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3.1 – Aspectos iniciais

Neste capítulo, trago dados empíricos referentes à minha vivência no grupo de CSA, que ocorreu entre agosto e outubro de 2017. As atividades de campo foram realizadas com o intuito de observar como se davam as relações entre produção e consumo nesse contexto. Entretanto, não somente, durante esse período pude compreender as formas de gestão, funcionamento e particularidades do grupo, as relações estabelecidas entre os membros, o alimento enquanto um agente ativo, entre outras questões. Assim, participei das entregas das cestas, de atividades no sítio, de uma atividade cultural e de um mutirão. Também realizei entrevistas abertas com uma fundadora do grupo, gestores, bolsistas, cotistas e agricultora. Além de conversas com diversos membros enquanto participava de alguns desses momentos. Entretanto, tal imersão em campo não acontecia somente quando estava no sítio, ou na entrega das cestas, mas tive oportunidade de ser acolhida na casa de uma das fundadoras da CSA, que participou do grupo como gestora até meados de 2016 e atualmente permanece no grupo como cotista.

Início este capítulo com a descrição da história do grupo, a partir do entendimento de que para que eu possa compreender a relação entre produção e consumo hoje, preciso aproximar-me da história e de como ela se deu no tempo. Conto essa história a partir da construção de redes de relações, baseadas na Teoria Ator Rede (LATOUR, 2012), sendo que escolho três momentos específicos para aprofundar tal descrição, onde a rede se reconfigurou a partir de tensões experenciadas pelo grupo e de estratégias de gestão escolhidas para superar tais momentos.

Posteriormente, trago os dados de observação e entrevistas do campo, divididos em três partes, evidenciando a relação entre produção e consumo. A primeira descrição refere-se à entrega das cestas, onde apresento aspectos relativos aos dias de entrega e elementos que ajudaram-me a compreender como se dá a relação entre produção e consumo nesse contexto. A segunda parte refere-se à descrição das vivências no sítio, onde aproximo-me da agricultora e participo das atividades de produção, também na tentativa de articular percepções entre a relação

da produção e do consumo. Por último, a terceira parte é composta pelo entendimento e descrição do que seria a CSA para alguns participantes do grupo, procurando materializar um entendimento sobre essa comunidade. Entretanto, antes de iniciar realmente este capítulo, trago um pequeno parêntese com impressões explicativas de como a história será contada, além de relatos relativos ao primeiro momento em que estive em campo42.

Primeiras percepções e um pequeno parêntese

Era o meu primeiro dia de campo, uma quarta feira, agosto de 2017. Sinto todas as inseguranças possíveis geradas por iniciar um trabalho de campo com metodologia embasada nas Ciências Sociais. Já havia feito uma pequena aproximação com os gestores do grupo e com a agricultora durante a festa junina, que ocorrera em maio do mesmo ano. Porém ali, naquele primeiro dia de trabalho de campo, experimentar o papel de pesquisadora fora complexo. Chego pontualmente às 17h, horário previsto para o começo da entrega das cestas. Ao entrar no espaço Serena Terra, deparo-me com a Rafaela, gestora e bolsista da CSA, o que me tranquiliza uma vez que já havia conversado anteriormente com ela. Sento-me em um banco de madeira na varanda de uma casa bonita, com muito verde. Enquanto a Rafaela conversa com algumas pessoas que estão chegando para expor seus produtos em algo que parece uma feira, olho bem a minha frente os alimentos da CSA. Os alimentos são dispostos em caixotes de madeira, cada um com um tipo de produto diferente. Cada caixa com uma plaquinha identificando o produto e uma placa maior, pendurada sobre os caixotes, com uma lista de quantidades de cada produto para cada cotista. Ali, naquele reduzido espaço ocupado pelos caixotes estava a primeira representação daquele grupo de CSA para mim.

