects of the legacy have many aspects and dimensions, ranging from the more commonly recognized aspects – architecture, urban planning, city marketing, sports infrastructures, economic and tourist development – to others that are just as, if not more important, but that are less recognized. In particular, it is necessary to point out the importance of so called intangible legacies, such as production of ideas and cultural values, intercultural and non-exclusionary experiences (based on gender, ethnicity or physical abilities), popular memory, education, archives, collective effort and voluntarism, new sport practioners, notoriety on a global scale, experience and know- how, etc. These intangible legacies also act as a motor for the tangible ones to develop a long-term legacy.115

Para Keith Gilbert legado só pode ser deixado por pessoas para pessoas ou gerações mais velhas para gerações mais jovens. “Legado - em minha perspectiva – não é uma lei da natureza, mas trata-se de uma característica puramente humana e intergeracional, em que as gerações mais velhas deixam legados para as mais jovens”.116

Gratton e Preuss definem legado como “estruturas, planejadas e não planejadas, positivas e negativas, intangíveis e tangíveis, criadas mediante um evento esportivo que permanecem após o evento”.117

Podemos afirmar, somente, que o conceito de legado está ligado aos impactos (positivos ou negativos) de longo prazo associados aos jogos. Esses impactos

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O documento The legacy of the Olympic Games: 1984-2000 está Disponível em http://olympicstudies.uab.es/olympiclegacy/

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Keith Gilbert, durante palestra no Simpósio Londres Rio, 2012.

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119 podem ser econômicos, socioculturais, ambientais, físicos, políticos e psicológicos, assim como relacionados ao turismo, o legado é um fenômeno multidimensional, pois está relacionado a diversas fases, da proposta para a realização do evento até o plano para a utilização após o evento. A concepção de legado transcende a herança concreta dos Jogos e se estende a uma concepção mais ampla que abrange a apropriação subjetiva dos custos e benefícios pela comunidade participante dessa organização. Essa condição leva a posterior apropriação dos equipamentos urbanos, incorporando-os às atividades da comunidade, facilitando seu uso.118

Três dimensões do legado podem foram identificadas por Gratton e Preuss: primeiro, o grau de estrutura planejada, em segundo lugar, o grau de estrutura positiva e em terceiro, o grau de estrutura quantificável. As três dimensões do legado formam um 'cubo do legado' (figura abaixo). O cubo tem oito cubos menores. Seria necessária uma avaliação holística de um megaevento para identificar todos os legados. Na realidade, a maioria dos estudos pré-eventos e de comissões de candidatura tem em foco apenas um subcubo (planejado, positivo ou tangível). Muitos dos estudos de viabilidade pré-evento e estudos de impacto que contemplam legados são potencialmente tendenciosos, porque a ambição daqueles que conduzem os estudos é favorecer a realização do evento e, portanto, eles enfatizam somente um subcubo em especial.119

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Rubio, Os jogos olímpicos e a transformação das cidades, 2005.

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Cubo do legado Fonte: Gratton e Preuss, 2008

O legado dos Jogos Olímpicos afeta a cidade anfitriã em diversos aspectos e podem ser definidos como ‘tangíveis’ e ‘intangíveis’. As estruturas tangíveis são aspectos mais facilmente mensuráveis e são divididas em estruturas primárias (ligadas às práticas esportivas durante o evento), secundárias (participam no apoio da realização do evento, como a vila dos atletas) e terciárias (ligadas ao entorno do evento e à infraestrutura urbana necessária para sua realização). Pela classificação de Preuss, as estruturas intangíveis são compostas pelo conhecimento, pelas redes e pelos bens culturais. Kaplanidou e Karadakis citam como exemplos de legados intangíveis a regeneração urbana, o aumento da reputação internacional, a produção de valores culturais, as experiências emocionais e o aumento de conhecimento. Estes autores apontam que tais aspectos são mais difíceis de serem medidos e identificados.120

120

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Tipo de legado

Tangível / Intangível

Não Planejado Planejado / Positivo / Negativo

Esportivo Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Econômico Tangível Planejado ou não Positivo ou negativo Estrutura / Equipamentos Tangível Planejado Positivo ou negativo Informação / Educação Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Cultura Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Simbólico / Histórico Intangível Não planejado Positivo ou negativo

Urbano Tangível Planejado Positivo ou negativo

Psicológico Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Social Tangível / Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Ambiental / Sustentabilidade Tangível Planejado ou não Positivo ou negativo Político / Governança Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo Saúde Intangível Planejado ou não Positivo ou negativo

Resumo das tipologias e dimensões do legado Fonte: Compilado de Gratton e Preuss, 2008

Poynter corrobora com este sentimento afirmando que a mensuração dos impactos primário e secundário por sediar os Jogos Olímpicos é complexa121. O legado pode ser de curto ou longo prazo; tangível ou intangível. Com base nesta visão, Poynter elaborou uma matriz modificada, expandida em relação à matriz original de Preuss, como mostrada abaixo.