Espanto-me com a rapidez da organização do espaço para a entrega dos alimentos da CSA, e deduzo que por ser uma só agricultora, pelos produtos não estarem divididos por cestas (ou seja, cada cotista deveria pegar seus próprios alimentos), permite que o processo de organização seja muito rápido, podendo a

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Uma observação importante refere-se à identificação dos participantes nessa pesquisa. Todos os que estão citados no documento desejaram, concordaram e autorizaram a identificação, conforme as cláusulas do TCLE assinado. Os que não concordaram, não estão identificados no texto. O modelo do TCLE está no Anexo 1.

agricultora e os gestores chegarem poucos minutos antes do início das entregas. Junto com a entrega das cestas acontece uma feira, onde boa parte das barracas comercializa algum tipo de alimento. Nesse primeiro dia, somente dois feirantes não comercializavam alimentos e trabalhavam com artesanato. Entretanto, os produtos do sítio Centenário não eram comercializados na feira, somente por meio da CSA. Sento-me em um dos poucos bancos de madeiras desocupados e observo. Nesse primeiro momento, não me sentia à vontade para abrir um caderno de campo e anotar minhas impressões. Sentia-me muito desconfortável com essa possibilidade, era como se estivesse vigiando e sendo vigiada por aqueles que circulavam ali. Então, presto atenção em tudo que ocorria em minha volta. Após cada conversa, abro rapidamente meu caderno e anoto pequenos trechos que gostaria de lembrar. Ao final, quando chegava à casa da Flávia (antiga gestora e atual cotista do grupo que me acolhera) fazia um longo relato a partir do que havia vivenciado e anotado. Esse foi o processo utilizado durante toda a coleta de dados.

Enquanto observo o movimento acontecendo e a configuração do lugar, começo a conversar com as pessoas. Atento-me ao fato de que todos com quem conversava, nesse primeiro dia, eram cotistas. Não haviam bolsistas ali, no momento da entrega das cestas. Eles foram chegando aos poucos, com o final da entrega, devido a uma atividade cultural que aconteceria no espaço. Em algum momento, uma bolsista senta-se ao meu lado. Conversando, elogio o espaço de entrega de cestas, e o movimento que ele gera. Ela comenta:

“Sim, aqui é lindo, e super legal! Só os bolsistas ficam naquele lugar afastado, sem feira, sem nada acontecendo. A gente que ta direto em campo, não tem nem um espaço bacana para pegar a cesta!”

Nesse momento, compreendo que apesar de imaginar as complexidades que envolvem um grupo de CSA, havia subestimado-as. Percebo rapidamente que aquele grupo era formado por agentes que não somente escolhiam participar desse novo modelo de abastecimento alimentar, mas também se posicionavam abertamente quanto às suas opiniões. Entendo também que, ao idealizar a atuação e a relação desses diferentes agentes e ao me deparar com a realidade, me surpreendo. Movimento esse que faço a partir da compreensão de que bolsistas e cotistas não conviviam na entrega das cestas. Não era esse, o espaço de interação deles. Enquanto aquela bolsista me relatava seu descontentamento, eu presenciava

uma tensão vivenciada pelo grupo. Essa mesma fala representaria muitas outras falas que ouvi durante o período em que estive em campo.

Esse primeiro dia, ao me ver sentada em um banco, enquanto alguns dançavam, conversavam e bebiam, uma infinidade de questões brotava em minha mente. Dúvidas essas que representavam as minhas inseguranças frente a essa pesquisa e que me faziam suspeitar das diversas certezas que ainda permaneciam dentro de mim. Eu havia estudado sobre CSA, conversado previamente com membros desse grupo, lido todas as atas de reuniões do grupo desde sua fundação. Contudo, ali, percebia que todas essas informações seriam importantes para me aproximar da história, entretanto, não retratavam a configuração da CSA naquele momento, e não me aproximavam da relação entre produção e consumo para aquela comunidade. Aquele grupo estava em constante transformação. Sendo assim, ao mesmo tempo que lidava com esses questionamentos, incertezas e observava aquele ambiente, percebia as mudanças que reconfiguravam aquele grupo. Essas, eram constantes e geravam tensões percebidas por todos os membros.