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O Comitê Olímpico Internacional introduziu em 2001 seu próprio programa de Impacto Global dos Jogos Olímpicos para identificar uma série de medidas objetivando avaliar o impacto do evento. Um OGGI tornou-se exigência para a cidade-sede com o estudo iniciando- se dois anos antes do evento e o impacto prosseguindo durante nove anos após o evento. Quatro estágios incorporam o estudo – a concepção da candidatura, a organização dos Jogos, o próprio evento e a fase de encerramento que se completa com a dissolução do Comitê Organizador. [Poynter, G. From Beijing to Bow Bells, 2006, p. 19]

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Matriz expandida do legado Fonte: Poynter, 2006.

123 Os diversos componentes do legado assumem maior significado para cidades que se candidataram a sediar os Jogos a partir do evento de Barcelona em 1992. Os Jogos de 1992 foram os primeiros a ocorrer na época do pós-guerra fria e vieram para simbolizar os valores pós- ideológicos que tipicamente orientam a realização do evento Olímpico. Enquanto os Jogos de Los Angeles representaram o triunfo do “espetacular” e do pragmatismo da comercialização desenfreada, Barcelona antecipou a volta da cultura nos negócios econômicos, apresentando, em retrospecto, uma versão suave e menos espetacular de regeneração urbana e renovação. Sidney e Londres seguiram essa tendência, com a candidatura de Londres cristalizando esses aspectos-chave.122

A importância do legado aumentou tanto nos últimos anos que uma grande percentagem das obrigações dos Comitês Organizadores agora se foca nele. Como resultado do aumento do uso e da formalização do legado tem ocorrido a inclusão de vários novos temas como meio ambiente, informação, educação. Mudanças na ênfase sobre os tipos de legado, incluindo o elo mais forte para a cidade e as iniciativas de planejamento regional, a sua sustentabilidade, a sua crescente complexidade e da interconexão encontrada dentro da tipologia dos legados, e sua governança global.

Interconexão entre os perfis do legado

Fonte: Palestra do professor Dr. Keith Gilbert, University of East London, 2012

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124 Vale ressaltar que os Comitês, na tentativa de fortalecer os processos de candidatura, focam nos legados positivos e ignoram as potenciais consequências negativas que seus planos podem ter. Cada cidade tem fatores diferentes de qualidade que tornam a cidade mais ou menos atraente. Hoje, as cidades estão em concorrência global para atrair atividade econômica. Quando o legado é significativo, a cidade-sede está em uma posição melhor para enfrentar esta competição.

A possibilidade de isso acontecer é reforçada por estrategicamente incorporar o evento nos processos mais amplos de desenvolvimento. A estratégia de construir um legado começa com a decisão de concorrer a um evento específico. Jogos Olímpicos são eventos diferenciados nas estruturas de que necessitam e as cidades diferem nas estruturas que podem proporcionar. A estratégia centra-se nas estruturas adicionais de um evento e cria a necessidade destas estruturas à longo prazo. Após o evento, algumas estruturas são desmontadas ou reduzem em tamanho, mas outras permanecem por um longo período de tempo após o evento.

Portanto, há uma preocupação por parte do comitê avaliador das cidades candidatas, ligado ao COI, que haja um aproveitamento por parte da comunidade local de todos os benefícios diretos da organização do evento. Nesse sentido, a avaliação do legado de uma cidade olímpica oscila entre os benefícios – ou prejuízos – materiais, mensuráveis pelos custos financeiros envolvidos e obras edificadas, e humanos, de quantificação mais complexa, porém inegável, que vai da criação de um novo imaginário para espaços anteriormente constituídos à reordenação dos mecanismos de gerenciamento desses novos espaços, o que lhes permitirá a atribuição de novos significados.123

Um bom legado é aquele dirigido por um momentum contínuo nascido de fatores intangíveis que incluem capital social aliado a progressivas e comprometidas estruturas de governança, eficiência na integração das redes, suporte comunitário, transparência, fortes elos de

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125 comunicação, confiança cívica e motivação.124 Neste sentido, o momentum do legado é a capacidade da cidade anfitriã de continuar a crescer após o abrandamento econômico pós-Jogos. Este é o mais importante fator de determinação da medida em que os jogos podem conduzir a transformação de sua cidade-sede. Para que seja possível atingir momentum, primeiramente deve-se entender que os Jogos Olímpicos devem ser parte de um plano pré- existente de regeneração que envolve novas fases a serem implementadas após o encerramento do evento.