Ao mesmo tempo em que me deparava com as constantes mudanças do grupo, também observava as mais diversas criações sugeridas pelos membros do grupo, para que esses pudessem percorrer pelos momentos de tensão. Chamo, durante o texto, tais criações de estratégias de gestão. Assim, diante desse cenário de tensão que pude vivenciar logo em meu primeiro dia de campo, diversas estratégias de gestão surgem, as quais pude acompanhar, por coincidirem com o período em que eu estive em campo.

As primeiras estratégias que pude observar foram sugeridas para que o grupo pudesse lidar com o distanciamento existente entre cotistas e bolsistas. A primeira e mais perceptível foi a unificação da entrega das cestas. Anteriormente, bolsistas buscavam as cestas nas segundas-feiras, em um estúdio de tatuagem chamado Casa Teresa. Esse local não está no centro da cidade e nesse primeiro momento, não acontecia feira conjuntamente com a entrega. Os cotistas retiravam suas cestas nas quartas – feiras, no Serena Terra, um local mais centralizado e com ocorrência de feira concomitantemente. Após o entendimento do momento de tensão e a percepção do distanciamento entre bolsistas e cotistas, como primeira

estratégia de gestão, foram unificadas as entregas. Nesse sentido, as entregas continuaram acontecendo em ambos dias, em ambos locais, contudo, bolsistas e cotistas poderiam escolher qual é o melhor dia e local para retirar suas cestas, desde que avisem a agricultora com antecedência. Também iniciou-se a realização de feiras na Casa Teresa. Conversando com uma bolsista, ela reflete sobre o a divisão entre cotistas e bolsistas:

“Então essa sensação de dois projetos aconteceu porque foi real. A dinâmica era diferente entre bolsistas e cotistas e o que agora vem acontecendo, que foi uma reflexão dos bolsistas que também estavam sentindo falta dos cotistas é a oportunidade de dois pontos poderem se mesclar entre bolsistas e cotistas como pontos de entrega. É um primeiro passo onde as pessoas veem os seus rostos, mas não necessariamente interagem. E que é isso que temos pensado, como criar mais espaços.”

Essa percepção e necessidade de tentar unificar o grupo não partiu somente dos bolsistas. Cotistas começaram a demandar esse processo, bem como o núcleo gestor. Nesse sentido, a outra estratégia de gestão criada para lidar com tal tensão foi a organização e realização de um minicurso sobre CSA. Essa atividade foi proposta por meio da parceria entre alguns bolsistas, cotistas e um dos rapazes que morou no sítio por um período. Seria o momento de compartilhar os aprendizados que tiveram em uma formação, na CSA mais antiga do estado de São Paulo, localizada no município de Botucatu. Também seria o momento da Flávia, ex- gestora e atual cotista, partilhar discussão conceitual em torno da CSA, bem como as experiências vivenciadas nas CSA existentes em Brasília43. Esse minicurso foi realizado para todos os membros do grupo, também com a intenção de promover mais um espaço de interação e de formação para toda a comunidade.

Por se tratar de um período recente (tais sugestões começaram a ser concretizadas em agosto de 2017), algumas estratégias estão sendo discutidas, mas ainda não foram colocadas em prática, como por exemplo a proposta de apadrinhamento entre bolsistas e cotistas. A proposta é que cada bolsistas escolha um cotista para apadrinhá-lo, intencionando que os membros possam interagir e conversar. Além disso, o grupo discute a possibilidade de, a partir de um estudo

43 Durante setembro de 2017, alguns membros da CSA São Carlos foram conhecer diversas CSAs

existentes em Brasília. No estado há mais de 20 CSAs ou grupos que têm o funcionamento semelhante à uma CSA.

sobre o perfil dos membros, criar uma rede de troca de serviços, na intenção de que os benefícios de fazer parte de uma comunidade se expandam para além do abastecimento alimentar.

Poder vivenciar, logo em meu primeiro dia de campo, as reverberações e desdobramentos desse momento de tensão me proporcionou a possibilidade de adentrar em maior profundidade em algumas questões do grupo que talvez não aparecessem em outros momentos. Também, observar diretamente um momento desse foi a possibilidade de derrubar as certezas que eu imaginava já não ter mais, mas que permaneciam em mim. Nesse sentido, foi a oportunidade de despertar em mim a curiosidade para conhecer o grupo e suas entranhas.

3.2 - A História

O grupo de CSA de São Carlos começou a ser estruturado no final de 2012, constituindo-se no início de 2013. Entretanto, sua história inicia-se, mesmo que indiretamente, anos antes, com a articulação de três elementos. O primeiro deles surge em meados dos anos 2000, com o projeto Horta Orgânica, idealizado pela Associação para Proteção Ambiental de São Carlos (APASC). Essa iniciativa tinha como objetivo a constituição de uma horta orgânica que fosse um espaço educativo e de geração de renda para jovens aprendizes. Por volta do ano de 2004 a APASC firmou parceria com a Prefeitura Municipal de São Carlos, que fornecia apoio para aquisição de sementes, insumos e cesta básica aos jovens que trabalhavam no local. A proposta do grupo era de que o alimento produzido na horta fosse vendido em cestas semanais, para consumidores que desembolsavam um valor fixo mensal. O modelo da CSA se aproximava tanto dessa proposta que, na ocasião, os consumidores que participavam do projeto, eram chamados de cotistas, semelhante à denominação utilizada hoje pelo grupo de CSA. A APASC chegou a ter 60 cotistas, que mensalmente investiam no projeto em troca de cestas de produtos semanais. Entretanto, no ano de 2012 a Prefeitura Municipal de São Carlos desfez a parceria com a APASC. Com isso, o projeto Horta Orgânica foi finalizado.

Uma outra parte da história da fundação da CSA São Carlos também aconteceu no período descrito a cima. No ano de 2009, Adinalsa Diniz Brito, mais

conhecida como Dina, agricultora familiar nascida em Minas Gerais, fazia o seu primeiro curso sobre olericultura orgânica no município de Cotia/SP. Dina havia retornado ao sítio Centenário, propriedade arrendada pela sua família, havia poucos anos. De uma família de agricultores, ela saíra do sítio em busca de outras oportunidades. Em meados dos anos 2000, ela retorna ao meio rural, na tentativa de ajudar os pais na lida da terra. Também nesse período, o pai da Dina, adoece devido a uma intoxicação por agrotóxicos. A partir desse momento, Dina reafirma seu compromisso de trabalhar no sítio, mas com o propósito de alterar o modo de produção convencional por uma agricultura sustentável. Assim, o Sítio Centenário inicia a sua transição agroecológica. No início, foram diminuídos os insumos químicos, posteriormente, esses mesmos deixaram de ser utilizados conforme a proposta das primeiras etapas sugeridas por Gliesseman et al. (2007). Ao meu ver, após a Dina relatar essa história, não era somente o sítio que estava iniciando uma mudança, mas a própria Dina que se abria para uma nova proposta e buscava meios para se formar quanto às técnicas e procedimentos da agricultura orgânica. Enquanto fazia o curso de olericultura orgânica, Dina teve a oportunidade de aproximar-se de uma CSA.

“Vi que o pessoal de lá vendia de uma forma diferente. No começo eu perguntava as coisas, mas não me falavam direito. Só me falavam que era uma CSA. Aí, um dia, precisavam de ajuda nas entregas e me chamaram para ir junto e eu fui. Aí fui entender o que era aquele esquema. Que era um negócio garantido, onde o consumidor apoiava o produtor e havia um financiamento da produção. Aí voltei para o sítio e fui falar com o meu pai. E isso ficou na minha cabeça, de que era o melhor esquema.” (Dina, em uma de nossas conversas)

Antes de aproximar-se de uma CSA, Dina comercializava para as políticas públicas, para um restaurante vegetariano e em feiras convencionais. Entretanto, a comercialização sempre fora um gargalo para a agricultora.

Apesar de acreditar que o modelo da CSA era uma proposta adequada à sua realidade, Dina não imaginava como materializar a CSA no Sítio Centenário. Nesse momento, vincula-se a história do terceiro componente responsável pelo início da CSA São Carlos. No ano de 2012 é fundada a Associação Veracidade no município. Desde seu estabelecimento, a Associação propunha práticas de permacultura em diálogo com a cidade. No ano de 2013 um dos fundadores da

Associação juntamente com um articulador e fomentador das CSA no Brasil, convidam a Dina para participar da articulação de uma CSA em São Carlos.

Assim, a partir da articulação de diversos atores, forma-se a CSA São Carlos. O primeiro desses atores, o histórico de um projeto que perdurou 12 anos e que demonstrou que há consumidores interessados em financiar a produção agrícola em troca de cestas de produtos no município. O segundo, uma agricultora disposta e interessada em participar de um novo modelo de produção, distribuição e consumo de produtos agrícolas. E por último, uma Associação e um fomentador de CSA no Brasil motivados a iniciar os diálogos com relação a esse novo modelo de grupo de consumidores.

Nesse primeiro momento, as reuniões da CSA eram compostas por 32 consumidores interessados em conhecer a proposta, dois sítios, três agricultores (o grupo sentiu-se mais confiante com a presença desses três no primeiro momento) e uma associação que se dispôs a executar as ações que eram encaminhadas em reuniões e assembleias da CSA. Essa foi a configuração inicial do grupo. Foram realizadas diversas reuniões com a presença do Richard Charity (fomentador da CSA Brasil), para “nivelar” o grupo quanto ao conceito de CSA, bem como para alinhar acordos. Assim, nesses espaços eram decididos o tamanho e a configuração das cestas, o valor da cota mensal, a quantidade de produto que cada um dos agricultores iria levar para compor a cesta, os produtos. Também eram apresentados e discutidos os princípios de uma CSA,

Uma preocupação presente durante a formação do grupo era garantir a autonomia da CSA frente à Associação Veracidade. Assim, apesar da Associação executar, por meio de uma gestora, as ações decididas coletivamente em assembleia, foram elaborados diversos documentos como uma carta de princípios e regimento interno que afirmavam a CSA enquanto um grupo independente. Também, como instrumento de gestão foi criado o conselho gestor, que a princípio teria a configuração dos seguintes membros: 2 representantes de produtores, 2 representantes de consumidores, 1 agrônomo, 1 representante da CSA Brasil e 1 representante da Associação Veracidade. Essa composição nunca se concretizou, mas independente das representações dos membros, o grupo estabeleceu a formação de um conselho gestor.

As cestas começaram a ser entregues no início do ano de 2014 com duas possibilidades de tamanho de cestas, a meia cota no valor de R$ 64,00 e a cota cheia no valor de R$ 100,00. A meia cota era composta de 2 folhosas, 2 raízes (1/2 kg de cada variedade) e 2 frutas (1/2 kg de cada variedade) e cheiro verde. Na cota inteira eram 3 folhosas, 3 raízes (1kg de cada variedade), 3 frutas (1kg de cada variedade) e cheiro verde.

A partir de um balanço inicial realizado após o início da entrega das cestas, o grupo teve de lidar com duas questões. A primeira delas era relativa ao transporte e à definição de quem deveria arcar com os custos do transporte dos alimentos do sítio até a Associação Veracidade (local de entrega das cestas)? Para resolver tal questão, fora inserida uma taxa de transporte sobre cada cota. A outra complexidade apresentada pela Dina era referente à dificuldade de trabalhar sozinha no sítio. Nesse momento a agricultora trabalhava sozinha na produção agrícola para a CSA, já que seu pai não se mostrava muito confiante com a proposta da agricultura orgânica e da CSA. Essa questão do trabalho no campo estendeu-se durante alguns anos no grupo, sendo que foram tomadas providências como a organização de mutirões, o desconto na cota na cota de membros que era trocado por algumas horas de trabalho no campo, a contratação de uma pessoa para algumas empreitadas no sítio e posteriormente (conforme será apresentado no texto), as vagas para bolsistas.

Durante o ano de 2014, tiveram dois momentos importantes para o grupo. No segundo semestre, entre julho e novembro, Dina, uma gestora e uma

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